José de Ribera: diferenças entre revisões

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[[File:José Ribera.jpg|thumb|300px|José de Ribera (gravura do século XIX).]]'''José de Ribera''' ([[Játiva]], [[12 de Janeiro]] de [[1591]] – [[Nápoles]], [[1652]]); [[Pintura artística|pintor]] [[Caravagismo|tenebrista]] [[Espanha|espanhol]] do [[sec. XVII]], também conhecido como '''Giusepe de Ribera''' ou com o nome italianizado de: '''Giuseppe Ribera'''. Foi apelidado pelos seus contemporâneos como '''Lo Spagnoletto''', «''el espanholito''», por ser de baixa estatura e porque reinvindicava as suas origens assinando como «''Jusepe de Ribera, espanhol''» o «''setabense''» (de Játiva).
[[File:José Ribera.jpg|thumb|250px|José de Ribera (gravura do séc. XIX).]]
Ribera é um pintor destacado da Escola Espanhola, embora a sua obra se tenha integralmente realizado em [[Itália]] não se conhecendo de facto exemplos seguros dos seus inícios em [[Espanha]].
 
'''José de Ribeira''' em português e '''José de Ribera''' em espanhol, ([[12 de janeiro]], [[1591]] - [[1652]]) foi um [[pintor]] [[tenebrista]] [[Espanha|espanhol]] do [[século XVII]], também conhecido como '''Jusepe de Ribera''' e '''Giuseppe Ribera''' em [[italiano]]. Também foi chamado, por seus contemporâneos ''Lo Spagnoletto'', ou ''El Pequeño Español'', por seu costume de assinar assim suas obras ''Jusepe de Ribera, español'' e sua baixa estatura. Ribera foi um pintor destacado da escola espanhola, embora sua obra tenha tido seu auge na [[Itália]].
Ribera foi uma das principais figuras da pintura, não somente espanhola, mas também européia no século XVII, suas pinturas estão por toda a [[Itália]], Europa Central e [[Países Baixos]], além da [[Espanha]].
 
 
==Introdução==
 
Sendo estrangeiro na Itália fê-lo ser visto como alheio à sua tradição e ao seu gosto. Não obstante veio a tornar-se conhecido como italiano e é nas correntes italianas do seu tempo que reside a sua verdadeira formação artística.
Na altura em que chegou a Itália encontrava-se no apogeu a novidade [[Caravaggio|caravaggesca]] oposta à renovação romano-bolonhesa que revivia classicismos. Por esse motivo aderiu ao [[tenebrismo]] proposto pelos flamengos e holandeses activos em Roma, sem deixar de ter em conta e de assimilar as qualidades formais e estéticas do mundo classicista.
 
Ribera desenvolveu a sua formação enriquecendo-se com outras facetas da cultura italiana com a qual rapidamente se familiarizou, principalmente com o estudo da grande pintura do [[renascimento]].
Na sua evolução há outro elemento que o distancia dos artistas espanhóis, que é o conhecimento da antiguidade clássica (fundamentada pelo [[barroco]] europeu).
 
No desenvolvimento das suas obras podemos reparar que Ribera não irá tornar-se um pintor de apenas um registo, mas sim de linguagem cingida com precisão admirável a cada facto sucedido. Superando o tenebrismo inicial, regressará aos intensos contrastes de luz e sombra, sempre e quando os assuntos o exigiam ou quando a iconografia o solicitava.
 
Podemos dizer que é um criador extraordinário já que possui a capacidade de criar imagens palpitantes de verdadeira paixão ao serviço de uma exaltação religiosa, que não é exclusivamente espanhola, mas sim de toda a [[contrarreforma]] [[catolicismo|católica]] e mediterrânica; a sua maestria de colorista, que revela toda a opulência sensual de [[Veneza]] e da [[Flandres]] ao mesmo tempo que é capaz de despertar o mais refinado sentimento do intimismo lírico; e a sua inesgotável capacidade de “inventor” de tipos humanos que emprestam a sua severa realidade a santos e filósofos antigos com idêntica gravidade, fazem dele uma das mais insignes figuras do seu tempo.
 
Nos últimos trinta anos foram realizados estudos que deram ocasião a novas exposições celebradas em 1992 em Nápoles, [[Madrid]] e [[Nova York]]. A seu respeito foi publicado um número da série ''"'Clasici dell´Arte".''
E com isso se colocou à disposição de todos um enorme caudal de obras que permitiram abordar o estudo deste grande artista.
 
== Biografia ==
[[File:José de Ribera 054.jpg|thumb|300px|''[[O Martírio de São Filipe]]'' ([[Museo do Prado]]).]]
 
== Vida ==
 
Juan José de Ribera foi baptizado no dia 17 de Fevereiro de 1591 na Igreja de Santa Tecla na cidade de [[Játiva]] ([[Valencia]] e os seus pais eram Simón e Margarita.
 
Crê-se que José de Ribera iniciou a sua aprendizagem com [[Francisco Ribalta]], que tinha uma oficina muito frequentada. Não se conhecendo obras deste período da sua vida, é difícil de comprovar esse facto.
Nada se sabe dos seus anos de infância e de primeira juventude nem da sua educação artística, embora se creia que foi discípulo de [[Francisco Ribalta]] ou seguidor do mestre nos anos da sua formação (sem que disso haja provas concludentes). Contudo,num estudo mais atento da evolução de Ribalta, pode comprovar-se que as obras deste pintor estão impregnadas da tradição escurialense enquanto que as primeiras obras de Ribera transmitem um áspero naturalismo.
 
Ribera Decidiu partir para [[Itália]] e seguir as pisadas de [[Michelangelo Merisi da Caravaggio|Caravaggio]].
Em 1613 encontrava-se em [[Roma]], onde ingressou na Academia de São Lucas, e onde permaneceu até 1616, estando anotada a sua presença nos registos paroquiais de Santa Maria del Popolo. O pintor morava na Via Margutta, rua onde residiam artistas, tendo frequentado a “casa do flamengo”, o que esclarece os contactos que que teve com artistas flamengos e holandeses residentes em Roma. Em Maio desse ano está documentada a sua entrega à Academia de São Lucas de "''A esmola prometida várias vezes''" e em Julho – já em Nápoles – receberá o pagamento duma sua tela dedicada a “São Marcos”.
Assim iniciou a sua viagem, pelos seus 17 anos, primeiro em direcção ao Norte, a [[Cremona]], [[Milán]] e a [[Parma]], para logo depois se dirigir a [[Roma]], onde o artista tomou conhecimento tanto com a pintura classicista de [[Guido Reni|Reni]] e de [[Ludovico Carracci]] como o áspero tenebrismo que estava a ser praticado pelos ''caravagistas'' holandeses residentes naquela cidade.
 
[[File:Sileno borracho.jpg|thumb|320px|''Sileno ebrio'' ([[Museo de Capodimonte]], Nápoles).]]
Em 1616 visitou a corte dos [[Farnesio]] em [[Parma]] (Italia), onde se interessou pela obra de [[Correggio]], tendo-lhe sido adquirida uma obra, a tela que representa “S. Martinho repartindo a sua capa com um pobre”.
 
Foi protegido pela família Farnesio, o que despertou invejas por parte de artistas locais. O seu prestígio alargou-se e passou a levar uma vida um tanto licenciosa, gastando mais do que ganhava e contraindo dívidas que o obrigaram a partir para Nápoles.
Finalmente, Ribera decidiu instalar-se em Nápoles, seguindo a intuição de que era ali que mais facilmente poderia encontrar encomendas para trabalhos seus. No Verão de [[1616]] foi naquela famosa metrópole situada à sombra do [[Vesúvio]] que desembarcou o artista. De pronto se instalou em casa do velho pintor [[Giovanni Bernardino Azzolini]], artista que não era então muito conhecido, a quem é atribuída uma obra existente na Igreja de ''Sant'Antonio al Seggio'' em [[Aversa]]: ''A coroação da Virgem entre Santo André e São Pedro''. Apenas três meses depois Ribera contraiu matrimínio com a filha de Azzolini, que tinha a idade de dezasseis anos.
É nesta cidade que vai desenvolver-se toda a sua carreira de pintor e onde em Novembro desse ano contrairá matrimónio com Catalina Azzolino, filha de um abastado comerciante e pintor da qual teve pelo menos cinco filhos.
 
Gozou da protecção dos vice-reis, bem como de diferentes congregações religiosas pelas quais foi adoptado como pintor de câmara. A tal se encontra associada um acontecimento curioso relacionado com a chegada de um dos vice-reis, o que supostamente teria ocasionado a reunião de uma multidão na Praça do Palácio, mas não para saudá-lo e sim para contemplar a obra que era exposta da autoria de Ribera, dedicada a “São Bartolomeu”.
Tinha terminado a sua viagem e dava então início à sua rápida ascensão artística. Em poucos anos, José de Ribera, que foi chamado ''lo Spagnoletto'', adquiriu fama em toda a Europa graças, sobretudo, aos seus trabalhos de [[gravura]]; sabendo-se que até mesmo [[Rembrandt]] os coleccionava.
 
A prática do dramatismo de Caravaggio foi o seu ponto forte. Deu início a uma intensa produção que o manteve distanciado da sua Espanha, aonde nunca regressou, embora se sentisse unido ao seu país de origem dado que Nápoles foi um [[Vice-reino|vice-reino]] do [[Império Espanhol]] e ponto de encontro entre duas culturas de vocação figurativa, a ibérica e a italiana. Conta-se que quando perguntaram a Ribera qual era a razão porque não regressava ao seu país, teria respondido que: “Sinto-me admirado e bem pago em Nápoles, pelo que sigo o tão conhecido adágio de que quem está bem, não muda». E explicou : «''O meu grande desejo é regressar, mas houve homens de sabedoria que me disseram que em Espanha se perde o respeito pelos artistas que lá se encontram presentes, por ser pátria amantíssima de forasteiros e madrasta cruel para seus filhos''».
 
O apoio dos vice-reis e de outras autoridades de origem espanhola explicam o facto de que as suas obras tenham chegado em abundância à Península Ibérica; actualmente o [[Museu do Prado]] possui mais de quarenta quadros seus. Já em vida era famoso na sua terra natal e a prova disso é que [[Velázquez]] o visitou em Nápoles em 1630.
A fusão de influências italianas e espanholas deu lugar a obras como o “Sileno ébrio” ([[1626]], hoje presente em [[Capodimonte]]) e ''O martírio de Santo André'' ([[1628]], no [[Museu de Belas Artes de Budapest]]). Começaram então as rivalidades entre Ribera e outro grande protagonista do [[século XVII]], o napolitano, [[Massimo Stanzione]].
Nos séculos seguintes a apreciação da arte de Ribera viu-se condicionada por uma “lenda negra” que o apresentava como um pintor fúnebre e desagradável, que pintava obsessivamente temas de [[martírio]] com um verismo truculento. Um escritor afirmou que «''Ribera embebia o pincel em sangue dos santos''». Tal equívoco impôs-se nos séculos XVIII e XIX, em parte de acordo com autores que não conheciam toda a sua produção. Na realidade, Ribera evoluiu de um tenebrismo inicial em direcção a um estilo mais luminoso e eclético, com influências do renascimento veneziano e da escultura antiga, e soube captar com igual acerto o belo e o terrível.
A sua gama de cores aclarou-se na década de 1630 por influência de [[Van Dyck]] e de outros pintores, e apesar dos sérios problemas de saúde de que padeceu na década seguinte, continuou a produzir obras importantes até falecer.
José de Ribera está sepultado na [[igreja de Santa Maria del Parto]] no bairro de [[Mergellina]] em [[Nápoles]].
 
 
 
 
== Etapas de su obra ==
 
É notória a menção da sua identidade em registos de documentos oficiais, facto que atesta a sua acentuada notoriedade, numa cidade onde – aliás – recebe encomendas e trabalha activamente, muito embora sejam escassas as suas obras ali datadas nos seus primeiros anos de estadia. A morte veio surpreende-lo a três de Setembro de 1652, na sua casa do bairro de Mergelina, num extremo do golfo, para onde se havia mudado em busca, talvez , de descanso, longe do bulício da cidade, ensanguentada pela repressão.
 
==Etapas da sua obra==
[[File:José de Ribera San Andrés.jpg|thumb|300px|''[[San Andrés]]'', cerca de 1616.]]
===Década dos anos 1620===
 
De 1620 a 1630 não há notícias de obras pictóricas de sua autoria, mas é a este período que dizem respeito a maioria da sua obra gravada, técnica que cultivou com maestria.
Nas suas primeiras obras mostra o gosto por motivos da vida quotidiana, de presença rude, com pinceladas a negro em contornos semelhantes aos que eram prática dos caravagistas do Norte, os quais tiveram larga influência no seu trabalho e com os quais manteve contactos estreitos.
 
=== Primeiras obras ===
Os anos da década de 1620 a 1630 são aqueles em que, sem dúvida, dedicou mais tempo e atenção à gravura, executando algumas de beleza e qualidade excepcionais. A partir de 1626 existem abundantes obras datadas que dão testemunho da sua maestria. A pasta pictórica que utiliza nas suas pinturas ganha densidade, modelada com o pincel e acentuada pela luminosidade na busca quase obsessiva da verdade material, táctil, da realidade e seu relevo.
 
Os seus temas pictóricos desenvolvem uma iconografia religiosa; o artista plasma de uma forma muito explícita e intensamente emocional cenas de martírios como os de São Bartolomeu e de São Filipe (1639), presentes no [[Museo do Prado]] assim como representações individuais de busto ou de corpo inteiro dos apóstolos.
 
Não obstante, realizou também obras de carácter profano, como figuras de filósofos (''Arquimedes'', 1630, Museo do Prado), temas mitológicos como “O Sileno” do [[Museo de Capodimonte]] de [[Nápoles]] de 1626 (é o seu primeiro quadro datado e assinado, representações alegóricas dos sentidos (''Alegoria do tacto'' de 1632, Museo del Prado, conocido como ''O escultor cego '') e alguns retratos como o de Magdalena Ventura com seu marido (1631, Fundación Casa Ducal de Medinaceli, Palacio Lerma de [[Toledo]]).
Os primeiros anos de Ribera permanecem mergulhados na bruma de muitas dúvidas, devido à falta de documentação a seu respeito e pela aparente desaparição de todas as obras que produziu durante esse período. Contudo, recentemente, vários especialistas conseguiram identificar como suas várias pinturas não assinadas, que ajudam a reconstruir a sua evolução na linha do tenebrismo de Caravaggio.
Entre as primeiras obras que se conhecem de Ribera, destaca-se uma série dedicada ao tema dos ''cinco sentidos'', que não se encontra completa (dois dos quadros encontram-se no [[Museu Franz Mayer]] no [[México, D. F.]] e no [[Museu Norton Simon]] em [[Pasadena]]). Outra grande pintura, ''A ressurreição de Lázaro'',foi recentemente adquirida pelo [[Museu do Prado]], que indica ser anterior à série atrás citada. Perdeu-se um quadro de ''São Martinho repartindo a sua capa com um pobre'', que pintou em Parma do qual subsiste uma cópia.
 
 
=== Década de [[1620|1620]] ===
 
 
[[File:José de Ribera 018.jpg|thumb|left|300px|''Tacto'', quadro da série dos ''sentidos'' ([[Museu Norton Simon]], Pasadena ([[Estados Unidos]]).]]
 
 
Entre [[1620]] e [[1626]] apenas foram datadas obras pictóricas, mas é um período a que corresponde a maioria dos seus trabalhos de gravura, técnica a que se dedicou com maestria.
 
Nesta época é já patente o seu gosto por motivos da vida quotidiana, de presença rude, que são afirmados com pinceladas de cor negra, no traçado de silhuetas ao gosto do que faziam os caravagistas do Norte, os quais exercem larga influência no artista desde os contactos com eles estabelecidos em Roma. A partir de 1626, existe um número abundante de obras datadas que dão prova da sua destreza. A sua pasta pictórica torna-se mais densa, modelada a pincel e acentuada por efeitos de luz numa busca quase obsessiva da verdade material, na realidade palpável do seu relevo.
Os anos da década de 1620 a 1630 são aqueles em que, sem dúvida, Ribera dedicou mais tempo e atenção à arte da gravura, deixando alguns trabalhos de beleza e de qualidade excepcionais: ''São Jerónimo lendo'' (1624), ''O poeta'' e ''Sileno ébrio'' (que reproduz o seu quadro do [[Museo de Capodimonte]] em [[Nápoles]]). São-lhe atribuídas, no total, 18 pranchas, todas menos uma anteriores a 1630 e conta-se que as gravou apenas com a finalidade de promover e difundir o seu trabalho de pintor e desse modo obter mais encomendas. Tendo alcançado a notoriedade como pintor, Ribera deixou de gravar. Salvo algumas excepções os seus trabalhos de gravura reproduzem composições pintadas previamente.
 
Entre os anos de [[1626]] e [[1632]] realizou as suas obras mais notáveis que evidenciam a sua fase mais tenebrista. São composições severas de extensas diagonais luminosas que atravessam toda a superfície acentuando sempre a solene monumentalidade do conjunto com elementos de poderosa horizontalidade, como grossas lápides de pedra ou enormes troncos.
Em [[1629]] o Duque de Alcalá foi empossado como novo vice-rei e tornar-se-á o novo mecenas do pintor. É ele que lhe faz a encomenda de obras como ''A mulher barbuda'' (1631) ou uma série de ''Filósofos'', nos quais deixou testemunho do seu naturalismo mais radical, a partir de modelos duma vulgaridade quase mordaz, revelados com a alucinação de uma verdade intensíssima.
 
 
 
=== Década de [[1630|1630]] ===
 
[[File:José de Ribera 009.jpg|thumb|300px|left|''Arquimedes'' (1630), [[Museu do Prado]].]]
 
É a década mais importante de Ribera, tanto por ter alcançado o apogeu da sua arte como pela conquista do êxito comercial. O pintor torna mais claros os tons da sua paleta sob a influência de [[Van Dyck]] e da pintura veneziana do século anterior, sem desvalorizar a qualidade do desenho e a fidelidade naturalista. Uma grande ''Imaculada'', pintada para o [[Convento das Agustinas (Salamanca)|Convento das Agustinas]] de [[Salamanca (Espanha)|Salamanca]], é considerada uma das versões mais importantes desse tema no contexto da pintura europeia e acredita-se que [[Murillo]] se deixou inspirar por ela na concepção das suas populares versões posteriores.
 
Os seus temas pictórios são predominantemente religiosos; o artista retrata de forma muito explícita e intensamente emocional cenas de martírio como ''O martírio de São Bartolomeu'' o ''O martírio de São Filipe'' (1639; [[Museo do Prado]]), assim como representações individuais de busto ou corpo inteiro dos apóstolos (Apostolados).
 
No entanto também realizou obras de carácter profano, como figuras de filósofos (''Arquimedes'', 1630, Museo do Prado), temáticas mitológicas como o ''Sileno'' do [[Museo de Capodimonte]] em [[Nápoles]] de 1626 (é o seu primeiro quadro datado e assinado), representações alegóricas dos sentidos (''Alegoria do tacto'' de 1632, Museu do Prado, conhecido como ''O escultor cego''), e alguns retratos como ''A mulher barbada (Magdalena Ventura e seu marido)'' (1631, Fundación Casa Ducal de Medinaceli, Hospital Tavera [[Toledo]]).
 
[[File:Mujer barbuda ribera.jpg|thumb|200px|right|''A mulher barbuda'' (Fundação Casa Ducal de Medinaceli, [[Casa de Medinaceli]]).]]
 
 
 
 
 
 
 
 
=== Década de [[1640|1640]] e anos finais ===
 
 
 
 
A década de 40, com as interrupções devidas a enfermidades, talvez uma [[trombose]], (apesar da qual não suspendeu a actividade da sua oficina), incluiu uma série de obras de certo classicismo compositivo, sem renunciar à energia de certos rostos individuais. Na sua última obra também experimenta de novo uma mutação estilística que recolocam em certa medida as composições tenebristas da sua primeira fase, o que pode ter sido motivado pelas desgraças e contratempos que o afligiram. Continuou porém a ser um artista prestigiado e comercialmente bem sucedido, tendo-se tornado seu discípulo [[Luca Giordano]] que colheu influências do seu estilo na sua ainda activa oficina.
 
A crise económica que sucedeu à revolta de [[Masaniello]] em Nápoles (1647) afectou a produção pictórica de Ribera, além de se ter visto envolvido num escândalo.
 
Para sufocar a revolta tinham acorrido a Nápoles as tropas espanholas sob o comando de D. [[João José de Áustria]], filho natural de [[Filipe IV de Espanha]]. Ribera pintou um quadro que representava D. João José a cavalo, que se encontra actualmente no ([[Palácio Real de Madrid]]), que logo depois reproduziu numa gravura, o último trabalho por ele executado.
Sucedeu-se o já referido escândalo que, segundo a tradição, nos conta que uma das filhas de Ribera, Margarita, foi seduzida por D. João José, numa relação fora de qualquer compromisso matrimonial. Acredita-se actualmente que a jovem seduzida não era de facto filha de Ribera e sim uma sua sobrinha. O facto ocorrido após a revolta e outras peripécias familiares fizeram, contudo, que Ribera – em más condições de saúde – tenha reduzido consideravelmente a sua actividade.
 
A oficina do mestre vê diminuido o número de oficiais nela activos, por terem fugido de Nápoles com receio de represálias. Não obstante, Ribera conserva ainda energia bastante para assinar algumas obras primas no próprio ano do seu falecimento, encerrando ciclos produtivos por si largamente meditados.
 
São exemplos desse momento a ''A Imaculada Conceição'' (1650, Museu do Prado) e ''São Jerónimo penitente'' (1652, idem).
 
 
{{Em tradução|data=Janeiro de 2011}}.