Filoxera: diferenças entre revisões

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{{Info/Taxonomia
| nome = ''Daktulosphaira vitifoliae''
| cor =pink pink
| imagem = Dactylosphaera vitifolii 1 meyers 1888 v13 p621.png
| imagem_legenda = Ciclo de vida da Filoxera (Meyers, 1888).
| reino = [[Animalia]]
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| binomial_autoridade = ([[Asa Fitch|Fitch]], 1854)
}}
 
'''Filoxera''' é o nome comum do [[hemiptera|hemíptero]] da família [[Phylloxeridae]] da espécie ''Daktulosphaira vitifoliae'' ([[Asa Fitch|Fitch]], 1854), por vezes designada pelo seu sinónimo taxonómico ''Phylloxera vastatrix'' ([[Jules-Émile Planchon|Planchon]], 1868). A partir do último quartel do [[século XIX]], a filoxera constituiu-se como a praga mais devastadora da [[viticultura]] mundial, alterando profundamente a distribuição geográfica da produção [[vinícola]] e provocando uma crise global na produção e comércio dos [[vinho]]s que duraria quase meio século. O vocábulo ''filoxera'' é usado indistintamente para designar o [[insecto]] e a doença dos vinhedos que é causada pela infestação com aquele. De origem norte-americana, a filoxera está hoje presente em todos os continentes, sendo um dos exemplos mais marcantes do efeito humano sobre a dispersão das espécies, já que, em poucas décadas, esta espécie evoluiu de um habitat localizado para uma distribuição global, com uma rapidez que, ainda hoje, não deixa de surpreender.
 
== Descrição ==
A filoxera é um minúsculo insecto (0,3 a 3 mm de comprimento nos seus diversos estádios de desenvolvimento) sugador de seiva, aparentado com os [[afídio|pulgões]], com um [[ciclo de vida]] muito complexo e totalmente dependente da [[videira|vinha]], única planta em que pode desenvolver-se. No seu ciclo de vida, assume as seguintes formas:
* Formas [[Partenogénese|partenogénicas]], ''fêmeas'' capazes de se reproduzir sem necessidade de fertilização, [[áptera]]s (sem asas), com cores que vão do amarelado ao castanho escuro, com dimensões entre 0,3 e 1,4 mm, assumindo formas distintas consoante a parte da planta que atacam:
** Formas galícolas, vivendo nas folhas e formando galhas esverdeadas na sua página inferior (parte da folha voltada para o solo);
** Formas radícolas, vivendo nas raízes, onde também forma galhas de forma nodular ou tuberosidades alongadas, de cor castanho escuro. Algumas destas ''fêmeas'' desenvolvem asas, abandonam o solo e vão depositar ovos sobre as folhas.
* Formas sexuadas, incapazes de se alimentarem no estado adulto, desprovidas de peças bucais, com duas formas:
** Fêmeas aladas, capazes de formar novas colónias distantes, de cor amarelo dourado a ocre, com asas transparentes e com morfologia semelhante à de minúsculas moscas, medindo de 2 a 3 mm de cumprimento;
** Machos ápteros (sem asas), acastanhados, com 0,3 a 0,5 mm de comprimento.
A espécie apenas consegue produzir regularmente todas as formas do seu ciclo biológico em videiras americanas, não se instalando de forma significativa em terrenos francamente arenosos.
 
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Ao longo dos tempos, os viticultores foram tentando diversos métodos empíricos, com maior ou menor sucesso. Alguns dos métodos tentados de controlo ensaiados foram os seguintes:
* Aspersão dos videiras após a poda com [[cal viva]], [[naftaleno]] ou óleo queimado com o objectivo de destruir o "ovo de inverno". Esta técnica, que ainda era praticada no início do século XX era pouco eficaz, cara e ambientalmente perigosa.
* Tratamento com sulfureto de carbono, através da injecção no solo, na zona das raízes, deste líquido volátil e tóxico para os insectos. O método é eficaz, mas requer uma charrua especial (charrua Vermorel) e é em extremo caro, não tendo hoje viabilidade económica. Um método semelhante, embora menos eficaz, consistia na colocação de uma solução de sulfocarbonato de potássio num recipiente de fundo aberto que era colocado em redor da planta.
* Tratamento por submersão, que consiste na inundação do solo durante um período alargado, por forma a uma relativa anoxia na zona radicular que matasse o insecto. O método era ineficaz e apenas praticável em terrenos irrigáveis, aliás os menos adequados à produção de vinhos de qualidade.
* Plantação de espécies de vinha americana, de grande resistência à filoxera. Foi uma solução muito utilizada, mas levou à produção de vinhos de má qualidade (como o [[vinho de cheiro]] e o [[morangueiro (vinho)|morangueiro]]), e ao desaparecimento em certas regiões de algumas das melhores castas viníferas.
* Utilização de porta enxertos resistentes. É hoje o método de eleição, sendo utilizado em quase todas as regiões afectadas e, embora tendo algum efeito sobre as características organolépticas do vinho, permite boas produções e adequada resistência à praga, transformando a filoxera numa infestação sem efeitos económicos sensíveis.
 
Em [[Portugal]], por volta de [[1890]], quando a praga já havia alastrado às principais regiões produtoras, [[Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira]] introduziu na região do [[Douro]] uma variedade de [[videira]]s americanas, nas quais enxertou as castas portuguesas, travando assim o desaparecimento das [[vinhas]] e possibilitando o replantio.
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A lista que se segue apresenta uma cronologia, simplificada, da expansão da filoxera:
* [[1854]]: a espécie é identificada no nordeste dos [[Estados Unidos]] por [[Asa Fitch]], que lhe atribui o nome de ''Pemphigus vitifoliae'';
* [[1863]]: primeiras notícias da aparição da filoxera no continente europeu, com identificação do insecto em [[Pujaut]], na região de [[Gard]], ([[França]]) e numa estufa (onde a espécie foi isolada) em [[Hammersmith]], nos arredores de [[Londres]];
* 1865: infestação em [[La Crau de Châteaurenard]], [[Bouches-du-Rhône]], França;
* 1865: primeira notícia de infestação em [[Portugal]], no vale do [[rio Douro]];
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== {{Ver também}} ==
* [[Grande praga de filoxera]]
 
== {{Ligações externas}} ==
* [http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/viticultura/filoxera.html Informação técnica sobre a filoxera;]
* [http://www.mipfrutas.ufv.br/PragasFiloxera.htm A filoxera;]
* [http://entomologia.rediris.es/aracnet/9/entoaplicada/ A filoxera (em castelhano:La filoxera o el invasor que vino de América);]
* [http://www.madeirawine.com/html/p-doencas.html Efeitos da filoxera nos vinhedos da Madeira;]
* [http://ohioline.osu.edu/hyg-fact/2000/2600.html Informação técnica sobre a filoxera (em inglês);]
* [http://berrygrape.oregonstate.edu/fruitgrowing/grapes/phybiol.htm O ciclo de vida da ''Daktulosphaira vitifoliae'' e seus efeitos sobre a vinha (em inglês).]
 
[[Categoria:Hemiptera]]
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{{Link FA|it}}
 
[[ab:Аӡахәа афилоқсера]]
[[ar:فيلوكسيرا]]
[[ca:Fil·loxera]]
[[cs:Mšička révokaz]]
[[de:Reblaus]]
[[en:Phylloxera]]
[[es:Dactylosphaera vitifoliae]]
[[fi:Viinikirva]]
[[fr:Phylloxéra]]
[[hu:Filoxéra]]
[[io:Filoxero]]
[[it:Daktulosphaira vitifoliae]]
[[ja:フィロキセラ]]
[[la:Dactylosphaera vitifoliae]]
[[lb:Rieflaus]]
[[nl:Druifluis]]
[[no:Vinlus]]
[[oc:Daktulosphaira vitifoliae]]
[[pl:Filoksera winiec]]
[[ro:Filoxera]]
[[ru:Филлоксера виноградная]]
[[sl:Trtna uš]]
[[sv:Vinlus]]
[[tr:Asma biti]]
[[uk:Виноградна філоксера]]
[[zh:根瘤蚜]]