Caio Júlio Civil: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Bataafseeed.jpg|thumb|350px|right|''[[A Conspiração de Júlio Civilis]]'', ([[Rembrandt]], 1661). Amostra um juramento batávio a Caio Júlio Civil, cabecilha da rebelião batávia contra Roma em [[69]].]]
 
'''Caio Júlio Civil''' (em [[latim]] ''Gaius Iulius Civilis''), mais conhecido como ''Júlio Civilis'', foi o líder dos [[Batávios]] na sua [[revolta dos batávios|revolta contra Roma]] de [[69]] a [[70]] d.C. Foi encarcerado duas vezes por rebelião, e escapou por pouco de ser executado. Durante os distúrbios que se seguiram à morte de [[Nero]], levantou-se em armas sob o pretexto de apoiar [[Vespasiano]], induzindo os habitantes do seu país natal a rebelar-se.
 
Os rebeldes expulsaram as guarnições romanas do [[Reno]] e capturaram vinte e quatro barcos da Frota fluvial do [[Reno]]. Duas legiões no comando de [[Múmio Luperco]] foram rodeadas e derrotadas em ''Castra Vetera'' (perto da atual cidade de [[Xanten]]). Aos rebeldes uniram-se oito coortes de [[tropas auxiliares romanas|auxilia]] veteranos batávios, bem como parte das tropas enviadas por Vespasiano para aliviar o cerco de Castra Vetera.
 
O resultado destas adesões foi uma nova revolta na [[Gália]]. [[Herdônio Flaco]] foi assassinado em [[70]] pelos seus próprios homens, e as forças romanas ao completo foram induzidas por dois comandantes auxiliares gauleses, [[Júlio Clássico]] e [[Júlio Tutor]], à defecção de Roma e a unirem-se ao exército de Civil. Praticamente toda a Gália se declarou independente. A profetisa germana [[Veleda (profetisa)|Veleda]] predisse o sucesso completo de Civil e a consequente queda do [[Império Romano]]. Mas nasceram disputas no seio das tribos que fizeram impossível qualquer colaboração futura. Vespasiano, após triunfar na guerra civil que seguiu à morte de [[Nero]], exigiu a Júlio Civil que depusesse as armas, e frente da sua negativa iniciou uma série de medidas drásticas destinadas a acabar com a revolta.
 
A chegada de [[Quinto Petílio Cerial]] com um poderoso exército intimidou os gauleses e as tropas amotinadas, que se submeteram de novo a Roma. O próprio Civil foi derrotado em ''Augusta Treverorum'' ([[Trier]], Trèves) e Castra Vetera, e obrigado a retirar-se para a ilha dos Batávios. Finalmente, chegou a um acordo com Cerial, pelo qual as suas compatriotas receberam certas vantagens sociais, e retomaram as relações de amizade com Roma. Nenhuma fonte menciona a Civil depois desta data.
 
==Fundo==
Os Batávios eram um povo de origem germânica, que abandonaram a nação dos [[chatti]], da qual formavam parte, e colonizado a ilha formada entre as bocas do [[Rio Reno| Reno]] e do [[rio Mosa| Mosa]]. A posição estratégica que ocupavam impulsionou os Romanos a buscar a sua amizade, e os mesmos Batávios emprestaram um importante serviço a Roma nas guerras da [[Britânia]] e da [[Germânia]] durante o reinado dos anteriores imperadores. Como consequência disto, gozaram de certos benefícios sociais, e foram eximidos da obrigação de pagar tributo, mas em contraposição deveram subministrar um grande número de auxiliares ao exército, pois eram famosos pelas suas qualidades como nadadores. Quando Roma abandonou o propósito de conquistar a Germânia, as nações a oeste do Reno - especialmente aquelas de origem germânica -começaram a albergar um sentimento de independência. As guerras civis no [[Império romano]] ofereceram uma oportunidade para o tentar, e tanto as opressões dos [[legado romano|governadores provinciais]] quanto a carga avivaram a provocação, sendo incentivos para a revolta.<ref>É importante distinguir entre a "Germânia" propriamente dita (''Germania Magna'' ou ''Germania Libera'') e as duas províncias galas no banco oeste do Reno que, pela sua população majoritariamente de origem germânica, eram conhecidas como "Germanias" ([[Germania Inferior]] e [[Germania Superior]]). O palco da guerra contra Civil encontrava-se no banco oeste do Reno, especialmente na Germania Inferior.</ref>
 
==Vida==
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Após a vitória, Civil enviou mensageiros às duas Germânias e às províncias galas, induzindo os seus habitantes a rebelarem-se e criar um novo reino independente. [[Herdônio Flaco]], governador das Germânias, que avivara secretamente os primeiros esforços de Civil, ordenou agora ao seu legado [[Múmio Luperco]] que marchara contra o inimigo. Quando Civil apresentou batalha, a ala batávia do exército de Luperco desertou imediatamente. O restante dos auxiliares fugiram, e os legionários viram-se forçados a retirarem-se para ''Vetera Castra'', a grande cidade-acampamento que Augusto fundara na margem esquerda do Reno como quartel geral das operações contra Germânia. Aproximadamente por estas datas, algumas das coortes veteranas de batávios e cananefates, que marchavam para a [[Itália]] por ordem de Vitélio, amotinaram-se ao chegarem os mensageiros de Civil. No seu retorno, derrotaram as forças de [[Herênio Galo]] que acampavam na atual [[Bonn]]. Civil encontrava-se agora no comando de um exército completo mas, resistindo a se enfrentar diretamente ao poder romano, fez com que os seus seguidores jurassem fidelidade a Vespasiano, e mandou missivas às duas legiões refugiadas em [[Vetera Castra]] para que fizessem o próprio.<ref>Tácito, ''Histórias'' [http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text.jsp?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0080%3Abook%3D4%3Achapter%3D19 4.19]</ref>
 
Airado frente da sua recusa, chamou às armas a nação completa dos [[batávios]], a que acompanharam os [[Brúcteros]] e [[Téncteros]] e enviou mensageiros ao interior de Germania para mobilizar as suas gentes. Os legados romanos Múmio Luperco e [[Numício Rufo]], enquanto isso, reforçaram as fortificações de Vetera Castra. Civil marchou desde ambas as margens do Reno, baixando o mesmo rio com os barcos capturados aos romanos, e assediou a cidade, após um infrutuosa tentativa de capturá-la pelas armas. As operações de Herdônio Flaco viram-se atrasadas pela sua própria debilidade, a sua ansiedade por servir a Vespasiano e a desconfiança dos seus homens. Finalmente, foi obrigado a ceder o comando a [[Dílio Vocula]]. Civil, entretanto, tendo reunido grandes forças procedentes de Germânia, procedeu a acossar as tribos galas a oeste do [[rio Mosa| Mosa]], atingindo mesmo a costa, para socavar a sua fidelidade a Roma. Os seus esforços dirigiam-se nomeadamente para os [[Treviros]] e os [[Úbios]]. Os Úbios mostraram-se especialmente tenazes, sofrendo o castigo de Civil em consequência. Posteriormente, intensificou o sítio de Vetera Castra, tentando tomá-la de novo pelas armas. Fracassou de novo, e viu-se obrigado a tentar persuadir os soldados assediados.
 
Estes fatos tiveram lugar em finais de [[69]], antes da [[batalha de Cremona]], que decidiu a vitória de Vespasiano sobre Vitélio. Quando as novas desta batalha chegaram ao exército romano do Reno, [[Alpino Montano]] acudiu a Civil para pedir que depusesse as armas, pois o seu objetivo era cumprido. O único resultado desta missão foi que Civil sementou a discórdia na mente do emissário. Civil enviou então as suas coortes veteranas e a elite dos germanos a enfrentar Vocula, sob o comando de [[Júlio Máximo]] e [[Cláudio Víctor]], o filho da sua irmã. Após capturarem na sua marcha os quartéis de uma ala auxiliar, caíram sobre as forças de Vocula em [[Asciburgo]]. O acampamento romano salvou-se graças a uma ajuda inesperada. Tácito culpa a Civil de não enviar uma força bem grande, e a Vocula de renunciar a aproveitar-se da vitória. Civil tentou então render as tropas de Vetera Castra, fingindo que derrotara Vocula, mas um dos romanos cativos após o confronto gritou revelando a verdade. Tácito acredita este fato afirmando que o réu foi apunhalado até a morte pelos Germanos nesse mesmo lugar. Pouco depois, Vocula marchou a aliviar o assédio de Vetera Castra, derrotando Civil, mas renunciando de novo a aproveitar a sua vitória, provavelmente devido às ordens. Civil obrigou posteriormente os romanos a se retirarem para [[Gelduba]], após cortar as suas linhas de fornecimento, e dali para [[Novesium]], enquanto retomava o assédio a Vetera Castra e conquistava Gelduba. Os romanos, paralisados por dissensões internas, sofreram uma nova derrota por parte de Civil, mas alguns de eles, no comando de Vocula, recuperaram [[Mainz|Magúncia]].
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===Derrota e rendição===
 
Os informes destes eventos foram transmitidos a Roma, e com o tempo, [[Muciano]] enviou um imenso exército ao Reno, no comando de [[Quinto Petílio Cerial]] e [[Ânio Galo]]. Os insurgentes encontravam-se divididos internamente, e Civil enfrentava-se aos [[Belgas]] visando a destruir a Cláudio Labeu. Clássico gozava em silêncio o seu novo império, enquanto Tutor desatendia o vital trabalho que tinha assinado, de guardar o Reno superior e os passos dos [[Alpes]]. Cerial teve portanto poucos problemas para derrotar os Treviros e recuperar a sua capital. Enquanto descansava ali, recebeu uma carta de Civil e de Clássico, informando de que Vespasiano morrera, e oferecendo-lhe o império dos gauleses. Civil desejava aguardar a receber reforços de para além do Reno, mas prevaleceu a opinião de Clássico e Tutor, e foi travada uma batalha sobre o [[rio Mosela| Mosela]]. Nela os romanos, embora a princípio estivessem perto da derrota, conseguiram uma vitória completa, destruindo o acampamento inimigo no processo. Colônia optou então pela defecção aos romanos, mas Civil e Clássico resistiram valentemente até o final. Os Cananefates destruíram a maior parte da frota fluvial romana, e derrotaram um corpo dos Nervos, quem, após submeterem-se a Fábio Prisco - o legado romano - decidiram atacar os seus antigos aliados. Após reforçar o seu exército com tropas germânicas, Civil acampou em Vetera Castra, para onde se dirigiu Cerial no comando de novas forças. A batalha livrou-se pronto, e Cerial conseguiu a vitória graças à traição de um batávio, mas como os romanos não dispunham de frota, os germanos escaparam através do Reno. Ali Civil recebeu reforços dos [[Chaucios]] e, após um último esforço junto a [[Verax]], Clássico e Tutor, de defender a ilha dos batávios, foi de novo derrotado e obrigado a retirar-se através do Reno.
 
Cerial então enviou emissários para exigir privadamente a paz aos Batávios, oferecendo o perdão a Civil. Este não teve outra alternativa que se render após parlamentar com o romano numa ponte sobre o [[Waal]]. O relato de Tácito acaba abruptamente após o começo da entrevista.<ref>Tácito, ''Histórias'' 4.12-37-Z1, 54-Z1-79-Z1, 5.14-Z2-26-Z1.<br />[[Flávio Josefo]] ''Guerra dos Judeus'', 7.4.2<br />[[Dião Cássio]]</ref>
 
=={{Bibliografia}}==
* [[Flávio Josefo]] ''[[Guerra dos Judeus]]'' VII. 4.
* Meyer, Eduard: ''Der Freiheitskrieg der Bataven unter Civilis'' (Meissner, [[1856]]). Monográfico {{de}}
* Merivale, Charles: ''History of the Romans under the Empire'', Cap. 58.
* Teitler, Hans: ''De opstand der 'Batavieren''' (1998)
* Schiller, Hermann: ''Geschichte der romischen Kaiserzeit'', tomo II, c. 2, f. 54 (1883).
* {{Ref-livro |sobrenome=Tácito |nome=Caio Cornélio |editor=Juan Luis Conde|título=Historias |url=http ://books.google.com/books?id=HGcNAQAACAAJ&dq=histórias+de+Tácito&ei=bNfiSbfDKYSSzQSIzbS_DQ&hl=es | edição=1ª|ano=2006|editorial=Cátedra |situação=Madrid|língua=es|isbn=9788437623191|páginas=320}}
 
{{ref-section|Referências}}
* {{1911}}
* {{smith-bio|artigo=Claudius Civilis}}
{{Tradução/ref|es|Cayo Julio Civil}}
 
=={{Ligações externas}}==
* [http://www.livius.org/ba-bd/batavians/revolt01.html Joa Lendering, "A Rebelião Batávia"] {{en}}.
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[[Categoria:Povos germânicos]]
 
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