Kitsch: diferenças entre revisões

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Ao contrário da arte contemporânea, que em suas formas mais radicais pretende a subversão do sistema criando novos parâmetros culturais, perceptivos e ideológicos, o objetivo do kitsch não é criar novas expectativas, nem desafiar o ''[[status quo]]'', mas sim agradar ao maior número de pessoas possível satisfazendo as expectativas já existentes, explorando impulsos humanos básicos relativos à família, à raça, à nação, ao amor, à nostalgia, às crenças religiosas, às posições políticas,<ref name="Kulka6">Kulka, p. 27</ref> podendo tornar-se, mais do que uma preferência estética, uma forma de vida se a ausência de questionamento e a aversão a encarar o lado sombrio da existência forem reiteradas consistentemente.<ref>Ames, Roger T. ''Self and deception: a cross-cultural philosophical enquiry''. State University of New York Press, 1996, p. 134; 137-138</ref> Para [[Abraham Moles]], o kitsch é "a arte da felicidade".<ref name="Kielwagen">Kielwagen, Jefferson W. "Arte da felicidade, melancolia da arte". In: ''Revista da Pesquisa'', CNPq/ UDESC, vol. 2, nº2, ago. 2006-jul. 2007</ref> Outra faceta disso é a infantilização do imaginário popular, com exemplos óbvios na estética da [[Disneylândia]] - chamada por [[Baudrillard]] de "microcosmo do ocidente" - e na proliferação dos ''[[cartoon]]s'' japoneses, ambos dinamizando mercados riquíssimos.<ref name="Botz"/><ref>Raz, Aviad E. ''Riding the black ship: Japan and Tokyo Disneyland''. Harvard University, Asia Center, 1999, pp. 173-174</ref><ref>Lindström, Martin. ''Brand sense: how to build powerful brands through touch, taste, smell, sight & sound''. Kogan Page Publishers, 2005, p. 185 </ref><ref>Hayes, Declan. ''The Japanese disease: sex and sleaze in modern Japan''. iUniverse, 2005, p. 64 </ref>
 
[[Bert Olivier]] entendeu que desde o florescimento da pós-modernidade a cultura contemporânea parece especialmente afeita à sedução do kitsch, enfatizada por um deslocamento da atenção do objeto de desejos para a busca de sentimentos substitutivos de caráter [[Egocentrismo|egocêntrico]]. Isso se manifesta na preferência por imagens descontextualizadas, imitações e simulacros, numa cultura saturada de imagens e permeada de [[Virtual|virtualidade]] como é a contemporânea. Disse que esta impressão é corroborada pela onipresença de produtos "viciantes" como [[telenovela]]s açucaradas, filmes pasteurizados de [[Hollywood]] e [[videogame]]s excitantes, que oferecem intensidade emocional na ausência de objetos reais, e, com suas cenas de conflito contra opressores fictícios resolvidas de encomenda, eliminam a necessidade do observador de identificar os opressores no mundo real e combatê-los, funcionando como uma [[catarse]] vicarial.<ref>Olivier, Bert. ''Philosophy and the arts: collected essays''. Peter Lang, 2009, pp. 70-73</ref>
 
===Apreciações===