Especiação parapátrica: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Speciation modes edit pt.svg|right|thumb|300px|Comparação dos tipos de especiação: [[especiação alopátrica|alopátrica]], [[especiação peripátrica|peripátrica]], '''parapátrica''' e [[especiação simpátrica|simpátrica]].]]
 
'''Especiação parapátrica''' é uma forma de [[especiação]] que ocorre em uma área geográfica contínua na qual as espécies divergentes apresentam distribuições adjacentes. Este modelo difere da [[especiação alopátrica]] no que se refere a distribuição geográfica da espécie parentalm já que a alopatria requer subpopulações geograficamente isoladas.[[Nicho ecológico|Nichos]] neste habitat podem estar diferenciados ao longo de um [[gradiente ambiental]], impedindo [[fluxo génico]], e criando assim um [[variação clinal|cline]].
'''Especiação parapátrica''' é uma forma de [[especiação]] que ocorre devido a variações na [[frequência de acasalamento]] de uma população dentro de uma área geográfica contínua.
 
Um exemplo deste tipo de especiação é a erva ''[[Anthoxanthum]]''<ref>{{Cite journal
Neste modelo, a espécie parental que vive num [[habitat]] contínuo, em contraste com [[especiação alopátrica]] onde subpopulações tornam-se geográficamente isoladas.
 
[[Nicho ecológico|Nichos]] neste habitat podem estar diferenciados ao longo de um [[gradiente ambiental]], impedindo [[fluxo génico]], e criando assim um [[variação clinal|cline]].
 
Um exemplo<ref>{{Cite journal
| doi = 10.1038/sj.hdy.6800835
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| date = 2006-07
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}}</ref> deste tipo de especiação é a erva ''[[Anthoxanthum]]'', que se sabe que sofreu especiação parapátrica em áreas onde ocorreu contaminação a partir de [[Mina (mineração)|minas]]. Isto cria uma [[pressão selectiva]] para a [[tolerância fisiológica|tolerância]] a esses metais. Normalmente, o tempo de [[floração]] muda (numa tentativa de deslocação de caracteres - selecção forte contra [[Híbrido (biologia)|cruzamentos]] - devido à má-adaptação dos híbridos ao ambiente) e frequentemente as plantas tornam-se [[auto-polonizador]]as.
 
Um outro exemplo são as [[espécie em anel|espécies em anel]].
 
==História==
Houve muita discussão sobre se a especiação pode ocorrer entre populações adjacentes ocupando um habitat amplamente contínuo, isto é, populações em [[parapatria]]. Observações de [[Charles Darwin|Darwin]] na América do Sul, juntamente com sua visão gradualista de [[evolução]], o convenceu de que novas espécies poderiam evoluir desta forma.<ref name = "Turelli">{{Cite journal
| doi = 10.1016/S0169-5347(01)02177-2
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}}</ref> Os tamanhos de distribuição geográfica da maioria das espécies são muito maiores do que as distâncias de dispersão típicas de indivíduos (ou gâmetas). Isso cria uma oportunidade para a geração e manutenção de extensas diferenças genéticas entre populações geográfica da mesma espécie, apesar da [[migração]].<ref name="Gavrilets">{{Cite journal
 
Em sua teoria de [[especiação peripátrica]], Mayr (1954, 1963) destacou as populações periféricas como a principal fonte de novas espécies. conforme Mayr, as populações periféricas têm maior probabilidade de cisão, porque elas têm tamanhos menores, experimentam diferentes regimes de seleção e são menos afetados pela migração. Em contraste, na sua teoria de especiação centrífuga, Brown (1957) argumentou que as populações centrais são a principal fonte de novidade genética e, assim, deve ser o local de origem de novas espécies, mas mesmo assim, a teoria de Mayr é mais aceita e defundida.<ref> name="Turelli, M. et al. 2001. Theory and speciation. Disponível em http://www.nd.edu/~malber/sem_un/Speciation(Turellietal).pdf<"/ref>
 
A especiação parapátrica recebeu relativamente pouca atenção em comparação com um grande número de estudos empíricos e teóricos dedicado aos modelos alopátricos e simpátricos (Ripley & Beehler 1990; Burger 1995; Friesen & Anderson 1997; Rola¨n-Alvarez et al. 1997; Frias & Atria 1998; Macnair & Gardner 1998). Mas, recentemente, novas abordagens que descrevem todos os processo de especiação têm sido desenvolvidos e aplicados para cenários de especiação parapátrica, alopátrica (Gavrilets 1999; Gavrilets et al. 1998, 2000a; Johnson et al. 2000) e simpátrica (e.g. Turner & Burrows 1995; Gavrilets & Boake 1998; Van Doorn et al. 1998; Dieckmann & Doebeli 1999).
 
O conceito de especiação parapátrica pode ser generalizado para incluir qualquer configuração geográfica que possa ser considerada intermediária entre a alopatria (distribuição geográficas separadas separadas por uma região inabitável) e a simpatria.<ref>{{Cite journal
| doi = 10.1111/j.0014-3820.2000.tb00548.x
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| doi = 110.1111/j.1420-9101.2009.01816.x
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| title = Space, sympatry and speciation
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=== Características ===
}}</ref> Os tamanhos de distribuição geográfica da maioria das espécies são muito maiores do que as distâncias de dispersão típicas de indivíduos (ou gâmetasgametas). Isso cria uma oportunidade para a geração e manutenção de extensas diferenças genéticas entre populações geográfica da mesma espécie, apesar da [[migração]].<ref name="Gavrilets">{{Cite journal
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}}</ref> Recentemente foi mostrado que, na teoria, a especiação parapátrica rápida é possível, mesmo sem seleção para adaptação local caso exista muitos locus afetando o [[isolamento reprodutivo]] e a [[mutação|taxa de mutação]] não for muito pequena em relação a migração (Gavrilets et al. 1998,2000a; Gavrilets 1999). A duração média real da especiação parapátrica é definida como a duração de formas intermédias em transição para um estado de completo [[isolamento reprodutivo]]. Quando o acasalamento assortativo é mediado pelo localização espacial dos indivíduos (são considerados parceiros reprodutivos potenciais apenas os indivíduos dentro de um raio de acasalmento), a especiação é possível sem diferenciação de nicho. Esse é um caso particular da especiação parapátrica denominado especiação topopátrica <ref>{{cite journal |author=de Aguiar MA, Baranger M, Baptestini EM, Kaufman L, Bar-Yam Y. |title=Global patterns of speciation and diversity |journal=Nature |volume=460(7253) |pages=384–7 |year=2009 |pmid=19606148 |doi=10.1038/nature08168}}</ref>.
}}</ref> É preciso examinar a variação intraespecífica para entender a natureza das espécies e também como outras espécies surgem. A evolução de uma espécie consiste em converter a variação dentro da espécie em diferenças entre espécies.
|last = de Aguiar
 
|first = Marcus AM
Essas adaptações aos novos nichos ecológicos, ocorrem ao longo de uma faixa de dispersão da espécie ancestral e parece ser a etapa da divergência mais importante no processo de [[especiação]].<ref>[http://www.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/especies/especie8.html Especiação]. Acessado em 20/05/2012 às 17:00</ref> Vários fatores contribuem para estes processos, por exemplo a [[seleção natural]], ou por balanço entre seleção e [[mutação]], ou por balanço entre deriva e mutação. Cada mutação específica é um evento bastante raro, enquanto que o número de possíveis mutações é enorme. As mutações diferentes aparecerão em diferentes áreas geográficas. Mani e Clarke (1990) referem-se a este fator como ''fim mutacional'', que são divergências adicionais criados por fatores estocásticos que afetam a sobrevivência e a [[reprodução]] e são comumente referidos como ''[[deriva genética]]''.
|coauthors= Baranger M, Baptestini EM, Kaufman L, Bar-Yam Y.
|title=Global patterns of speciation and diversity
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|doi=10.1038/nature08168}}</ref>.
 
A variação nas condições bióticas e abióticas pode resultar em diferenças sistemáticas em regimes de seleção que atuam em diferentes partes da espécie variando para aumentar a diferenciação geográfica. Além disso, variações geográficas extensa estão bem documentadas para a maioria das espécies (e.g., Endler 1977; Avise 1994).<ref name="Gavrilets"/>
 
Mesmo se a maior parte da divergência genética ocorrer em alopatria, as populações divergentes são susceptíveis de ser geograficamente estendidas, e cada diferença genética que contribui para o isolamento é provavelmente originária de uma região mais ampla, quer como uma única [[mutação]] ou como uma adaptação localizada. Se [[alelos]] diferentes surgirem em diferentes lugares, e se o mesmo revelar-se incompatível com cada quando se encontrem, então eles vão contribuir para a acumulação doo isolamento reprodutivo em parapatria - apenas como fariam em alopatria.<ref> name="Turelli, M. et al. 2001. Disponível em: http:"//www.nd.edu/~malber/sem_un/Speciation(Turellietal).pdf</ref>
Os mecanismos mais envolvidos na especiação parapátrica são similares aos da [[especiação alopátrica]], a não ser o isolamento geográfico. No processo de parapatria, as subpopulações mantém-se ligadas perifericamente.<ref name = "Ridley">http://webbifRidley, Mark.ifi Evolução.unicamp.br/tesesOnline/teses/IF1459.pdf 3ª ed. AcessadoTradução emHenrique 20/05/2012Ferreira, àsLuciane 17Passaglia, Rico Fischer- Porto Alegre:10 Artmed, 2006. Capítulo: Especiação, 412 pg, 433 - 435 pg</ref>
 
O conceito de especiação parapátrica pode ser generalizado para incluir qualquer configuração geográfica que possa ser considerada intermediária entre a alopatria (distribuição geográficas separadas separadas por uma região inabitável) e a simpatria <ref>{{cite journal |author= Gavrilets, S |title=Perspective: models of speciation: what have we learned in 40 years? |journal=Evolution |volume=57(10) |pages=2197-215 |year=2003 |pmid=14628909 |doi=10.1111/j.0014-3820.2003.tb00233.x}}</ref> <ref>{{cite journal |author= Mallet J, Meyer A, Nosil P, Feder JL |title=Space, sympatry and speciation |journal=Journal of Evolutionary Bilogy |volume=22(11) |pages=2332-41 |year=2009 |pmid=19732264 |doi=10.1111/j.1420-9101.2009.01816.x}}</ref>.
 
=== Características ===
A especiação parapátrica é mais comum em organismos que se movem muito pouco, ou nada, como plantas e insetos não alados. Não é um processo tão comum quanto a [[especiação alopátrica]].<ref>http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/ciencias_biologicas/ecologia_geral.pdf . Acessado em 20/05/2012 às 17:30</ref> Um exemplo são as gramíneas da espécie Anthoxanthum odoratu. Alguns exemplares desta vivem em solo que foi contaminado com [[Metais pesados]]. Devido a este fato, as plantas que vivem no solo contaminado sofreram [[seleção natural]] para [[genótipos]] resistente aos metais, já as plantas que vivem no solo ao redor que não está contaminado, não sofreram nenhuma seleção. Por isso, apesar das duas plantas estarem próximas o suficiente para uma possível fertilização, o mesmo não acontece devido à seleção sofrida por espécimes que viviam em solos contaminados fez com que florescessem em épocas diferentes, reduzindo o [[fluxo gênico]] e assim impossibilitando a [[fertilização]].<ref>http://www.ib.usp.br/sti/evosite/evo101/VC1dParapatric.shtml . Acessado em 20/05/2012 às 17:20</ref>
 
Em sua teoria de [[especiação peripátrica]], Mayr (1954, 1963) destacou as populações periféricas como a principal fonte de novas espécies. conforme Mayr, as populações periféricas têm maior probabilidade de cisão, porque elas têm tamanhos menores, experimentam diferentes regimes de seleção e são menos afetados pela migração. Em contraste, na sua teoria de especiação centrífuga, Brown (1957) argumentou que as populações centrais são a principal fonte de novidade genética e, assim, deve ser o local de origem de novas espécies, mas mesmo assim, a teoria de Mayr é mais aceita e defundida.<ref>Turelli, M. et al. 2001. Theory and speciation. Disponível em http://www.nd.edu/~malber/sem_un/Speciation(Turellietal).pdf</ref>
 
A especiação parapátrica recebeu relativamente pouca atenção em comparação com um grande número de estudos empíricos e teóricos dedicado aos modelos alopátricos e simpátricos (Ripley & Beehler 1990; Burger 1995; Friesen & Anderson 1997; Rola¨n-Alvarez et al. 1997; Frias & Atria 1998; Macnair & Gardner 1998). Mas, recentemente, novas abordagens que descrevem todos os processo de especiação têm sido desenvolvidos e aplicados para cenários de especiação parapátrica, alopátrica (Gavrilets 1999; Gavrilets et al. 1998, 2000a; Johnson et al. 2000) e simpátrica (e.g. Turner & Burrows 1995; Gavrilets & Boake 1998; Van Doorn et al. 1998; Dieckmann & Doebeli 1999).
 
Recentemente foi mostrado que, na teoria, a especiação parapátrica rápida é possível, mesmo sem seleção para adaptação local caso exista muitos locus afetando o [[isolamento reprodutivo]] e a [[mutação|taxa de mutação]] não for muito pequena em relação a migração (Gavrilets et al. 1998,2000a; Gavrilets 1999). A duração média real da especiação parapátrica é definida como a duração de formas intermédias em transição para um estado de completo [[isolamento reprodutivo]]. Quando o acasalamento assortativo é mediado pelo localização espacial dos indivíduos (são considerados parceiros reprodutivos potenciais apenas os indivíduos dentro de um raio de acasalmento), a especiação é possível sem diferenciação de nicho. Esse é um caso particular da especiação parapátrica denominado especiação topopátrica <ref>{{cite journal |author=de Aguiar MA, Baranger M, Baptestini EM, Kaufman L, Bar-Yam Y. |title=Global patterns of speciation and diversity |journal=Nature |volume=460(7253) |pages=384–7 |year=2009 |pmid=19606148 |doi=10.1038/nature08168}}</ref>.
 
Gavrilets, S. 2000, forneceu perspectivas para um número importantes de questões evolutivas sobre o papel que diferentes fatores como mutação, migração, deriva genética, seleção para adaptação local e a arquitetura genética de [[isolamento reprodutivo]], exercem no controle da escala de tempo de especiação parapátrica.<ref>Gavrilets, S. 2000. Waiting time to parapatric speciation. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1690850/pdf/11197123.pdf</ref>
 
Em regiões mais produtivas ou com maior disponibilidade de energia, o processo de diversificação seria mais rápido e geraria acúmulo de espécies. No entanto, as taxas de diversificação podem ser decompostas em [[especiação]] e [[extinção]]. Taxas de especiação elevadas nas [[regiões tropicais]] poderiam aparecer sob diferentes combinações de especiação e extinção.Por exemplo, a [[extinção]] seria constante ao longo do gradiente, mas que nas regiões tropicais haveria uma maior velocidade de especiação como consequência de um aumento nas taxas de mutação (devido à maior irradiação), ou que haveria maior especialização ecológica (aumentando a necessidade de adaptação a condições ecológicas locais e gerando assim maior isolamento reprodutivo). Por outro lado, é possível pensar que a especiação se mantém constante, mas que a extinção é maior nas regiões temperadas, em função da maior instabilidade climática dessas regiões. Esse efeito, na verdade, seria esperado sob uma associação entre a média e a variância do clima nas regiões temperadas. É possível combinar esses dois cenários, mas analisando esses padrões de diversificação em mamíferos e aves foi visto que, nas [[regiões temperadas]], havia não só maiores taxas de extinção (provavelmente devido à instabilidade climática), mas também maiores taxas de especiação.<ref>Diniz-Filho, J. A. F. et al. 2009. Padrões e processos ecológicos e evolutivos em escala regional. Disponível em: http://conservacao.org.br/publicacoes/files_mega5/Megadiversidade_desafios_cientificos.pdf#page=7</ref>
 
== Zona Hibrida ==
EssaDevido [[especiação]]ao écontexto umgeográfico casoda intermediárioespeciação entre as especiações simpátricas e alopátricas. Por haver um contínuo na área geográfica habitada pelas subpopulações parapátricas,parapátrica pode haverocorrer uma fluxoformação gênico parcial<ref>http://webbif.ifi.unicamp.br/tesesOnline/teses/IF1459.pdf . Acessado em 20/05/2012 às 17:35</ref> e muitas vezes pode ocorrerde uma [[zona híbrida]] entre as duas espécies, poisem osprocesso indivíduosde estãoformação. maisNessa propensosregião aambas cruzaremdevem comser seusfacilmente vizinhos geográficos do que com indivíduos da mesma espécie que estão em locais distantereconhecidas.<ref>http://www.ib.usp.br/sti/evosite/evo101/VC1dParapatric.shtml . Acessado em 20name="Ridley"/05/2012 às 17:25</ref> Os [[Híbrido (biologia)|Híbridoshíbridos]] podem apresentar diferentes graus de viabilidade e fertilidade. Esta zona hibrida pode, então, tornar-se uma barreira ao [[Fluxofluxo gênico]] entre as duas espécies que estão diferenciando-se.
 
A existência de clinas estreitas, que nada mais é que um gradiente de variação intra especifica de um caráter fenotípico ou genético, e zonas híbridas demonstram que a seleção pode dominar o [[Fluxofluxo gênico]] em escalas muito pequenas, permitindo divergência parapátrica. Isolamento reprodutivo pode surgir como pleiotrópico, um subproduto de alelos selecionados localmente, como na especiação alopátrica. No entanto, o fluxo de gene pode alterar o curso da divergência parapátrica de duas maneiras. Primeiro, os alelos que são favoráveis em todos os lugares podem estar prontamente espalhados por zonas híbridas divergentes e produção de genealogias confusas. Em segundo lugar, o fluxo gênico pode levar a um aumento de isolamento pré zigótico.<ref> name="Turelli, M. et al. 2001. Theory and speciation. Disponivel em: http:"//www.nd.edu/~malber/sem_un/Speciation(Turellietal).pdf</ref>
 
[[File:Darwin's finches.jpeg|thumb|Tentilhões de Darwin: exemplo de diferentes tamanhos de bico]]
O isolamento pré zigótico ocorre quando os zigotos nunca são formandos, devido os membros das duas populações estão adaptados a habitat distintos e nunca se encontarem, ou porque têm habitos de corte diferentes e não se reconhecem como potenciais parceiros.
Provavelmente, os os caracteres que influenciam na adaptação ecológica estejam geneticamente correlacionados com os caracteres que influenciam no isolamento pré zigotico. Essa correlação pode existir devido a [[pleitropiapleiotropia]] e efeito carona.
Os tentilhões de Darwin são exemplo de como o tipo do canto está relacionado pleitropicamente com a forma do bico, ou seja, um gene influi em mais de uma caracteristica fenotípica do organismo. Além disso, a forma do bico pode interferir no comportamento reprodutivo podendo surgir, assim, um [[isolamento reprodutivo]].
 
As condições em uma [[zona híbrida]] ou clina escalonada são particularmente propicias para a especiação se ela for uma zona de tensão. Uma zona de tensão existe quando os híbridos entre duas formas fronteiriças são seletivamente desvantajosos. Porém, a zona hibrida não é uma zona de tensão se os híbridos têm valor adaptativo intermediário ou superior, ao das formas puras. Por exemplo, um [[Homozigotohomozigoto]] dominante é adaptado a um ambiente e um outro homozigoto, poremporém recessivo, é adaptado a outro ambiente. Os híbridos Heterozigotos serão produzidos onde os dois ambientes se encontram. Caso o [[heterozigoto]] forseja desvantajoso o local de encontro é uma zona de tensão.<ref> name="Ridley, Mark. Evolução. 3ª ed. Tradução Henrique Ferreira, Luciane Passaglia, Rico Fischer- Porto Alegre: Artmed, 2006. Capítulo: Especiação, 412 pg, 433 - 435 pg <"/ref>
 
== Espécies em anel ==
Uma [[espécie em anel]] ocorre quando dois grupos isolados reprodutivamente com distribuições adjacentes estão conectados por grupos intermediários arranjandos geograficamente em forma de anel. Uma das hipóteses que explica o surgimento de espécies em anel é a expansão de uma população em volta de uma barreira geográfica. O isolamento reprodutivo evoluiria nos clados terminais, porém eles permaneceriam conectados por clados intermediários. Nesse casos, o surgimento do isolamentos reprodutivo entre os clados seria um exemplo de especiação parapátrica, pois ocorreu a partir de uma população ancestral com distribuição contínua.
 
As espécies em anel fornecem importantes evidências para a [[evolução]] pois mostram que as diferenças intra-específicas podem ser suficientemente grandes para produzirem diferenças inter-específicas. Portanto, as diferenças intra-específicas são do mesmo tipo que as diferenças entre populações de uma mesma espécie e entre indivíduos.<ref>Turelii, M. et al. 2001. Theory and speciation. Disponível em: http://www.nd.edu/~malber/sem_un/Speciation(Turellietal).pdf<name="Turelli"/ref>
 
Exemplo de espécie em anel são as salamandras ''Ensatina klauberi'' e ''E. eschscholtzii''. Elas habitam as montanhas de Cuyamaca em San Diego e possuem fortes evidencias para serem consideradas duas espécies, pois possuem formas distintas e no local onde coexistem não se intercruzam. Porém foi coletado indivíduos ao sul da Califórnia, em Camp Wilahi e em locais próximos e todas elas uma porção de pelo menos 8% dos indivíduos eram híbridos entre as duas espécies. A interpretação para este fato é que existia originalmente uma espécie que vivia na parte norte da Califórnia e expandiu para o sul e dividiu-se para os dois lados do Vale de San Joaquin, que ficou ao centro da divisão. A subpopulação do lado pacifico evoluiu para cores e padrões genéticos de E. eschscholtzii, enquanto a subpopulação do interior evoluiu para padrões de ''E. klauberi''. Em alguns locais do vale, podem sem encontrados híbridos, pois ambas as formas se intercruzam em até certo grau.
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[[Imagem:Ensatina eschscholtzii e.jpg|thumb|Ensatina eschscholtzii]]
Já na extremidade sul da Califórnia, as duas linhagens evoluíram para formas suficientemente separadas ao ponto de não haver intercruzamento. Portanto, as duas espécies estão conectadas por populações intermediarias formando um anel.
Todas as espécies em anel até hoje relatadas, apresentam algum desvio em relação ao conceito ideal de anel. Para que uma espécie em anel seja considerada perfeita, é preciso satisfazer quatro critérios. O primeiro é de que duas formas distintas devem coexistir; Segundo, deve haver um fluxo de gene entre essas formas por meio de uma cadeia de população contíguas; Em terceiro lugar, não pode haver ruptura do anel. E por fim, deve haver uma variação geográfica gradual conectando as duas espécies da ponta do anel. Mesmo o exemplo citado das salamandras não tendo todos esses pré requisitos, apresenta os principais como duas espécies coexistindo e variedades em locais diferentes apresentando caracteres intermediários. E mesmo assim, foi escolhido por Mayr como demonstração perfeita de especiação.<ref name =macaes>A marca da evolução nas espécies. Bruno Maçães. Scientific American Brasil</ref>
 
 
=== Importância de alguns fatores na origem das espécies ===
O interesse que existe na ecologia da variação da diversidade é devido à alguns fatores desconhecidos que influem na origem das [[espécies]]. Esses fatores estão presentes em diferentes intensidades nas espécies em anel conhecidas. Um dos elementos é o fluxo gênico entre diferentes [[subespécies]]. Em umas a troca é grande, mas isso varia, pois em outras é pouca e em algumas é inexistente, violando assim o segundo critério para ser considerada espécie em anel. O que levaria os biólogos a desqualificarem esses anéis como autênticos.<ref>A marca da evolução nas espécies. Bruno Maçães. Scientific American Brasil<name=macaes/ref>
 
== Anel no tempo ==
Existem, relativamente, poucos casos relatados de espécies em anel devido a [[extinção]] de suas formas intermediárias. Porém se levarmos em conta os fósseis e espécies extintas, contaremos muito mais ocorrências de espécies em anel.
Caso voltemos no tempo, qualquer duas espécies que se reencontrarem tem atrás de si um anel continuo que termina no [[ancestral]] que deu origem a elas. Um modelo imaginário para humanos e chipanzés foi proposto pelo biólogo Richard Dawkins, da Universidade de Oxford. O experimento consiste em imaginar uma mulher dando a mão à suas antepassadas até chegar ao ancestral compartilhado com os chimpanzés em aproximadamente 480 mil gerações. O caminho inverso é feito com chipanzés. A mega-ancestral compartilhada por ambos dará a mão ao chipanzé fêmea e assim sucessivamente até chegar nos chipanzés modernos. Nesse continuum, é possível observar que não há mudanças abruptas. As modificações são lentas e passam por uma variedade de [[humanoide]] como [[Homo erectus]] e [[Australopithecus afarensis]] mostrando assim passo a passo as modificações acrescentadas e/ou modificadas ao longo do tempo e resultando nas visíveis diferenças morfológicas e genéticas que vemos atualmente.<ref>A marca da evolução nas espécies. Bruno Maçães. Scientific American Brasil</ref>
 
== Fragilidade da teoria da especiação parapátrica ==
A teoria tem dois pontos fracos quanto a sua evidência. O primeiro é quanto a história evolutiva das zonas hibridas. Elas podem ser primárias se evoluírem enquanto as espécies tinham distribuição geográfica aproximadamente igual à atual, ou secundárias se no passado a espécie era subdividida em populações separadas e então evoluíram as diferenças nas formas e depois expandiram-se e se reencontraram na atual zona hibrida. No entanto, as zonas hibridas só relatam alguma etapa da [[especiação]] se forem primárias. Se a maioria das zonas hibridas na natureza forem secundárias, é sinal de que a diferença entre as formas híbridas evoluíram alopatricamente e não em parapatria.
Evidencias sugerem que a maioria das [[zona híbrida|zonas híbridas]] encontradas são secundária. Um exemplo são o corvo carniceiro e o de topete que só se encontraram depois que sua distribuição expandiu após a glaciação mais recente.<ref>A marca da evolução nas espécies. Bruno Maçães. Scientific American Brasil<name=macaes/ref>
 
==Veja também==