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'''Everardo Dias''' nasceu em [[Pontevedra]], [[Espanha]], em [[1883]], com dois anos de idade, em 1887, veio para o [[Brasil]], acompanhando seu pai, professor e [[maçom]], Antônio Dias, envolvido em um fracassado levante republicano. Auxiliado pelos Maçons, embarcou para [[São Paulo]], trazendo um correspondência ao Irmão Maçom Martinico Prado, um dos líderes republicanos brasileiros.
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'''Everardo Dias''' foi operário gráfico e jornalista, foi importante militante do movimento operário brasileiro nas primeiras décadas do século XX
 
== Biografia ==
 
'''Everardo Dias''' nasceu em [[Pontevedra]], [[Espanha]], em [[1883]], com dois anos de idade, em 1887, veio para o [[Brasil]]<ref> {{citar web |url= http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/everardo_dias|título= Everardo Dias |acessodata= 13/03/2012|autor= CPDOC |coautores= FVG}}</ref>, acompanhando seu pai, professor e [[maçom]], Antônio Dias, envolvido em um fracassado levante republicano. Auxiliado pelos Maçons, embarcou para [[São Paulo]], trazendo um correspondência ao Irmão Maçom Martinico Prado, um dos líderes republicanos brasileiros.
 
Aos 13 anos, Everardo aprende o ofício de tipógrafo, indo trabalhar no jornal ''[[O Estado de São Paulo]]'', onde permaneceu até completar os seus estudos na Escola Normal.
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Depois de um ano em Aparecida, regressou para São Paulo, sem conseguir transferência para São Paulo, abandona o magistério e regressa ao jornalismo. Tenta fazer Direito, na Faculdade de Direiro de São Paulo, mas, por dificuldades financeiras, é obrigado a abandonar o curso, só conseguindo diplomar-se, anos mais tarde pela [[Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro]]. Em São Paulo filiou-se à Loja União Espanhola, onde recebe o grau de Cavaleiro Rosa-Cruz em março de 1906.
 
Destaca-se como um dos líderes, no movimento anticlerical em São Paulo. Fez parte da ''Associação de Livres Pensadores'' e dirigiu o quinzenário '''O Livre Pensador''', que saiu pela primeira em 1902. Nele exaltava Lamarck, Darwin, Haeckel, Spencer, atacava implacavelmente a Igreja Católica, o fumo e o álcool. Apareciam muitas críticas contra os padres que atacavam protestantes, maçons, espíritas, livres pensadores, socialistas, etc.
 
Em 1905 foi o representante da imprensa no comício dos mártires russos, em São Paulo. Em 1906 falava nas comemorações do 1º de Maio, em [[Campinas]].
 
Há 03 de maio de 1908, ingressa na ''Loja Ordem e Progresso'', em São Paulo, onde em 1910 ocuparia o cargo de 2º Vigilante. Com a ascensão ao Grão Mestrado do Grande Oriente Estadual de São Paulo, do líder republicano [[Pedro Manuel de Toledo| Pedro de Toledo]], foi organizado um programa de conferências no Estado, sobre civismo, liberdade de consciência e defesa da lei. Everardo, atuante, proferiu palestras sobre a necessidade de instrução, de escolas para o povo e a emancipação feminina, nas Lojas Amizade, Ordem e Progresso, União Espanhola, Fidelidade Firmeza e outras, além do interior do Estado e no Rio de Janeiro. Traduziu o livro de [[Victor Margueribe]],'' “La Garcone” '' que causou grande escândalo na França.
 
Na famosa [[Greve Geral de 1917|greveGreve Geral]] de [[10 de junho]] de [[1917]], em São Paulo, redigiu o boletim distribuído a população, defendendo melhoria de salários e direitos para os trabalhadores <ref> {{citar web |url= http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=55|título= 1919 A conquista da jornada de oito horas diárias em São Paulo |acessodata= 13/03/2012|autor= Causa Operária on line | data= 28 de abril de 2008}}</ref>.
 
Fazia parte do [[Partido Republicano Paulista]] – PRP, ao lado de ''Pedro de Toledo'', lutando contra a reforma da Constituição de 1891. Quando o PRP passou para o governo, foi-lhe oferecido cargo na administração, que recusou por ser contrário a esse apoio e se filiou ao Partido Operário.
 
Entre 1912 e 1919, foi membro da Assembléia Legislativa do Grande Oriente, representando as Lojas Perseveranças III, de Sorocaba, União Espanhola, de São Paulo, e Deus, Justiça e Caridade, de Perderneiras. Sempre atuante, de 1916 a 1918, fez parte do Tribunal Maçônico de Justiça Estadual. Em 1918, é eleito Grande Secretário Adjunto do Grande Oriente Estadual.
 
Em 1919, após a realização da [[Greve Geral deem 1917|greveSão geral]]Paulo<ref> em{{citar web |url= http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=5295|título= São Paulo, 1917: A Primeira grande greve brasileira |acessodata= 13/03/2012|autor= Historianet}}</ref>, foi preso e deportado. Essa deportação se tornou uma verdadeira saga.
 
Em 27 de outubro de 1919, juntamente com José Righetti e [[João da Costa Pimenta]], secretário-geral da União dos Trabalhadores Gráficos de São Paulo, foi levado para Santos e, completamente nu, meteram-nos num cubículo infectainfecto. É ele que escreve:'' “Não és capaz de imaginar o que sofri em Santos”''. Dois dias mais tarde, foi levado para o pátio onde recebeu 25 chicotada nas costas. ''“Imagina: depois de três dias e duas noites sem comer e sem beber, nu, com um frio horrível em Santos (pois chovia sem parar) ardendo em febre, a boca pastosa, sem poder falar, apanhei como um vagabundo ou um ladrão...!”''
 
Nesse mesmo dia, após esse tratamento revoltante, ''Everardo'' foi levado para São Paulo e depois, juntamente com 10 outros prisioneiros e vigiados por 25 soldados, foi transferido para o Rio de Janeiro, de onde seriam expulsos do país. Na Polícia Central do Rio de Janeiro, Everardo, debilitado, diz ao delegado que “fazia''"fazia quatro dias e quatro noites”noites que não comiamcomia, não bebiambebia, nem dormiamdormia"''. Só aí receberam café com pão e mais tarde o almoço.
 
Na tarde de 30 de outubro, Everardo e mais 22 prisioneiros foram levados às docas, para embarcarem no ''Benevente'', do [[Lloyd Brasileiro]]. Ao chegarem na [[Bahia]], Manuel Gama envia uma carta em que fala de Everardo,'' “que, triste e pensativo, vai arrastando sua cruz para o Calvário!”''. E o próprio Everardo escreve:'' “Estou mais morto do que vivo...estou fraco e creio que tuberculoso! Oh! É horrível!”''.
 
Enquanto era pedido um ''habeas-corpus'' a favor de Everardo, apontando que residia no país a 33 anos, era naturalizado brasileiro, tinha seis filhas brasileiras e profissão de guarda-livros; o deputado e maçom [[Maurício Paiva de Lacerda | Mauricio de Lacerda]], pai de [[Carlos Lacerda]], lia sua dramática carta na [[Câmara Federal]]. [[Astrogildo Pereira]], através das páginas do ''Spartacus'', lembrava que Everardo publicara, durante 15anos, o Livre Pensador e que fora revisor chefe do O Estado de São Paulo. A Loja América destacou-se em sua defesa. No dia 8 de novembro o Supremo Tribunal denegou a petição pelo ''habeas-corpus''.
 
Ao chegarem no Recife, permaneceram por três dias em três celas, nas quais cabiam somente três pessoas. No dia 24 de novembro, depois de uma escala na [[Ilha da Madeira]], ancoraram em [[Lisboa]]. A polícia portuguesa recolheu os prisioneiros portugueses, deixando no navio os espanhóis, entre os quais ''Everardo''.
 
Em 29 de novembro, em [[Vigo]], na Espanha, todos os deportados desembarcam, menos ''Everardo Dias'', Manuel Perdigão e Francisco Ferreira, por serem corretamente considerados brasileiro. Doente, abatidos, taciturnos, sem dinheiro e roupas adequadas, temendo passar o invreno no Benevente, imploram para desembarcarem também, porém foram proibidos.
 
Em dezembro, em [[Le Havre|Lê Havre]], [[França]], sofrendo um inverno rigoroso, pediram ao cônsul brasileiro agasalhos, inutilmente, não obtiveram nem resposta. Recebiam algum conforto da solidariedade dos outros tripulantes do navio.
 
O Benevente, após passar em Rotterdam, retornou a Vigo, onde Perdigão e Ferreira desembarcaram. Nesse ínterim, o Grão Mestre recém empossado, José Adriano Marrey Júnior, acompanhado do senador e maçom [[Luís de Toledo Piza e Almeida| Luís de Toledo Piza]], da Loja América, em audiência com o governador do Estado, conseguiu a condenação da atitude policial e a revogação da sua expulsão. Ele podia voltar ao Brasil.
 
Aportou em [[Recife]], no dia 25 de janeiro de 1920, sendo recebido com grandes homenagens, participou de uma sessão na União dos Operários em Construção Civil, onde em discurso atribuiu a causa de suas provações aos seus artigos contra o governo publicados em A Plebe, acusou Ibraim Nobre de ser o mandante do espancamento que sofreu em Santos e denunciou o tratamento recebido por Manuel Perdigão, um brasileiro nato.
 
Durante os três dias que permaneceu em [[Recife]], recebeu diversas homenagens, foi saudado por [[Antônio Canellas]], pelo Professor Joaquim Pimenta e [[Cristiano Cordeiro]], na casa de quem pernoitou durante sua estada.
 
No mesmo ano de sua volta, 1920, participou da fundação do '''Grupo Clarté''', quevários maisde tardeseus preparariacomponentes aorganizariam fundaçãomais tarde doo [[Partido Socialista Brasileiro]].
 
Em 1921, é um dos fundadores da Loja de Perfeição Segredo, do Rio de Janeiro, que tinha como objetivo a difusão de conhecimento e a doutrinação dos Maçons; com a crise se 1921 , essa iniciativa não foi adiante.
Por essa época Everardo dirigia a tipografia da Maçonaria, situada no Méier, e suas oficinas publicaram o livro ''Rússia Proletária'', de Octavio[[Octávio Brandão]] e a revista ''Movimento Comunista'', em 1923 a polícia acabou por invadir a tipografia e confiscá-la.
 
Quando ocorreu a [[Revolta dos 18 do levanteForte de Copacabana]] em 1922, Everardo havia montado um comitê pró [[Nilo Peçanha]], ex-Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, opositor a [[Artur Bernardes]], foi preso e enviado para a ilha da Cobras. Depois para a fortaleza de Santa Cruz.
 
Em 1923, juntamente com ''Canellas'' e outros companheiros, é preso sob a acusação de prepararem uma insurreição contra o governo de [[Artur Bernardes]], mas logo é posto em liberdade. Participa da reunião do [[Partido Comunista Brasileiro]]/[[Partido Comunista do Brasil]], ondena qual ''Canellas'' foi suspenso <ref>{{citar web |url= http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/segundosimposio/rodrigosalvadordearaujo.pdf |título= A Formação do PCB e a adesão à Internacional Comunista|acessodata= 13/03/2012|autor= Rodrigo Salvador Araújo|data= 21/09/2006 |formato= PDF|obra= II Simpósio Estadual Lutas Sociais na América Latina - Uel|páginas= 10|}}</ref>.
 
Ao estourar a revolta[[Revolta Paulista de 1924]], ''Everardo'', que se encontrava no Rio de Janeiro, foi novamente preso e enviado para os campos de concentração existentes nas ilhas da costa brasileira, ficando encarcerado por três anos, principalmente na ilha das Flores.
 
Posto em liberdade, com a saúde abalada, voltou para o seio da família, em situação financeira difícil. Dono de uma livraria e editor, seu patrimônio tinha sido confiscado durante o estado de sítio. De nada adiantou apelar para a Justiça. Voltou a exercer a profissão de jornalista no ''Diário Nacional'', cujo diretor era ''Marrey Júnior'', órgão do [[Partido Democrático]], ali permanecendo até oseuo seu fechamento, após a [[Revolução Constitucionalista de 1932]]. No final de 1927 tem o seu nome lançado, pelo ''O Internacional'', como candidato ao conselho municipal de São Paulo pelo ''Bloco Operário Camponês''<ref> {{citar web |url= http://bernardoschmidt.blogspot.com/2011/08/as-eleicoes-municipais-de-sao-paulo-em_01.html|título= As Eleições Municipais de São Paulo em 1928 e 1936 — Parte 1/2|acessodata= 13/03/2012|autor= Bernardo Schmidt|data= 01/08/2011}}</ref>.
 
Durante esse período foi vigiado e sua casa era constantemente invadida pela polícia. Apoiou o golpe de 1930 e teve de fugir de São Paulo, para não ser preso novamente.
 
Em 1932, desempregado, perseguido pela polícia, mesmo tendo apoiadoapoiando o golpe de 1930, morava em um cortiço do Rio de Janeiro, onde criava galinhas, para sobreviver.
 
ComDurante oa levante[[Intentona comunistaComunista]] de 1935, emboramesmo sem nenhuma prova de seu envolvimento e sem nenhum tipo de insurreição em São Paulo, foi preso por quase dois anos, até sua absolvição pelo Tribunal de Segurança Nacional. Recebeu no Congresso Nacional a defesa do então deputado [[Café Filho]], filho de maçom.
 
Ao ser liberdadelibertado, já com a sua vida regularizada, volta a lida maçônica, na Loja Ordem e Progresso. Escreveu as obras maçônicas “''Semeando''” e “''À Sombra da Acácia''” e, em colaboração do Octaviano Bastos e Optato Carajuru, o ''Livro maçônico do Centenário''. Foi redator e diretor do ''Boletim Oficial do grande Oriente de São Paulo'' e dos jornais ''Folha de Acácia'' e ''Mensageiro Romano''.
Com o levante comunista de 1935, embora sem nenhuma prova de seu envolvimento e sem nenhum tipo de insurreição em São Paulo, foi preso por quase dois anos, até sua absolvição pelo Tribunal de Segurança Nacional. Recebeu no Congresso Nacional a defesa do então deputado Café Filho, filho de maçom.
 
Faleceu em [[1966]], cinco anos depois de publicar ''História das Lutas Sociais no Brasil'', nesse mesmo ano, em sua homenagem, foi fundada, a 04 de abril, a '''Loja Everardo Dias'''.
Ao ser liberdade, já com a sua vida regularizada, volta a lida maçônica, na Loja Ordem e Progresso. Escreveu as obras maçônicas “''Semeando''” e “''À Sombra da Acácia''” e, em colaboração do Octaviano Bastos e Optato Carajuru, o Livro maçônico do Centenário. Foi redator e diretor do Boletim Oficial do grande Oriente de São Paulo e dos jornais Folha de Acácia e Mensageiro Romano.
 
Faleceu em [[1966]], cinco anos depois de publicar ''História das Lutas Sociais no Brasil'', nesse mesmo ano, em sua homenagem, foi fundada, a 04 de abril, a Loja Everardo Dias.
 
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[[Categoria:Mortos em 1966]]
[[Categoria:Maçons]]
[[Categoria:Socialistas]]