Controvérsia hesicasta: diferenças entre revisões

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Gregório Palamas, que depois se tornaria [[arcebispo]] de [[Tessalônica]], recebeu um pedido dos monges de Athos para que defendesse o hesicasmo dos ataques de Barlaão, o que ele fez fazendo uso de seu excelente conhecimento da filosofia grega e da [[dialética]], métodos também utilizados no ocidente. Ele escreveu uma série de obras e participou de diversos [[sínodo]]s realizados em Constantinopla na década de 1340, sempre em defesa do hesicasmo.
 
Em 1341, a disputa foi levada perante um sínodo em Constantinopla que, levando em consideração o apreço tido pelas obras de [[Pseudo-Dionísio, o Areopagita]], condenou Barlaão, que [[:wikt:abjurar|abjurou]] suas ideias e retornou para a [[Calábria]]. Ele se converteu ao [[catolicismo]] e se tornou bispo de uma diocese de [[rito bizantino]] em comunhão com o [[papa]]. Cinco outros sínodos foram realizados sobre o assunto, com uma breve vitória dos oponentes de Palamas no terceiro. Contudo, em 1351, num sínodo presidido pelo [[imperador bizantino]] [[João VI Cantacuzeno]], a real [[distinção Essência-Energias]] de Palamas foi estabelecida como uma doutrina da Igreja Ortodoxa.
 
[[Gregório Acindino]], que havia sido discípulo de Gregório e tinha tentado mediar a disputa entre ele e Barlaão, se tornou um crítico do antigo mestre após a partida do monge calabrês em 1341. Outro oponente do palamismo foi [[Manuel Calecas]], que era um defensor da reconciliação entre as igrejas do ocidente e do oriente, separadas desde o [[Grande Cisma do Oriente|Grande Cisma]] de 1054. Após a decisão de 1351, iniciou-se uma forte repressão contra os pensadores anti-palamistas, reporta por Calecas ainda 1397, e os teólogos que discordavam de Palamas. A única saída foi emigrar e se converter ao catolicismo, caminho seguido por Calecas, [[Demétrio Cidones]] e [[João Kyparissiotes]].
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=== Início do conflito entre Barlaão e Palamas ===
[[Ficheiro:Dionysius Areopagita.jpg| thumb| direita| 200px| [[Dionísio Areopagita]], cuja obra tanto [[Barlaão de Seminara|Barlaão]] quanto [[Gregório Palamas|Gregório]] citavam como apoio às suas interpretações.]]
Por volta de 1330, [[Barlaão de Seminara]] veio para Constantinopla vindo da [[Calábria]], no sul da [[Itália]], onde ele havia crescido como membro de uma comunidade grega<ref>{{citar periódico| autor = Jugie, Martin| título = Barlaam, est-il né catholique? | jornal = EO| número = 39| ano = 1940| páginas = 100-125| língua = francês}}</ref>. Ele trabalhou por um tempo em comentários sobre a obra de [[Pseudo-Dionísio]] sobre o patrocínio de [[João VI Cantacuzeno]]. Por volta de 1336, Gregório Palamas recebeu cópias de tratados escritos por Barlaão contra a igreja ocidental, condenando a inserção da [[cláusula filioque]] no [[credo de Niceia]]. Mesmo a posição de Barlaão sendo a correta na teologia ortodoxa, Palamas se incomodou com o argumento que ele utilizava para defendê-la, uma vez que ele declarou que a natureza de Deus (especificamente, a natureza do [[Espírito Santo]]) deveria ser abandonada, pois Deus estaria, em última instância , além do conhecimento e da experiência humana. Assim, Barlaão afirmava que seria impossível determinar de onde o Espírito Santo procederia (do [[Deus Pai|Pai]], do [[Deus Filho|Filho]] ou de ambos). De acordo com Sara J. Denning-Bolle, Palamas via o argumento de Barlaão como "perigosamente [[agnóstico]]". Em sua resposta, Palamas insistiu que seria possível demonstrar que o Espírito Santo teria procedido do Pai, mas não do Filho<ref name=Denning-Bolle>{{citar livro |título=Dialogue Between an Orthodox and a Barlaamite |autor=Saint Gregory Palamas |editora=Global Academic Publishing |ano=1999 |página=3|url=http://books.google.com/books?id=CqljFEGjWJEC&pg=PA3&dq=Pseudo-Dionysius+Palamas&hl=en&ei=qdIbTaTTB4-8sQOI_JDoCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCMQ6AEwAA#v=onepage&q=Pseudo-Dionysius%20Palamas&f=false| língua = inglês}}</ref>. Iniciou-se então uma troca de correspondências entre os dois, sem contudo ser possível que chegassem num consenso amigavelmente.
 
=== O ataque de Barlaão ao hesicasmo ===
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Se tornou claro que a disputa entre Barlaão e Palamas era irreconciliável e que seria necessário um julgamento de um concílio episcopal. No decorrer de onze anos, um total de seis sínodos foram realizados em Constantinopla: em 10 de junho de 1341, agosto de 1341, 4 de novembro de 1344, 1 de fevereiro de 1347 e em 28 de maio de 1351<ref>{{citar web| url = http://www.monachos.net/content/patristics/studies-fathers/63-gregory-palamas-historical-timeline| título = Gregory Palamas: Historical Timeline| publicado = Monachos| língua = inglês| acessodata = 08/10/2011}}</ref>.
 
A disputa sobre o [[hesicasmo]] apareceu primeiro num concílio realizado em Constantinopla em maio de 1341 e presidido pelo [[imperador bizantino]] [[Andrônico III Paleólogo]]. A assembleia, influenciada pela veneração com que os escritos de [[Pseudo-Dionísio]] eram tidos na Igreja Ortodoxa, condenou Barlaão, que [[:wikt:abjurar|abjurou]] seu ponto de vista.
 
O principal defensor de Barlaão, o imperador Andrônico III, morreu apenas cinco dias após o final do sínodo e, embora Barlaão esperasse por uma segunda chance de apresentar seu caso contra [[Gregório Palamas]], ele logo percebeu a futilidade de sua causa e partiu para a [[Calábria]], sua terra natal, onde ele se converteu ao [[catolicismo]] e foi apontado como [[bispo]] da [[Diocese]] de [[Locri-Gerace|Gerace]]<ref name=HistoricalOverview>{{citar web |título=Gregory Palamas: An Historical Overview |url=http://www.monachos.net/content/patristics/studies-fathers/61-gregory-palamas-an-historical-overview?title=Gregory_Palamas:_An_Historical_Overview |publicado = Monachos| acessodata=09/09/2011| língua = inglês}}</ref>.