Richard Cantillon: diferenças entre revisões

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Teoria monetária
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Uma teoria relativamente avançada sobre juros também é apresentada.<ref>Hayek 1991, p. 265; Hayek nota que a teoria sobre juros de Cantillon foi negligenciada por [[Eugen von Böhm-Bawerk]], que escreveu ''Capital and Interest'' como uma crítica das teorias de juros existentes a fim de criar a introdução para sua própria teoria da preferência-tempo dos juros. Isso ilustra a obscuridade do ''Essai'' de Cantillon para a economia antes de sua "redescoberta" por Jevons.</ref> Cantillon acreditava que os juros originam da necessidade dos tomadores de capital e do medo de perda dos emprestadores, o que significa que os tomadores têm de recompensar os emprestadores pelo risco da possível insolvência do devedor.<ref>Cantillon 2010, pp. 169–170</ref> Por sua vez, os juros são pagos pelos lucros obtidos do retorno do capital investido.<ref>Cantillon 2010, pp. 170–171</ref> Embora anteriormente acreditava-se que a taxa de juros variava inversamente à quantidade de moeda, Cantillon afirmou que a taxa de juros era determinada pela oferta e demanda no mercado de fundos emprestáveis<ref>Bordo 1983, p. 247; Brewer 1992, p. 91</ref> - uma visão normalmente atribuída ao filósofo [[Escócia|escocês]] [[David Hume]].<ref>Hayek 1991, pp. 265–266</ref> Assim, embora o dinheiro economizado impactasse a taxa de juros, a nova moeda que é usada para o consumo não impacta. A teoria sobre os juros de Cantillon é, então, semelhante à teoria da [[preferência pela liquidez]] de [[John Maynard Keynes]].<ref>Bordo 1983, pp. 247–248, 253</ref>
 
===Outras contribuições===
Tradicionalmente é [[Jean-Baptiste Say]] que é creditado por cunhar a palavra e avançar no conceito de [[empreendedor]], mas na verdade foi Cantillon quem primeiro introduziu o termo em ''Essai''.<ref>Brewer 1992, p. 51; Anthony Brewer, no entanto, distingue entre o uso de Say e Cantillon do termo "empreendedor", notando que enquanto Cantillon via o empreendedor como um tomador de risco, Say considerava o empreendedor mais um "planejador".</ref> Cantillon dividiu a sociedade em duas principais classes: recebedores de salários fixos e recebedores de renda não-fixa.<ref>Rothbard 1995, p. 351; Hülsmann 2002, p. 698. Hülsmann argumenta que Cantillon dividiu a sociedade em quatro classes: políticos, proprietários de terra, empreendedores e recebedores de salário.</ref> Os empreendedores, de acordo com Cantillon, não são recebedores de renda não-fixa que pagam custos de produção conhecidos, mas sim ganham rendas incertas,<ref>Tarascio 1985, p. 251</ref> devido à natureza especulativa de favorecer uma demanda desconhecida por seu produto.<ref>Cantillon 2010, p. 74; "Eles [empreendedores] pagam um preço fixo por eles no lugar em que são comprados, a fim de revender a um preço incerto... Esses empreendedores nunca sabem quão grande a demanda será na cidade..."</ref> Cantillon, embora tenha fornecido os fundamentos, não desenvolveu uma teoria dedicada para a incerteza - o tópico não foi revisto até o século 20, por Ludwig von Mises, [[Frank Knight]], e John Maynard Keynes, dentre outros.<ref>Tarascio 1985, pp. 251–252</ref> Além disso, ao contrário de teorias posteriores sobre empreendedorismo que viam o empreendedor como um força destrutiva, Cantillon antecipou a crença de que o empreendedor trouxe equilíbrio para um mercado ao prever corretamente as preferências do consumidor.<ref>Rothbard 1995, p. 352</ref>
 
A economia espacial lida com distâncias e áreas, e como elas podem afetar um mercado através de custos de transporte e limitações geográficas. O desenvolvimento da economia espacial é normalmente atribuída ao economista alemão [[Johann Heinrich von Thünen]]. No entanto, Cantillon abordou a economia espacial quase um século antes.<ref>Hébert 1981, p. 71</ref> Cantillon integrou seus avanços na teoria econômica espacial em sua análise microeconômica do mercado, descrevendo como os custos de transporte influenciam a locação de fatores, mercados e centros populacionais - isto é, os indivíduos esforçam-se para reduzir os custos de transporte.<ref name="Rothbard1995354">Rothbard 1995, p. 354</ref> Conclusões na economia espacial foram derivadas de três premissas: custo de matérias-primas de igual qualidade será sempre mais alto perto da capital, devido aos custos de transporte; os custos de transporte variam do tipo de transporte (por exemplo, transporte aquático era considerado mais barato que o transporte por terra); e bens maiores que são mais difíceis de transportar serão sempre mais baratos perto de sua área de produção.<ref>Hébert 1981, p. 72</ref> Por exemplo, Cantillon acreditava que os mercados foram projetados como eram a fim de diminuir os custos tanto dos comerciantes quanto dos moradores em termos de tempo e transporte.<ref>Cantillon 2010, pp. 31–32</ref> De forma semelhante, Cantillon afirmou que as localidades das cidades eram resultado em grande parte da riqueza dos proprietários de terra e sua capacidade de pagar os custos de transporte - os proprietários mais ricos tendiam a viver mais longe de suas propriedades, pois eles poderiam pagar os custos de transporte.<ref>Cantillon 2010, pp. 35–36</ref> No ''Essai'', a teoria econômica espacial foi usada para derivar por que os mercados ocupavam uma região geográfica que eles ocupavam e por que os custos variavam nos diferentes mercados.<ref>Hébert 1981, p. 75</ref>
 
[[File:An Essay on Economic Theory.jpg|left|thumb|Capa da edição do Ludwig von Mises Institute do ''Essai'' de Cantillon]]
 
Além das teorias sobre empreendedorismo e economia espacial, Cantillon também forneceu uma teoria dedicada ao crescimento populacional. Ao contrário de William Petty, que acreditava que sempre há uma quantidade considerável de terra não usada e oportunidade econômica para apoiar o crescimento econômico, Cantillon teorizou que a população cresce apenas enquanto houver oportunidades econômicas.<ref>Brewer 1992, p. 36; Brewer nota que a teoria de Cantillon sobre a população era quase idêntica à aquela de [[Thomas Robert Malthus|Malthus]], que apresentou sua própria teoria décadas após a morte de Cantillon.</ref> Mais especificamente, Cantillon citou três variáveis determinantes para o tamanho da população: recursos naturais, tecnologia e cultura.<ref>Tarascio 1985, pp. 249–250</ref> Portanto, as populações crescem apenas quando as três variáveis mencionadas permitem.<ref>Rothbard 1995, p. 353</ref> Além disso, a teoria populacional de Cantillon era mais moderna que aquela de Malthus, no sentido de que Cantillon reconheceu uma categoria muito mais ampla de fatores que afetam o crescimento da população, incluindo a tendência do crescimento populacional cair a zero na medida em que a sociedade torna-se mais industrializada.<ref>Tarascio 1985, pp. 250–251</ref>
 
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