Venceslau de Lima: diferenças entre revisões

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==Biografia==
Oriundo de uma abastada família portuense, Wenceslau de Sousa Pereira de Lima foi enviado muito jovem para o estrangeiro, tendo aí feito os seus estudos preparatórios e secundários. Terminados esses estudos, regressou a Portugal com uma formação voltada para as ciências naturais, bem distinta da formação que as escolas portuguesas então propiciavam. Matriculou-se na [[Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra|Faculdade de Filosofia]] da [[Universidade de Coimbra]], completando o curso com elevada classificação. Requereu exame de [[licenciatura]], defendendo com brilhantismo{{carece de fontes}} uma tese sobre [[carvão|carvões vegetais]]. Logo de seguida, a [[26 de Novembro]] de [[1882]], [[doutor]]ou-se pela mesma Universidade.
 
Em [[1883]] concorreu para uma vaga de [[lente]] da [[Academia Politécnica do Porto]], tendo apresentado no respectivo concurso de provas públicas uma dissertação sobre a função [[Clorofila|clorofilina]]. Tendo a prova sido considerada brilhante e distinta{{carece de fontes}}, foi nomeado para o lugar, iniciando uma carreira que duraria perto de 30 anos. Durante esse período regeu, com pequenas intermitências causadas pela sua actividade política, a cadeira de [[geologia]] daquele estabelecimento de ensino superior. Paralelamente, desenvolveu ali um conjunto de trabalhos de investigação pioneiros no domínio da [[paleontologia]] vegetal.
 
Á época, a paleontologia era uma ciência nova e o estudo dos [[fóssil|fósseis]] encontrados em território português era muito incipiente, devendo-se essencialmente ao trabalho de alguns investigadores estrangeiros que tinha colectado amostras em Portugal. Os únicos trabalhos publicados por investigadores portugueses resumiam-se aos estudos sobre a flora fóssil do [[Carbonífero]] feitos por [[Bernardino António Gomes]].
 
Wenceslau de Sousa Pereira de Lima teve o mérito de reunir os trabalhos anteriormente publicados por estrangeiros, nomeadamente por [[Daniel Sharpe]], [[Charles Bunbury]] e [[Oswald Heer]], e a partir dessa base incipiente desenvolver um profícuo estudo da geologia e paleontologia vegetal de Portugal, com destaque para a referente aos terrenos carboníferos.
 
A sua dedicação a estes estudos levaram, em [[1886]], à sua nomeação como engenheiro da Secção dos Trabalhos Geológicos, encarregado do estudo da flora fóssil portuguesa. Foi, nessas funções, um dos colaboradores de [[Carlos Ribeiro (geólogo)|Carlos Ribeiro]], um dos pioneiros da geologia portuguesa.
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O seu importante trabalho científico valeu-lhe a nomeação como sócio efectivo da [[Academia Real das Ciências de Lisboa]] e do [[Instituto de Coimbra]].
 
Sendo uma personalidade multifacetada e com grande capacidade de intervenção na vida social, Wenceslau de Sousa Pereira de Lima não se limitou à sua carreira científica: pouco depois de iniciar funções docentes filiou-se no [[Partido Regenerador]], tendo de seguida desempenhado o cargo de [[governador civil]] dos distritos de [[Vila Real]], [[Coimbra]] e [[Porto]]. Foi também eleito deputado pelos círculos do norte de Portugal em diversas legislaturas. Em [[1901]] foi elevado a [[Par do Reino]], tendo tomado assente na respectiva Câmara na sessão de [[17 de Março]] daquele ano.
 
As suas intervenções nas Cortes centraram-se nos temas relacionados com a instrução pública, pugnando pela reforma do [[Conselho Superior de Instrução Pública]], órgão de que era membro.
 
Quando em [[1903]] coube a [[Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro]] assumir a presidência do Conselho de Ministros, convidou Wenceslau de Sousa Pereira de Lima para assumir o cargo de [[Ministro dos Negócios Estrangeiros]], a que ele acedeu. Durante o seu mandato conseguiram-se notáveis progressoprogressos no relacionamento com o [[Reino Unido]] e celebrou-se um tratado comercial com a [[Alemanha]].{{carece de fontes}} Voltou à pasta dos Negócios Estrangeiros em [[1905]].
 
Em [[1909]], já em pleno período de implosão da [[monarquia constitucional]] portuguesa foi nomeado para formar governo, presidindo a um dos últimos executivos do regime. Durante a sua efémera passagem pela presidência, acumulou as funções de [[Ministro do Reino]].
 
Ao longo da sua brilhante carreira política, foi também membro do Conselho de Estado, presidente da Câmara Municipal do Porto, director da [[Escola Médico-Cirúrgica do Porto]] e provedor da Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. Foi ainda vice-presidente da comissão executiva da [[Assistência Nacional aos Tuberculosos]] e vogal da comissão do [[Patronato Portuense]].
 
Foi também um grande e esclarecido viticultor, introduzindo nas suas importantes propriedades vários melhoramentos técnicos, alguns pioneiros em Portugal. Nesta área de actividade foi presidente da Comissão Anti[[Filoxera|Filoxérica]] do Norte, introduzindo nessas funções diversas inovações técnicas na luta contra aquela praga das vinhas.
 
Intransigente nas suas ideias políticas, com a [[implantação da República Portuguesa]], não querendo de forma alguma colaborar com um regime com que não concordava, demitiu-se de todos os cargos públicos que desempenhava.{{carece de fontes}}
 
Afastado da actividade política, durante os últimos anos da sua vida, a sua actividade intelectual orientou-se para os trabalhos de investigação científica, preparando um estudo sobre os terrenos carboníferos portugueses, que infelizmente não pôde terminar por ter entretanto falecido.
 
Era [[Comendador]] e Grã-Cruz da [[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito]], da [[Ordem Militar de Sant’Iago da Espada]], da [[Ordem Militar de Cristo]] e da [[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]]. Também recebeu diversas condecorações estrangeiras, entre as quais a [[Legião de Honra]] de [[França]], e as Comendas da [[Ordem de Carlos III]] e da [[Ordem de Isabel a Católica]] de [[Espanha]], da [[Ordem dos Santos Maurício e Lázaro]] de [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]], da [[Ordem de Vitória]] da [[Grã-Bretanha e Irlanda]] e da [[Ordem de Leopoldo I]] da [[Bélgica]].