Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive: diferenças entre revisões

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O '''Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive''' ('''EGPGC''') foi um grupo armado [[galiza|galego]] cujo objetivo era a independência de [[Galiza]] e a transformação da sociedade segundo os princípios do [[socialismo]].
 
O '''Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive''' ('''EGPGC''') foi um grupo armado [[galizaGaliza|galego]] cujo objetivo era a independência deda [[Galiza]] e a transformação da sociedade segundo os princípios do [[socialismo]]. Esteve operativo entre [[1987]] e [[1991]], época durante a qual o EGPGC realizou um total de 90 ações armadas e multidão de ações de aprovisionamento.
Foi fundado em [[1986]] e foi constituído no início por militantes da [[Galiza Ceive]] e alguns membros da [[UPG]].
 
==História==
===Origens===
O EGPGC foi fundado em 1986 por militantes de duas organizações independentistas e socialistas galegas, [[Galiza Ceive-OLN]] e o [[Partido Comunista de Libertação Nacional]], uma cisão da [[União do Povo Galego]] produzida em 1986, quando o V Congresso da UPG decidiu aceitar a [[Constituição espanhola de 1978]] e abandonar a [[luta armada]].
 
===Primeiras ações: bancos e instalações industriais===
A primeira ação do EGPGC produziu-se em janeiro de [[1987]] e consistiu no roubo de [[dinamite]] numas minas das [[As Pontes de García Rodríguez|Pontes de García Rodríguez]]. Essa dinamite será empregada para fazer explodir sete bombas na madrugada de 5 de fevereiro perante outras sete sucursais bancárias nas cidades da [[Corunha]], [[Ferrol]], [[Santiago de Compostela|Compostela]], [[Pontevedra|Ponte Vedra]], [[Vigo]], [[Ourense]] e [[Lugo]]. Os atentados foram reclamados na Rádio Televisão da Galiza como mostra de apoio aos três militantes independentistas [[Manuel Chao Dobarro]], de Galiza Ceive-OLN, [[Jaime Castro Leal]] e [[José Sanmartín Bouzá]] que iam ser julgados na Audiência Provincial da Corunha na manhã daquele dia, e para os que os promotores solicitavam 15 anos de prisão por roubo frustrado, tença ilícita de armas e troca de placas de veículo. A imprensa identificou os três militantes como membros do EGPGC, e a Audiência Provincial condenou os julgados a 7 anos de prisão.
 
Em 1 de maio, o EGPGC volveu atentar, com oito bombas, em sucursais bancárias da [[Corunha]], [[Compostela]], [[Vigo]], [[Betanzos]] e as [[As Pontes de García Rodríguez|Pontes de García Rodríguez]], causando importantes danos materiais, ao serem os artefactos explosivos de uma potência consideravelmente maior. O atentado foi reivindicado dois dias depois na redação do semanário nacionalista [[A Nosa Terra]]. Em 12 de novembro, o EGPGC atentou mais uma vez, nesta ocasião contra uma torre de apoio de uma linha de alta tensão em Matamá ([[Vigo]]). Outra bomba contra uma infraestrutura similar foi colocada dois dias depois em [[Lugo]]. Em 17 de dezembro, o Exército Guerrilheiro atentou novamente à bomba na cidade da [[Corunha]], diante da delegação do governo espanhol, e na cidade de [[Ferrol]], onde o artefacto foi feito explosionar pela polícia espanhola de maneira controlada. O ano 1988 continuou com a linha de atentados contra interesses bancários na Galiza: em 7 de fevereiro, a polícia espanhola desativava uma nova bomba dirigida contra o [[Banco Pastor]] na cidade de [[Vigo]].
 
===Forças de Segurança e Manuel Fraga===
Então, o EGPGC abriu mais uma linha de objetivos das suas ações. Sem abandonar os ataques a bancos e instalações industriais, em março dirigiu as suas ações contra as forças de segurança espanholas. Em 9 e 14 de março foram atacados diferentes veículos, da [[Guardia Civil]] em [[Compostela]] e da [[Corpo Nacional de Polícia (Espanha)|Polícia Nacional]] em [[Vigo]], respectivamente, sem que se produzissem danos pessoais, ao acharem-se vazios. Simultaneamente, na mesma noite do 14, foi atacada mais uma torre de subministro elétrico em [[Castro Caldelas]], com um explosivo de procedência portuguesa. A polícia, com efeito, considerava que o EGPGC mantinha contactos "a sério" com as [[Forças Populares 25 de Abril]] portuguesas<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1988/05/28/espana/580773604_850215.html|titulo=Los GRAPO 'renacen' con un asesinato en un día negro en Galicia (espanhol)|autor=[[El País]]|data=28 de Maio de 1988|publicado=|acessodata=}}</ref>. O [[30 de abril]] de [[1988]] o EGPGC atentou contra duas empresas químicas em [[Pontevedra|Ponte Vedra]]: [[Celulosas de Pontevedra]], hoje [[ENCE]], que concentrava já então uma forte oposição social pelas contínuas verteduras descontroladas de resíduos na [[ria de Pontevedra|ria de Ponte Vedra]], e ELNOSA, conseguindo paralisá-las por dois dias.
 
No mesmo mês, o dia 27, o EGPGC levou em frente um dos seus atentados mais importantes ao atacar à bomba a residência de verão de [[Manuel Fraga Iribarne]], antigo ministro de Informação e Turismo (1962-1969) durante a ditadura de [[Francisco Franco]], na altura [[eurodeputado]] pela [[Alianza Popular]], e que apenas dois anos mais tarde se tornará presidente da [[Junta da Galiza]]. Na ação não se produziram, por enquanto, danos pessoais. Aquela foi a primeira e única ação do EGPGC contra um político. O atentado também fez com que a imprensa espanhola, muito mais preocupada pela atividade de [[ETA]], se interessasse a sério pela situação da luta armada na Galiza. A coincidência do atentado contra Manuel Fraga com o assassinato do empresário corunhês Claudio San Martín da parte dos [[Grupos de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro]] (GRAPO), fez a imprensa especular com a possibilidade de uma relação intensa, o que foi descartado por fontes da [[Brigada de Información]]<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1988/05/30/espana/580946402_850215.html|titulo=Practicamente identificados los "grapo" que mataron al empresario coruñés (espanhol)|autor=[[El País]]|data=30 de Maio de 1988|publicado=|acessodata=}}</ref> e ainda pelas próprias críticas deitadas pelo próprio EGPGC contra aquela ação dos GRAPO<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1988/06/03/espana/581292003_850215.html|titulo=El Exército Guerrilleiro se atribuye la voladura del chalé de Fraga (espanhol)|autor=[[El País]]|data=3 de Junho de 1988|publicado=|acessodata=}}</ref>.
 
===Primeiras detenções===
Desde a sua origem em 1986, os atentados do Exército Guerilheiro —fundamentalmente, à bomba— foram ganhando em intensidade. Porém, as primeiras detenções não se produzem até 29 de maio de 1988. A [[Guardia Civil]] detem em [[Castro Caldelas]] seis pessoas: entre elas, [[Antom Árias Curto]], líder do EGPGC, [[Miguel Anxo Campuzano]], dirigente sindical e secretário da Pesca da [[Intersindical Nacional dos Trabalhadores Galegos]] (INTG) e também [[Susana Maria Lopes Pogas]], a quem acusam de pertencer às [[Forças Populares 25 de Abril]]. Árias Curto tenta fugir da comissaria de Ourense, sem consegui-lo e ficando ferido.
 
No dia seguinte, a Guarda Civil detém mais quatro pessoas que, segundo a acusação, realizavam tarefas de apoio e enlace<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1988/05/31/espana/581032812_850215.html|titulo=Interior considera descabezado al Exército Guerrilleiro tras realizar los GEO nuevas detenciones (espanhol)|autor=[[El País]]|data=31 de Maio de 1988|publicado=|acessodata=}}</ref>. O Governador Civil da Corunha declarou então que se considerava o EGPGC estar "descabeçado e praticamente desarticulado". O Delegado do Governo espanhol para a Galiza, [[Domingo García Sabell]] declarou também que nas operações policiais tinham caído todos os integrantes do Exército Guerrilheiro. Contudo, um telefonema em nome do EGPGC dirigido à [[Radio Galega|Rádio Galega]] assegurou que a estrutura do grupo continuava intacta. Em qualquer caso, as detenções fizeram com que todos os partidos políticos do nacionalismo rechaçassem as ações armadas, com a exceção do PCLN, dirigido por [[Mariano Abalo]]. As detenções continuaram ainda o dia 31, com mais um membro detido, ao tempo que vários membros já detidos denunciavam perante o juiz terem sido torturados pelas forças de segurança. Durante o processo judicial contra os onze detidos, dois são postos em liberdade sem cargos, e o resto reconhece fazer parte do EGPGC, com a exceção de Miguel Campuzano, da INTG.
 
Em resposta ao processo judicial e à dispersão penitenciária decretada pelo juiz, o EGPGC volveu atentar o 5 de junho, com carro-bomba, perante a delegacia da Polícia de [[Ourense]] a que foram conduzidos os onze detidos. Como resultado, um policial resultou ferido, o que não impediu que a delegacia do governo espanhol continuasse a afirmar que o Exército Guerrilheiro estava desarticulado. Ademais, os detidos começaram uma greve de fome para protestar pela dispersão, que se fez efetiva em 6 de junho, sendo trasladados à prisão de máxima segurança de Alcalá-Meco, em [[Madrid]]. O 25 de julho, por volta de cem pessoas deslocaram-se para Madrid para celebrar o [[Dia da Pátria Galega]] perante os cárceres de Alcalá-Meco e Carabanchel. [[Gladys Afonso]], porta-voz das pessoas desplazadas, denunciou a situação de desatenção médica em que se encontravam os pressos Árias Curto e Susana López. O 9 de agosto, o EGPGC volveu atentar, à bomba, contra a estátua equestre de [[Francisco Franco]] em [[Ferrol]].
 
===O manifesto ''Nova poética galega''===
O 31 de agosto de 1988, o Exército Guerrilheiro difundiu nos medios de comunicação a sua primeira declaração sob o título de ''Nova poética galega'', onde fixa como táctica a "guerra popular prolongada" e como objetivos as empresas estrangeiras, as entidades que fabriquem na Galiza produtos nocivos, os traficantes de droga, os beneficiários da madeira queimada nos montes durante as vagas de incêndios florestais comuns na Galiza e a simbologia fascista mantida desde a morte de Franco. Rechaça, porém, o confronto direto com as "forças de ocupação".
 
===Salto qualitativo e novas detenções===
Embora a situação de prisão de membros significativos do EGPGC, as ações do grupo armado continuaram sendo dirigidas contra os interesses habituais, visando causar apenas danos materiais. Apenas uma semana após o envio da primeira declaração, o EGPGC fez explosionar sete bombas de mediana potência em [[Compostela]], [[Corunha]], [[Ferrol]] e [[Vigo]], contra sucursais bancárias e a contra a elétrica [[Unión Fenosa]]. A polícia conseguiu desativar mais três bombas na Corunha.
 
A decisão de não atacar a vida das pessoas constituia um dos factos diferenciais do Exército Guerrilheiro a respeito de outros grupos armados que agiam na época como os [[GRAPO]], [[ETA]] no [[País Basco]] ou [[Terra Lliure]] em [[Catalunha]]. O manifesto publicado a 31 de agosto de 1988 confirmava, ademais, o rechaço de um confronto direto com as "forças de ocupação". E, nessa linha, o líder Árias Curto tinha assegurado que o EGPGC não iria atentar contra vidas humanas.
 
Em 2 de fevereiro de 1989, o EGPGC protagonizou, porém, um importante salto qualitativo: um comando formado por quatro militantes atentou diretamente contra dois agentes da Guardia Civil no concelho de [[Irixoa|Irijoa]. Um dos agentes resultou morto e o outro, ferido de gravidade. Minutos depois, dois dos quatro integrantes do comando foram detidos pela Guardia Civil nas imediações do lugar, enquanto outros dois conseguiram fugir. Aquela era a primeira ocasião em que resultava morta uma pessoa por um atentado do EGPGC. Dois dias após os acontecimentos, foi detida na Corunha [[Josefa Rodríguez Porcar]], acusada de ser a chefa do comando do atentado de [[Irixoa|Irijoa]], e trasladada a Madrid, conjuntamente com os outros oito detidos pela ação<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1989/02/05/espana/602636401_850215.html|titulo=Detenida la supuesta jefa del comando que asesinó a un guardia civil en La Coruña (espanhol)|autor=[[El País]]|data=5 de Fevereiro de 1989|publicado=|acessodata=}}</ref>. Um deles, [[Ramón Piñeiro]], militante do sindicato nacionalista [[INTG]], declarou que as mortes se produziram de maneira fortuita e que o objetivo da operação não era assassinar os agentes, mas substraer as suas armas. Ademais, denunciou ameaças de morte da parte dos fardados e de torturas com electrodos. Similares torturas foram denunciadas por outros detidos, como Francisco Niño e outros detidos, alguns dos quais negaram serem militantes do Exército Guerrilheiro.
 
A imprensa especulou então com que o salto qualitativo do EGPGC respondesse a uma infiltração de militantes dos GRAPO na organização independentista, hipótese que foi descartada pelas autoridades<ref>{{Citar web|url=http://elpais.com/diario/1989/02/04/espana/602550012_850215.html|titulo=Una dirigente peligrosa (espanhol)|autor=[[El País]]|data=4 de Fevereiro de 1989|publicado=|acessodata=}}</ref>. E o EGPGC volve atentar à bomba, nesta ocasião contra uma esquadra da polícia de [[Vigo]].
 
 
 
 
==Presença social==
O nível de apoio social do EGPGC, a diferença do que acontecia com a [[ETA]] no [[País Basco]] na mesma altura, era muito minoritário.
 
Realizou um total de 90 acções armadas, tendo sido a última a [[13 de setembro]] de 1991.
Em [[1989]] assasinam um [[guarda civil]] na vila [[Província da Corunha|corunhesa]] de [[Irixoa]] e, entre [[1989]] e [[1990]], foi totalmente desarmada pela polícia e guarda civil, desaparecendo totalmente em [[1993]].
 
A [[Assembleia do Povo Unido]] foi a sua expressão política, ainda que vários dos seus membros tenham pertencido à [[Frente Popular Galega]].
 
{{Referências}}
 
{{Esboço-galiza}}