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A progressão do cancro não é mais que a inactivação de determinados genes e a hiperexpressão de outros, dando origem a células largamente independentes da regulação local e central do organismo, que se dividem sem inibição. Outras mutações noutros genes poderão então dar às células neoplásicas novas capacidades invasivas, já que todas as células do organismo possuem o [[genoma]] completo e portanto a capacidade de produzir qualquer [[proteína]], desde que os genes correspondentes sejam activados (neste caso por mutação). Assim, uma célula da [[Tecido cartilaginoso|cartilagem]] ([[condrócito]]) neoplásica pode sofrer mutação que lhe permite formar proteinas que provocam a formação de novos vasos sanguineos, apesar de este gene nunca ser expressado na célula normal.
 
Várias síndromes de cancro familiares são causados pelo facto de que nessas familiasfamílias algum gene importante na progressão ou iniciação tumoral já estar mutado. Mais frequentemente estão mutados os genes de supressão tumoral (ver adiante) em que são necessários duas mutações em ambas as cópias (uma do pai, outra da mãe) para haver inactivação. Se o individuoindivíduo herdar do pai uma cópia defeituosa, é muito mais fácil ocorrer apenas a mutação na cópia materna que nos dois [[alelo]]s.
 
Um dos factos mais intrigantes em [[oncologia]] é a restrição de determinadas mutações a determinados tipos de cancro. Quase todos os cancros têm apenas uma, duas ou três vias de progressão com mutações de determinados genes, enquanto noutros orgãos a progressão se dá por mutações em genes diferentes. Este facto será talvez porque em determinados tecidos funcionam principalmente determinados oncogenes e genes supressores tumorais, e não outros, mas a causa exacta permanece obscura.
 
== DNA e mutações ==
A atividade de cada [[célula]] de ou [[tecido]] é dirigida pelo seu DNA. Ao longo da [[embriogénese]], à medida que células cada vez mais diferenciadas se originam do [[zigoto]], alguns genes tornam-se activos enquanto outros são silenciados, de acordo com a função final da célula. Mas cada célula mantém sempre uma cópia do genoma completo no seu núcleo. As cadeias de DNA são frágeis e facilmente são modificadas por químicos ou radiação. Existem contudo proteínas reparadoras de erros do DNA que reduzem a taxa de erros ou mutações a um mínimo. A maior quantidade de erros ocorre aquando da [[divisão celular]], devido à necessidade de duplicar cada [[cromossoma]], de modo a que cada célula filha tenha uma cópia. Continuam, contudo a ser feitos alguns erros, uma simples base movida já constitui uma mutação. Ao longo da vida milhões de células do nosso corpo sofrem pequenas mutações, essas células normalmente se autodestroem ordenados pela actividade de proteínas geradas a partir de [[gene]]s anti-tumoraisantitumorais do DNA como por exemplo o [[p53]].
 
Nenhuma célula se torna neoplásica apenas com uma mutação. Normalmente são necessárias várias para haver desregulação do ciclo celular e proliferação excessiva, e ainda mais outras para que haja invasão dos orgãos adjacentes ou distantes.
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O DNA é um [[polímero]] com quatro tipos diferentes de bases: [[adenina]], [[timina]], [[guanina]] e [[citosina]]. A série de bases é traduzida em sequências proteicas de acordo com os tipos de bases (cada [[aminoácido]] corresponde a uma série de três bases). Diferentes sequências de aminoácidos com diferentes propriedades químicas leva a diferentes comportamentos das proteinas. A substituição ou eliminação de uma única base pode levar a proteinas diferentes, mais quantidade produzida de uma proteína ou silenciamento do [[gene]].
 
Outros tipos de mutações são as quebras cromossómicas, que são reparadas por vezes com troca dos fragmentos quebrados em [[cromossoma]]s diferentes do habitual, com efeitos a nivelnível da expressão génica.
 
Existem várias proteínas que corrigem os erros no DNA. Se os genes destas proteinas sofrerem mutações, elas podem ser inutilizadas, ocorrendo maior taxa de mutações subsequente -fenomeno denominado instabilidade genética.
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#Outros químicos: por exemplo [[arilamina]]s (corante industrial) no cancro da bexiga, [[aflatoxina]] ([[toxina]] de [[fungo]] presente em alguma comida bolorenta) no carcinoma hepatocelular.
#Irritação crónica: a irritação crónica com morte e divisão celulares constantes leva a maior taxa de mutações devido à maior probabilidade de erros no DNA quando da sua replicação durante a divisão celular. Por exemplo a [[Hepatite]] crónica por [[alcoolismo]], a [[pancreatite]] crónica por alcoolismo ou a [[cistite]] crónica por infecção.
#[[Vírus]]: alguns vírus causam mutações no DNA ao inserirem o seu [[genoma]] no da célula de forma arbitrária, ou ao produzirem proteínas que estimulam a proliferação da célula a partir de oncogenes do genoma do próprio vírus. Alguns exemplos são o vírus [[Epstein-Barr]], que causa a [[doença do beijo]] (alguns tipos de linfomas e carcinomas nasofaringeais), [[Papilomavirus]], que causa a [[verruga]] e o [[condiloma acuminado]] (carcinomas do [[pénis]] e [[colo do útero]]), [[HTLV-1]] (linfoma de células T), virús da [[Hepatite B]] e C (carcinoma hepatocelular), vírus do [[sarcoma de Kaposi]] (um vírus da familiafamília do [[Herpes]] que causa cancro nos vasos de imunodeprimidos, em especial na [[SIDA]]/AIDS).
#Bactérias: a infecção do estômago crónica com ''[[Helicobacter pylori]]'' predispõe ao desenvolvimento de cancro do estômago e a linfomas associados à [[mucosa]] (MALTomas).