Rodrigo da Câmara: diferenças entre revisões

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Havendo denúncia para a corte de [[Madrid]], partiu para aquela cidade, onde a grande custo se livrou. Devido ao escândalo, apenas regressou a São Miguel em [[1639]] e mesmo assim por imposição real.
 
Regressado a [[São Miguel]], regressam os escândalos, com rumores de [[sodomia]] e relacionamento com freiras. Estava o conde em São Miguel quando se dá a [[Restauração da Independência|Restauração]], recebendo notícia da aclamação de D. [[João IIV de Portugal|João I]] em meados de [[Janeiro]] de [[1641]].
 
Assumindo uma posição dúbia, só acede a aclamar o novo rei quando ele já estava seguro no trono e já só o Castelo do [[Monte Brasil]] resistia. Então, perante uma carta régia de [[6 de Abril]] de [[1641]], a ele pessoalmente dirigida, que lhe ordenava a aclamação, acede.
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O conde mandou preparar um navio, mas, aparentemente iludido sobre a gravidade da situação, não se embarcou de imediato por estar doente, antes enviando um pedido ao Santo Ofício para confessar na sua residência. Tal seria possível se aquela fosse a primeira acusação. Contudo, talvez sem o conhecimento do conde, já existiam acusações semelhantes deste antes de [[1620]], tornando aceder ao pedido de confissão.
 
Perante a recusa de receber a confissão, o embarque do conde foi aprazado par
Perante a recusa de receber a confissão, o embarque do conde foi aprazado para a noite de [[26 de Maio]], tendo como destino a [[França]]. Contudo, depois de toda a demora, a [[25 de Maio]] foi preso em sua casa e conduzido aos cárceres do Santo Ofício. O rei ainda tentou interferir, pedindo a sua transferência para uma das torres reais, mas a Inquisição recusou, alegando que tal violava os seus breves e leis.
 
À acusação feita a 5 de Maio juntaram-se mais cinco, que haviam permanecido secretas nos arquivos do Santo Ofício. O processo foi sendo meticulosamente organizado, e as testemunhas foram sendo ouvidas, confirmando as práticas homossexuais do conde. Entre os inquiridos estão vários pajens, que admitem ter mantido relacionamento sexual com o conde, descrevendo minuciosamente as práticas, e o próprio filho que admite uma relação [[incesto|incestuosa]]. O conde confessa, confirmando todos os casos e incluindo muitos outros. Pelos autos, com cópia conservada na [http://www.bparpd.pt Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada], vê-se que o conde tinha mantido relacionamento sexual com freiras de vários conventos de [[Ponta Delgada]], [[Vila Franca do Campo]] e [[Ribeira Grande]], para além de um grande número de jovens, incluindo o filho e uma filha.
 
Face às provas e à confissão, o conde é condenado por sodomia, sendo a sentença lida a [[20 de Dezembro]] de [[1652]]. A pena foi o cárcere perpétuo e a perda para a coroa dos bens, incluindo a capitania das ilhas.
 
A esposa e os seus influentes parentes bem que tentaram a comutação da pena, tendo apenas conseguido que o encarceramento fosse num convento e não nos cárceres do Santo Ofício. É escolhido o convento do [[Cabo de São Vicente]], para onde o conde é transferido em [[1658]]. Com a saúde muito arruinada, morre miseravelmente a [[30 de Abril]] de [[1662]].
 
O processo é em extremo explícito quanto às práticas sexuais da época, sendo um documento muito interessante sobre a forma como a [[homossexualidade]] e a [[bissexualidade]] eram praticadas e vistas no [[século XVII]]. Estando completa a cópia existente nos Açores, bem merecia edição.
 
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{{Caixa de sucessao |
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| antes = [[Manuel Luís Baltazar da Câmara (1570)|Manuel Luís Baltazar da Câmara I]]
| depois = [[Manuel Luís Baltazar da Câmara (1630)|Manuel Luís Baltazar da Câmara II]]
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[[categoria:Família Gonçalves da Câmara]]
[[categoria:Condes de Vila Franca]]
[[categoria:Região Autónoma dos Açores]]
[[Categoria:Personalidades LGBT]]