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'''Paul Marie Gislain Otlet''' ([[Bruxelas]], [[23 de agosto]] de [[1868]] — [[10 de novembro]] de [[1944]]) foi autor, empresário, visionário, advogado e ativista da paz; ele é uma das pessoas que são consideradas os pais da ciência da informação, uma área que ele chamava de "documentação". Otlet criou a Classificação Decimal Universal, um dos mais exemplos mais proeminentes de documentação facetada. Otlet foi responsável pela adoção generalizada na Europa do padrão americano de 3x5 polegadas, índice de cartão usado até recentemente na maioria dos catálogos de biblioteca em todo o mundo (até agora amplamente deslocadas pelo advento de catálogos on-line de acesso público (OPAC)). Otlet escreveu diversos ensaios sobre a forma de recolher e organizar o mundo do conhecimento, culminando em dois livros, o Traité de documentation (1934) e Monde: Essai d’universalisme (1935).
 
Em 1907, na sequenciaseqüência de uma grande conferência internacional, Henri La Fontaine e Otlet criaram o Escritório Central de Associações Internacionais, que foi renomeado para a União das Associações Internacionais, em 1910, e que ainda está localizado em Bruxelas. Eles também criaram um grande centro internacional chamado primeiramente de Palais Mondial (World Palace), mais tarde, o Mundaneum para abrigar as coleções e as atividades dos seus diversos organismos e institutos.
 
Otlet também foi um idealista e ativista da paz, engajando ideiasidéias políticas internacionais que foram incorporados na Liga das Nações e do seu Instituto Internacional de Cooperação Intelectual (precursora da UNESCO), trabalhando juntamente com o seu colega Henri La Fontaine, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1913, para atingir os seus ideais políticos de um novo mundo que eles viram decorrer da difusão global da informação e a criação de novos tipos de organizações internacionais.
 
== Vida e carreira antecipada ==
Otlet nasceu em Bruxelas, Bélgica em 23 de agosto de 1868, o filho mais velho de Édouard Otlet (Bruxelas, 13 jun 1842 – Blaquefort, França, 20 de outubro de 1907) e Maria (nascidanée Van Mons). Seu pai, Édouard, era um rico empresário que fez sua fortuna vendendo bondes em todo o mundo. Sua mãe morreu em 1871 com 24 anos, quando Otlet tinha três. Através de sua mãe, ele foi relacionado com a família Van Mons, uma prospera família, e para a família Verhaeren, Emile Verhaeren do qual foi um dos mais importantes poetas belgasbelga.
 
Seu pai o manteve fora da escola, contratando tutores algumas vezes, até que ele completasse 11 anos, acreditando que nas aulas passaria por momentos em ambientes sufocantes. Otlet, como uma criança, tinha poucos amigos, e brincava regularmente apenas com seu irmão mais novo, Maurice. Ele logo desenvolveu um amor pela leitura e pelos livros.
 
AosCom 6 anos de idade, em decorrenciadecorrente de uma queda na saúde de seu pai, fez com que a família tivesse que se mudar para Paris. Com 11 anos, Paul foi para a escola pela primeira vez, uma escola jesuíta em Paris, onde permaneceu durante os três anos seguintes. A família, em seguida, retornou a Bruxelas, e Paul estudou no prestigioso Collège Saint-Michel, até terminar o ensinosegundo médiograu. Em 1894, seu pai se tornou senador no Senado belga para o Partido Católico (até 1900). Seu pai casou-se novamente com Valerie Linden, flha de um famoso botânico, Jean Jules Linden; os dois tiveram mais cinco filhos. A família viajou muitas vezes durante este tempo, que varia de férias a negócios à Itália, França e Rússia. Otlet formou-se na Universidade Católica de Louven e na Universidade Livre de Bruxelas, onde colou grau em 15 de julho de 1890. Ele juntou-se a seu primo Fernande Gloner, logo depois, em 9 de dezembro de 1890. ele então foi funcionário de um famoso advogado Edmond Picard, um amigo de seu pai. Otlet logo sentiu-se insatisfeito com a carreira jurídica, e começou a ter interesse em bibliografia. Seu primeiro trabalho publicado sobre o assunto foi o ensaio "Algo sobre bibliografia" ( "Something about bibliography"), escrita em 1892. Nela, ele expressa a sua crença de que os livros são uma forma inadequada de armazenar informações, porque a disposição dos fatos contidos dentro deles foi uma decisão arbitraria por parte do autor, tornando cada fato difícil de ser localizado. Um sistema melhor de armazenamento, propôs Otlet em seu ensaio, seriam cartões contendo pequenos trechos com informação, os quais permitiriam que "todas as manipulações de classificação e continua busca". Alem disso seria necessário "um esquema muito pormenorizado de sinopses do conhecimento" que poderia permitir a classificação de todos esses trechos de dados. Em 1891, Otlet encontrou Henri La Fontaine, um colega advogado com interesses comuns na bibliografia e nas relações internacionais, e os dois se tornaram bons amigos. Eles foram procurados em 1892 pela Sociedade Belga de Ciências Sociais e Políticas para criar bibliogradias para diversas ciências sociais, e passaram três anos fazendo isso. Em 1895, eles descobriram a Dewey Decimal Classification, uma biblioteca com sistema de classificação que tinha sido inventada em 1876. eles decidiram tentar expandir este sistema para cobrir a classificação dos fatos que Otlet tinha imaginado anteriormente. Eles escreveram para o criador do sistema, Melvil Dewey, solicitando permissão para modificar seu sistema, desta forma, ele concordou, desde que seu sistema não fosse traduzido para o inglês. Eles começaram a trabalhar nesta expansão logo em seguida.
 
Ao decorrer deste tempo, Otlet e sua esposa tiveram dois filhos, Marcel e Jean, um em seqüência do outro. Otlet fundou o Institut International de Bibliographie (IIB), em 1895, mais tarde rebatizada, em inglês como International Federation for Information and Documentation (FID) (Federação Internacional de Informação e Documentação).
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== Explorando novas mídias ==
Otlet integrava as novas mídias conforme estas eram inventadas de acordo com suas ideiasidéias de trabalho e organização em redes. No início dos anos 1900, Otlet trabalhou com o engenheiro Robert Goldschmidt armazenando dados bibliográficos em microfilme (até então conhecido como "micro-fotografia"). Estas experiências continuaram nos anos 1920, e até o final dos anos 1920 ele tentou, juntamente com os colegas, criar uma enciclopédia impressa inteiramente em película, conhecida como a Enciclopédia Microphotica Mundaneum, que estava alojada no Mundaneum. Na década de 1920 e 1930, ele escreveu sobre rádio e televisão como outras formas de transmitir informação. Em 1934 escreveu o "Traité de documentation" que "uma após a outra, maravilhosas invenções têm alargado imensamente as possibilidades de documentação." No mesmo livro, ele previu que a mídia que transmitiria sensações, sabores e cheiros também, eventualmente, seria inventada, e que um sistema ideal de informação-comunicação ser capaz de lidar com tudo o que ele chamava de "percepção-sensitiva de documentos".
 
== Opinião e participação política ==
Otlet acreditava na cooperação internacional para promover a difusão do conhecimento e da paz entre as nações. A "Union of International Associations" (União das Associações Internacionais), que ele havia fundado em 1907 com Henri La Fontaine, posteriormente, levou ao desenvolvimento dade ambas a Liga das Nações e do Instituto Internacional de Cooperação Intelectual, que mais tarde foi incorporada à UNESCO.
 
Em 1933, Otlet propôs a construção, na Bélgica próximo a Antuérpia, de uma "gigantesca e natural World City", para empregar uma enorme quantidade de trabalhadores, a fim de aliviar o desemprego gerado pela Grande Depressão.
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Otlet morreu em 1944, pouco antes do fim da II Guerra Mundial, tendo visto o seu grande projeto, o Mundaneum, fechado, e tendo perdido todas as suas fontes de financiamento.
 
Segundo o estudioso W. Boyd Rayward Otlet, "a Primeira Guerra Mundial marcou o fim intelectual, bem como sócio-político em que Otlet tinha vivido até agora com notável sucesso", após perder o apoio tanto do governo belga quanto da comunidade acadêmica, suas ideiasidéias começaram a parecer "grandiosa, desfocada e fora de moda".
 
No rescaldo da II Guerra Mundial, as contribuições de Otlet para o campo da ciência da informação foram perdidos de vista na crescente popularidade das idéias americanas de informação, tais como os cientistas Vannevar Bush, Douglas Engelbart, Ted Nelson e por teóricos da informação organização como Seymour Lubetzky.
 
== Redescoberta ==
Começando na década de 1980, e especialmente após o advento da World Wide Web, no início de 1990, surgiu um novo interesse nas especulações e teorias sobre a organização do conhecimento, a utilização das tecnologias da informação e da globalização já propostas por Otlet. Sua obra de 1934, o "Traité de documentation", foi reimpresso em 1989 pelo "Centre de Lecture" publicado pela "Communauté française" na Bélgica. (Nem o "Traité" nem o seu companheiro trabalho, "Monde" -(Mundial), foram traduzidos para o Inglês até então.) Em 1990 o Professor W. Boyd Rayward publicou alguns escritos de Otlet em inglês. Ele também publicou uma biografia de Otlet (1975), que foi traduzido em russo (1976) e espanhol (1996, 1999 e 2005).
 
Em 1985, o acadêmico belga André Canonne levantou a possibilidade de recriar o Mundaneum como um arquivo e museu dedicado à Otlet e outros a eles associados; sua idéia inicial era a instalá-lo na cidade belga de Liège. Cannone, com substancial ajuda de outros, finalmente conseguiu abrir o novo Mundaneum, em Mons, na Bélgica, em 1998. Este museu ainda se encontra em funcionamento, e contém os documentos pessoais de Otlet e La Fontaine e os arquivos das várias organizações que criaram juntamente com outros acervos importantes para a história moderna da Bélgica.