Exu (orixá): diferenças entre revisões

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==Arquétipos==
Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso, sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem se tornar vingativos e extremamente crueis.
 
== Algumas Considerações==
 
<ref>Texto extraído de Aulo Barretti Filho: "Considerações Finais" pp. 132-133 em “Òsóòsì e Èsù, os Òrìsà Alákétu”. In: ''Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu''. Aulo Barretti Filho (org.), pp. 75-139. São Paulo, Edusp, 2010.</ref> - "Sobre o ''Òrìsà Èsù'', além de suas atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e poderosas qualidades – como ''O Guardião do Àse'' – que recebendo a réplica desta força neutra de ''Olódùmarè'' (Fálàdé, 1998, p. 494)<ref>Fálàdé, Fásínà. ''Ifá: the key to it’s understanding'', Lynwood, Àrà Ifá Pub., 1997.</ref>, coloca-a à disposição de todos, seja para os homens ou para os ''Òrìsà'', confirmando que ''Èsù'' de mal e/ou mau nada têm mas, ao contrário, apenas age com justiça.<br />
 
Suas ações para com os seres humanos são altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para aqueles que fazem uso adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos, seja em relação a si mesmo, seja em relação ao meio ambiente em que vive.<br />
 
Recordando uma frase citada: “(...) Isto acontece por que algumas pessoas erroneamente possuem a convicção que Esu é o Opositor Satanás” (Fálàdé, 1998, p. 493)<ref>''idem'' nota 2</ref> e que, além disso, o que faz com que os sacerdotes sejam bons ou maus não é o simples fato de administrar o ''àse'', e sim a forma que deliberadamente usam este ''àse'', podemos dizer que isto é uma questão humana de caráter, e nada tem haver com o poder divino do ''Àse''. O que podemos dizer de ''Èsù'', que recebeu e administra a cópia do próprio ''Àse de Olódùmarè''? ''Èsù'' é igualmente neutro como o próprio ''Àse'', por isso é o guardião do ''Àse''.<br />
 
Como ''Òdàrà'', ele recebe, como ''Elégbára'', faz acontecer, e como ''Òjísé''. conduz o retorno. Tudo isso é "''Èsù – Olódùmarè'' assim determinou." (Abimbola, 1975, p. 3)<ref>Abimbola, Wande. ''Ifá, an exposition of Ifá Literary Corpus''. Ibadan, Oxford Uni Press, 1976.</ref> Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer? Como ele pode ser tão temível se é tão neutro como o ''Àse''? Quando narramos o ''Odù Iwori-Ofun'' (Bascom, 1969, pp. 310-311)<ref>Bascom, William. ''Ifa Divination''. Indiana, Indiana Univ. Press, 1969.</ref>, vimos que simplesmente ''Èsù'' cumpriu seus desígnios de forma imparcial.<br />
 
As explanações aqui realizada efetivamente enalteceram ''Èsù'', porém, cabe tecer algumas considerações sobre a absurda questão, mesmo por sincretismo, de que o ''Òrìsà Èsù'' seja o diabo das religiões cristãs e/ou o mal absoluto tratado pelas religiões ocidentais, que diferem totalmente dos conceitos da religião dos ''Òrìsà'' (''Òrìsàismo'') (Barretti Fº, 2010)<ref>Barretti Filho, Aulo. [http://aulobarretti.wordpress.com/orisaismo/ ''Òrìsàismo''] In: [http://aulobarretti.wordpress.com ''Artigos & Textos''.] Internet, 2012.</ref>, praticada na chamada ''Yorubaland'' e nos candomblés da diáspora.<br />
 
Que fique registrado que a religião dos ''Òrìsà'', praticada em qualquer parte do mundo independentemente do nome regional adotado, não reconhece a Bíblia, seja do velho ou do novo testamento, como um de seus pertences sagrados, nem tampouco o Alcorão e a Torá. Para eles, ''Òrìsàistas'', trata-se simplesmente de livros religiosos, como tantos outros. Mesmo sendo a religião dos ''Òrìsà'' oriunda da tradição oral, portanto ágrafa, apesar de já deter muitos escritos, o único “livro ou fala sagrada” que reconhece em todos os seus ditames é o corpo “literário” do oráculo de ''Ifá'', os ''Odù Ifá'', cujo governo pertence à divindade ''Òrúnmìlà'', portador de imensa sabedoria e conhecido como “''Ibìkejì Olódùmarè'' – a segunda pessoa de ''Olódùmarè''”.<br />
 
Conceitos religiosos europeus não faziam parte das tradições ''yorùbá'' antes das colonizações, nem de suas descendentes na diáspora, tampouco antes dos senhores de escravos imporem aos africanos o catolicismo.<br />
As formas deturpadas, aculturadas e sincréticas que impuseram e continuam impor à religião, nos dias de hoje, foram e ainda o são, os maus frutos decorrentes do processo da escravatura nas Américas e das colonizações europeias impostas a povos africanos. (conferir em: [http://aulobarretti.files.wordpress.com/2012/08/os_clerigos_nativos_yoruba5.pdf "Os Clérigos Nativos ''Yorùbá.''"])<br />
 
Outros conceitos como o de alma cristã, concepções de céu, inferno e purgatório, encontraram terreno fértil para se propagar no já contaminado caminhar das tradições ''yorùbá'' e de suas descendentes, por missionários, agentes governamentais e autores pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, costumes e religião dos ''yorùbá'', escritos e interpretados pela ótica do colonizador e/ou opressor. E o pior, muito desses escritos (que até hoje continuam) criaram falsas tradições, que se tornaram “verdades literárias inquestionáveis” e vitimam a religião ''yorùbá'' até hoje." (Barretti Fº, 2010, pp. 132-133) <ref>Barretti, Filho. Aulo. “Òsóòsì e Èsù, os Òrìsà Alákétu”. In: ''Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu''. Aulo Barretti Filho (org.), pp. 75-139. São Paulo, Edusp, 2010.</ref> (conferir em: [http://aulobarretti.wordpress.com/livro-dos-yoruba-ao-candomble-ketu/dos-yoruba-os-autores/ ''Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu'' – Os Autores])<br />
 
==Tipo de Exus==
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* {{Link||2=http://books.google.com.br/books?id=AxXE65flKPwC&pg=PA162&lpg=PA162&dq=esu+african&source=bl&ots=P6e4SRwVNK&sig=NkKxW2FSyNydyUTXBvgUhR0zQTA&hl=pt-BR&ei=1_A2SqqUMJiNtgfOi-jUDA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3#PPA162,M1 |3=African intellectual heritage |4=Por Molefi K. Asante, Abu Shardow Abarry Publicado por Temple University Press, 1996 ISBN 1-56639-403-1}}
* {{Link||2=http://books.google.com.br/books?id=mYZtSQsR2v4C&pg=RA1-PA148&dq=esu+african |3=Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de Todos os Santos e na antiga costa dos escravos na África |4=Por Pierre Verger Publicado por EdUSP, 1999 ISBN 85-314-0475-4}}