Louise Labé: diferenças entre revisões

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Em [[1550]] resolveu casar-se e desposou Ennemond Perrin, cordoeiro e rico como fora seu pai, de onde veio o apelido de "Bela Cordoeira". Em sua mansão, deu grandes recepções para a sociedade burguesa da época, e, com a morte do marido (por volta de [[1560]]), voltou a ter inúmeras aventuras amorosas (embora, entre suas conquistas, seja conhecido apenas o nome do poeta Olivier de Magny).
 
A principal obra em prosa de Louise Labé é o ''Débat de Folie et d'Amour'' ("Debate da Loucura e do Amor"), de [[1555]], contendo 24 [[soneto]]s, e onde defende uma pauta "[[feminismo|feminista]]": direito das mulheres à educação, à liberdade de pensamento e a escolha de parceiros. Seguem-se a eles as três ''Élégies'' ("Elegias"), no mesmo ano. As obras, que exprimem uma "paixão sensual e ardente"<ref>Grande Enciclopédia Delta Larousse. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1976. V. 9, p. 3857.</ref>, foram inspiradas no modelo da época, [[Petrarca]], mas além do grande rigor formal, destacam-se dentre as obras contemporâneas por seu ardor, sua espontaneidade e pela sinceridade com que são expressos os sentimentos. Embora perseguida e repreendida por vários [[conservadorismo|reacionários]], ela foi saudada por seus colegas poetas da época como uma nova [[Safo]], fama notável para uma poetisa com tão poucos trabalhos publicados.
 
== Obras ==
* ''Débat de Folie et d'Amour'' (1555)
* ''Élégies'' (1555)
 
No Brasil foi lançada em 1995 pela editora Siciliano, com tradução de Felipe Fortuna, uma edição contendo o Debate da Loucura e do Amor, contendo uma introdução histórica e biográfica do próprio tradutor, 24 sonetos cujo tema principal é o amor e seus paradoxos e mais três elegias. A edição atualmente encontra-se esgotada, mas pode ser encontrada em sebos. Segue um pequeno excerto da obra:
 
Porque não tem como se afastar e começar outro romance, expulsando um Amor com outro Amor. Elas se queixam de todos os homens por causa de um só. Elas chamam de loucas as que amam. Amaldiçoam o primeiro dia em que amaram. Fazem juras de que jamais amarão de novo - mas isso não dura muito. Logo voltam o olhar para quem tanto amaram. Se elas possuem algum retrato dele, elas o beijam, rebeija, molham com lágrimas, colocam-no à cabeceira e sob travesseiro, e escutam elas mesmas as queixas sobre suas miseráveis aflições. Quantas delas eu vejo descerem até os Infernos para tentarem, como antigamente Orfeu, recuperar seus amores perdidos? E em todos esses atos, que sinais vós encontrais senão os da Loucura? Sentir o coração longe de si, estar ora em paz, ora em guerra, ora em trégua. Cobrir e ocultar sua dor. Mudar o rosto mil vezes por dia. Sentir que o sangue lhe enrubesce a face, subindo, depois rapidamente se esvai, deixando-a pálida, assim como a vergonha, a esperança e ou o medo nos governam. Buscar aquilo que nos atormenta, fingindo uma fuga, e no entanto ter medo de achá-lo. Mostar apenas um pequeno riso entre mil suspiros. Enganar-se a si mesma. Arder de longe, gelar de perto. Um falar entrecortado, um silêncio súbito - não são estes os sinais de um homem alienado do seu juízo? Quem desculpará Hércules desfazendo os novelos de Ônfala? O Sábio Rei Hebreu, com sua grande legião de mulheres? Aníbal se desmoralizando diante de uma Dama? E muitos outros, que diariamente vemos tão depreciados que eles mesmos não se reconheceriam. Qual é a causa disso, senão a Loucura? Pois é ela, enfim, que faz Amor grande e temido. E que o leva a se desculpar, quando faz alguma coisa impensada.
 
=== O pensamento de Louise Labé ===