Coletivização forçada na União Soviética: diferenças entre revisões

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'''Coletivização forçada''' foi o processo de expropriação das pequenas e médias propriedades privadas entre [[1929]]-[[1931]] por [[Josef Stálin]] na [[URSS]], especialmente agrícolas, realizadas durante o I [[Plano Quinquenal]] e sua transformação forçada em cooperativas ou unidades produtivas estatais, num processo brusco e rápido, onde inclusive foi utilizado força militar para aplacar a resistência desses proprietários. Com a coletivização forçada obteve-se capitais acumulados ao longo do período da [[NEP]] (Nova Política Econômica) pelos [[kulaks]] e [[nepman]] para financiar a aceleração da industrialização levada a cabo pelo I [[Plano Quinquenal]], inclusive a expansão da [[indústria pesada]], muito limitada númericamentenumericamente na URSS, devido ao atraso do período anterior a Revolução (a [[Rússia]] era um [[país subdesenvolvido|país capitalista periférico]]) e os anos da [[Primeira Guerra Mundial]] e da [[Guerra Civil Russa]].
 
== A Segunda Revolução?==
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==A "industrialização acelerada"==
 
Várias lideranças do Partido Comunista e da administração da economia nacional tinham posição contrária a continuidade da [[NEP]], especialmente depois da [[Crise das Tesouras]] em [[1923]]. Surge assim sucessivamente a [[Oposição de Esquerda]] e a [[Oposição Unificada]] dentro do Partido Comunista. O diagnóstico era que o gradual [[desenvolvimento econômico]] soviético da [[década de 1920]] passava por uma forte necessidade de investimentos, cujos efeitos (por exemplo, geração de renda) se sentiriam antes do aumento da produção, o que explicaria nas ciclícascíclicas ondas inflacionárias durante a NEP, o que por sua vez, colocava em risco a aliança operário-camponesa. Era preciso criar condições para que a economia soviética, que ainda estava na [[etapa primária do socialismo]], pudesse se desenvolver sem essas ameaças a revolução, pela via da [[industrialização acelerada]].
 
Os problemas de inflação e do financiamento do investimento que a URSS vivenciara ao longo da década de 1920 seriam resolvidos pela industrialização, financiada pela transferência do excedente da agricultura e do pequeno comércio, desviando o capital acumulado no comércio e na agricultura, que acabaria no consumo da pequena-burguesia, para o investimento industrial. Somente através de uma industrialização acelerada efetuada pela acumulação socialista primitiva se garantiria que a “etapa primária do socialismo”, estágio pelo que se encontrava a URSS, no desenvolvimento da superestrutura e infra-estrutura na formação social da URSS se desse de forma harmônica.
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==A coletivização forçada como virada ideológica de Stálin==
 
Curiosamente, [[Stálin]] e seu grupo política ao longo da segunda metade da década de 1920, quando os rumos do desenvolvimento socialista da URSS estava sendo alvo de enorme polêmica dentro do Partido, sempre se colocaram contrários a idéiaideia de uma coletivização dos pequenos produtores, especialmente os agrícolas, colocando como se isso fosse um rompimento à [[aliança operário-camponesa]] (a [[smytcha]]).
 
Grupos contrários ao [[stalinismo]], como em [[1923]], a [[Oposição de Esquerda]], que liderada por [[Trotski]], [[Preobrajensky]] e outras lideranças do Partido, e em seguida, em [[1926]] a [[Oposição Unificada]], onde se agregou outras lideranças como [[Zinoviev]], [[Kamenev]], [[Krupskaya]], defenderam a necessidade de coletivização para resolver os problemas agrários e permitir a captação de recursos excedentes da agricultura para a industrializaçãindustrialização. Embora defende-se que esse processo se desse em bases progressivas, mediante concordância dos mesmos e fossem efetuados por meio de incentivos econômicos e ideológicos, e não por meio da ação violenta do Estado.
 
Os oposicionistas acusavam que caso o Estado Soviético não realizasse logo a coletivização, os [[kulaks]] continuariam se fortalecendo, e a aliança operário-camponesa se romperia no sentido cidade campo (e não no inverso como os [[stalinistas]] e os [[bukharinistas]] afirmavam), à medida que os camponeses não seguiriam atraidosatraídos em oferecer os produtos agrícolas à cidade por oturooutro lado, seguiria a carência de produtos de consumo industriais oferecidos ao campo (pois não haveria recursos para investimentos industrial para ampliar a produção, que deveria ser captados do excedente da produção agrícola. Nesse sentido, a revolução estaria ameaçada, e a alternativa seria a aceleração da [[industrialização]] e o [[planificação]] (com caráter democrático) para viabilizar a [[acumulação socialista primitiva]], que marcaria os passo de transição da economia soviética, outrora uma economia capitalista subdesenvolvidadesubdesenvolvida, em uma economia socialista.
 
O bloco dirigente stalinista-bukharinista sempre foi contrário a essa tese, argumentando que serem "superindustrialismo". Contudo, com a ruptura do bloco e o afastamento dos postos de direção do grupo bukharinista, os stalinistas pusserampuseram em prática um programa deturpado da Oposição, pautado no I Plano Quinquenal, através de uma industrialização acelerada, uma coletivização forçada e numa [[planificação]] geral.
 
==Consequências da coletivização forçada e do I Plano Quinquenal==
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O resultado foi que o número de propriedades agrícolas em [[1928]] na URSS reduziu-se de mais de 16.000 unidades para algo em torno de 660 em [[1931]](período final do I [[Plano Quinquenal]]). Contudo, trouxe enormes prejuízos na produção agrícola ao longo de todo o primeiro plano quinquenal e no começo do II Plano Quinquenal (uma grave crise agrícola em [[1933]]).
 
Ao longo do I Plano Quinquenal houve verdadeiras hordas de esfomeadas pela URSS que perambulavam pelos campos, constituidosconstituídos em grande parte de trabalhadores rurais desempregados. Pois os proprietários agrícolas resistentes a coletivização e perda de suas posses simplesmente destruiamdestruíam ou escondiam a safra e os pequenos bens (animais e arados), o que obrigou a constituição de destacamentos do [[Exército Vermelho]] a invadir casas para resgatar víveres.
 
Houve também grave deslocamento de pessoas de várias regiões do país para as cidades e outras zonas rurais mais desabitadas ou em decorrência de fuga da repressão ou em virtude de deportações forçadas aplicadas pelos órgãos de repressão. Houve também o incremento de prisões e exílios internos, onde os [[gulag]], campos de prisão e trabalho forçado, aparecem pela primeira vez na história da URSS. Em seguida os gulags tornaram padrão de repressão a oposição interna (e a oposição virtual ou em potencial) ao longo das décadas seguintes.
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As causas possíveis podem ser enunciadas entre eles que:
- *os mecanismos de planificação foram implantados de maneira artificial não respeitando as disparidades entre a produção industrial, dominada por grandes complexos e combinados produtivos, e à agrícola, dominada por pequenas e médias cooperativas e sujeitas a imprevistos ambientais. ;
 
- *a mecanização do campo não foi implantada de maneira geral (na URSS a mecanização deu-se prioriamente sobre a indústria, especialmente a [[indústria pesada]]), resultando numa baixa produtividade do trabalho agrícola em comparação à produção industrial soviética ou à produção agrícola ocidental, ;
- os mecanismos de planificação foram implantados de maneira artificial não respeitando as disparidades entre a produção industrial, dominada por grandes complexos e combinados produtivos, e à agrícola, dominada por pequenas e médias cooperativas e sujeitas a imprevistos ambientais.
- *a baixa produtividade era agravada ainda pela baixa capacidade de incentivos e estímulos aos trabalhadores agrícolas para o cumprimento das metas afixadas no Plano.;
 
- a*as metas em si não era definidas democraticamente pelos trabalhadores das cooperativas e fazendas agrícolas, em acordo com os trabalhadores urbanos, mas afixados arbitrariamente pela burocracia do Partido, e com previsões sujeitos a inúmeros erros pelos economistas dos órgãos de planejamento soviético (que por sua vez não tinham contado com a realidade ou comprometidos apenas com os laços com a burocracia).
- a mecanização do campo não foi implantada de maneira geral (na URSS a mecanização deu-se prioriamente sobre a indústria, especialmente a [[indústria pesada]]), resultando numa baixa produtividade do trabalho agrícola em comparação à produção industrial soviética ou à produção agrícola ocidental,
 
- a baixa produtividade era agravada ainda pela baixa capacidade de incentivos e estímulos aos trabalhadores agrícolas para o cumprimento das metas afixadas no Plano.
 
- a metas em si não era definidas democraticamente pelos trabalhadores das cooperativas e fazendas agrícolas, em acordo com os trabalhadores urbanos, mas afixados arbitrariamente pela burocracia do Partido, e com previsões sujeitos a inúmeros erros pelos economistas dos órgãos de planejamento soviético (que por sua vez não tinham contado com a realidade ou comprometidos apenas com os laços com a burocracia).
 
[[Categoria:Comunismo]]