José Pacheco Pereira: diferenças entre revisões

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[[Eugénio de Andrade]], que José Pacheco Pereira conheceu pessoalmente por volta de [[1965]], teve bastante influência na sua formação, dando-lhe a ler e a discutir muitos livros e poemas.<ref>Veja-se o texto ''Adeus'', de José Pacheco Pereira.</ref>
 
Iniciou, desde cedo, a sua actividade política em movimentos de oposição ao [[Estado Novo (Portugal)|anterior regime]], tendotencabdo contemplado a possibilidade de aderir ao [[Partido Comunista|Partido Comunista Português]] e contactado para tal [[Zita Seabra]], a qual descreve os encontros que tiveram (em [[1966]]) nos seguintes termos:<ref>Veja-se o livro ''Foi Assim'', p.&nbsp;27</ref>{{quote1|Só conheci um caso de alguém que entrou na vida política dessa altura depois de ter optado por ler os clássicos e considerar que estava teoricamente preparado para o fazer: foi o José Pacheco Pereira. O meu liceu era o [[Escola Secundária Carolina Michaëlis|Carolina Michaëlis]] e todo o movimento associativo existente nos liceus se encontrava lá e no D.&nbsp;Manuel&nbsp;II, pois não tínhamos, para nosso desespero, contactos com os liceus do outro lado da cidade, o Rainha Santa Isabel e o [[Liceu Alexandre Herculano|Alexandre Herculano]]. O José Pacheco Pereira queria entrar para o movimento associativo e ser comunista e procurou-me com esse objectivo. Para poder entrar tinha feito uma enorme preparação teórica e já tinha lido uma série de obras dos clássicos do [[Leninismo|marxismo-leninismo]]. Primeiro, encontrámo-nos no Café de São Lázaro e tivemos posteriormente vários outros encontros. Achei aquilo muito estranho e disse-o ao controleiro […], que concordou comigo: ou ele era um génio para ler tanto e preparar-se daquela forma, ou era suspeito. O José Pacheco Pereira, já com uma enorme capacidade de leitura e preocupação intelectual, falava com à vontade do ''[[O Capital|Capital]]'' de [[Karl Marx|Marx]], ou do ''Materialismo e Empiriocriticismo'' de [[Lenin]]e. Nós achámos melhor pô-lo de quarentena, para termos a certeza de que tão estranho comportamento não seria o de um provocador. Nunca chegou a entrar para o PCP: eu deixei de acompanhar o caso, passei nessa altura à clandestinidade e ele não gostou do tempo de espera. Impaciente, criou o seu próprio partido marxista-leninista. Foi caso único.}}
O partido em questão foi o [[Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista)|PCP(m-l)]], de inspiração [[maoísta]], de cuja secção Norte foi fundador. Após uma rusga da [[Polícia Internacional e de Defesa do Estado|PIDE]] à sua casa, a 28 de Fevereiro de [[1973]], viveu na [[clandestinidade]], da qual só sairia completamente após o golpe de 11 de Março de 1975.<ref>Ver a entrevista por [[Maria João Avillez]], bem como o ''Dicionário de Personalidades Portuenses do Século&nbsp;20''.</ref>
 
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Em [[1986]] apoiou activamente a primeira eleição presidencial de [[Mário Soares]].<ref>Ver o cap.&nbsp;XXII de ''Soares — Democracia''.</ref> Foi deputado pelo [[Partido Social Democrata (Portugal)|Partido Social Democrata]] durante três legislaturas (1987–1991, 1991–1995 e 1995–1999), tendo sido eleito da primeira vez como independente, pois só se filiaria no PSD em 1988.<ref>Ver ''Dicionário de Personalidades Portuenses do Século&nbsp;20''.</ref> Acabaria por ser líder parlamentar<ref>Veja-se o capítulo ''Tempo de partir'' do segundo colume da ''Autobiografia Política'' de Cavaco Silva.</ref> e presidente da comissão política distrital de Lisboa deste partido.<ref>Fez dois mandatos consecutivos de um ano cada, em 1996–1998.</ref> Foi membro da Delegação da [[Assembleia da República]] à Assembleia da [[NATO]] e Presidente do Subcomité da Europa de Leste e da ex-[[URSS]] da Comissão Política da Assembleia do Atlântico Norte. Foi também Vice-Presidente do [[Instituto Luso-Árabe para a Cooperação]].
 
Em 1995, foi o cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de [[Aveiro]], nas eleições legislativas que culminaram na vitória do [[Partido Socialista (Portugal)|Partido Socialista]], então dirigido por [[António Guterres]]. Pacheco Pereira enfrentou nessa eleição, entre outros, [[Paulo Portas]] e [[Carlos Candal]]. A disputa desse círculo foi uma das mais polémicas, sendo a razão dessa polémica o ''Breve manifesto anti-Portas em português suave'', da autoria de [[Carlos Candal]]. Em [[2002]], foi cabeça de lista pelo círculo eleitoral do [[Porto]], nas eleições legislativas que culminaram com a vitória do Partido Social Democrata, então dirigido por [[Durão Barroso]]. Contudo, por ser na altura deputado europeu, não assumiu o cargo de deputado na Assembleia da República. Foi Vice-Presidente do [[Parlamento Europeu]] entre [[1999]] e [[2004]].
 
Em [[2004]] foi nomeado embaixador de Portugal na [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura|UNESCO]]. Um mês após a divulgação de que iria ocupar este cargo, quando se soube que [[Pedro Santana Lopes|Santana Lopes]] iria substituir Durão Barroso como primeiro-ministro, demitiu-se por não querer ficar na dependência funcional de um governo que pretendia criticar. Voltou a ser eleito deputado (pelo PSD, como cabeça de lista por [[Distrito de Santarém|Santarém]]) nas [[Eleições legislativas portuguesas de 2009|eleições legislativas de 2009]].