Cachoeira Casca d'Anta: diferenças entre revisões

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Localizada em São José do Barreiro (MG), distrito que fica a 38 quilômetros de [[São Roque de Minas]], é formada por 186 metros de queda d'água e está emoldurada em uma parede de rocha de cerda de 340 metros de altura.
 
Talvez a mais bela descrição da cachoeira tenha sido a do primeiro a estudá-la em termos científicos, o naturalista e “viajante” francês, Auguste de Saint-Hilaire, que percorreu a região em 1819 à procura da nascente do Rio São Francisco. Os trechos abaixo resgatados de sua obra, de beleza e expressividade singulares, constituem uma fiel reprodução do que os presentes autores viram na região, e assim considerou-se pertinente uma homenagem ao pesquisador francês mantendo-se as suas descrições originais (Saint-Hilaire, 1847, pg 101-103):
“...Por enquanto pretendo ocupar-me unicamente da Serra da Canastra. Havia muito tempo eu sabia vagamente que existia nessa montanha ou nas suas redondezas uma cachoeira notável, mas ninguém me tinha podido dar a esse respeito uma informação precisa... Saí convencido de que teria de percorrer apenas três léguas para chegar à cascata e que ela ficava localizada numa das montanhas vizinhas à serra... Ao entrarmos no desfiladeiro... vimo-nos muito próximo da serra. Ali o seu cume é perfeitamente regular, e grande parte de seus flancos, nos pontos mais elevados, é formada de rochas talhadas a pique, cheias de sulcos e inacessíveis. Abaixo delas se estendem matas e pastagens naturais em encostas suaves, até o fundo de um vale estreito, onde corre o Rio S. Francisco... Em nenhum outro lugar encontrei relvados de um verde tão bonito e tão viçoso como os que se estendiam aos pés dessas rochas a pique, e os matizes mais escuros das matas vizinhas não lhes ficava devendo nada em beleza..
...Embrenhamo-nos na mata e dentro em pouco começamos a ouvir o barulho da cachoeira. Pelas informações que me tinham dado... eu sabia que ela se despencava do lado meridional da Serra da Canastra. De repente avistei o seu começo e logo em seguida pude vê-la em toda a sua extensão... O espetáculo arrancou de José Mariano e de mim um grito de admiração. No ponto onde a água cai há uma depressão no cume do paredão de rochas, formando um sulco largo e profundo que vai descendo em ziguezague até uns dois terços da altura da pedreira... De um ponto ainda bastante elevado, onde termina a fenda, despeja-se majestosamente uma cortina d’água, cujo volume é maior em um dos lados... É essa a nascente do S. Francisco... Meu hospedeiro oferecera-se para me levar no dia seguinte até o pé da queda d’água que tem o nome de Cachoeira da Casca d’Anta... Depois de atravessarmos uma mata cerrada seguindo uma trilha mal aberta, com moitas de bambu atrapalhando a nossa marcha, alcançamos as margens do S. Francisco, num ponto que fica mais ou menos a meia légua de distância de sua nascente e onde sua largura é de vinte ou trinta passos...
Suas águas, de uma limpidez e frescura extraordinárias, têm pouca profundidade, permitindo que se vejam no fundo do seu leito os mais insignificantes seixos... Até ao pé da cachoeira ele é forrado de pedras grandes e escorregadias, que ora ficam cobertas pela água, ora afloram à superfície... Finalmente, depois de uma caminhada extremamente penosa, alcançamos o pé da Cachoeira da Casca d’Anta, que já vínhamos avistando de longe... Vou descrevê-la tal como apareceu aos meus olhos, quando dela me aproximei o máximo que era possível. Acima dela vê-se, como já disse, uma larga fenda na rocha. No ponto onde caem as águas as pedras formam uma concavidade pouco pronunciada... após tê-la observado de diversos ângulos creio poder afirmar que sua extensão é de dois terços dessa altura... ela deve ter uns 203 metros, aproximadamente. Ela não precipita das rochas com violência, exibindo, pelo contrário, um belo lençol de água branca e espumosa que se expande lentamente e parece formado por grandes flocos de neve. As águas caem numa bacia semicircular, rodeada de pedras amontoadas desordenadamente, de onde descem por uma encosta escarpada para formar o famoso Rio S. Francisco...”Saint-Hilaire (1847) referiu-se ainda à terminologia “Casca d’Anta”, como o nome popular do arbusto Drimys granatensis, assim chamado por ser de crença geral que as propriedades medicinais da casca dessa espécie foram descobertas por intermédio das antas. De outro modo, o Liver Herbarum Minor (2008) refere-se ao nome científico de tal planta como Drimys winteri.
 
[[Categoria:Quedas de água do Brasil]]