Igreja do Oriente: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Museum für Indische Kunst Dahlem Berlin Mai 2006 061.jpg|thumb|right|300px|Sacerdotes nestorianos em processão durante um [[Domingo de Ramos]], em pintura do século VII ou VIII de igreja nestoriana na [[China]], [[Dinastia Tang]].]]
A '''Igreja do Oriente''' ({{lang-syr|ܥܕܬܐ ܕܡܕܢܚܐ}}, ''ʿĒ(d)tāʾ d-Maḏn(ə)ḥāʾ''), também erroneametne conhecida como '''Igreja Nestoriana'''{{nota de rodapé|Embora a denominação de "Nestoriana" seja consagrada, ela também é contestada. Ver a seção [[#Terminologia|Terminologia]] para a questão de nomenclatura e as designações alternativas da igreja.|group=nota}} é uma [[igreja]] [[Cristianismo|cristã]], parte da [[Cristianismo siríaco|tradição siríaca]] do [[cristianismo oriental]]. Originalmente igreja do [[Império Sassânida]] [[persas|persa]], rapidamente se espalhou pela [[Ásia]]; entre os séculos IX e XIV se tornou a maior igreja cristã em termos de extensão geográfica, com [[Dioceses da Igreja do Oriente até 1318|dioceses]] desde o [[Mediterrâneo]] até a [[China]] e [[Índia]]. Diversas igrejas modernas alegam continuidade com a Igreja do Oriente histórica.
 
A Igreja do Oriente era chefiada pelo [[Anexo:Lista de patriarcas da Igreja do Oriente|Patriarca do Oriente]], dando continuidade a uma linhagem que, de acordo com a tradição, remontava ao [[Sucessão apostólica|tempo dos apóstolos]]. [[Liturgia|Liturgicamente]], a igreja aderiu ao [[rito siríaco oriental]]; [[Teologia|teologicamente]], está associada à doutrina do [[nestorianismo]], que enfatiza a distinção entre as naturezas divina e humana de [[Jesus]]. Esta doutrina, bem como seu principal proponente (e que lhe deu nome), [[Nestório]] (386-451), foram condenados pelo [[Primeiro Concílio de Éfeso]], em 431, o que levou ao [[cisma nestoriano]] e ao consequente êxodo dos seguidores de Nestório para a Pérsia sassânida. Os cristãos que já viviam na Pérsia receberam de bom grado estes refugiados, e gradualmente adotaram sua doutrina, o que fez com que a Igreja da Pérsia passasse a ser conhecida como Igreja Nestoriana.
 
==Expansão==
A igreja se expandiu rapidamente sob os [[sassânidas]] e, após a [[conquista islâmica da Pérsia]], foi designada uma comunidade ''[[dhimmi]]'' protegida sob o domínio [[Islão|muçulmano]]. A partir da século VI, se expandiu ainda mais, e foram estabelecidas comunidades na [[Índia (província eclesiástica siríaca oriental)|Índia]] (os [[cristãos de São Tomé]]), [[Ásia Central]] (onde tiveram algum sucesso evangélico entre as [[Cristianismo entre os mongóis|tribos mongóis]], e na [[China]], que foi sede de uma próspera [[Igreja do Oriente na China|comunidade nestoriana]] sob a [[Dinastia Tang]], do século VII ao IX. Durante os séculos XIII e XIV a igreja passou por um período final de expansão, durante o [[Império Mongol]], no qual influentes cristãos nestorianos frequentaram a corte mongol.
A [[Pérsia]] há muito já era refúgio de uma comunidade cristã que vinha sendo perseguida pela maioria [[Zoroastrismo|zoroástrica]], sob a acusação de ter "inclinações" romanas. Em 424 d.C., a igreja persa se declarou independente da igreja [[império bizantino|bizantina]] e de todas as outras igrejas, justamente para refutar estas acusações. Logo após o cisma, a Igreja da Pérsia cada vez mais se alinhou com os nestorianos, uma medida que foi encorajada pelas lideranças zoroástricas e que, com o passar dos anos, levou-a a se tornar mais e mais nestoriana, ampliando assim o cisma entre ela e [[credo de Calcedônia|igreja calcedoniana]].
 
Em 486 d.C., o [[metropolita]] de [[Nisibis]] (atual [[Nusaybin]]), [[Barsauma]], publicamente aceitou o mentor de Nestório, [[Teodoro de Mopsuéstia]], como uma autoridade espiritual. Em 489 d.C., quando a [[Escola de Edessa]] (em [[Edessa, Mesopotâmia]]) foi fechada pelo [[imperador bizantino]] [[Zenão I]] por suas tendências nestorianas, ela se mudou para sua cidade original, Nisibis, e se tornou novamente a [[Escola de Nisibis]], provocando uma onda de migração nestoriana para a Pérsia. O patriarca dali, [[Mar Babai I]] (497 - 502 d.C.), reiterou e expandiu a alta estima da igreja por Teodoro, solidificando então a adoção do nestorianismo<ref name=Britannica/>.
Após atingir o seu ápice de extensão geográfica, a igreja passou por um período acelerado de declínio, a partir do século XIV, em parte devido a influências externas. O Império Mongol se fragmentou em guerras civis, a [[Dinastia Ming]] chinesa assumiu o poder, expulsando os cristãos e outras influências estrangeiras do país (como o [[maniqueísmo]]), e diversos mongóis na Ásia Central se converteram ao [[islã]]. O líder mongol muçulmano [[Timur]] (1336–1405) praticamente erradicou os cristãos restantes na Pérsia; a partir de então, o cristianismo nestoriano ficou confinado à [[Pátria assíria|Alta Mesopotâmia]] e à [[Costa do Malabar]], na Índia. No século XVI, a Igreja do Oriente sofreu um [[cisma]], do qual surgiram duas igrejas distintas; a atual [[Igreja Assíria do Oriente]], e a [[Igreja Católica Caldeia]], uma [[igreja católica oriental]] em comunhão com a [[Santa Sé]].
Agora firmemente estabelecida na Pérsia, com centros em Nisibis, [[Ctesifonte]], [[Gundeshapur]] e diversas [[sé metropolita|sedes metropolitas]], a Igreja Persa, com influências nestorianas, começou a se ramificar para fora do [[Império Sassânida]]. Contudo, durante todo o século VI d.C, a igreja foi frequentemente acometida por disputas internas e perseguições pelas mãos dos zoroástricos. A luta levou a um novo cisma, que durou de 521 até 539 d.C., quando os assuntos em disputa foram resolvidos. Porém, logo em seguida o conflito com os [[império bizantino]] levou à perseguição da igreja pelo rei sassânida [[Khosrau I]], o que terminou em 545 d.C. A igreja sobreviveu a estas atribulações sob a liderança do patriarca [[Mar Abba I]], que tinha se convertido do [[Zoroastrismo]]<ref name=Britannica/>.
 
A igreja se expandiu rapidamente sob os [[sassânidas]] e, após a [[conquista islâmica da Pérsia]], completada em 644 d.C.foi designada uma comunidade ''[[dhimmi]]'' protegida sob o domínio [[Islão|muçulmano]] sob o [[Califado Rashidun]]. A partir da século VI, se expandiu ainda mais, e foram estabelecidas comunidades na [[Índiasubcontinente (província eclesiástica siríaca oriental)|Índiaindiano]] (entre os [[cristãos de São Tomé]]), na [[Ásia Central]] (onde tiveram algum sucesso evangélico entre as [[Cristianismo entre os mongóis|tribos mongóis]], e na [[China]], que foi sede de uma próspera [[Igreja do Oriente na China|comunidade nestoriana]] sob a [[Dinastia Tang]], do século VII ao IX. Durante os séculos XIII e XIV a igreja passou por um período final de expansão, durante o [[Império Mongol]], no qual influentes cristãos nestorianosdo oriente frequentaram a corte mongol. Uma fonte chinesa, conhecida como [[Estela nestoriana]], relata uma missão sob um pregador persa chamado Alopen como tendo sido a origem do cristianismo do oriente na China em 635 d.C. Eles fizeram alguns avanços sobre o [[Egito (província romana)|Egito]], apesar da forte presença [[monofisismo|monofisista]] lá<ref>{{citar livro|autor = Campbell| url = http://books.google.com/books?id=p2mUxxxGt_sC&pg=PA62&dq=nestorian+egypt+oriental+orthodox&client=firefox-a&cd=1#v=onepage&q=nestorian%20egypt%20oriental%20orthodox&f=false| título = Christian Confessions| língua= inglês| páginas = 62}}.</ref>. A igreja e suas comunidades no exterior floresceram neste período. No século X d.C. ela já tinha quinze sedes metropolitas no território do califado e outras cinco em outros lugares, inclusive a Índia e a China<ref name=Britannica/>.
 
Após atingir o seu ápice de extensão geográfica, a igreja passou por um período acelerado de declínio, a partir do século XIV, em parte devido a influências externas. O Império Mongol se fragmentou em guerras civis, a [[Dinastia Ming]] chinesa assumiu o poder, expulsando os cristãos e outras influências estrangeiras do país (como o [[maniqueísmo]]), e diversos mongóis na Ásia Central se converteram ao [[islã]]. O líder mongol muçulmano [[Timur]] (1336–1405) praticamente erradicou os cristãos restantes na Pérsia; a partir de então, o cristianismo nestorianooriental ficou confinado à [[Pátria assíria|Alta Mesopotâmia]] e à [[Costa do Malabar]], na Índia. No século XVI, a Igreja do Oriente sofreu um [[cisma]], do qual surgiram duas igrejas distintas; a atual [[Igreja Assíria do Oriente]], e a [[Igreja Católica Caldeia]], uma [[igreja católica oriental]] em comunhão com a [[Santa Sé]].
 
Atualmente subsistem a [[Igreja Assíria do Oriente]] na [[Índia]] e no [[Iraque]], [[Irã]], [[China]] e nos [[Estados Unidos]] e em outros lugares onde haja migrado comunidades cristãs dos países citados.
 
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