Ceará: diferenças entre revisões

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Começou a ganhar destaque a atividade dos [[cangaço|cangaceiros]], que, agindo em grupos organizados e promovendo saques em cidades e propriedades rurais, desestabilizaram o interior do Nordeste por décadas. A forte religiosidade popular e a grande miséria estimulavam uma profusão de líderes messiânicos e formas de fanatismo religioso. O cearense [[Antônio Conselheiro]], de [[Quixeramobim]], chegou a formar, na [[Bahia]], o arraial de Canudos, cuja forte atração populacional e ideológica, contrária aos interesses da elite fundiária, deflagrou a [[Guerra de Canudos]].<ref>{{Harvnb|Lima|2008|p=67}}</ref> Isso, porém, não extinguiu a influência dos líderes religiosos.
 
Entre [[1896]] e [[1912]], a hegemonia política foi monoliticamente concentrada nas mãos do comendador [[Antônio Pinto Nogueira Accioli|Nogueira Accioly]] e de sua família, que estabeleceram uma poderosa [[oligarquia]] que comandava a maior parte dos escalões do poder estadual. Em 1912, Accioly apontara como seu candidato Domingos Carneiro, contra Franco Rabelo, representante da política do [[salvacionismo]] do presidente [[Hermes da Fonseca]], gerando uma conturbada campanha eleitoral. A dura repressão policial a uma passeata de crianças em favor de Rabelo, que causou a morte de algumas delas e feriramferiu outras, desencadeou uma revolta de três dias da população fortalezense, forçando o governador Accioly a renunciar, evento conhecido como Sedição de Fortaleza. [[Marcos Franco Rabelo|Franco Rabelo]] passou a governar o Ceará.<ref>{{Harvnb|Sousa|2002|p=183}}</ref>
 
[[Ficheiro:RVC Mapa 1924.jpg|thumb|esquerda|A [[Rede de Viação Cearense]] surgiu em [[1909]] e foi federalizada em [[1915]] para ajudar no combate à seca.]]
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[[Ficheiro:Caldeirao.jpg|thumb|direita|Sobreviventes do [[Caldeirão de Santa Cruz do Deserto]], um dos eventos mais cruéis da história cearense.]]
 
Em [[1915]] o Ceará sofreu com uma gravíssima seca levando a novo êxodo da população cearense para a [[Amazônia]], região que, devido àsà intermitentes,intermitente mas significativa emigração, recebeu grande afluxo e influência de cearenses. A gravidade da seca inspirou a escritora [[Rachel de Queiroz]] em sua famosa obra ''[[O Quinze]]''. O [[sertão brasileiro|sertão]] sofreu mais uma estiagem em [[1932]], e o governo estadual não pôde dispor mais da Amazônia como refúgio para os flagelados.
 
Diante disso, os [[campos de Concentração no Ceará]] que já foram usados na estiagem de 1915, foram recriados.<ref>[http://www.papodebudega.com/2010/04/campos-de-concentracao-no-brasil-sim.html Papodebudega] - ''Campos de Concentração no Brasil, sim, eles existiram...'' Página acessada em [[26 de Novembro]] de [[2010]].</ref> <ref>[http://historia.abril.com.br/cotidiano/ceara-campos-seca-434018.shtml História Abril] - ''Ceará: nos campos da seca.'' Acessado em 26 de Novembro de 2010.</ref> Conhecidos como ''Currais do Governo'', <ref>[http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=515480 Diariodonordeste] - ''Currais humanos.'' Acessado em 26 de Novembro de 2010.</ref> tinham como objetivo, impedir que os retirantes que fugiam da seca e da [[Carestia|fome]], chegassem às grandes cidades. A instabilidade política e social foi crescendo no Estado. Nos anos 1930, surgiu no [[Crato (Ceará)|Crato]] o [[Messianismo|movimento messiânico]] do [[Caldeirão de Santa Cruz do Deserto]], liderado pelo [[beato José Lourenço]].<ref>{{Harvnb|Sousa|2002|p=345}}</ref> Igualitária e agrária, a comunidade do Caldeirão perseguia a auto-suficiência, passando a ser vista pelo governo e pelos fazendeiros poderosos da região como uma má influência. Em [[1937]] o Caldeirão foi invadido e alvo de bombardeio aéreo, resultando no massacre de aproximadamente 400 indivíduos.