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'''Pátria''' (do latim "patriota", terra paterna) indica a terra natal ou adotiva de um [[ser humano]], que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história. O primeiro registro histórico da palavra "Pátria" tem a ver com o conceito de [[país]], do italiano ''paese, por sua vez originário do latim ''pagus'', [[aldeia]], donde também vem [[pagão]].
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Significa o sítio onde se vive, o local, ambiente ou espaço geográfico onde se insere a nossa vida. Da mesma raiz, temos também a palavra paisagem.
 
O telurismo naturalista de Taine refere mesmo que o território, entendido como país é que constitui o elemento propulsor da marcha da história: a raça modela o indivíduo; o [[país]] modela a raça. Um grau de calor no ar, a inclinação do chão é a causa primordial das nossas faculdades e das nossas paixões.
 
Mas, quando, além deste quadro geográfico, se inserem elementos de história, tradição e sangue, o país passa a pátria, à terra e aos seus mortos. Esta já tem uma significação geo-histórica, como transparece no beijar da terra levado a cabo por um chefe políticos antes do começo de uma batalha, como o fizeram [[Joana d’Arc]] ou [[D. Nuno Álvares Pereira]], herói português.
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Se a expressão nação começou por significar aqueles que nascem da mesma raiz, já a expressão pátria vem do latim ''patrius'', isto é, terra dos antepassados. Se a primeira tem uma conotação sanguínea e biológica, a segunda tem uma origem claramente telúrica.
 
Isto é, se a expressão nação apela ao nascimento, à raiz de onde se vem, já a expressão pátria invoca mais o passado e, fundamentalmente, os mortos passados. Neste sentido, [[Luís de Almeida Braga]] define-a como terra ''patrum'', a terra dos Avolengos, a nação tal como a criaram e engrandeceram nossos pais antigos.
 
Saliente se, a este respeito, que os juristas na [[Idade Média]] tanto falavam numa pátria sua ou pátria própria, no sentido de localidade - equivalente àquilo que em castelhano, ainda hoje se diz com a expressão pátria chica -, como numa ''communis'' pátria, simbolizada na principal cidade de cada monarquia ou na coroa.
 
É neste segundo sentido que, como refere [[Martim de Albuquerque]], que a expressão pátria vai ser divulgada pelos nossos escritores de Quinhentos. Já também [[D. Afonso Henriques]], num documento de 1132, intitulava-se ''portugalensium patrie princeps'' e em 1158 ''portugalensium patrie rex''.
 
Spranger dizia que a pátria era um sentimento espiritual das origens.
 
Se com a pátria um povo passa a localizar-se fisicamente, espiritualizando um determinado território, não tarda que se localize historicamente, num espaço já cunhado pelos seus antepassados, num espaço que já foi vivido e experimentado por eles e que está carregado de memórias, e deste modo trata de procurar a nação, entendida como comunidade de gerações.
 
Como refere [[Miguel Torga]], uma pátria é o espaço telúrico e moral, cultural e afectivo, onde cada natural se cumpre humana e civicamente. Só nele a sua respiração é plena, o seu instinto sossega, a sua inteligência fulgura, o seu passado tem sentido e o seu presente tem futuro (In O Dia de 11 de Setembro de 1976).
 
Também [[António Sardinha]], no prefácio à Memória da História e Teoria das Cortes Gerais do 2º Visconde de Santarém, criticando tanto o dogma da vontade suprema do monarca como o da soberania do povo, salienta que ambos derivam da concepção materialista de poder e da ideia pagã de império e que a tirania impessoal do Estado é logicamente a Revolução organizada, assinalando que anteriores aos direitos circunscritos do Estado, há os direitos da sociedade, mais extensos e mais profundos, para cuja garantia o Estado exclusivamente se constitui..
 
Procurando a constituição essencial do povo português, o mesmo mestre do tradicionalismo fala nas origens democráticas de lusitanos e visigodos e no facto de a nacionalidade ter surgido de uma rede miúda de behetrias e outras agremiações agrárias e de uma combinação feliz da hereditariedade com a representação. Referindo que a nossa primeira dinastia tinha uma natureza rual e foraleira, proclama que a freguesia, entre nós, é uma espécie de comuna sem carta, assinalando a precedência agrária do nosso município, porque da freguesia sai o movimento que tornou orgânica a liberdade municipal em Portugal e que pela federação das nossas confrarias agrícolas [[Portugal]] se constituiu.
 
Esta perspectiva distanciar-se-ia da concepção política da Antiguidade, onde o indivíduo pertencia ao Estado e o edifício social pagão tinha o Imperador por cúpula e a escravidão por alicerce. Daí ter-se divinizado o Estado, pelo que a vida social oscila entre a escravidão da maioria e a vontade despótica de um só. Assim terá voltado a suceder na [[Renascença]], em cujo ventre se gerou a Revolução. Partindo do princípio que a nação está formada quando o Estado se constitui, chega a referir, a propósito das Cortes, uma proveniência mais ou menos contratual da nossa soberania. Considera também que as monarquias de direito divino são de marca protestante e critica a majestade barroca do cesarismo romano, salientando que a Reforma gerou uma concepção patrimonial do Estado que entre nós surgiram crescentes mestiçagens absolutistas.
 
== {{Ver também}} ==
* [[Nação]]
* [[País]]
* [[Estado]]
* [[Ubi bene ibi patria]]
 
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[[Categoria:Ciência política]]
[[Categoria:Sociologia]]