Torre Bela (filme): diferenças entre revisões
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Entre outros militantes do cinema e muitos repórteres de televisão, encontra-se em Portugal em [[1975]] [[Thomas Harlan]]. Realiza, apoiado pela Agência Francesa de Imagens (a primeira agência francesa independente de fotografia), um filme sobre o papel do exército português na [[Revolução dos Cravos]]. Decide fazê-lo no prosseguimento de um projecto que inclui trabalho feito antes visando o papel do exército [[chileno]] de [[Pinochet]] ([[Thomas Harlan]] ver biografia).
Durante as filmagens feitas numa das assembleias do regimento de artilharia RAL I, em [[Sacavém]], num momento crítico do [[PREC]], um
[[Thomas Harlan]] filma em puro [[cinema directo]]. Mas vê-se forçado a intervir ao confrontar-se com imprevistos personagens que não são [[exército]]
Na confusão reinante, devido a repetidas afirmações do director português de produção do filme, [[Thomas Harlan]] é suspeito de espionagem e apontado como agente da [[CIA]]. Têm-no por inocente todos com quem trabalha e por inocente o tem a história.
Torre Bela é história e leitura da história num ângulo em que ela é dada a ver pelos seus próprios agentes, os ocupantes da herdade, que não suspeitam do profundo significado dos seus actos. «Assim sendo, em Torre Bela víamos coisas que jamais tínhamos visto, ou sonhado ver. E sem dúvida que os habitantes de Torre Bela poderiam dizer o mesmo : faziam coisas que, sem dúvida, nunca tinham pensado fazer anteriormente. Estavam presos numa engrenagem, num ciclo do qual não conseguiam fugir. Era preciso que quer nós quer eles inventássemos o dia-a-dia. Neste contexto, «a câmara acabou por ser respeitada como um instrumento de trabalho sempre presente» : um caso especial de «antropologia partilhada», expressão inventada por [[Jean Rouch]] para definir o caso em que observador e observado se olham através do mesmo espelho.
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Assume-se Torre Bela como exercício de pura [[antropologia visual]] visto ser difusa a matéria etnográfica que foca
* Camilo Mortágua
* Wilson, o líder popular da ocupação
* Maria Vitória, «a mulher das azeitonas», que tinha as mãos em sangue por as apanhar no meio dos cardos e das silvas, dos restos que os senhores da terra deixavam. Corta com a família e com o marido, «que eram contra o que ela fazia». Entrega-se à cooperativa de corpo e alma
* D. Miguel de Bragança, o legítimo proprietário. Descreve-o assim o aventureiro Wilson
* Luís Banasol, personificação popular dos militares revolucionários, «então capitão, tão convicto que no 25 de Novembro gritou "Viva a Revolução"
Personagens complexas que se espelham em retratos humanos, densos e genuínos, agindo num contexto histórico, político e social inédito
Desfeita a pretensão de filmar realidades como esta em «candid camera», desfeita a cooperativa, feitas e desfeitas várias montagens do filme, seria necessário um recuo de cerca de trinta anos para que Torre Bela tivesse versão definitiva ([[2007]])
Questões lineares a que por certo as ciências do Homem saberão dar resposta.
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