Aurora (filme): diferenças entre revisões

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'''Aurora''' ('''Sunrise ― a song of two humans''', no original em inglês) é um [[filme mudo]] de [[1927]], o primeiro dirigido por [[F. W. Murnau]] em [[Hollywood]].<ref>LLOYD, Ann. '''''70 years at the movies: from silent films to today’s screen hits.''''' Nova Iorque, EUA: ''Crescent Books,'' 1988.</ref> Seu roteiro foi adaptado a partir do [[conto]] '''Viagem a Tilsit''', do escritor alemão [[Herrman Suderman]], embora nele possam ser inegavelmente encontrados vários elementos do [[romance]] '''Uma história americana''', de [[Theodore Dreiser]], lançado dois anos antes e o sucesso comercial literário daquela época nos [[Estados Unidos]].
 
Um dos mais importantes filmes da [[cinematografia]] mundial, e o até então mais caro lançado pela [[Twentieth Century Fox|Fox Film Corporation]], '''Aurora''' foi laureado com três [[Óscar|Oscar]] em [[1929]]. Recebeu, em [[1989]], a classificação de significância histórica, estética e cultural pela [[Biblioteca do Congresso|Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos]]<ref>[http://www.loc.gov/film/nfrchron.html/ Lista de filmes selecionados pelo ''National Film Registry'', da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.]</ref> e foi selecionado para preservação pelo ''British Film Institute''.<ref>[https://bfi.org.uk/about/pdf/bfi_review_2003.pdf/ Lista dos filmes preservados pelo ''British Film Institute''.]</ref> Numa pesquisa feita entre [[Crítico de cinema|críticos]] para este mesmo instituto, '''Aurora''' foi considerado o sétimo maior filme da [[história do cinema]], ao lado de [[Bronenosets Potyomkin|O encouraçado Potemkin]], do cineasta [[soviético]] [[Sergei Eisenstein]].<ref>[http://www.bfi.org.uk/sightandsound/topten/poll/critics.html/ Resultado da votação dos críticos de cinema no saite ''Sight and Sound''.]</ref> Em [[1967]], a [[revista]] ''Cahiers du Cinéma'' escolheu '''Aurora''' como "a maior obra-prima da história do cinema".<ref>[http://www.eurekavideo.co.uk/moc/catalogue/sunrise/essay/ Artigo do roteirista R. Dixon Smith.]</ref>
 
== Sinopse ==
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Enquanto isso, a mulher da cidade, que ficou no vilarejo, marca, na seção de classificados de um jornal, uma nota de alguém que anuncia interesse em comprar fazendas à vista.
 
O casal, ainda no parque de diversões, após capturar um porquinho fugitivo, baila '''''Dança Camponesa''''', um dos nove movimentos compostos por [[Felix Mendelssohn]] como música incidental para a peça teatral [[Sonhos de uma noite de verão]], do dramaturgo [[William Shakespeare]].
 
O casal toma um bonde até o lago e inicia o regresso a casa em um barco.
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== Dados de Produçãoprodução ==
* '''direção''' – F. W. Murnau
* '''produção''' – William Fox, da ''Fox Film Corporation''
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Depois o grande sucesso comercial e artístico de [[Der letzte Mann|A última gargalhada]], o diretor alemão [[F. W. Murnau]] foi convidado para trabalhar em [[Hollywood]] pelo produtor [[William Fox]], sob contrato com a [[Twentieth Century Fox|Fox Film Corporation]]. O [[Produtor cinematográfico|produtor]] da Fox pretendia colocar à disposição de Murnau todos os melhores recursos humanos, técnicos e financeiros do [[estúdio cinematográfico|estúdio]] para que ele rodasse um [[Cinema dos Estados Unidos|filme estado-unidense]] com a estética do [[Expressionismo alemão|cinema expressionista alemão]], que usava uma [[direção de arte]] distorcida como efeito simbólico.
 
O roteiro de [[Carl Mayer]] foi desenvolvido com base nos '''romances de formação''', gênero tipicamente alemão em que o protagonista, por meio da análise das consequências de uma série de erros por ele cometidos, atinge a maturidade de sua personalidade humana.
 
O resultado foi um filme que trata da infidelidade, do arrependimento e do progressivo retorno à realidade que o personagem havia abandonado, tudo conduzido por um do jogo sublime de imagens gravadas em enormes e exagerados cenários estilizados, brilhantemente trabalhado por [[Rochus Gliese]]. Essa nova perspectiva estética da cinematografia muda, executada primorosamente por Charles Rosher e Karl Struss, dispensava o uso de intertítulos, os quais eram substituídos por poderosas imagens que despertavam ideias e sensações no espectador, tornando a história intelingível, mesmo sem som. Para ampliação da realização artística, também foi utilizada uma [[trilha sonora]] revolucionária para a época.
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== Premiações ==
=== [[Academia de Artes e Ciências Cinematográficas]] ===
* '''Oscar de melhor produção cinematográfica única e artística''', prêmio nunca mais concedido novamente, uma espécie de consolação pelo segundo lugar na disputa pelo [[Oscar de melhor filme]] laureado a ''[[Wings (filme)|Asas]]'', de [[William A. Wellman]]
* '''[[Oscar de melhor atriz]]''' – [[Janet Gaynor]], por sua atuação em '''Aurora''', ''[[Street Angel|O anjo da rua]]'' e ''[[Sétimo céu]]''
* '''[[Oscar de melhor fotografia|Oscar de melhor cinematografia]]''' - Charles Rosher e Karl Struss
* '''indicação ao [[Oscar de melhor direção de arte]]''' - Rochus Gliese
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== Legado ==
'''Aurora''' é uma das obras-primas cinematográficas mais admiradas e influentes de todos os tempos. Quatro grandes mestres do cinema mundial o têm como seu filme favorito. O cineasta estado-unidense [[John Ford]] o considerou "o maior filme jamais produzido". Já o [[Cinema da França|cineasta francês]] [[François Truffaut]] o elegeu o "filme mais belo do mundo". Para [[João César Monteiro]], [[Cinema de Portugal|cineasta português]], entre os dez filmes de sua vida, '''Aurora''' ocupa todas as dez posições.<ref>[http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=4383/ Artigo no jornal '''A Página da Educação'''.]</ref> E [[Martin Scorsese]], cineasta estado-unidense, classifica '''Aurora''' não como um filme, e sim como um "poema visual".<ref>SCORSESE, Martin; WILSON, Michael Henry. '''''A personal journey with Martin Scorsese through American movies,''''' documentário. S.I., Reino Unido / EUA: ''British Film Institute'' / ''Miramax Films'', 1995, 225min.</ref>
 
Sua influência se estende por um sem-número de filmes. A cena do beijo do casal que interrompe o trânsito foi copiada à exaustão, com muitas variações.
 
Outra passagem marcante é a que ocorre na igreja, quando o casal, ao presenciar uma cerimônia de casamento alheia, recupera sua identidade matrimonial. Esse mesmo trecho existe em ''[[Giant|Assim caminha a humanidade]]'', filme estado-unidense de [[1956]], dirigido por [[George Stevens]].
 
Seus efeitos especiais eram inovadores para a época. A reexposição do filme a novos ''takes'', com o objetivo de formar imagens soprepostas, e o efeito [[Eugen Schüfftan|Schüfftan]], que emprega espelhos para inserir a imagem de atores em cenários em miniatura, ambos também utilizados no ano anterior por [[Fritz Lang]] em sua obra-prima [[Metropolis (filme)|Metrópolis]], abriram muitas possibilidades para o cinema mundial, permitindo a exploração de temas antes inalcançáveis.
 
A [[Iluminação cénica|iluminação]] contrastante, técnica trazida do [[Expressionismo alemão|cinema expressionista alemão]], enfatizando a distinção claro-escuro, foi usada para destacar as diferenças entre a vida no vilarejo e na cidade e a dicotomia entre a amorosa esposa e a tentadora amante. Esse refinamento proporcionado pela técnica de iluminação e a personagem ''femme fatale'', encarnada pela diabólica mulher da cidade, foram características presentes em quase todas as obras cinematográficas do gênero [[film noir]], cujo protótipo é ''[[The Maltese Falcon (filme)|O falcão maltês]]'', dirigido em [[1941]] por [[John Huston]].
 
Talvez sua maior herança artística sejam seus avançados movimentos de câmera, cuja elaboração começou na rodagem de [[Der letzte Mann|A última gargalhada]], três anos antes. A sofisticada fluidez da sucessão de imagens cria uma inusual sensação de vastidão e profundidade.
 
Filmes notáveis sofreram forte influência dessa técnica cinematográfica primorosa, como ''[[The informer|O delator]]'', rodado em [[1935]] por [[John Ford]], e [[Citizen Kane|Cidadão Kane]], filmado em 1941 por [[Orson Welles]].
 
'''Aurora''' foi a primeira grande produção cinematográfica com som ambiente sincronizado, captado pelo sistema ''Fox Movietone'', o qual já havia sido testado naquele mesmo ano no [[curta-metragem]] ''They're coming to get me''. Também foi o primeiro a ter [[Trilha sonora|trilha musical]] incorporada, composta por Hugo Riesenfeld. Essas novidades sonoras de '''Aurora''' teriam igualmente feito escola, não tivesse seu lançamento ocorrido poucos dias antes de ''[[The Jazz Singer|O cantor de jazz]]'', do estúdio [[Warner Bros.]], o primeiro filme da história que, graças ao sistema ''Vitaphone'', possuía todas as falas e cantos sincronizados, os quais eram gravados separadamente das imagens em um disco de acetato.
 
== Exibições Comerciaiscomerciais ==
A ''première'' de '''Aurora''' ocorreu em [[Nova Iorque]] no dia [[23 de setembro]] de 1927. Sua estreia se deu em [[04 de novembro]] de 1927, na [[cidade]] de [[Los Angeles]]. Ainda em 1927, em [[17 de novembro]], o filme chegaria a [[Berlim]]. Nos dois anos seguintes, cópias de '''Aurora''' seriam distribuídas por vários países [[Europa|europeus]].
 
Em [[Portugal]], o filme entrou em cartaz no dia [[14 de fevereiro]] de [[1929]], na cidade de [[Lisboa]], e foi relançado em [[30 de outubro]] de [[2005]], também em Lisboa, e em [[20 de janeiro]] de [[2008]], em [[Leiria]].
 
O filme somente teve sua primeira exibição pública em cinema brasileiro no dia [[19 de outubro]] de 2008, por ocasião da '''Programação Poemas Visionários: O Cinema de F. W. Murnau''', ocorrida no [[Centro Cultural Banco do Brasil]] do [[Rio de Janeiro]] em homenagem aos 120 anos de nascimento do diretor alemão.<ref>[http://www.goethe.de/INS/BR/rio/acv/flm/2008/pt3697129v.htm/ Programação Poemas Visionários: O Cinema de F. W. Murnau.]</ref>
 
== DVD ==
Em 2008, a ''Versátil Home Video'' lançou no [[Brasil]] o DVD de '''Aurora''', contendo a versão integral do filme com [[legenda]]s opcionais em [[língua portuguesa|português]]. Entre os extras, incluem-se o ''[[Trailer (cinema)|trailer]]'' de cinema, cenas alternativas, fotos dos bastidores, um resumo biográfico de [[F. W. Murnau]] e a listagem de sua filmografia completa.
 
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* [http://www.villagevoice.com/film/0436,hoberman,56532,20.html/ crítica] de J. Hoberman para o jornal ''Village Voice''
 
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