Hartmann Schedel: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Schedel weltkarte.jpg|thumb|350px|O ''mapa-mundimúndi'' de Schedel. Nas margens os patriarcas bíblicos de cada um dos continentes então conhecidos pelos europeus: Europa, Ásia e África com, respectivamente, [[Jafé]], [[Sem]] e [[Cam]], os três filhos de [[Noé]].]]
[[Ficheiro:Schedel erfurt.jpg|thumb|250px|Imagem da ''Schedelsche Weltchronik'' mostrando [[Erfurt]].]]
[[Ficheiro:Rhodos1493.png|thumb|250px|A cidade de [[Rodes]], por Hartmann Schedel.]]
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Schedel ficou conhecido por ter redigido o texto da ''[[Crónica de Nuremberga]]'', também conhecida como ''Schedelsche Weltchronic'' (a ''Crónica do Mundo de Schedel''), publicada em latim e em alemão na cidade de [[Nuremberga]] no mesmo ano de 1493. A obra apresenta mapas e ilustrações de cidades e países, constituindo, em alguns casos, a mais antiga documentação do género sobre tais locais. Com a invenção da [[imprensa]] por [[Johannes Gutenberg]], em 1447, tornou-se possível imprimir livros e mapas para uma base mais alargada de leitores, já que por serem manuscritos e desenhados à mão, tais obras eram raras e muito dispendiosas.
 
Schedel foi também um coleccionador notável de livros, arte e estampas dos [[Mestres da gravura|mestres clássicos da gravura]]. Um albumálbum que Schedel encadernou em 1504 continha cinco [[gravura]]s da autoria de [[Jacopo de' Barbari]], fornecendo uma importante evidência para a datação dos trabalhos de' Barbari.
==Biografia==
Hartmann Schedel nasceu em [[Nuremberga]] no noano de 1440, filho do rico empresário Hartmann Schedel e de sua esposa Anna Grabner. Sua mãe morreu 1445 e o seu pai em 1451, pelo que ficou órfão com apenas 11 de idade. Tinha dois irmãos, Georg Schedel, que continuou a tradição paterna e foi mercador, e Johannes Schedel, que ingressou num [[Dominicano|mosteiro dominicano]].
 
Coube a Herrmann Schedel, um primo 30 anos mais velho, assumir a educação de Hartmann Schedel. Herrmann Schedel era médico, com consultório inicialmente em Nuremberga,<ref>Werner Dressendörfer: ''Hartmann Schedels Angaben zur Aufbewahrung von Arzneimitteln in Apotheken''. In: Gundolf Keil (Hrsg.): ''„gelêrter der arzenîe, ouch apotêker“. Beiträge zur Wissenschaftsgeschichte''. Würzburg 1982, S. 543–550.</ref> mas que durante alguns anos fora o médico pessoal de [[Frederico II de Brandemburgo|Frederico II]], o [[Margraviado de Brandeburgo|Eleitor de BrandemburgoBrandeburgo]]. Por razões climáticas, voltou para o sul da Alemanha fixando-se, mais tarde, na sua cidade natal de Nuremberga. Foi Herrmann Schedel quem conduziu Hartmann Schedel para a profissão médica e o introduziu ao [[humanismo]] e ao amor pelos livros.
 
Com 16 anos de idade, em 1456, Hartmann Schedel matriculou-se na [[Universidade de Leipzig]], onde completou um mestrado em artes liberais e assistiu a palestras de direito e [[direito canónico]]. Em 1461 aderiu ao círculo de intelectuais e estudantes liderado pelo [[humanista]] [[Peter Luder]], mudando-se em 1463 para [[Pádua]]. Na Universidade de Pádua, estudou Medicina, Anatomia e Cirurgia, concluindo a sua formatura em Medicina no ano de 1466. Paralelamente ao estudo da Medicina, frequentou palestras sobre Física e [[grego clássico]], sendo um dos primeiros alemães a ter acesso à língua grega e aos escritos da [[Grécia Antiga]]. Neste período, teve como [[tutor]] o humanista [[Matheolus Perusinus]].
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Em 1466 retornou a Nuremberga, mas passou grande parte dos anos seguintes viajando e a coleccionar e copiar livros. Nos anos de 1470 a 1477, estabeleceu-se como médico municipal da cidade de [[Nördlingen]] e entrou para a [[Cartuxa|irmandade cartuxa]] do [[Mosteiro de Christgarten]] (a Kartäuser im Christgarten). Em 1475 casou com Anna Heugel, de Nuremberga (†1485).
 
A sua carreira médica levou a fixar-semse em [[Amberg]], mas em 1482 regressou a Nuremberga, onde se casou em 1487 com Magdalena Haller (†1505), sua segunda esposa. Dos 12 filhos que teve nos dois casamentos, seis morreram em tenra idade.
 
Hartmann Schedel pertencia ao grupo dos cidadãos ricos de Nuremberga, sendo proprietário de vários imóveis, foros e renda. Também herdou a casa de seu primo Hermann Schedel, na Burgstraße (rua do Castelo), via na qual viveram [[Albrecht Dürer]] e as famílias patrícias dos [[Scheurl von Defersdorf]] e dos [[Haller von Hallerstein]]. Foi incluído no registo das 92 famílias mais ricas e honoráveis da cidade e em 1482 foi nomeado membro do Grande Conselho (''Größeren Rates''), uma assembleia composta por representantes da classe patrícia, bem como dos comerciantes, intelectuais e artesãos. Não fez parte do Conselho Privado (o ''Innere Rat'') pois a sua segunda esposa, apesar de pertencer pelo lado materno à família patrícia dos [[Ebner von Eschenbach]], descendia pelo lado paterno da linha dos Haller de [[Bamberg]] que embora se tivessem mudado para Nuremberga não pertenciam ao patriciato local.
 
Na fase final da sua vida Hartmann Schedel era um dos cidadãos mais respeitados da cidade de NurembergNuremberga e mantinha uma florescente prática médica. Com os seus colegas médicos, formou um influente círculo médico e humanista, com objectivos intelectuais ambiciosos. A sua reputação foi estabelecida, não apenas pela sua profissão e sua posição social, mas também pela reputação que granjeou com a publicação da sua obra-prima literária, a ''Crónica de Nuremberga''.
==A ''Crónica do Mundo''==
A Crónica do Mundo de Schedel, hoje considerada um dos mais importantes monumentos da arte tipográfica alemã e europeia, apareceu pela primeira vez em livro no ano de 1493, em NurembergNuremberga, numa versão em [[língua alemã|alemão]] e outra em [[latim]].
 
A obra segue a tradição das crónicas medievais, apresentando a história do Mundo dividida em "idades" ou "eras":
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A tiragem da primeira edição é desconhecida, mas a edição em latim, que foi distribuído por toda a Europa, terá tido uma tiragem muito maior do que a versão alemão.
 
A edição em latim compreende 656 páginas e a alemã 596 páginas. Ambas as versões foram impressas por [[Anton Koberger]], na sua oficina tipográfica de NurembergNuremberga.
A obra contém 1809 ilustrações em [[xilogravura]] executadas na oficina de [[Michael Wolgemut]], que se repetem em parte. Esta abundância de gravuras torna a ''Crónica'' no livro mais amplamente ilustrado que se conhece do [[século XV]]. Entre as ilustrações estão 29 panoramas de cidade impressos em duplas páginas e dois mapas também em dupla página: um mapa do mundo e um mapa da Europa. Michael Wolgemut, com o seu enteado [[William Pleydenwurff]], iniciou em 1487 o trabalho de concepção das xilogravuras. É provável que também o jovem [[Albrecht Dürer]] tenha contribuído para o trabalho, pois por volta de 1490 Dürer foi aprendiz na oficina de Wolgemut.