Cassiano Branco: diferenças entre revisões

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A influência da Art Déco e do modernismo europeu torna-se determinante a partir do início da década de 1930. Cassiano Branco empenha-se em projetos visionários, formalmente avançados, para o desenvolvimento de uma vasta área de lazer e turismo na [[Costa da Caparica]] e para uma hipotética Cidade do Filme Português, [[Cascais]]; realiza diversos estudos para o [[Éden Teatro|Cineteatro Éden]], Lisboa; projeta o Hotel Vitória e o [[Coliseu do Porto]], assim como um conjunto de notáveis edifícios de habitação que irão servir de modelo para muitos prédios da década de 1930 (em alguns casos o mimetismo é tal que se torna difícil distinguir as suas obras das dos seus imitadores).<ref>Gomes, Paulo Varela – O fazedor de cidade. In: A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991, p. 110</ref> <ref>Bártolo, José – '''Cassiano Branco'''. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 20, 21.</ref>
 
De fortes convicções políticas, opositor declarado do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]] de [[Salazar]], Cassiano Branco fica excluído das encomendas oficiais de maior estatuto e visibilidade. Participa de forma discreta na [[Exposição do Mundo Português]] (1940) e realiza projetos para barragens, mas o grosso da sua obra será para uma clientela privada. Também o seu feitio, difícil e exigente, ditará o abandono prematuro de diversos empreendimentos de grande dimensão, por divergências com clientes ou construtores. E no entanto, apesar de terem sido terminados por mão alheia, nos cinemas lisboetas Éden e Império, abandonados durante o projeto, e mais ainda no Coliseu do Porto, de que se afastou já em fase de construção, a sua autoria permanece claramente identificável, pelo que em publicações de referência todos estes edifícios lhe são atribuídos (repare-se que na década de 1990 o cineteatro Éden foi quase totalmente demolido, dele restando apenas a fachada principal, masadulterada tambémpela elaabertura adulteradade dois enormes vãos).<ref>A.A.V.V. – '''Cassiano Branco, uma obra para o futuro'''. Lisboa: Edições Asa, 1991</ref>
 
Embora a vários níveis um resistente, Cassiano Branco não foi totalmente alheio ao estilo oficial do Estado Novo (vulgarmente apelidado [[Português Suave]]<ref>Fernandes, José Manuel – Português Suave: Arquiteturas do Estado Novo. Lisboa: IPPAR, Departamento de Estudos, 2003. ISBN 972-8736-26-6</ref>), que dominou o panorama arquitetónico nacional a partir do final da década de 1930. Uma obra à qual se dedicou longamente foi o [[Portugal dos Pequenitos]], Coimbra (1937-1962), onde evocou edifícios e tipologias arquitetónicas nacionais, numa síntese historiográfica do país à escala das crianças. Também o Grande Hotel do Luso (1940) ou o edifício da Praça de Londres (1951) revelam uma aproximação ao idioma tradicionalista então dominante.<ref>Bártolo, José – '''Cassiano Branco'''. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 20, 21.</ref><ref>[[José Augusto França|França, Jose Augusto]], José Augusto – '''A arte em Portugal no século XX''' [1974]. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 234</ref>