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A '''Batalha de Carras''', travada em [[53 a.C.]] próximo à cidade de [[Carras]] (em [[latim]]: ''Carrhae''; (atual [[Harã]]), na [[Turquia]]), foi uma grandedas batalhabatalhas entre o [[Império Parta]] e a [[República Romana]]. O Comandantecomandante partoparta [[Surena]] esmagou a força invasora romana comandada pelo general [[Marco Licínio Crasso]]. Esta foi uma dedas váriasmaiores batalhasderrotas que viriam a ser travadas entre Roma e a [[Dinastia Arsácida]]. Esta talvez tenha sido a maior derrota sofridasofridas pelos romanos em muito tempo.
 
Crasso, membro do [[Primeiroprimeiro triunvirato]] e conhecido por ser o homem mais rico em [[Roma]], ansiava por glória e mais riquezas e então decidiu invadir o ReinoImpério Parta sem o consentimento formal do [[Senado romano|Senadosenado]]. Rejeitando uma oferta de ajuda do Reirei [[Artavasdes II da Arménia|Artavasdes II]] da [[Reino da Armênia (Antiguidade)||Armênia]] de usar seu território para invadir o Reino Parta, Crasso marchou com seu exército direto pelo deserto da [[Mesopotâmia]]. Seu exército acabou se encontrando com as forças de Surena na cidade de [[''Carrhae]],'' (atual [[Harã]]). Apesar de estar em grande desvantagem numérica, a cavalaria de Surena superou completamente a infantaria pesada romana, matando ou capturando quase todos os soldados romanos. O próprio Crasso foi morto depois que as negociações de uma provável trégua ficaram violentas. Sua morte pôs no fim noao Primeiroprimeiro triunvirato, que resultou em uma [[Segunda Guerra Civil da República de Roma|guerra civil]] entre [[Júlio César]] e [[Pompeu]].
 
== Antecedentes ==
A guerra na Pártia foi resultado de uma série de arranjos e alianças políticas formadas por [[Marco Licínio Crasso]], [[Pompeu|Pompeu Magno]] e [[Júlio César]] — o chamado [[Primeiro triunvirato]]. Entre março e abril de 56 a.C., encontros realizados em [[Ravena]], em [[Lucca]] e na província da [[Gália Cisalpina]], buscaram reafirmar a aliança firmada há quatro anos. Foi decidido que o triunvirato apoiaria e daria recursos para o comando de César na Gália para influenciar as eleiçõs que ocorreriam em 55 a.C., que daria um segundo consulado para Crasso e Pompeu.<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Crassus*.html Penelope.uchicago.edu - online.]</ref>
 
Crasso fez fortuna no mercado imobiliário romano e em outros negócios, mas apesar das conexões políticas e da riqueza, lhe faltava apoio por parte da [[plebe]]. Crasso tinha inveja da glória e popularidade dos seus colegas triunviros Júlio César e [[Pompeu Magno]]. Crasso sabia muito bem que para chegar aos status de seus colegas ele precisaria de vitórias militares e de conquistar novos territórios para Roma. E então ao receber o comando das províncias orientais, Crasso passou a planejar a invasão da [[Pártia]] que era porta de entrada para as riquezas do oriente, porém muitos romanos se opuseram a esta campanha.
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== Preparações para a guerra ==
 
Crasso chegou na [[Síria]] no final de 55 a.C. e imediatamente começou a usar sua imensa fortuna para erguer um exército. Ele conseguiu reunir uma força de 35 mil soldados de infantaria pesada, 4 mil de infantaria leve e 4 mil [[Cavalaria|cavaleiros]], incluindo mil cavaleiros [[Gália|gauleses]] que Publio Crasso trouxera com ele.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 20.1</ref> [[Artavasdes II da Arménia]] fez uma oferta de ajuda para os romanos, deixando que eles usassem seu território para invadir a Pártia e mais 16 mil cavaleiros e 30 mil soldados de infantaria como reforço.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 19.1</ref> Crasso recusou a oferta e decidiu pegar o caminho mais longo pelo deserto da Mesopotâmia e assim capturar as grandes cidades da região. Em resposta, o rei parta Orodes II dividiu seus exércitos e tomou a maior parte das tropas para atacar os armênios e deixou o restante das suas forças, aproximadamente 9 mil arqueiros a cavalo e mil catafractários sob o comando do general [[Surena]], para escaramuçar e enfraquecer o exército romano. Orodes não previu que as forças de Surena (em desvantagem numérica de pelo menos 3 para 1) seria capaz de derrotar Crasso.
[[Marco Licínio Crasso]] chegou à [[província romana]] da [[Síria (província romana)|Síria]] no final de [[55 a.C.]] e imediatamente começou a usar sua imensa fortuna para erguer um exército. Ele conseguiu reunir uma força de 35 mil soldados de infantaria pesada, 4 mil de infantaria leve e 4 mil [[Cavalaria|cavaleiros]], incluindo mil cavaleiros [[gauleses]] que Crasso trouxera com ele.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 20.1</ref>
 
Crasso chegou na [[Síria]] no final de 55 a.C. e imediatamente começou a usar sua imensa fortuna para erguer um exército. Ele conseguiu reunir uma força de 35 mil soldados de infantaria pesada, 4 mil de infantaria leve e 4 mil [[Cavalaria|cavaleiros]], incluindo mil cavaleiros [[Gália|gauleses]] que Publio Crasso trouxera com ele.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 20.1</ref> [[Artavasdes II da Arménia]] fez uma oferta de ajuda para os romanos, deixando que eles usassem seu território para invadir a Pártia e mais 16 mil cavaleiros e 30 mil soldados de infantaria como reforço.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 19.1</ref> Crasso recusou a oferta e decidiu pegar o caminho mais longo pelo deserto da Mesopotâmia e assim capturar as grandes cidades da região. Em resposta, o rei parta Orodes II dividiu seus exércitos e tomou a maior parte das tropas para atacar os armênios e deixou o restante das suas forças, aproximadamente 9 mil arqueiros a cavalo e mil catafractários sob o comando do general [[Surena]], para escaramuçar e enfraquecer o exército romano. Orodes não previu que as forças de Surena (em desvantagem numérica de pelo menos 3 para 1) seria capaz de derrotar Crasso.
 
Crasso recebeu ajuda de um chefe árabe chamado Ariamnes, que era amigo de Pompeu.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 21.2</ref> Crasso confiou em Ariamnes, mas este estava na folha de pagamento dos partas. Ele disse para Crasso atacar diretamente o inimigo, mentindo falando que os partas eram fracos e desorganizados. Ele então levou os exércitos romanos até as partes mais hostis do deserto, onde não havia água. Crasso depois recebeu Artavasdes, dizendo que o grosso do exército inimigo estava na Armênia e implorou por sua ajuda. Crasso ignorou a mensagem e continuou a avançar pela Mesopotâmia.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 22.3</ref> Ele encontrou as forças de Surena próxima a cidade de Carras.
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== A batalha ==
[[Ficheiro:SurenaImage.jpg|thumb|200px|direita|Estátua de Surena.]]
Após ser informado da proximidade do exército parta, [[Marco Licínio Crasso]] entrou em pânico. Seu general [[Caio Cássio Longino|Cássio]] o aconselhou a colocar seu exército em formação tradicional de batalha, com a infantaria no centro e a cavalaria nos flancos. De início Crasso concordou mas logo mudou a formação para um quadrado, sendo cada lado formado por 12 [[coorte]]s.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 23.3</ref> Essa formação o protegeria caso o inimigo tentasse flanquea-lo, mas as custas da mobilidade de seu exército. As forças romanas então avançaram. Os generais de Crasso o aconselharam a montar acampamento e atacar pela manhã a fim de descansar seus homens. Publio, contudo, estava ansioso para lutar e convenceu Crasso a atacar imediatamente.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 23.5.</ref>
 
Os partas passaram então a intimidar os romanos. Primeiro soaram tambores e outros instrumentos, e até gritos, a noite inteira. Surena então ordenou seus catafractários a avançar mas os romanos firmaram posição.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 24.3.</ref> Apesar de Surena ter planejado um ataque frontal as linhas romanas, ele não achava que isso os faria sair de formação, então ele limitou-se a cercar o exército romano. Crasso enviou escaramuçadores para afastar os arqueiros a cavalo do inimigo mas eles tiveram de recuar sobre pesado ataque. Os arqueiros partas passaram então a lançar uma chuva de flechas sobre as legiões romanas. A densa formação romana garantiu que cada flecha acertasse um alvo já que as pesadas flechas partas atravessavam os escudos romanos porém não matavam, apenas causavam grandes ferimentos.<ref>Goldsworthy, Adrian. ''The Roman Army at War 100 BC-200 AD''.</ref> Os romanos tentaram repetidas vezes avançar sobre os partas mas os arqueiros e cavaleiros sempre fugiam atirando quantidades maciças de flechas enquanto recuavam. Os legionários em [[Formação tartaruga|formação de testudo]], colocavam os escudos sobre o corpo numa formação maciça para protege-los das flechas às custas da sua mobilidade.<ref>Cássio. ''História Romana: Livro 40'', 22.2.</ref> Os partas exploraram essa fraqueza e atacaram as linhas romanas causando pânico e infligindo pesadas baixas. Quando os romanos abandonavam a formação cerrada para revidar, os catafractários recuavam e os arqueiros abriam fogo novamente.
 
Crasso achava que suas legiões poderiam segurar os ataques partas até que estes ficassem sem flechas.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 25.1.</ref> Contudo, Surena trouxe centenas de [[camelo]]s que continhas flechas extras. Após perceber isso, Crasso mandou que seu filho Publio tomasse 1 300 cavaleiros [[Gália|gálicos]] para afastar a cavalaria-arqueira inimiga. Os arqueiros então recuaram mas após sofrer pesadas perdas, a cavalaria de PublioCrasso foi atacada pelos catafractários partas. Os cavaleiros-arqueiros partas flanquearam os gauleses e lhes cortou a retirada. Publio e seus homens acabaram sendo massacrados. Crasso, sem saber da morte do filho mas percebendo o perigo, ordenou que um de seus generais atacassem. Ele depois foi confrontado com a cabeça do filho numa lança. Os partas começaram a cercar a infantaria romana, disparando de todas as direções, enquanto os catafractários atacavam e quebravam a formação inimiga. O ataque parta não cessou até o anoitecer. Crasso, abalado com a morte do filho, ordenou uma retirada até a cidade de Carras, deixando para atrás milhares de feridos, que seriam capturados pelos partas.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 28.1.</ref>
 
No dia seguinte, Surena enviou uma mensagem aos romanos oferecendo uma trégua, permitindo que as legiões romanas recuassem em segurança até a [[Síria (província romana)|Síria]], em troca de todos os territórios em disputa ao leste do [[Rio Eufrates|Eufrates]].<ref>Cássio. ''História Romana: livro 40'', 26.1.</ref> Crasso foi relutante se encontrar com os chefes partas para negociar o acordo, isso só depois que suas tropas, que estavam esgotadas, ameaçaram se amotinar se ele não o fizesse.<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 30.5.</ref> A reunião foi, no entanto, uma emboscada e Crasso foi morto.<ref>Cássio. ''História romano: livro 40'', 26.3.</ref> Os romanos remanescentes em Carras tentaram fugir mas foram surpreedidos pelos partas e poucos escaparam. Os romanos sofreram pelo menos 20 mil baixas e outros 10 mil homens foram capturados ou desapareceram,<ref>Plutarco. ''Vida de Crasso'', 31.7.</ref> fazendo desta batalha uma das mais sangrentas para os romanos no que diz respeito a uma luta com uma nação estrangeira. As perdas entre os partas foram mínimas.