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{{Info biografia/Biografia
|nome = John Donne
|imagem = JohnDonne.jpg
|imagem_tamanho = 150px
|legenda = Retrato do [[Poeta|poeta]], [[pastor]] e [[Advogado|advogado]] John Donne.
|nome_completo = John Donne
|data_nascimento = 1572
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}}
 
'''John Donne''' ([[1572]] – [[31 de março]] de [[1631]]) foi um poeta [[Jacobino|jacobino]] [[Britânico|inglês]], pregador e o maior representante dos [[Metafísica|poetas metafísicos]] da época. Sua obra é notável por seu estilo sensual e realista, incluindo-se [[Soneto|sonetossoneto]]s, poesia amorosa, poemas religiosos, traduções do [[Latim|latim]], [[Epigrama|epigramasepigrama]]s, [[Elegia|elegiaselegia]]s, canções, [[Sátira|sátirassátira]]s e [[Sermão|sermões]]. Sua poesia é célebre por sua linguagem vibrante e metáfora engenhosa, especialmente quando comparada à poesia de seus contemporâneos.
 
Apesar de sua boa educação e seu talento para a poesia, viveu na [[Pobreza|pobreza]] por muitos anos, contando demasiadamente com amigos mais ricos. Em [[1615]], tornou-se um pastor [[Anglicano|anglicano]] e, em [[1621]], foi nomeado [[Decano|decano]] da [[Catedral de São Paulo (Londres)|St. Paul Cathedral]], em Londres. Alguns estudiosos acreditam que as obras literárias de Donne refletem as seguintes tendências: poesia amorosa e sátiras quando era mais jovem e sermões religiosos em sua velhice. Outros estudiosos, tais como [[Helen Gardner]], questiona a validade desta periodização, pois muitos de seus poemas foram publicados postumamente ([[1633]]). Exceção feita a ''Anniversaries'', que foi publicado em 1612 e ''[[Devotions upon Emergent Occasions]]'', publicado em 1623. Seus sermãos também são datados, algumas vezes de forma específica, informando dia, mês e ano.
 
== Infância ==
[[Imagem:John Donne BBC News.jpg|left|thumb|300px|Retrato de Donne em sua juventude ([[1595]]). Artista desconhecido. Parte da coleção da [[National Portrait Gallery]], Londres.<ref>[http://www.npg.org.uk/live/search/portrait.asp?locid=7&rNo=0 The painting] on the NPG's website.</ref>]]
 
John Donne nasceu em Londres, Inglaterra, por volta do final do ano de [[1571]] ou entre janeiro e [[19 de junho]] de 1572;<ref>Wilson, p. 277.</ref> o terceiro de uma família de seis filhos. Seu pai, de ascendência [[País de Gales|galesa]] e também chamado John Donne, era administrador da [[Ironmongers Company]] na cidade de Londres e um respeitável [[Católico|católico]], o qual evitava a atenção de governo indesejável, sem ter medo de ser perseguido por seu [[Catolicismo|catolicismo]].<ref name="Colly">"Donne, John" by Richard W. Langstaff. Article from Collier's Encyclopedia, Volume 8. Bernard Johnsto n, general editor. P.F. Colliers Inc., New York: 1988. pp. 346–349.</ref><ref name="britauth">"Donne, John." Article in ''British Authors Before 1800: A Biographical Dictionary''. Edited by Stanley Kunitz and Howard Haycraft. The H.W. Wilson Company, New York: 1952. pp. 156–158.</ref> O pai de John Donne morreu em 1576, deixando para sua esposa, Elizabeth Heywood, a responsabilidade de criar seus filhos.<ref name="britauth"/> Elizabeth Heywood, também proveniente de uma célebre família católica, era a filha de [[John Heywood]], o dramaturgo, e irmã de [[Jasper Heywood]], o tradutor e [[Jesuíta|jesuíta]]. Ela era sobrinha-neta do [[Mártir|mártir]] católico [[Thomas More]].<ref name="Annii">Jokinen, Anniina. "The Life of John Donne." Luminarium. 22 June 2006. Accessed 2007-1-22.[http://www.luminarium.org/sevenlit/donne/donnebio.htm]</ref> Essa tradição de martírio continuaria entre os parentes mais próximos de John Donne, sendo muitos deles executados ou exilados por razões religiosas.<ref name="Nort">Greenblatt, Stephen. ''The Norton anthology of English literature'', Eighth edition. W. W. Norton and Company, 2006. ISBN 0393928284. pp. 600–602</ref> Apesar dos perigos óbvios, a família de Donne arranjou para que recebesse educação [[Jesuíta|religiosa]], a qual lhe conferiu um conhecimento profundo de sua religião, que o equipou para os conflitos ideológico-religiosos de sua época.<ref name="Annii"/> Elizabeth Donne, nascida Heywood, casou-se, poucos meses depois da morte de seu marido, com o Dr. [[John Syminges]], um viúvo rico com três filhos. No ano de 1577, Elizabeth, irmã de John Donne, morreu, assim como mais outras duas, Mary e Katherine, em 1581. Antes que o futuro poeta completasse dez anos de idade, experimentou a morte de quatro entes próximos.
 
[[Image:John Donne house Pyrford.jpg|right|thumb|300px|Parte da casa onde John Donne viveu em [[Pyrford]].]]
 
Donne foi um estudante na [[Hart Hall]], agora conhecida como [[Hertford College, Oxford]], a partir dos 11 anos. Três anos depois, foi admitido na [[Universidade de Cambridge]], onde estudou por mais três anos. Ele foi incapaz de obter o diploma em ambas as universidades, porque recusou-se a a fazer o [[Juramento de Supremacia]] exigido dos formandos.<ref name="Annii"/> Em 1591, Donne foi aceito como estudante na escola legal de [[Thavies Inn]], uma das [[Inns of Court]] em Londres. Em 1592, foi admitido na [[Lincoln’s Inn]], mais uma das [[Inns of Court]].<ref name="Annii"/> Seu irmão Henry era, também, um aluno antes de sua prisão em 1653 por abrigar um padre católico. Henry Donne morreu na prisão de [[Grande Praga de Londres|peste bubônica]], fazendo com que John Donne começasse a questionar sua fé no [[Catolicismo|catolicismo]].<ref name="britauth"/>
Durante e depois de seus estudos, Donne gastou uma boa parte de sua considerável herança com mulheres, literatura, hobbies e viagens.<ref name="AnniiColly"/><ref name="CollyAnnii"/> Embora não haja qualquer registro informando precisamente para onde viajou, sabe-se que visitou o [[Europa|continente europeu]] e, mais tarde, lutou junto com o [[Robert Devereux|Conde de Essex]] e Sir [[Walter Raleigh]] contra os [[Espanha|espanhóis]] em [[Cádiz]] (1596) e em [[Açores]] (1597), testemunhando a derrota da nau almirante espanhola São Felipe e sua tripulação.<ref name="britauth"/><ref name="Durant">Will and Ariel Durant. ''The Story of Civilization: Part VII: The Age of Reason Begins.'' Simon and Schuster: New York, 1961. pp. 154–156</ref><ref name="britauth"/><ref name="Colum">[http://www.bartleby.com/65/do/Donne-Jo.html Donne, John]. The Columbia Encyclopedia, Sixth Edition. Accessed 2007-[[February 19|2-19]].</ref> De acordo com [[Izaak Walton]], quem escreveu a biografia de Donne em 1640:
 
{{cquote|... ele não retornou à Inglaterra antes de ficar por alguns anos na Itália e, depois, na Espanha, observando bastante esses países, suas leis e forma de governo, conseguindo aprender perfeitamente seus respectivos idiomas.}}
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Após sua soltura, Donne teve de aceitar uma vida calma e interiorana em [[Pyrford]], [[Surrey]].<ref name="Annii"/> Nos anos seguintes, viveu com dificuldades exercendo o ofício de advogado, dependendo do primo de sua esposa, Sir Francis Wolly, que albergava a ele, sua esposa e filhos. Como Anne Donne tinha um filho praticamente a cada ano, foi um gesto generoso da parte de seu primo.
 
Embora exercesse a advocacia e trabalhasse como panfletário assistente do bispo [[Thomas Morton]], estava em um estado de constante insegurança financeira, tendo que cuidar de uma família sempre em crescimento.<ref name="Annii"/> Antes de sua morte, Anne deu-lhe onze filhos (incluindo-se os que nasceram mortos). Os nove que viveram receberam os seguintes nomes: Constance, John, George, Francis, Lucy (em homenagem a protetora de Donne, Lucy, [[Condessa de Bedford]], sua madrinha), Bridget, Mary, Nicholas e Margaret. Francis e Mary morreram antes de completarem dez anos de idade. Em desespero, John percebeu que a morte de uma criança significaria uma boca a menos para alimentar, mas não tinha como pagar as custas do enterro. Durante esse período, Donne escreveu, mas não publicou, ''[[Biathanatos]],'' sua ousada defesa do [[Suicídio|suicídio]].<ref name="Nort">Greenblatt, Stephen. ''The Norton anthology of English literature'' Eighth edition. W. W. Norton and Company, 2006. ISBN 0393928284. page 601</ref>
 
=== Primeiras poesias ===
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Os primeiros poemas de Donne mostravam um brilhante conhecimento da sociedade inglesa, em conjunto com uma crítica sutil de seus problemas. Suas sátiras baseavam-se em tópicos [[Período Elisabetano|elisabetanos]], tais como corrupção no sistema legal, poetas medíocres, e pomposos homens da corte, sobressaindo devido a sua sofisticação intelectual e extraordinária figura de retórica. Suas imagens de doença, vômito, estrume e [[Peste negra|peste]] o ajudaram na criação de um forte mundo satírico, povoado por todos os idiotas e velhacos da Inglaterra. Sua terceira sátira, entretanto, fala sobre a problemática da verdadeira religião, um assunto de grande importância para Donne. Ele argumenta que seria melhor examinar cuidadosamente a convicção religiosa de alguém, do que seguir cegamente qualquer tradição estabelecida, pois ninguém seria salvo no [[Juízo Final]] apenas por dizer que "um tal Harry ou Martin me ensinou isso".<ref name="Nort">Greenblatt, Stephen. ''The Norton anthology of English literature'' Eighth edition. W. W. Norton and Company, 2006. ISBN 0393928284. page 600.</ref>
 
O início da carreira de Donne também foi notável no que se refere a sua poesia erótica, especialmente suas elegias, nas quais empregou metáforas não convencionais, tal como "uma pulga mordendo dois amantes" relacionando com "sexo".<ref name="Durant"/> Em sua Elegia XIX, ''To His Mistress Going to Bed'', ele praticamente despe sua amante e comparou as carícias à exploração da [[América]]. Na Elegia XVIII, ele compara a lacuna entre os seios de sua amante com o [[Dardanelos|Helesponto]].<ref name="Durant">Will and Ariel Durant. The Age of Reason Begins</ref> Donne não publicou esses poemas, embora permitisse que os mesmos circulassem largamente na forma de manuscrito.<ref name="Durant">a</ref>
 
Como a poesia amorosa estava na moda àquela época, há diferentes opiniões sobre se os poemas de amor que Donne escreveu eram endereçados a sua esposa Anne, mas é provável que sim. Ela passou a maior parte de seu casamento ou grávida ou cuidando das crianças, o que se supõe tivessem uma grande atração física. Em 15 de agosto de 1617, sua esposa morre cinco dias depois de dar à luz um bebê morto em seu ventre; seu décimo segundo filho em um casamento de dezesseis anos. Donne sofreu muito com sua morte e escreveu a obra ''Holy Sonnets''.<ref name="Annii"/> Ele nunca se casou novamente, o que era bastante incomum para a época, especialmente porque tinha uma grande família para cuidar.
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== Carreira e 3ª idade ==
 
Done foi eleito como membro do [[Parlamento|parlamento]] de Brackley em 1602, mas não era um emprego remunerado e Donne esforçou-se para dar algo a sua família, dependendo excessivamente de amigos ricos.<ref name="Annii"/> A moda da poesia costeira da época deu a ele meios para de procurar apoio e muitos de seus poemas foram escritos para amigos ricos e clientes, especialmente Sir [[Robert Drury]], que se tornou chefe de John Done em 1610.<ref name="Durant">a</ref> Foi para Sir Robert que Donne escreveu ''Anniversaries'', (1611), e ''Of the Progress of the Soul'', (1612). Historiadores não estão certos a respeito das razões pelas quais Donne deixou a [[Igreja Católica]]; ele, certamente, comunicava-se com o rei[[Jaime I da Inglaterra]] e, em 1610 e 1611, ele escreveu dois artigos polêmicos contra a Igreja Católica: ''Pseudo-Martyr'' e ''[[Ignatius his Conclave]]''.<ref name="Annii"/> Embora James estivesse satisfeito com o trabalho de Donne, ele recusou a se reintegrar na corte e, ao invés disso, apressou-se em ordenar-se pastor.<ref name="britauth">a</ref> Embora Donne, logo de início, relutasse, devido ao sentimento despresível a respeito de uma carreira clerical, Donne finalmente concordou com o desejo do rei e foi ordenado pastor pela [[Igreja Anglicana]] em 1615.<ref name="Durant">a</ref>
 
[[Image:Donne-shroud.png|thumb|200px|Meses antes de sua morte, Donne pediu que o retratassem como pareceria quando saísse de sua sepultura na época do [[Apocalipse]].<ref>Lapham, Lewis. ''The End of the World.'' Thomas Dunne Books: New York, 1997. page 98.</ref> Ele pendurou o retrato em uma das paredes de sua casa como um lembrete da transição da vida.]]
 
Donne tournou-se [[Capelania militar|capelão]] no final de 1615, professor de [[Teologia|teologia]] na Lincoln's Inn em 1616, e recebeu o título de [[Doutor]] em teologia pela Universidade de Cambridge em 1618.<ref name="Annii"/> Mais tarde, no mesmo ano, Donne tornou-se o capelão do [[Visconde de Doncaster]], o qual estava na embaixada dos [[Príncipes germânicos]]. Donne não retornou para sua terra natal até o ano de 1620.<ref name="Annii"/> Em 1621, Donne foi nomeado Decano da [[Catedral de São Paulo|St Paul Cathedral]], uma posição de liderança (e bem remunerada) na [[Igreja Anglizana|Igreja da Inglaterra]], onde permaneceu até sua morte em 1631. Durante o período como Decano, sua filha Lucy morre aos dezoito anos de idade. Foi no final de novembro e início de dezembro de 1623 que ela começou a sofrer por causa de uma doença fatal, podendo ser [[Tifo|tifo]] ou uma combinação de [[Gripe|gripe]], seguida por uma febre incessante durante sete dias. Durante a sua convalescência, Donne escreveu uma série de reflexões e orações sobre saúde, dor e doença, as quais foram publicadas em formato de livro em 1624 com o título ''[[Devotions upon Emergent Occasions]]''. [http://en.wikisource.org/wiki/Meditation_XVII Meditation XVII] Mais tarde, ''Meditation XVII'' tornou-se conhecida por sua frase "for whom the bell tolls" (por quem os sinos dobram) e pela declaração "no man is an island" (nenhum homen é uma ilha). Em 1624 tornou-se [[Vigário]] da [[St Dunstan-in-the-West]] e em 1625, Capelão de [[Carlos I da Inglaterra|Charles I]].<ref name="Annii"/> Dono de uma boa reputação, ficou conhecido como um pregador eloqüente e impressionante e 160 de seus sermões sobreviveram, incluindo-se o famoso ''Death's Duel sermon'', feito no [[Palace of Whitehall|Palácio de Whitehall]], perante o rei Charles I, em fevereiro de 1631. Acredita-se que sua doença fatal foi câncer de estômago. Ele morreu em [[31 de março]] de 1631, sem nunca ter publicado um poema em toda sua vida, porém deixando uma obra rica em conflitos intelectuais e emocionais de sua época. John Donne foi enterrado em St Paul, onde uma estátua sua foi erigida (tendo como modelo um desenho que estava em sua mortalha), com um [[Epígrafe|epígrafe]] em latim provavelmente escrito por ele mesmo.
 
=== Poesia posterior ===
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{{quote2|A morte de cada homem diminui-me, porque sou parte da humanidade. Portanto, nunca procure saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.|John Donne <ref>Change: The Human Dis-ease, by Angelique Silberman, 2007, Authorhouse, ISBN 1434343952, pg 159</ref>}}
 
Suas doenças, problemas financeiros e as mortes de seus amigos contribuíram para o desenvolvimento de um tom mais sombrio e piedoso em seus poemas.<ref name="Durant">a</ref> Essa mudança pode ser claramente observada em ''An Anatomy of the World'' (1611), um poema que Donne escreveu em memória de Elizabeth Drury, filha de seu protetor, Sir [[Robert Drury]]. Esse poema trata do faleciimento de Elizabeth com extrema melancolia, usando-o como um símbolo para a [[Queda do homem]] e a destruição do universo.<ref name="Durant">a</ref>
 
O poema ''A Nocturnal upon S. Lucy's Day'', sendo o dia mais curto, fala sobre a preocupação e desespero do poeta com a morte de um ente querido. Nele, Donne expressa um sentimento de total negação e desesperança, dizendo que "Eu sou cada coisa morta... recriado / De ausência, escuridão, morte". Esse trabalho famoso foi escrito provavelmente em 1627, quando tanto Lucy, Condessa de Bedford, e sua filha Lucy Donne, morreram. É interessante notar que, três anos depois, Donne escreveu seu testamento no dia de [[Santa Lúcia]], [[13 de dezembro]], data que o poema descreve como "Meia-noite profunda tanto do dia quanto do ano".
 
A crescente melancolia no tom de Donne também pode ser observado nos trabalhos religiosos que começou a escrever durante a mesma época. Anteriormente, possuía uma crença no ceticismo muito grande e, aos poucos, foi dando lugar a uma fé forte nos ensinamentos tradicionais da [[Bíblia|bíblia]]. Convertido à Igreja Anglicana, Donne concentrou sua carreira literária na literatura religiosa. Tornou-se célebre por seus sermões profundamente mundanos e seus poemas religiosos. As linhas ardentes desses sermões influenciaria trabalhos futuros da [[Literatura inglesa|literatura inglesa]], tais como ''[[Por quem os sinos dobram]]'', de [[Ernest Hemingway]], que recebeu esse título a partir da passagem na ''Meditation XVII'', e ''Homem Algum é Uma Ilha'', de [[Thomas Merton]], que recebeu esse título a partir da mesma fonte.
 
Já perto do fim de sua vida, Donne produziu trabalhos que desafiaram a morte e o medo que ela inspirava em muitos homens, baseados em sua crença de que aqueles que morrem são enviados ao [[Céu|céu]] para viver a vida eterna. Um exemplo deste desafio é o seu ''Holy Sonnet X'', do qual provém as seguintes linhas "Morte, não se orgulhe, embora alguns a tenham chamado / Poderosa e terrível, não trabalhe assim". Mesmo morrendo durante a [[Quaresma]] em 1631, levantou-se da cama e leu o sermão ''[[Duelo de Morte]]'', o qual foi considerado o sermão de seu próprio funeral. ''Duelo de Morte mostra a vida como uma descida estável de sofrimento e morte, porém percebe esperança na salvação e imortalidade através de [[Deus]], [[Cristo]] e da [[Ressurreição]].<ref name="Nort"/><ref name="Durant"/><ref>[http://www.geocities.com/milleldred/donnesthought.html Fulfilling the Circle: A Study of John Donne's Thought] by Terry G. Sherwood University of Toronto Press, 1984, page 231</ref><ref name="Durant">a</ref><ref name="Nort">a</ref>
 
== Legado ==
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John Donne ficou famoso por sua poesia metafísica no século XVII. Seu trabalho sugere um grande apetite pela vida e seus prazeres, porém expressava uma profunda emoção. Ele conseguia isso com a utilização de conceitos, sagacidade e intelecto — como se nota nos poemas ''The Sunne Rising'' e ''Batter My Heart''.
 
Donne é considerado um mestre do conceito [[Metafísica|metafísico]], uma metáfora abrangente que combina duas idéias imensas em apenas uma, freqüentemente utilizando imagens.<ref name="Nort">Greenblatt, Stephen. ''The Norton anthology of English literature'' Eighth edition. W. W. Norton and Company, 2006. ISBN 0393928284. pp. 600–602</ref> Um exemplo disso é a sua equação de amantes com santos em ''The Canonization''. Diferentemente dos conceitos encontrados em outra poesia elizabetana, mais notoriamente conceitos [[Petrarca|petrarquianos]], os quais formavam comparações ''cliché'' entre objetos mais intimamente relacionados (tais como uma rosa e amor), os conceitos metafísicos avança mais profundamente no que diz respeito à comparação de dois objetos completamente deferentes, embora, às vezes, pelos paradoxos radicais e antíteses de [[Shakespeare]]. Um dos mais famosos conceitos de Donne está em ''A Valediction: Forbidding Mourning'', no qual compara dois amantes separados pelas hastes de um [[Compasso|compasso]].
 
A obra de Donne é também engenhosa, empregando [[Paradoxo|paradoxosparadoxo]]s, [[Paranomásia|trocadilhos]] e analogias sutis porém notáveis. Suas peças são geralmente irônicas e cínicas, especialmente quando trata de amor e de temas humanos. Os assuntos mais comuns dos poemas de Donne são amor (especialmente em sua juventude), morte (especialmente quando da morte de sua esposa) e religição.<ref name="Nort"/>
 
A poesia de John Donne representou uma mudança das formas clássicas para uma poesia mais pessoal.<ref>[http://www.island-of-freedom.com/DONNE.HTM John Donne]. Island of Freedom. Accessed 2007-[[February 19|2-19]].</ref> Donne é célebre por sua [[métrica]], a qual foi estruturada com ritmos alternantes e recortados e que se parece bastante com a linguagem coloquial (foi por isso que [[Ben Jonson]], de uma escola mais clássica, disse que Donne deveria ser enforcado por não manter o ritmo).<ref name="Nort"> Greenblatt, Stephen. ''The Norton anthology of English literature'' Eighth edition. W. W. Norton and Company, 2006. ISBN 0393928284. p. 600.</ref>
 
Sua obra foi muito criticada com o passar dos anos, com muitas respostas críticas sobre sua forma metafísica.<ref name="Nort"/> Os seguidores de Donne na poesia tenderam a considerar sua obra com ambivalência, enquanto os [[Neoclassicismo|poetas neoclássicos]] consideraram seus conceitos como abuso da metáfora. Ele foi redescoberto pelos [[Romantismo|poetas românticos]] como [[Samuel Taylor Coleridge]] e [[Robert Browning]], embora seu renascimento no início do século XX por poetas como [[T. S. Eliot]] tendem a vê-lo como um anti-romântico.<ref>''The Best Poems of the English Language''. Harold Bloom. HarperCollins Publishers, New York: 2004. pp. 138–139.</ref>
 
== Obra ==
 
=== Poesia ===
 
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*James Winny, ''A Preface to Donne'' (New York, 1981)
 
{{Ref-sectionReferências}}
 
== Bibliografia ==
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Nao todos os sítios com informações a respeito de John Donne estão em língua inglesa.
 
* [http://www.crossref-it.info/authors/Donne,-John/1 John Donne at Crossref-it.info]
* [http://www.luminarium.org/sevenlit/donne/ John Donne at Luminarium.org]
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{{Biografias}}
 
{{DEFAULTSORT:Donne, John}}
[[Categoria:Poetas da Inglaterra]]
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{{Link FA|nds-nl}}
{{Link FA|sl}}
 
[[ar:جون دون]]
[[bg:Джон Дън]]