República Democrática do Afeganistão: diferenças entre revisões

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O advento da revolução comunista no Afeganistão pode ser atribuído ao assassinato de [[Mohammed Akbar Khaibar]], em [[17 de abril]] de [[1978]]. Mohammed Akbar Khaibar, era um membro proeminente do [[Partido Democrático Popular do Afeganistão]] (PDPA) e, alegadamente, foi morto pelo governo do presidente [[Mohammed Daoud Khan]]. O governo negou qualquer envolvimento, mas os dirigentes do PDPA temiam que Daoud estivesse planejando exterminar a todos. Muitos foram presos após o funeral de Khaibar, incluindo [[Nur Muhammad Taraki]] e [[Babrak Karmal]]. [[Hafizullah Amin]] e um número de oficiais da ala militar do PDPA, conseguiram permanecer grandes e organizados.
 
 
== História ==
 
O PDPA, dividido entre as facções Khalq e os Parcham, sucedeu ao regime de Daoud, formando um novo governo sob a liderança de [[Nur Muhammad Taraki]], da facção Khalq. Em [[Cabul]], o gabinete inicial parecia ter sido cuidadosamente construído de modo a atribuir os cargos de maneira alternada, aos Khalqis e aos Parchamis. Assim, Taraki (Khalqi) era o [[primeiro-ministro]], Karmal (Parchami) era o vice-primeiro-ministro, e [[Hafizullah Amin]] (Khalqi) era o [[Ministro das Relações Exteriores]].
 
Uma vez no poder, o partido implementou uma agenda [[socialista]]. Proclamou um [[estado ateísta]] <ref>[http://www.vfw.org/resources/levelxmagazine/0203_Soviet-Afghan%20War.pdf The Soviet-Afghan War:Breaking the Hammer & Sickle]</ref> e empreendeu uma [[reforma agrária]] mal planejada, que não foi compreendida pelos afegãos. Além disso, mandou para as prisões, torturou ou matou milhares de membros da elite tradicional, do clero e da ''[[intelligentsia]]''.<ref name=autogenerated1>[http://www.historyofnations.net/asia/afghanistan.html History of Afghanistan]</ref>
 
[[Image:Day after Saur revolution.JPG|thumb|left|28 de Abril de 1978, ume dia depois da [[Revolução de Saur]] em [[Kabul]]]]
 
Os novos governantes também proibiram a [[usura]],<ref name=autogenerated4>''[[Biblioteca do Congresso|Library of Congress]] Country Studies'' [http://lcweb2.loc.gov/cgi-bin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+af0028) Afghanistan. Communism, Rebellion, and Soviet Intervention].</ref> fizeram várias declarações sobre [[direitos das mulheres]], igualdade entre os sexos e introduziram as mulheres na vida política. A maioria da população nas cidades, incluindo Cabul, viu a alteração com boas vindas ou eram ambivalentes em relação a essas políticas. No entanto, a [[secularismo|natureza secular]] do governo tornou-se impopular entre os afegãos mais religiosos e conservadores das aldeias e do campo, favoráveis às restrições islâmicas tradicionais no tocante aos direitos das mulheres e aos modos de vida. A oposição tornou-se particularmente pronunciada após a [[invasão soviética do Afeganistão|ocupação da União Soviética do país]] no final de dezembro de [[1979]]. Havia o temor de que o governo pró-[[soviético]] estivesse em perigo e pudesse ser derrubado por forças [[mujahidin]].
 
Os [[Estados Unidos]] viram na situação uma oportunidade privilegiada para enfraquecer a [[União Soviética]], e o movimento essencialmente sinalizou o fim da [[Détente|Era de Distensão]], iniciada pelo ex-[[secretário de Estado]] [[Henry Kissinger]]. Em [[1978]], os Estados Unidos começaram então a treinar insurgentes e dirigir transmissões de [[propaganda]] para Afeganistão a partir do [[Paquistão]].<ref>Tim Weiner, ''Blank Check: The Pentagon’s Black Budget'' (Warner Books, New York, 1990), p. 149.</ref> Em seguida, no início de [[1979]], os oficiais de serviço diplomático norte-americano começaram a reunir líderes insurgentes estrangeiros para determinar as suas necessidades.<ref>Conforme telegramas confidenciais do [[Departamento de Estado]], que estavam entre os documentos encontrados na tomada da embaixada dos Estados Unidos em [[Teerã]], em 4 de novembro de 1979, posteriormente publicados sob o título ''Documents from the Den of Espionage''; vol. 29, p. 99.</ref> De acordo com o então Secretário de Estado dos EUA, [[Zbigniew Brzezinski]], a ajuda da [[CIA]] aos insurgentes no Afeganistão foi aprovada em julho de 1979, seis meses antes da invasão soviética.<ref>Vincent Javert, 'Interview with Brzezinski', (''Le Nouvel Observateur'', Paris, 15–21 Janeiro de 1998), p. 76.</ref>. Brzezinski afirmou que a ajuda aos insurgentes, iniciada sob a administração de [[Jimmy Carter]], tinha a intenção de provocar a intervenção soviética e foi significativamente impulsionada sob a administração de [[Ronald Reagan]], que estava empenhado em reverter a influência soviética no [[Terceiro Mundo]].
 
=== Invasão Soviética ===
{{Ver artigo principal|Invasão soviética do Afeganistão}}
 
[[Ficheiro:SovietafghanwarTanksHelicopters.jpg|thumb|left|200px|Forças soviéticas terrestres em ação durante a realização de uma operação ofensiva contra a resistência islâmica, o Mujahideen.]]
 
O [[Exército Vermelho]] invadiu o Afeganistão em [[25 de dezembro]] de [[1979]], no ano seguinte ao [[golpe de Estado]] [[comunismo|comunista]], com o objetivo de derrubar o Presidente [[Hafizullah Amin]], considerado incapaz de enfrentar os rebeldes ''[[mujahidin]]'' e cuja lealdade à [[União Soviética]] havia sido posta em dúvida. Executado por ordem de um "Comitê Central Revolucionário Afegão" (embora possivelmente tenha sido morto durante o assalto dos ''[[Spetsnaz]]'' ao palácio presidencial), Amin foi substituído por [[Babrak Karmal]]. A União Soviética justificou a necessidade da intervenção com o argumento de preservar o regime comunista afegão dos ataques dos ''mujahidin'' e de manter a paz na [[Ásia Central]]. Alguns observadores acrescentam que outro motivo pode ter sido a presença de [[petróleo]] na região, num momento em que a [[Revolução Iraniana]] provocava o [[Crise do petróleo|segundo choque do petróleo]].
 
Em dezembro de 1979, tropas soviéticas tomaram diversas cidades afegãs, enquanto que forças aerotransportadas ocupavam áreas urbanas e aeródromos no centro do país.
 
Durante os três primeiros anos da invasão, os soviéticos tiveram que lidar com a deserção de dois-terços do exército regular afegão, o que ajudou os ''mujahidin'' a manter sob seu controle 80% do território afegão. Com isso, os soviéticos, que mantiveram sob seu poder apenas as principais cidades, passaram a empreender apenas operações pontuais, a proteger comboios e a instalar minas antipessoais.
 
Em [[1984]], as tropas soviéticas contavam 250.000 homens.
 
Em [[1986]], os soviéticos substituiram Karmal por [[Mohammed Najibullah]] na chefia do governo afegão. Najibullah procurou negociar com os rebeldes um processo de reconciliação nacional. Enquanto isto, os soviéticos atacavam os pontos fortes afegãos com helicópteros MI-24 Hind e caças-bombardeiros e as ''Spetsnaz'' sofriam baixas severas em terra.
 
Naquele ano, os ''mujahidin'' começaram a receber mísseis solo-ar [[FIM-92 Stinger]], o que levou os soviéticos a perder o controle dos céus. Em [[1988]], [[Mikhail Gorbatchev]] decidiu retirar as tropas soviéticas, com base numa trégua negociada com [[Ahmed Chah Massoud]], um dos chefes dos insurgentes. Um ano mais tarde, em [[15 de fevereiro]] de [[1989]], as últimas forças militares soviéticas abandonaram o Afeganistão.
 
Logo em seguida, instalou-se uma [[guerra civil]] entre as diferentes facções armadas dos ''mujahidin'' e o exército do governo comunista do Presidente Mohammed Nadjibullah.
 
=== Colapso do governo comunista ===
 
O período de 1989 a 1992, da assim chamada [[Guerra Civil Afegã]], começou depois que os soviéticos se retiraram do Afeganistão, deixando os comunistas afegãos a defender-se contra os mujahideen. Surpreendentemente, o regime sobreviveu à retirada dos soviéticos e à progressiva redução da ajuda econômica e militar. As ofensivas guerrilheiras, fortalecidas pela continuidade da ajuda externa, não conseguiram derrubar o governo, nem chegar a um acordo para formar uma nova administração. A capital Cabul se transformara numa cidade-Estado, onde refugiados do campo e segmentos urbanos apoiavam o governo. Com a dissolução da [[União Soviética]] a ajuda foi completamente cortada, levando ao colapso do governo, em abril de 1992.
 
== Política ==