Xadrez na Alemanha: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:StampsLucas ofvan GermanyLeyden (DDR) 1969, MiNr 1491005.jpg|150px|thumb|right|''[[SeloA postalGame of Chess]]'' publicado(c. na1509), Óleo em madeira de [[AlemanhaLucas van OrientalLeyden]] (1969).]]
 
O '''Xadrez na Alemanha''' refere-se a contribuição do [[Império Alemão]] e posteriormente da [[Alemanha]] na [[história do xadrez]] desde sua assimilação no século XII até a atualidade. Os alemães receberam o xadrez a partir da [[França]] e [[Itália]], embora as regras do jogo ainda fossem idênticas ao do ''[[Shatranj]]'' árabe.
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No final do século XV, com a introdução dos movimentos ampliados da [[Dama (xadrez)|Dama]] e [[Bispo (xadrez)|Bispo]], foi renovado o interesse Europeu pelo jogo surgindo uma nova literatura a respeito. Inicialmente, os alemães eram dependentes da escassa literatura estrangeira porém com os principais jogadores do século XVII visitando os principais centros europeus, em pouco tempo o país começou a publicar trabalhos próprios.
 
Por volta do século XVIII, o inglês [[Howard Staunton]] organizou o primeiro torneio internacional de xadrez na cidade de [[Londres]] em [[Torneio de xadrez de Londres de 1851|1851]] que foi vencido por [[Adolf Anderssen]], principal enxadristajogador de xadrez da Alemanha. Outros jogadores como [[Paul Rudolf von Bilguer]], autor do livro ''Handbuch des Schachspiels'', [[Ludwig Bledow]], [[Wilhelm Hanstein]], [[Bernhard Horwitz]], [[Tassilo von Heydebrand und der Lasa]], [[Carl Mayet]] e [[Carl Schorn]] também se destacavam o que incluiu o país no cenário do xadrez Europeu.
 
Com a fundação da Federação Alemã de Xadrez em 1877, vários torneios internacionais foram realizados no país e uma nova geração de grande jogadores como [[Emanuel Lasker]], [[Siegbert Tarrasch]], [[Richard Teichmann]] e [[Jacques Mieses]]. Este desenvolvimento alemão no jogo foi interrompido pela [[Primeira Guerra Mundial|Grande Guerra]] e pouco depois pela [[Segunda Guerra Mundial]]. Após os confrontos, o país não conseguiu se destacar no cénário do xadrez como antes apesar de manter boa participação em eventos internacionais.
== Panorama histórico ==
 
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Deste mesmo período, existem duas outras literaturas mencionando o [[Xadrez Courier]], uma conhecida [[variante do xadrez]]. O poema ''Wingalois'' de [[Wirnt von Gravenberg]] aborda o jogo como se fosse conhecido pelo leitor enquanto o poema ''Schachbuch'' de [[Heinrich von Beringen]] menciona o jogo como uma versão melhorada do xadrez medieval.<ref>{{citar web|url=http://courierchess.com/thehistory.htm|titulo=History of Courier Chess|acessodata=21/01/2011|lingua2=en}}</ref>
 
A pequena cidade de [[Ströbeck]], conhecida como a cidade do xadrez, pleiteia que o jogo tenha sido introduzido na cidade, e por conseguinte no território alemão em 1011. Reza a lenda que [[Henrique II da Alemanha]] entregou o conde de Gungelin aos cuidados do Bispo de Ströbeck como prisioneiro. O conde, sendo um apaixonado pelo xadrez, ensinou o jogo aos guardas que disseminaram as [[Regras do xadrez|regras o jogo]] pela população. Outra história mais credível indica que o jogo foi introduzido no final do século XV por um clérigo de Halberstadt que fundou na cidade uma escola dedicada ao ensino do xadrez.<ref>Yalom (2004), p.78-79</ref>
 
== Literatura ==
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Os textos poéticos de ''[[Carmina Burana]]'' são a primeira evidência das regras do xadrez praticados na Alemanha deste período, contidos no manuscrito ''Codex Latinus Monacensis''. Os versos resumem as posições e os movimentos de algumas peças como a [[Torre (xadrez)|Torre]], o Cavalo e o Bispo. Embora o movimento da [[Rainha (xadrez)|Rainha]] não seja descrito, o texto afirma que quando a peça é captura a partida está virtualmente perdida o que contradiz o [[Valor relativo das peças de xadrez|valor relativo da peça]] na época. Os poemas, que eram acompanhados por [[partitura]]s foram musicados pelo compositor [[Carl Orff]] no início do século XX.<ref>Yalom (2004), p.75-78</ref>
 
O ''Poema Cracóvia'' de 1422 e o texto ''Schachzabel'' (c. 1520) têm as regras de como o jogo era praticado e mostra que havia muita incerteza de como eram na época, esforçando-se para fornecer o código correto. As principais diferenças em relação as regras árabes são a existência do pulo do Rei, conforme já existia nas regras italianas, mas não permitindo que fosse combinado com outras peças. O texto ''Schachzabel'' difere neste pondo do poema, onde é permitido o movimento combinado do Rei e Dama e um dos [[peão (xadrez)|peões]] para abrir espaço ao Rei. Entretanto, nenhum destes movimentos permite a captura de peças adversárias. O [[Peão (xadrez)|avanço do peão por duas casas]] é permitido a todos os peões até uma peça ser capturada, quando passa a ser restrito somente aos peões das torres, Rei e Dama.<ref>[[Murray|Murray (1913), p.463-464]]</ref>
Por volta do final do século XV, os novos movimentos da Dama e do Bispo são consolidados na [[Espanha]], surgindo assim uma nova literatura sobre o jogo.<ref>Lasker (1999), p.74</ref> O então Império Romano Germânico dependia da literatura estrangeira a respeito das novas possibilidades do jogo, o que foi suprido ao longo do tempo pelos primeiros mestres de xadrez que excursionavam pela Europa ocasionalmente vendendo por um bom preço manuscritos contendo análises de [[Abertura de xadrez|aberturas]].<ref>Hooper (1992), p.51, 158, 223, 312</ref>
 
=== O começo das novas regras ===
Em 1843 foi publicado o ''Handbuch des Schachspiels'' de [[Paul Rudolf von Bilguer]], possivelmente o mais influente livro de xadrez por um período de 90 anos. Bilguer faleceu antes da primeira edição e teve seu trabalho concluído por [[Tassilo von Heydebrand und der Lasa]], um dos integrantes do grupo conhecido como as [[Plêiades de Berlim]], que manteve o nome de Bilguer nas edições seguintes. O livro teve oito edições tendo como editores como [[Carl Schlechter|Schelechter]] e [[Emil Schallopp|Schallopp]] entre outros colaboradores. Lasa, publicou também o livro ''Zur Geschichte und Literatur des Schachspiels'' que aborda a história do jogo a partir da idade média, considerado uma versão clara do desenvolvimento do jogo.<ref>Hooper (1992), p.166, 216-217</ref>
 
Por volta do final do século XV, os novos movimentos da Dama e do Bispo sãoforam consolidados na [[Espanha]], surgindo assim uma nova literatura sobre o jogo.<ref>Lasker (1999), p.74</ref> O então Império Romano Germânico dependia da literatura estrangeira a respeito das novas possibilidades do jogo, o que foi suprido ao longo do tempo pelos primeiros mestres de xadrez que excursionavam pela Europa ocasionalmente vendendo por um bom preço manuscritos contendo análises de [[Abertura de xadrez|aberturas]].<ref>Hooper (1992), p.51, 158, 223, 312</ref>
 
A primeira evidência das novas regras está contida no ''Cartel des Schach-Spiels am Kaiserlichen Hofe'' (1577) que ampliam o avanço duplo a todos os peões independente de alguma peça ser capturada, e introduzem o [[Roque (xadrez)|roque]] desde que o Rei não tenha sofrido o [[xeque (xadrez)|xeque]]. Não há restrição a quantidade de Damas por promoção de peões, e o [[Rei solitário]] e o [[Empate por afogamento|afogamento]] contam como empates. A literatura posterior ''Schachzabel'' de [[Lucas Wielius]] (1606), descreve algumas regras diferentes como a restrição no avanço dos peões conforme regras antigas, e a restrição da promoção do peão a uma a Dama somente quando a original tiver sido capturada. Não existe menção ao Roque, e o Rei solitário e afogamento contam como vitória desde que o vencedor tenha força suficiente para aplicar o [[xeque-mate]]. Outro importante trabalho do período foi ''Das Schach-oder Konig-Spiel'' (1616) de [[Augusto, Duque de Brunswick]]. A obra é uma tradução de um trabalho italiano, mas foram feitas várias adições que tornaram o livro de valor histórico. As regras naturalmente seguem o trabalho original, mas muitas das notas explicam a diferença entre as regras praticadas na Alemanha.<ref>[[Murray|Murray (1913), p.851-852]]</ref>
 
== Ströbeck ==
 
A pequena cidade de [[Ströbeck]], conhecida como a cidade do xadrez, pleiteia que o jogo tenha sido introduzido na cidade, e por conseguinte no território alemão em 1011. Reza a lenda que [[Henrique II da Alemanha]] entregou o conde de Gungelin aos cuidados do Bispo de Ströbeck como prisioneiro. O conde, sendo um apaixonado pelo xadrez, ensinou o jogo aos guardas que disseminaram as [[Regras do xadrez|regras o jogo]] pela população. Outra história mais credível indica que o jogo foi introduzido no final do século XV por um clérigo de Halberstadt que fundou na cidade uma escola dedicada ao ensino do xadrez.<ref>Yalom (2004), p.78-79</ref> O primeiro registro histórico entretanto é no ''Das Schach-oder Konig-Spiel'' do século XVII que relata que os habitantes da cidade jogavam três [[variantes do xadrez]], o [[xadrez courier]], xadrez antigo, e xadrez ''Welsch''(i. e., estrangeiro, normalmente italiano).<ref name="stro">[[#Murray (1913)|Murray (1913), p.392]]</ref>
 
A cidade possuia regras diferentes do restante do país, como por exemplo as restrições de avanço do peão e promoção, que devia voltar três casas para trás pulando antes de ser promovido, ou seja, um peão promovido em ''a8'' deveria pular para ''a6'' e ''a4'' sendo promovido em ''a2''. As [[abertura (xadrez)|abertura]] das partidas se assemelhava com os [[ta'bi'a|sistemas árabes]]. A cidade ainda possui um tabuleiro dado por [[Frederico I da Prússia]] que visitou o local em 1651, embora as peças tenham se perdido. Na década de 1940, foi realizado um filme sobre as exibições de [[xadrez ao vivo]] praticadas, entretanto posteriormente houve uma queda drástica do interesse pelo jogo, nem sempre sendo possível encontrar habitantes que soubessem as regras para participar.<ref name="stro"><ref>[[#Hooper|Hooper (1992), p.400]]</ref>
 
== Século XIX ==
 
No início do Século XIX, a Alemanha comoçou a ter um papel mais proeminente no progresso do jogo. Por volta de 1930 foi fundado o ''Berliner Schachgesellschaft'' que reuniu [[Ludwig Erdmann Bledow]] a outros seis jogadores entusiastas do xadrez que formaram um grupo conhecido posteriormente como ''[[Plêiades (xadrez)|Plêiades]]''. O grupo tinha o objetivo de criar uma revista de xadrez semelhante a francesa ''Palamede'' fundada por [[Louis Charles de la Bourdonnais|Bourdonnais]] e um livro texto sobre o jogo e apesar da associação ter durado somente dois anos, foi tempo o suficiente para cumprir seus objetivos. A ''Schachzeitung'' foi lançada em 1846, um pouco antes da morte do fundador do grupo.<ref>[[Murray|Murray (1913), p.883]]</ref>
 
Em 1843 foi publicado o ''Handbuch des Schachspiels'' de [[Paul Rudolf von Bilguer]], possivelmente o mais influente livro de xadrez por um período de 90 anos. Bilguer faleceu antes da primeira edição e teve seu trabalho concluído por [[Tassilo von Heydebrand und der Lasa]], um dos integrantes do grupo conhecido como as [[Plêiades de Berlim]], que manteve o nome de Bilguer nas edições seguintes. O livro teve oito edições tendo como editores como [[Carl Schlechter|Schelechter]] e [[Emil Schallopp|Schallopp]] entre outros colaboradores. Lasa, publicou também o livro ''Zur Geschichte und Literatur des Schachspiels'' que aborda a história do jogo a partir da idade média, considerado uma versão clara do desenvolvimento do jogo.<ref>Hooper (1992), p.166, 216-217</ref>
 
Em 1851, foi realizado em [[Londres]] o [[Torneio de xadrez de Londres de 1851|primeiro torneio internacional]] da história do jogo, vencido por [[Adolf Anderssen]]. Esta conquista passou a supremacia do xadrez para a Alemanha. Anderssen esteve entre os premiados das principais competições por quase 30 anos, tendo vencido outros importantes torneios como [[Torneio de xadrez de Londres de 1862|Londres (1862)]], [[Torneio de xadrez de Baden-Baden de 1870|Baden-Baden (1870)]].<ref>[[#Murray|Murray (1913), p.888]]</ref> [[Louis Paulsen]], contemporâneo de Anderssen, e seus pupilos [[Philipp Hirschfeld]] e [[Johannes Minckwitz]] deram início a uma era de fortes jogadores alemães que continuou com [[Emanuel Lasker]] (campeão mundial de [[Campeonato Mundial de Xadrez de 1894|1894]] a [[Campeonato Mundial de Xadrez de 1921|1921]]), [[Siegbert Tarrasch]], [[Jacques Mieses]] e [[Richard Teichmann]]. A fundação da Federação Alemã de Xadrez em 1877, permitiu a organização de uma série de torneios internacionais praticamente a cada ano. No total, foram realizados dezenove competições internacionais até 1914 até o início da [[Primeira Guerra Mundial]].<ref name="golom">[[#Golom1977|Golombek (1977), p.126-128]]</ref>
 
== Atualidade ==
[[Ficheiro:Stamps of Germany (DDR) 1969, MiNr 1491.jpg|150px|thumb|right|[[Selo postal]] publicado na [[Alemanha Oriental]] (1969).]] Após a Primeira guerra, os principais jogadores alemães não se destacaram como anteriormente e os eventos em território alemão foram feitos por patrocinadores privados e não mais pela federação alemã. Sob influência nazista, pouco foi acrescido ao xadrez na Alemanha apesar da organização da [[Olimpíada de xadrez de 1936]]. Durante a guerra, foram realizados seis eventos internacionais destacando-se [[Torneio de xadrez de Salzburgo de 1942|Salzburgo (1942)]], o último campeonato vencido por [[Alexander Alekhine]] até então campeão mundial. O período imediatamente após a guerra foi de ostracismo da Alemanha, sendo o primeiro torneio internacional pós-guerra em 1949 seguido do primeiro evento FIDE em 1951 organizado pela nova Federação Alemã de Xadrez.<ref name="golom"/>
 
 
 
=={{Ver também}}==
{{commonscat|Chess in Germany}}
*[[Xadrez na Ásia]]
 
{{Referências}}
Linha 44 ⟶ 70:
| id = ISBN 978-0060090647
}}
* {{Referência a livro
| autor = MURRAY, H.J.R.
| título = A History of Chess
| idioma = inglês
| edição = 1ª
| local = Oxford
| editora = Clarendon Press
| ano = 1913
| id = ISBN 0936317019
| ref = Murray}}
* {{Referência a livro
| autor = HOOPER, David & WHYLD, Kenneth
| título = The Oxford Companion to Chess
| idioma = inglês
| edição = 2ª
| local = Inglaterra
| editora = Oxford University Press
| ano = 1992
| id = ISBN 0-19-866164-9
| ref = Hooper}}
* {{Referência a livro
| autor = GOLOMBEK, Harry
| título = Golombek's Encyclopedia of chess
| idioma = inglês
| edição = 1ª
| local = New York
| editora = Trewin Copplestone Publishing
| ano = 1977
| id = ISBN 0-517-53146-1
| ref = Golom1977}}
 
 
{{Xadrez na Europa}}