Crise da dívida pública da Zona Euro: diferenças entre revisões
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[[Arquivo:Debt profile of Eurozone countries.png|thumb|upright=1.35|alt=Perfil das dívidas soberanas dos países da zona euro|Perfil das dívidas soberanas dos países da zona euro]]
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<!-- ... A FAZER: antes da Grécia, também houve a Irlanda; é preciso falar disso. -->
A origem da crise da dívida pública tem raízes na [[crise financeira de 2008-2009|crise financeira do final da década de 2000]], onde a falência do [[Lehman Brothers]] em 2008 mergulhou o [[sistema financeiro]] global numa crise e abriu caminho para a maior crise económica desde a [[Grande Depressão]].
Os governos de alguns estados lançaram, naquela altura, uma operação para salvar os bancos,
Esta intervenção
<!-- A crise da dívida grega -->
A crise começou com a difusão de rumores sobre o nível da [[dívida pública]] da [[Grécia]] e o risco de [[Moratória|suspensão de pagamentos]] pelo governo grego.
▲A crise começou com a difusão de rumores sobre o nível da [[dívida pública]] da [[Grécia]] e o risco de [[Moratória|suspensão de pagamentos]] pelo governo grego. A crise da dívida grega teria sido iniciada no final de 2009, mas só se tornou pública em [[2010]]. Resultou tanto da [[crise econômica de 2008-2009|crise econômica mundial]] como de fatores internos ao próprio país - forte endividamento (cerca de 120% do [[PIB]]) e [[déficit]] orçamentário superior a 13% do PIB.
A situação foi agravada pela falta de transparência por parte do país na divulgação dos números da sua dívida e do seu déficit. Segundo o economista [[Jean Pisani-Ferry]], nos últimos dez anos, a diferença média entre o déficit orçamentário real e a cifra notificada à [[Comissão europeia]] foi de 2.2% <ref>[http://pisani-ferry.typepad.com/commentaires/2010/03/index.html C'est le tour de l'Espagne], por Jean Pisani-Ferry, publicada originalmente no ''[[Le Monde]]'', 17 de março de 2010.</ref> do PIB.<ref>[http://pisani-ferry.typepad.com/commentaires/Jean Pisani-Ferry "Gouvernement économique mode d'emploi"], por Jean Pisani-Ferry, publicado originalmente no ''Le Monde'', 23 de fevereiro de 2010.</ref>
Diante das sérias dificuldades econômicas da Grécia, a [[União Europeia]] adotou um plano de ajuda , incluindo empréstimos e supervisão do [[Banco Central Europeu]]. O [[Conselho Europeu]] também declarou que a UE realizaria uma operação de ''[[bailout]]'' do país, se fosse necessário.<ref>Willis, Andrew (12 February 2010) [http://euobserver.com/?aid=29457 Van Rompuy: Eurozone will bail out Greece if needed], EU Observer</ref> A ameaça de extensão da crise a outros países, nomeadamente [[Portugal]] e [[Espanha]],<ref name="Fogo">[http://www.ionline.pt/conteudo/58573-fogo-em-atenas-pior-crise-do-euro-encosta-portugal--parede Crise do euro: Fogo em Atenas. Pior crise do euro encosta Portugal à parede], por Bruno Faria Lopes. ''iOnline'', 6 de Maio de 2010.</ref><ref>[[Portugal]], [[Irlanda]], [[Grécia]] e [[Espanha]] constituíam o grupo de países apelidado de [[PIGS]] pelos jornalistas financeiros anglo-saxões, em razão da falta de disciplina orçamental [http://www.lesechos.fr/info/inter/300395260.htm?xtor=RSS-2053 « PIGS pour Portugal, Irlande, Grèce et Espagne »]. ''Les Échos'', 8 de dezembro de 2009.</ref> levou-os a tomar medidas de austeridade.<ref>[http://eco.rue89.com/2010/04/30/portugal-irlande-grece-et-espagne-la-claque-sociale-149489 « Portugal, Irlande, Grèce et Espagne : la claque sociale »], 30 de abril de 2010.</ref> ▼
Segundo alguns analistas, em última instância, essa crise poderia significar [[nota de risco|rebaixamento]] das dívidas de todos os países da Europa.<ref>[http://www.lemonde.fr/economie/article/2010/04/29/crise-de-la-dette-l-europe-est-menacee-de-declassement_1344821_3234.html Crise de la dette : "L'Europe est menacée de déclassement"]. ''Le Monde'', 29 de abril de 2010 |</ref> Os ataques especulativos à Grécia foram considerados por alguns, inclusive pelo governo grego, como ataques à Zona Euro - através do seu elo mais fraco, a Grécia.<ref>[http://www.euractiv.com/en/reece-rejects-bailout-as-eurozone-worries-grow Greece rejects bailout as eurozone worries grow], Euractiv</ref>▼
A partir de março de 2010, a Zona Euro e o [[Fundo Monetário Internacional]] (FMI) debateram conjuntamente um pacote de medidas destinadas a resgatar a economia grega, que foi bloqueado durante semanas devido em particular a divergências entre a Alemanha, economia líder da zona, e os outros países membros. Durante essas negociações e perante a incapacidade da Zona Euro de chegar a um acordo, a desconfiança aumentou nos mercados financeiros, enquanto o euro teve uma queda regular e as praças bolsistas apresentavam fortes quedas.
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Finalmente, em 2 de maio de 2010, a [[União Europeia]] (UE) e o FMI acordaram um plano de resgate de 750 bilhões de euros para evitar que a crise se estendesse por toda a Zona Euro. A essa medida adicionou-se a criação, anunciada a 10 de maio, de um fundo de estabilização coletivo para a Zona Euro. Ao mesmo tempo, todos os maiores países europeus tiveram que adotar os seus próprios planos de ajuste das finanças publicas, inaugurando uma era de [[austeridade]].<ref>[http://br.finance.yahoo.com/news/Estudantes-brit%C3%A2nicas-rbr-863305768.html?x=0 Estudantes britânicas desesperadas "recorrem à prostituição"], [[Yahoo!]], acessado em [[15 de dezembro]] de [[2011]]</ref>
▲Segundo alguns analistas, em última instância, essa crise poderia significar [[nota de risco|rebaixamento]] das dívidas de todos os países da Europa.<ref>[http://www.lemonde.fr/economie/article/2010/04/29/crise-de-la-dette-l-europe-est-menacee-de-declassement_1344821_3234.html Crise de la dette : "L'Europe est menacée de déclassement"]. ''Le Monde'', 29 de abril de 2010 |</ref> Os ataques especulativos à Grécia foram considerados por alguns, inclusive pelo governo grego, como ataques à Zona Euro - através do seu elo mais fraco, a Grécia.<ref>[http://www.euractiv.com/en/reece-rejects-bailout-as-eurozone-worries-grow Greece rejects bailout as eurozone worries grow], Euractiv</ref>
<-- Ameaça de contágio a outros países -->
No início de 2010 surge uma renovada ansiedade sobre as dívidas públicas excessivas, levando os investidores a exigir taxas de juro cada vez mais altas a vários países com elevados níveis de dívida, de défice público e de défice da [[balança corrente]].
Por sua vez, isso dificultou aos governos a continuação do financiamento desses défices e o serviço da dívida, sobretudo nos casos onde a economia crescia pouco e investidores estrangeiros detinham uma grande parcela dessa dívida, como acontecia com a Grécia e Portugal.
<ref>{{cite web|url=http://www.gfmag.com/tools/global-database/economic-data/10394-public-debt-by-country.html|title=Public Debt by Country | Global Finance| last1=Ventura| first1=Luca |last2=Aridas |first2=Tina |date=dezembro2011 |publisher=Gfmag.com|accessdate=19 de maio de 2011}}</ref>
Uma crise de confiança emergiu com o afastamento dos ''spreads'' das obrigações da dívida pública e dos ''swaps'' de risco de incumprimento (''CDS'', em inglês) destes países relativamente com os outros [[estados-membros da União Europeia]], sobretudo da Alemanha.
<ref>{{cite web|url=http://www.ft.com/cms/s/0/7d25573c-1ccc-11df-8d8e-00144feab49a.html |title=Gilt yields rise amid UK debt concerns| last1=Oakley | first1=David | last2=Hope | first2=Kevin |work=Financial Times |date=18 de fevereiro de 2010 |accessdate=15 de abril de 2011}}</ref>
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Também gerou um forte debate entre economistas, sendo alguns deles apologistas de maiores défices para as economias em dificuldades.
<!-- ... A FAZER: expandir sobre a controvérsia da eficácia da austeridade e dos economistas discordantes; descrever o "erro do mnultiplicador" do FMI e dos relatórios deste também aconselhando abrandamento da austeridade. -->
<!-- Beneficiários da crise -->
No final de 2011, estima-se que a Alemanha tenha obtido mais de 9 biliões de euros com a crise, com a fuga dos investidores para os títulos de dívida do governo federal alemão (''bunds''), mais seguros apesar da sua taxa de juro próxima de zero.
<ref name="euo_09112011">{{cite news |url=http://euobserver.com/19/114231 |title=Germany estimated to have made €9 billion profit out of crisis |author=Valentina Pop |date=9 de novembro de 2011 |newspaper=EUobserver |accessdate=8 de dezembro de 2011}}</ref>
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<ref>{{cite news |url=http://www.bloomberg.com/news/2011-09-06/swiss-national-bank-sets-minimum-exchange-rate-of-1-20-against-the-euro.html |title=Swiss Pledge Unlimited Currency Purchases |author= |date=6 de setembro de 2012 |newspaper=Bloomberg |accessdate=6 de setembro de 2012}}</ref>
<!-- Ameaça de desmantelamento da zona euro -->
Apesar da dívida soberana ter aumentado substancialmente em poucos países da zona euro, e de os três países mais afetados, Grécia, Irlanda e Portugal, representarem apenas 6% do [[produto interno bruto|PIB]] da zona euro,<ref>{{cite web |url=http://www.project-syndicate.org/commentary/rogoff81/English |title= The Euro’s PIG-Headed Masters |work=[[Project Syndicate]] |date= 3 de junho de 2011}}</ref> foi entendido como sendo um problema da zona euro como um todo,<ref>{{cite web |url=http://www.spiegel.de/international/europe/0,1518,769329,00.html |title=How the Euro Became Europe's Greatest Threat|work=Der Spiegel |date= 20 de junho de 2011}}</ref> e levou à especulação acerca do [[contágio da crise da dívida pública europeia|contágio a outros países europeus]] e do possível desmantelamento da zona euro.
A crise provocou uma renovada discussão sobre a coordenação econômica e integração fiscal da Zona Euro, sendo apontadas como como problemas mais importantes a não existência de um tesouro e de um orçamento consolidado.<ref>Irvin, George (11 February 2010) [http://euobserver.com/7/29451 Comment: How serious is the euro debt crisis?], EU observer</ref><ref>Willis, Andrew (18 February 2010) [http://euobserver.com/19/29501 Greek drama heightens debate on economic co-ordination], EU Observer</ref>
<!-- Resultados das intervenções -->
Até ao final de 2012 a crise da dívida tinha obrigado a cinco dos 17 países da zona euro a pedir ajuda aos outros países.<ref name="ideas.repec.org">Haidar, Jamal Ibrahim, 2012. "[http://ideas.repec.org/a/wej/wldecn/511.html Sovereign Credit Risk in the Eurozone]," World Economics, World Economics, vol. 13(1), págs. 123-136, Março</ref>▼
Em meados de 2012, em resultado de uma consolidação fiscal bem sucedida, da implementação de reformas estruturais nos países mais em risco, e de várias medidas políticas tomadas pelos líderes da UE e do BCE, a estabilidade financeira da zona euro melhorou significativamente e as taxas de juro passaram a uma tendência de descida.
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Em outubro de 2012, apenas três países se debatiam com taxas de juro de longo prazo superiores a 6%: Grécia, Portugal e Chipre.
<ref name="ECB-interest-rates">{{cite web|url=http://www.ecb.int/stats/money/long/html/index.en.html|title=Long-term interest rate statistics for EU Member States|publisher=ECB|date=13 de novembro de 2012|accessdate=13 de novembro de 2012}}</ref>
▲Até ao final de 2012 a crise da dívida tinha obrigado a cinco dos 17 países da zona euro a pedir ajuda aos outros países.<ref name="ideas.repec.org">Haidar, Jamal Ibrahim, 2012. "[http://ideas.repec.org/a/wej/wldecn/511.html Sovereign Credit Risk in the Eurozone]," World Economics, World Economics, vol. 13(1), págs. 123-136, Março</ref>
==Socorro financeiro==
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