Parque Güell: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m sem justificação |
|||
Linha 12:
|Extensão = [[2005]]
}}
O '''Parque Güell''' ({{lang-ca|''Parc Güell''}}, {{lang-es|''Parque Güell''}}, embora a grafia original fosse {{lang-en|''Park Güell''}}) é um grande [[área verde urbana|parque urbano]] com elementos [[arquitetura|arquitetónicos]] situado no [[Gràcia (distrito)|distrito de Gràcia]] da cidade de [[Barcelona]], na vertente virada para o [[Mar Mediterrâneo]] do Monte Carmelo, não muito longe do [[Tibidabo]]. Originalmente destinado a ser uma [[urbanização]], foi concebido pelo arquiteto [[Antoni Gaudí]], expoente máximo do [[modernismo catalão]], por encomenda do empresário [[Eusebi Güell]].<ref name=Xavier>{{citar web|url=http://www.bcn.es/publicacions/b_mm/ebmm58/bmm58_qc47.htm|titulo=El Parc Güell o la especificidad de Gaudí|autor=Güell, Xavier|obra=Barcelona: metròpolis mediterrània|ano=2002|mes=janeiro|publicado=Ajuntament de Barcelona|língua3=es|acessodata=
O parque foi concebido por Güell e Gaudí como um conjunto estruturado onde, dentro de um incomparável quadro de beleza natural, se situariam habitações de luxo, com todos os progressos tecnológicos da época e acabamentos de grande qualidade artística.<ref name=Xavier/> Não se sabe ao certo o que Güell e Gaudí pretendiam alcançar, visto que não restam registos a esse respeito, mas parece óbvio que o parque se destinava a um grupo seleto e não ao público em geral, e que está recheado de referências a ideias, fantasias e ideais que eram importantes para ambos,<ref>{{citar web|url=http://www.sola-sole.com/bgaudi.pdf|titulo=The Best of Gaudí|autor=Zimmermann, Robert|ano=2002|mes=abril|formato=pdf|língua3=en|acessodata=
O Parque Güell é um reflexo da plenitude artística de Gaudí; pertence à sua etapa naturalista ([[década de 1900]]), período no qual o arquiteto catalão aperfeiçoou o seu estilo pessoal, inspirando-se nas formas orgânicas da natureza e pondo em prática uma série de novas soluções estruturais originadas na sua análise da [[superfície regrada|geometria regrada]]. A isso acrescentou uma grande liberdade criativa e uma imaginativa criação ornamental; partindo de um certo [[Barroco|barroquismo]], as suas obras adquirem grande riqueza estrutural, de formas e volumes desprovidos de rigidez racionalista ou de qualquer premissa clássica.<ref>Bergós i Massó, ''Gaudí, l'home i l'obra'', p. 60</ref> No entanto, embora contenha vários elementos característicos da fase final da carreira de Gaudí, como a preferência por colunas inclinadas e o uso do [[trencadís]], o parque apresenta uma mistura de elementos de diferentes estilos (românico, barroco, dórico, pré-romano, etc.) que remete para as suas primeiras obras.<ref name=Zimmermann32>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 32</ref> Uma das características mais marcantes do Parque Güell é o contraste entre as texturas e cores dos diferentes materiais de construção (cerâmica brilhante e multicolorida versus pedra rústica castanha), tão apreciado pelos arquitetos modernistas.<ref name=Zimmermann32/>
Linha 24:
O local escolhido por Güell para a urbanização era desafogado, calmo e com vista sobre a cidade e o mar, e a distância ao centro de Barcelona assegurava uma considerável privacidade e distanciamento da agitação e da poluição características das jovens cidades industriais.<ref>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 29-30</ref> O conde tinha experiência com a organização laboral britânica, como se verificou no seu projeto de [[colônia (comunidade)|colónia]] operária, a ''[[Colónia Güell]]'' em [[Santa Coloma de Cervelló]],<ref name=BiN173>Bassegoda i Nonell, ''Gaudí o espacio, luz y equilibrio'', p. 173</ref> e tinha em mente um projeto ao estilo das [[Cidade Jardim (teoria)|cidades jardim]] concebidas por [[Ebenezer Howard]] (o que também fica manifesto na grafia inicial ''Park Güell'').<ref name=Xavier/><ref name=Zimmermann30>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 30</ref> Para as zonas ajardinadas, Güell inspirou-se igualmente nos ''[[Jardins de la Fontaine]]'' da cidade de [[Nîmes]], onde viveu na sua juventude.<ref>Giordano e Palmisano, ''La guia completa del Park Güell'', p. 5</ref>
Güell encomendou o projeto ao arquiteto catalão Antoni Gaudí, com quem mantinha uma frutuosa relação pessoal e profissional desde 1878,<ref name=Xavier/> quando ficara impressionado com o seu talento ao ver desenhos arquiteturais realizados por este na [[Exposição Universal de 1878|Exposição Universal desse ano]] em [[Paris]].<ref>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 11</ref> O conde foi o principal mecenas de Gaudí ao longo da sua carreira, encomendando-lhe várias das suas obras mais conhecidas, como o ''[[Palácio Güell]]'' e a ''[[Cripta da Colónia Güell]]''.<ref>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 15, 45</ref> Juntamente com Gaudí trabalharam no parque alguns dos seus habituais colaboradores, como [[Josep Maria Jujol]], [[Francesc Berenguer]], [[Joan Rubió]] e [[Llorenç Matamala]].<ref name=PGH>{{citar web|url=http://www.parkguell.es/es/hist.php|titulo=Historia del parque|publicado=Park Güell.es|língua3=es|acessodata=
[[Ficheiro:Gaudí (1878).jpg|thumb|upright=0.86|[[Antoni Gaudí]] (1878).]]
Os trabalhos iniciaram-se em 1900,<ref name=CMC/><ref name=Huertas>{{citar web|url=http://www.bcn.es/publicacions/b_mm/ebmm58/bmm58_qc75.htm|titulo=Los clientes del arquitecto|autor=Huertas, J. M.|obra=Barcelona: metròpolis mediterrània|ano=2002|mes=janeiro|publicado=Ajuntament de Barcelona|língua3=es|acessodata=
Das 60 parcelas triangulares com {{fmtn|1000}}–{{fmtn|1200|m<sup>2</sup>}} para construção de moradias (ocupando cerca de {{P%|35}} da área total do parque),<ref name=Xavier/> somente foram vendidas duas; uma delas é ''la Torre Rosa'', construída para servir como casa-modelo da urbanização e onde o arquiteto residiu entre 1906 e 1925, desenhada por Francesc Berenguer (1904); a outra é a ''Casa Trias'', propriedade do advogado Martí Trias i Domènech, amigo de Güell e Gaudí, obra do arquiteto [[Juli Batllevell]] (1906).<ref name=CMC/><ref>Giordano e Palmisano, ''La guia completa del Park Güell'', p. 37</ref> Güell, Gaudí e Trias mudaram-se para o Parque Güell no mesmo ano (1906) e davam-se bem, embora Gaudí evitasse visitar o advogado nos feriados, pois a casa deste era frequentemente visitada nessas ocasiões por uma boa amiga da família Trias, Pepita Moreu, que fora o amor frustrado de Gaudí na [[década de 1880]].<ref name=Zimmermann32/>
Linha 34:
Quando percebeu que o seu projeto era um fracasso, Güell decidiu abrir o parque de forma limitada, permitindo ao público em geral passear livremente no seu interior mediante o pagamento de uma pequena taxa de admissão<ref name=Zimmermann32/><ref name=BiN68>Bassegoda i Nonell, ''Los jardines de Gaudí'', p. 68</ref> e acolhendo grandes eventos sociais,<ref name=Zimmermann32/><ref name=BiN70>Bassegoda i Nonell, ''Los jardines de Gaudí'', p. 70</ref> como por exemplo o ''Primeiro Congresso Internacional da Língua Catalã'' (1906) e um grande evento de angariação de fundos para ajudar as vítimas das mais recentes [[enchente|cheias]] ocorridas na [[Catalunha]] (1907).<ref name=Zimmermann40>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 40</ref> As obras continuaram nas zonas comuns da urbanização até serem paralisadas em 1914, após o início da [[Primeira Guerra Mundial]].<ref name=CMC/> Após a morte do conde Güell (1918), os seus herdeiros venderam o parque ao Município de Barcelona em 1922 para o converter em público,<ref name=CMC/><ref name=Huertas/> tendo este sido inaugurado como parque público em abril de 1926.<ref name=CMC/>
Em 1969, o Parque Güell foi nomeado Monumento Histórico Artístico de Espanha,<ref name=CMP/><ref>{{citar web|url=http://www.mcu.es/patrimonio/CE/BienesCulturales.html|titulo=Bienes culturales protegidos|publicado=Ministério da Cultura de Espanha|língua3=es|acessodata=
== Descrição ==
Linha 40:
O parque, com uma extensão de {{fmtn|17.18|[[hectare|ha]]}}, está implantado num terreno [[devoniano]] formado por estratos de [[ardósia]] e [[calcário]].<ref>Bassegoda i Nonell, ''El gran Gaudí'', p. 388</ref> Quando Güell comprou o terreno, este estava praticamente desflorestado - como indicava o seu nome, ''Montanha Pelada'' – à exceção de um ou dois [[pinheiro]]s, um par de [[alfarrobeira]]s e arbustos baixos.<ref name=Zimmermann44>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 44</ref> Gaudí mandou plantar nova vegetação, escolhendo sobretudo espécies mediterrâneas autóctones, as que melhor se adaptavam ao terreno: pinheiro, alfarrobeira, [[azinheira]], [[eucalipto]], [[palmeira]], [[Cupressus|cipreste]], [[figueira]], [[amendoeira]], [[ameixeira|ameixoeira]], [[Acacia dealbata|mimosa]], [[magnólia]], [[agave]], [[lentisco]], [[Hedera helix|hera]], [[maquis|maqui]], [[carrasco (planta)|carrasco]], [[retama]], [[cistus|cisto]], [[lavanda]], [[Salvia officinalis|salva]], entre outras.<ref>Navés i Viñas, Jardins i Parcs, ''Gaudí. Hàbitat, natura i cosmos'', p. 79-80</ref> De forma a minimizar a intrusão das estradas, vencendo o declive da montanha sem recorrer a grandes escavações, Gaudí desenhou-as como estruturas salientes da encosta, suportadas por [[pórtico]]s, muros de suporte e viadutos concebidos usando pedra rústica extraída do local. Algumas da estradas são ainda ladeadas por colunas, muretes e outros elementos arquitetónicos, igualmente concebidos com pedra rústica extraída do local, de forma a integrá-las perfeitamente na paisagem.<ref name=Zimmermann42>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 42</ref>
A zona central do parque é constituída por uma imensa [[#Praça oval|praça aberta de forma oval]] parcialmente suspensa, delimitada do lado sul por um banco ondulante com vista panorâmica sobre a cidade. Sob a praça situa-se a [[#Sala hipostila|sala hipostila]], uma espécie de grande [[alpendre]] suportado por dezenas de colunas reminiscentes da antiguidade clássica, onde termina uma [[#Escadaria|escadaria monumental]] com três fontes que conduz à [[#Entrada principal|entrada principal]] do parque, com os seus característicos [[#Pavilhões|pavilhões]] do mais puro estilo gaudíniano.<ref name=IAAP>{{citar web|url=http://iaap.org/congresses/barcelona-2004/arquitectura-simbolo-y-trascendencia-en-la-obra-de-antonio-gaudi.html|titulo=Arquitectura, símbolo y trascendencia en la obra de Antonio Gaudí|autor=Farre Riuó, Magda|obra=Congresses - 2004 Barcelona|data=2009-07-17|publicado=Associação Internacional de Psicologia Analítica|língua3=es|acessodata=
[[Ficheiro:Lillet21.jpg|thumb|esquerda|upright=1.25|''[[Jardins Artigas]]'', [[La Pobla de Lillet]].]]
Linha 49:
=== Entrada principal===
[[Ficheiro:Parc Güell, medallons de trencadís.jpg|thumb|upright=0.91|Medalhões com o nome do parque.]]
Gaudí situou a entrada principal na parte mais baixa da montanha (''Carrer d'Olot''), a mais próxima do núcleo urbano.<ref>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 32-33</ref> Como acesso concebeu uma entrada monumental com um par de [[gazela]]s mecânicas em tamanho real, que nunca chegou a ser construída.<ref>Casanelles i Farré, ''Nueva visión de Gaudí'', p. 92</ref> No seu lugar foi colocado um simples portão em madeira,<ref name=Zimmermann33>Zimmermann, ''The Best of Gaudí'', ''op. cit.'', p. 33</ref> que foi substituído em 1965 por um portão em [[ferro forjado]] representando folhas de [[Chamaerops|palmito]] transladado da ''[[Casa Vicens]]'', uma das primeiras obras de Gaudí.<ref>Giordano e Palmisano, ''La guia completa del Park Güell'', p. 8</ref><ref>Bassegoda i Nonell, ''El gran Gaudí'', p. 250</ref> Originalmente estava previsto existir apenas uma entrada secundária para o parque na ''Carretera del Carmel'',<ref name=Xavier/> mas atualmente existem também entradas secundárias na ''Baixada de la Glòria'', na ''Avinguda del Santuari de Sant Josep de la Muntanya'', na ''Avinguda del Coll del Portell'' e na ''Carrer d'Olot''.<ref>{{citar web|url=http://w110.bcn.cat/portal/site/MediAmbient/menuitem.0d4d06202ea41e13e9c5e9c5a2ef8a0c/?vgnextoid=e762b9255ea6a210VgnVCM10000074fea8c0RCRD&vgnextchannel=6de179583ad1a210VgnVCM10000074fea8c0RCRD|titulo=Park Güell|obra=Espais verds|publicado=Ajuntament de Barcelona|língua3=ca|acessodata=
[[Ficheiro:Portal Park Güell.jpg|thumb|esquerda|upright=0.8|Portão desenhado por Gaudí para o parque, nunca construído.]]
De ambos os lados do portão de entrada situam-se dois pavilhões destinados aos serviços do parque. Estes estão integrados na muralha exterior do parque, que deveria envolver todo o recinto mas que apenas foi parcialmente construída, constituída por um muro de tijolo revestido com pedra rústica extraída do local e rematado no topo com peças de cerâmica branca e vermelha onde se destacam medalhões com as inscrições "Park" e "Güell".<ref name=Xavier/><ref name=Zimmermann33/> Tanto a muralha quanto os pavilhões foram construídos entre 1900 e 1903.<ref name=Zimmermann42/>
A seguir ao portão de entrada situa-se um vestíbulo com {{fmtn|400|m<sup>2</sup>}} destinado a organizar o acesso ao parque, em cujos lados se localizam duas áreas de serviço a jeito de [[caverna|grutas]], construídas por Gaudí aumentando e reforçando grutas pré-existentes no local; a da esquerda era usada como armazém, enquanto que a da direita destinava-se a servir de garagem e era suficientemente grande para receber até quatro [[carruagem|carruagens]]. Esta última consiste numa sala semiesférica sustentada por uma coluna central em forma de [[cálice (utensílio)|cálice]] com uma estrutura que faz lembrar as patas de um [[elefante]], semelhante à existente na [[cripta]] do ''[[Mosteiro de Sant Pere de Rodes]]'', um possível lugar de inspiração do arquiteto.<ref>Giordano e Palmisano, ''La guia completa del Park Güell'', p. 14</ref> Esta sala tem ainda a particularidade de propagar o som ao longo das suas paredes, pelo que é possível a duas pessoas nos seus extremos falar uma com a outra de costas voltadas.<ref name=GB>{{citar web|url=http://guia-barcelona.com.es/parque-guell|titulo=Parque Güell|obra=Guia de Barcelona|publicado=Guia Barcelona.com.es|língua3=es|acessodata=
=== Pavilhões ===
Linha 72:
[[Ficheiro:Parc Güell (5), July 2009.JPG|thumb|esquerda|upright=1.14|Segunda fonte da escadaria.]]
A terceira fonte tem a forma de um réptil multicolorido conhecido como ''El Drac'', que se converteu no emblema do parque e num dos símbolos da cidade de Barcelona.<ref name=elmundo>{{citar web|url=http://www.elmundo.es/elmundo/2007/02/07/cultura/1170871805.html|titulo=El dragón de Gaudí del Parque Güell, gravemente dañado en un acto vandálico|data=
Do lado esquerdo da escadaria encontra-se a ''Casa Larrard'', antiga residência do conde Güell, onde funciona atualmente o colégio ''CEIP Baldiri Reixac'', enquanto que do lado oposto se situa o ''Jardim de Áustria'', projetado na [[década de 1960]] por Lluís Riudor i Carol.<ref name=FNV76/><br clear=all>
Linha 126:
== Acesso ==
O parque pode ser alcançado saindo na [[Estação Lesseps]] da [[Linha 3 (Metro de Barcelona)|Linha 3 do metro de Barcelona]] e seguindo os painéis turísticos, embora a entrada do parque ainda se encontre a uma certa distância. Também é possível alcançar o parque usando diversos [[ônibus|autocarros]] urbanos (os que param mais perto são o 24, 31, 32, 74, 92 e 112) ou turísticos.<ref name=PGR>{{citar web|url=http://www.parkguell.es/es/ruta.php|titulo=Turismo: Como llegar al parque|publicado=Park Güell.es|língua3=es|acessodata=
Para aceder ao interior da Casa-Museu Gaudí é necessário pagar uma taxa de admissão,<ref>{{citar web|url=http://www.casamuseugaudi.org/docs_serveis/informacio.php|titulo=Informació|publicado=Casa-Museu Gaudí|língua3=ca|acessodata=
== Galeria de imagens ==
|