Parábola do amigo inoportuno: diferenças entre revisões

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Na língua hebraica significa "coragem, ousadia, afronta, insolência, atrevimento, descaramento, presunção, arrogância, persistência, e simplesmente 'audácia', em variadas combinações, proporções e intensidades". Para mim, o ideal é a utilização do termo anaideia, que Arndt & Gingrich em A Greek English Lexican af the New Testament traduzem como "descaramento, despudor". <ref name="David H. Stern"/>
 
==Oração==
 
===A primazia da oração (v. 1)===
Costumamos
pensar em João Batista como profeta e mártir,
mas os discípulos de Jesus lembravamse
dele como homem de oração. João foi
um bebê extraordinário, que recebeu o Espírito
Santo antes mesmo de nascer e, ainda
assim, precisava orar. Teve o privilégio
de apresentar o Messias a Israel, no entanto,
precisava orar. Jesus disse que João foi
o maior dos profetas (Lc 7:28), e, mesmo
assim, João dependia da oração. Se a oração
era algo tão vital a um homem com
todas essas vantagens, quanto mais não
deve ser para nós, que não temos esses
mesmos privilégios!
Os discípulos de João precisavam orar,
e os discípulos de Jesus queriam aprender a
orar melhor. Não pediram ao Mestre que
lhes ensinasse a pregar ou a fazer grandes
sinais; antes lhe pediram que os ensinasse a
orar. Às vezes, achamos que seríamos
cristãos melhores se tivéssemos a oportunidade
de andar com Jesus como seus discípulos
andaram quando ele esteve aqui na
Terra, mas isso é pouco provável, pois os
discípulos fracassaram várias vezes! Eram
capazes de realizar milagres, no entanto,
queriam aprender a orar.
 
Mas o maior argumento em favor da primazia
da oração é o fato de Jesus ter sido
um homem de oração. Até aqui, vimos que
orou em seu batismo (Lc 3:21), antes de escolher
os doze apóstolos (Lc 6:12), quando
as multidões aumentaram (Lc 5:16), antes
de pedir aos doze apóstolos que fizessem
sua confissão de fé (Lc 9:18) e em sua transfiguração
(Lc 9:29). Os discípulos sabiam que
ele se retirava com freqüência para orar
sozinho (Mc 1:35) e desejavam aprender
com ele o segredo do poder espiritual e da
sabedoria.
Se Jesus Cristo, o Filho perfeito de Deus,
dependeu da oração "nos dias da carne"
(Hb 5:7), nós dependemos muito mais! A
oração eficaz é a provisão para todas as
necessidades e a solução para todos os
problemas.
 
===Um modelo de oração (w.2-4)===
 
 
Não há nada de errado em fazer essa oração pessoalmente
ou com outros membros da igreja,
desde que a façamos pela fé e com um
coração sincero e submisso. Como é fácil
"recitar" essas palavras sem que sejam nosso
desejo verdadeiro, e o mesmo pode acontecer
quando cantamos e pregamos! Mas a
culpa é nossa, e não da oração.
Trata-se de um "modelo de oração" dado
para servir de orientação em nossas orações
(para o texto paralelo, ver Mt 6:9-15). Ela nos
ensina que a oração verdadeira depende
de um relacionamento espiritual com Deus,
que nos permite chamá-lo de "Pai", o que
só é possível por meio de Jesus Cristo (Rm
8:14-17; GI 4:1-7).
Bill Moyers, secretário de imprensa do
ex-presidente norte-americano Lyndon
Johnson, estava orando antes de um almoço
com o gabinete presidencial quando
[ohnson gritou: "Fale mais alto BiII, não estou
ouvindo nada". Ao que Moyers respondeu
calmamente: "Não estava falando com
o senhor, presidente". É bom lembrar que,
quando oramos, estamos falando com Deus.
A verdadeira oração também envolve
responsabilidades: honrar o reino de Deus e
fazer a vontade de Deus (Lc 11 :2). Alguém
disse bem que o propósito da oração não é
garantir que a vontade do homem seja feita
no céu, mas sim que a vontade de Deus
seja feita aqui na Terra. Orar não é dizer o
que desejamos e depois desfrutar disso
egoisticamente. Orar é pedir que Deus nos
use para realizar aquilo que ele deseja, de
modo que seu nome seja glorificado, seu
reino seja expandido e fortalecido e sua vontade
seja feita. Se espero que Deus responda
a minhas orações, devo avaliar todos os
meus pedidos pessoais de acordo com esses
parâmetros.
É importante que os cristãos conheçam
a Palavra de Deus, pois é nela que descobrimos
a vontade de Deus. Não se deve jamais
separar a oração da Palavra (Jo 15:7).
Durante meu ministério, tenho visto muitos
cristãos professos desobedecerem a Deus e
se defenderem, dizendo: "Orei sobre o assunto,
e Deus disse que era certo". Isso inclui
uma moça que se casou com um rapaz
incrédulo (2 Co 6:14-18), um sujeito vivendo
com uma moça que não era sua esposa
(1 Ts 4:1-8) e um pastor que começou a própria
rgreja, pois as outras igrejas estavam
erradas e somente ele possuía verdadeiro
"discernimento espiritual" (Fp 2:1-16).
Uma vez que estamos firmes em nosso
relacionamento com Deus e em sua vontade,
é possível apresentar nossos pedidos (Lc
11 :3, 4). Podemos pedir-lhe que supra nossas
necessidades (não nossa ganância!) no
dia de hoje, que nos perdoe pelo que fizemos
ontem e que nos dirija para o futuro.
Esses três pedidos abrangem todas as nossas
necessidades: provisão material e física,
perfeição moral e espiritual e proteção e
orientação. Se orarmos dessa maneira, teremos
certeza de orar dentro da vontade Deus.
 
===A perseverança na oração (vv. 5-8)===
 
Nesta parábola, Jesus não diz que Deus é como
esse vizinho rabugento. Na verdade, diz
justamente o contrário. Se um vizinho cansado
e egoísta acaba suprindo as necessidades
do amigo importuno, quanto mais
nosso Pai celeste amoroso não suprirá as
necessidades dos próprios filhos! Argumenta
do menor para o maior.
Vimos anteriormente que a oração é
baseada em nossa filiação ("Pai Nosso"), não
numa amizade; porém, Jesus usa a amizade
para ilustrar a persistência na oração. Deus,
o Pai, não é como esse vizinho, pois nunca
dorme, nunca fica impaciente nem irritado,
é sempre generoso e tem prazer em suprir
as necessidades de seus filhos. O amigo à
porta teve de continuar batendo a fim de
conseguir o que desejava, mas Deus responde
prontamente quando seus filhos clamam
(Lc 18:1-8).
A argumentação é clara: se, no final das
contas, o homem batendo à porta foi recompensado
por sua persistência, a perseverança
na oração traz ainda mais bênçãos quando
oramos a um Pai celestial que nos ama! Afinai,
somos filhos que vivem na casa dele!
O termo traduzido por "importunação"
quer dizer "impudência", "ausência de vergonha".
Pode se referir ao homem que estava
batendo à porta e que não teve vergonha
de acordar seu amigo ou ao amigo dentro
da casa. A hospitalidade com desconhecidos
é uma lei fundamental do Oriente (Gn
18:1 ss). Se alguém se recusasse a receber
um hóspede, traria desgraça sobre toda a
sua vila e seria marginalizado pelos vizinhos.
O homem dentro da casa sabia disso e não
desejava envergonhar a si mesmo, sua família
nem sua vila, de modo que se levantou
para suprir a necessidade do outro.
Por que nosso Pai celestial responde às
orações? Não apenas responde para suprir
as necessidades de seus filhos, como o faz
de tal maneira a glorificar seu nome. "Santificado
seja o teu nome." Quando o povo de
Deus ora, o que está em jogo é a reputação
de Deus. A maneira de cuidar de seus filhos
serve de testemunho a todo o mundo de que
ele é um Deus digno de confiança. De acordo
com PhiUips Brooks, a oração não é uma
forma de superar a relutância de Deus; antes,
é uma forma de captar sua mais nobre
disposição. A persistência na oração não é
uma tentativa de fazer Deus mudar de idéia
("Seja feita a tua vontade"), mas sim de nos
colocar numa posição em que ele nos confie
a resposta.
 
===Promessas para a oração (vv. 9-13)===
 
 
Os tempos verbais desta passagem são importantes:
"Pedi fcontinuem pedindo]... buscai
[continuem buscando]... batei [continuem
batendo]...". Em outras palavras, não procurem
Deus só quando surgem emergências
no meio da noite, mantenham-se constantemente
em comunhão com o seu Pai. Jesus
chamou isso de "permanecer" 00 15:1 ss), e
Paulo nos exortou a "[orar] sem cessar" (1 Ts
5:17). Ao orar, Deus responderá ou mostrará
por que não deve nos responder. Então,
cabe a nós fazer o necessário para que o
Pai nos confie sua resposta.
Observe que a lição encerra com uma
ênfase sobre Deus como Pai (Lc 11 :11-13).
Pelo fato de Deus nos conhecer e nos amar,
não precisamos temer sua resposta. Mais uma
vez, Jesus constrói sua argumentação do
menor para o maior: se um pai humano dá
o que é melhor para os filhos, certamente o
Pai celeste fará ainda mais pelos filhos, e isso
inclui as "boas coisas do Espírito Santo"
(comparar Lc 11 :13 com Mt 7:11), bênçãos
que, no Antigo Testamento, eram reservadas
apenas a poucas pessoas especiais.
 
 
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