Psicopatologia: diferenças entre revisões

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A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é às vezes referida como '''psicopatologia geral''', '''psicologia anormal''', '''psicologia da anormalidade''' e '''psicologia do patológico'''. É uma visão das [[patologia]]s mentais, e pode estar vinculada a uma teoria psicológica específica (por exemplo, psicanálise, psicologia humanista), uma área da psicologia (psicologia do desenvolvimento) ou mesmo a outras áreas do conhecimento (neurologia, genética, evolução). Pode-se dizer que a psicopatologia pode ser compreendida por vários vieses, e estes, combinados, dão determinada leitura acerca do sofrimento mental.
 
==Normalidade, saúde mental e psicopatologia==
[[Ficheiro:Calle de Preciados (Madrid) 02.jpg|left|250px|thumb|A normalidade muitas vezes é relacionada com aquilo que se espera encontrar numa população como regra]]
Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia diz respeito à questão da normalidade. Existem várias definições sobre o que é "normal". Estatisticamente, normal refere-se a uma propriedade de uma distribuição que aponta uma tendência, o que seria "mais comum" de encontrar em determinada amostra, o mais provável (cf. [[distribuição normal]]). Assim, o normal é o que seria o mais provável de encontrarmos numa população, o comum, o esperado.<ref name="levin">LEVIN, Jack. '''Estatística aplicada às ciências humanas'''. 2 ed. São Paulo: Habra, 1987.</ref>
 
Próximo a isso, os comportamentos que são considerados típicos, ou seja, que são os "esperados" de se encontrar ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser considerados comportamentos "normais"<ref name="kaplan">SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A. '''Compêndio de psiquiatria''': ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007.</ref>. Nessa definição, os parâmetros da cultura (morais) são a referência para aquilo que é o esperado em termos de comportamento, e o que estiver fora deste padrão, já pode ser pensado como indício de patologia.
 
Segundo a OMS,<ref name="oms">WORLD HEALTH ORGANIZATION. '''Health topics''': mental health. Acessado em: 15/06/2012. [http://www.who.int/topics/mental_health/en/ Link]</ref> a saúde mental refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença. Este conceito engloba não apenas o comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem adaptado à sociedade.
 
O DSM-IV-TR define os transtornos mentais como síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos com importância clínica, que ocorrem num indivíduo. Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou com risco de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. Essa síndrome não deve constituir uma resposta previsível e culturalmente aceita diante de um fato, como o luto. Além disso, a síndrome deve ser considerada no momento como uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo. O DSM-IV-TR assinala que nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p. ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são transtornos mentais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo como descrito antes<ref name="dsm4">AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. '''Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais''': Texto revisado. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.p. 27-28.</ref>.
 
==Visões sobre a psicopatologia==
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== Sistemas de classificação dos transtornos mentais ==
 
As manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras, por etiologia a exemplo das orgânicas e psicológicas por tipo de alteração a exemplo da [[neurose]] e [[psicose]] que considera a relação com a consciência perda de contato com a [[realidade]] na concepção psicanalítica desta, etc. A categoria de classificação possui fins estatísticos ou seja de tabulação de prontuários em serviços de saúde, atestados, declarações de óbito. Entre as mais conhecidas estão a [[CID]] (Classificação Internacional das Doenças e de Problemas relacionados à Saúde que está na 10ª revisão e se inciou em 1893) e o DSM (referente ao [[Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais]], uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida pela designação “[[DSM-IV-TR]]<ref name="dsm4">AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. '''Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais''': Texto revisado. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.</ref>”). A [[CID-10]]<ref name="cid10">ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. '''Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10''': Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.</ref> é a classificação usada no Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos os quadros de enfermidades e doenças, inclusive os transtornos mentais. O DSM-IV-TR é também bastante utilizado para fins de diagnóstico, pois permite uma avaliação multiaxial do paciente.
 
A importância dos sistemas de classificação reside no fato de que propõe categorias diagnósticas, visando diferenciar os diversos quadros relacionados aos transtornos mentais, pela separação em grandes grupos de patologias. A CID-10 e o DSM-IV-TR são sistemas diferentes, propostos respectivamente pela Organização Mundial da Saúde e pela American Psychiatric Association (APA), e possuem diferentes formas de classificação. Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV-TR são sistemas de classificação a-teóricos, ou seja, não estão vinculados direta ou exclusivamente a uma teoria psicológica (p. ex., psicanálise, cognitivismo, humanismo) na explicação da gênese, manutenção e tratamento dos sintomas. Esta visão a-teórica permite que os sistemas sejam utilizados, virtualmente, por todos os profissionais da saúde.