República Popular da Hungria: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Sálvora (discussão | contribs)
Linha 1:
{{em edição}}
{{Estado extinto
|nome_oficial = Magyar Népköztársaság <br /><small>([[língua húngara|húngaro]])</small>
Linha 74 ⟶ 73:
 
===Educação e Religião===
[[File:Bundesarchiv Bild 183-R83531, Budapest, II. Weltfestspiele, Festumzug, Ehrentribüne.jpg|thumb|right|210px|À esquerda, Rákosi, durante o II Festival Internacional da Juventude e dos Estudantes, celebrado em 1949]]
O âmbito educativo foi um dos principais objetivos do novo Estado: o Ministério de Educação e Religião, dirigido por [[József Darvas]], tornou obrigatório o estudo da [[língua russa]] e do [[marxismo]] tanto em escolas como em universidades, com o objetivo de originar uma intelligentsia ao serviço do Partido. Ademais, as escolas de gramática foram transformadas em institutos técnicos industriais e agrícolas, em universidades económicas e em escolas de formação para mestres, proporcionando assim muitos dos técnicos necessários para as novas funções que exigia o [[economia planificada|plano quinquenal]] aprovado pelo governo<ref>Artigo do Ministro de Educação e Religiao na revista pedagógica ''Köznevelés'', 17 de setembro de 1950</ref>. Para atingir esta transformação, no fim de 1951 havia já 107 novos livros de estudo, dos quais 61 eram traduções dos empregados na URSS. E, ademais, o número de estudantes incrementou-se em 30.000 num período de cinco anos<ref>[http://epa.oszk.hu/00000/00011/00072/pdf/tan-konf-vita2003-6-7.pdf Kardos, József: Monografia ''Iskolakultúra'', volumes 6–7, pp. 73–80. Universidade de Pécs, 2003] (en [[Idioma húngaro|húngaro]])</ref>.
 
Linha 86:
 
==O governo de Imre Nagy: 1953-1955==
[[File:Lapis4KJ.JPG|thumb|210px|[[Imre Nagy]].]]
As dificuldades de Mátyás Rákosi para controlar a economia, embora as ajudas do COMECON, tornaram o seu governo cada vez mais impopular. Em 1953, após a morte de [[Josef Stalin]], Rákosi será relevado por [[Imre Nagy]] na chefia do Estado, ainda que manteve o seu cargo como secretário-geral do MDP.
 
Linha 98 ⟶ 99:
===Repressão durante a Revolução de 1956===
{{AP|Revolução Húngara de 1956}}
[[File:Flag of the Hungarian Revolution (1956).svg|thumb|210px|Bandeira utilizada pelos insurgentes em 1956, onde destaca o espaço cortado que na bandeira oficial ocupa o brasão comunista.]]
O reconhecimento dos erros pelo Comité Central do MDP e a saída de Mátyás Rákosi do poder não reduziram a pressão social contra o governo da República Popular. Apenas uns dias depois, em 23 de outubro, produziu-se uma manifestação pacífica de estudantes em [[Budapeste]], através da qual se exigia o fim da ocupação militar soviética, entre outras medidas. A ÁVH dispersou a multidão com [[gás lacrimógeno]] e realizou algumas detenções. Quando outros estudantes tentaram evitar as detenções e mesmo libertar as pessoas detidas, a polícia utilizou fogo real contra os manifestantes, o que produziu motins por toda a capital.
 
Linha 116 ⟶ 117:
 
===Ataque da URSS===
[[File:János Kádár (fototeca.iiccr.ro).jpg|thumb|210px|[[János Kádár]].]]
O governo da [[União Soviética]], que assistia com preocupação crescente aos acontecimentos derivados da revolução húngara, decidiu, em 4 de novembro, ativar o [[Exército Vermelho]] na Hungria. Os tanques soviéticos capturaram imediatamente as infraestruturas de aviação e transporte rodoviário. Produziram-se enfrentamentos por todo o país, dos quais as tropas soviéticas saíram rapidamente derrotadas.
 
Linha 121 ⟶ 123:
 
==O governo de János Kádár: 1956-1988==
As primeiras medidas de Kádár foram contrárias às promessas aperturistas de Nagy. O seu governo conduziu uma importante repressão contra os dissidentes, resultando encarcerados por volta de 13.000 e executados por volta de 400. Porém, a meados da década de 1960, Kádár anunciou uma nova política de controlo baseada no lema "Quem não esteja contra nós, estará connosco", uma variação do lema de Rákosi "quem não está connosco está contra nós". Em consequência, declarou uma anistia geral e, gradualmente, tratou de corrigir os excessos da polícia secreta e introduziu um novo curso relativamente liberal nos âmbitos cultural e económico, visando assim reduzir a hostilidade que, após a revolução de 1956, se tinha instalado contra o seu regime. Esta variante de comunismo estabelecida por Kádár foi alcunhada como [[comunismo gulache]] (em [[língua húngara|húngaro]]: ''gulyáskommunizmus'')<ref>Robinson, William F.: [http://www.osaarchivum.org/files/holdings/300/8/3/text/36-7-72.shtml ''Kadarism - Is it Here to Stay?''] (em [[língua inglesa|inglês]])</ref> em referência ao prato típico da culinária húngara, o [[goulash|gulache]], caracterizado por incluir ingredientes muito diversos que, metaforicamente, se correspondem com a diversidade de elementos ideológicos e práticos que pôs em funcionamento a nova política de Kádár, cada vez mais afastada da ortodoxia marxista-leninista<ref>Watkins, Thayer. "[http://www.sjsu.edu/faculty/watkins/hungary.htm ''Economic History and the Economy of Hungary'']". Department of Economics, San José State University. (em [[língua inglesa|inglês]])</ref>.
 
[[File:Coa_Hungary_Country_History_(1957-1990).svg|thumb|210px|Brasão da RP da Hungria desde 1957 até 1989, coincidente com o governo de [[János Kádár]].]]
No âmbito económico, esta nova política concretou-se no [[Novo Mecanismo Económico]], aprovado pelo Comité Central do que então era já novamente o partido do poder, o [[Partido Socialista Operário Húngaro]] (MSzMP). O Novo Mecanismo Económico tinha como objetivo aprimorar a economia, incrementando a produtividade, tornando o país competitivo nos mercados internacionais, e criando prosperidade económica para promover uma maior estabilidade política. Durante os seguintes vinte anos, o governo de Kádár respondeu progressivamente às pressões por reformas políticas e económicas.
 
O giro cara ao [[capitalismo]], contudo, não foi definitivo e nos primeiros anos da década de 1980, Kádár limitou a liberalização política e económica e favoreceu o comércio com o bloco soviético.
 
==Transição para uma democracia ocidental==
Para 1988, uma série de inteletuais à margem do MSzMP, radicados em [[Budapeste]], ganharam pesso na exigência de reformas políticas. Alguns deles converteram-se em democratas reformistas, enquanto outros fizeram parte de novos partidos políticos. Nesta época foram constituídas a [[Federação de Jovens Democratas]] (Fidesz), a [[Associação dos Democratas Livres]] (SzDSz) e o [[Fórum Democrático Húngaro]] (MDF). O ativismo cívico atingiu níveis desconhecidos desde a revolução de 1956.
 
Em consequência, Kádár foi afastado do poder e substituído no Comité Central do MSzMP por [[Imre Pozsgay]], um comunista reformador. Poucos meses antes, o seu homem na Chefia do Conselho de Ministros, [[György Lázár]] foi substituído por [[Károly Grósz]]. No mesmo ano, o parlamento aprovou um "pacote democrático", que incluía pluralismo sindical, liberdade de associação, de reunião e de imprensa, uma nova lei eleitoral, e uma revisão radical da [[Constituição]]. A Hungria deu início, então, às reformas económicas e ao processo de reatamento com a [[Europa Ocidental]], tendo por meta aderir à [[União Europeia]]. Em fevereiro de 1989, o comitê central aprovou o princípio do sistema político pluripartidário. Um acordo concluído em abril de 1989 determinou a retirada das tropas soviéticas até junho de 1991.
 
O momento pivotal veio em junho de 1989, quando a nação deu nova e solene sepultura a [[Imre Nagy]] e, simbolicamente, a todas as vítimas da Revolução de 1956. Uma mesa redonda nacional reuniu os novos partidos e alguns antigos, recriados (como o dos Pequenos Proprietários e o dos Social-Democratas), bem como os comunistas, para discutir a reforma da constituição e os preparativos para as eleições livres.
 
Em outubro, o MSzMP reuniu o seu último congresso e transformou-se no [[Partido Socialista Húngaro]] (MSzP). Numa sessão histórica também em outubro, o Parlamento determinou a convocação de eleições parlamentares pluripartidárias e de uma eleição presidencial direta. A nova legislação converteu a República Popular da Hungria na República da [[Hungria]], garantiu os [[direitos humanos]] e civis e criou uma estrutura institucional que assegurava a [[Teoria da separação dos poderes|separação dos poderes]]. A nova República foi oficialmente declarada em 23 de outubro de 1989, aniversário da Revolução de 1956, sob a presidência de [[Mátyás Szűrös]].
 
 
==Veja também==
*[[Economia do Bloco do Leste]]
*[[República Soviética da Hungria]]
*[[História da Hungria]]
 
{{referências}}
 
[[Categoria:História da Hungria]]
[[Categoria:Estados comunistas extintos]]
[[Categoria:Bloco do Leste]]
 
[[cs:Maďarská lidová republika]]