Exílio republicano espanhol: diferenças entre revisões

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==Deslocamentos populacionais durante a guerra==
 
Durante os primeiros meses da guerra e particularmente no período de agosto a dezembro de [[1936]], pontuados pelos episódios de violência sistemática contra a população civil, tanto resultado da repressão por motivos ideológicos, por parte das forças sublevadas, quanto pelos partidários da [[revolução social espanhola de 1936|revolução social]], e o avanço das operações militares, aconteceram os primeiros deslocamentos de refugiados e exilados, nomeadamente para a [[França]], caracterizados pelo seu caráter ainda provisório, pelo qual agrupava pessoas provenientes das regiões fronteiriças do [[Aragão]], da [[Catalunha]] e do [[País Basco]], quer pela sua condição de proximidade ao bando sublevado, no caso das duas primeiras, quer de partidários do Governo que fugiam do avanço frente de [[Batalha de Irún|Irún]], no último, ou simplesmente de pessoas "neutras" ameaçadas pelo clima de hostilidade e violência.<ref>(Bartolomé Bennassar 2004)</ref>
 
À medida que o conflito evoluía, o carácter provisório foi tomando um caráter mais permanente e massivo no caso dos deslocados próximos do bando republicano, ao ponto que, embora os episódios de fuga em debandada continuassem produzindo-se, empreenderam-se ações desde o governo republicano para ordenar planejadamente algumas das evacuações, particularmente as de menores. A Oficina Central de Evacuação e Assistência do Refugiado foi constituída em outubro de 1936, em vésperas da [[batalha de Madrid]], em previsão de operações massivas de evacuação para a costa [[Mediterrâneo|mediterrânea]], enquanto em novembro foi criado em [[Paris]] o ''Comité d'accueil aux enfants d'Espagne'' por parte da [[Confederação Geral do Trabalho da França|CGT]]. As primeiras evacuações de crianças foram desde Madrid e [[Valência]], com o envio de 100 menores para a URSS em fevereiro de [[1937]], e desde o País Basco, do que 450 pessoas foram evacuadas para a ilha francesa de Oléron, na colônia "Casa Dichosa". Depois, cerca de 300 deles foram levados para Paris e os remanescentes, albergados em [[Oostduinkerke]], na [[Bélgica]].<ref>(Alted Vigil 2002, 126)</ref>
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As operações militares na chamada "frente do Norte", que viram progredir as unidades [[Franquismo|franquistas]] de Biscaia para Santander na Primavera de [[1937]], provocaram uma nova onda de milhares de exilados, com uma parte significativa de crianças, esta vez exclusivamente republicanas<ref>(Bartolomé Bennassar (2004), p.356)</ref> para [[Bordéus]], [[La Rochelle]] e [[Lorient]]. Em [[1938]], após a batalha da [[bolsa de Bielsa]] e a retirada da [[43ª Divisão do Exército Popular]], aconteceu um novo deslocamento de pessoas no Aragão que se refugiaram diretamente do outro lado da fronteira.<ref>(Bartolomé Bennassar (2004), "L'épisode aragonais, 1938")</ref> Em finais de [[1938]], estima-se que em solo francês permaneciam 40 mil emigrados embora se considerava que mantinham uma situação de deslocamento provisório.<ref>(Bartolomé Bennassar (2004), pp. 362-363)</ref><ref>(Denis Peschanski]], [http://histoire-sociale.univ-paris1.fr/Denis.htm thèse], 2001.</ref>
 
A maior avalancha aconteceu por ocasião da [[Ofensiva da Catalunha| perda de Barcelona]] pela República (fevereiro de 1939). Nesses momentos mais de meio milhão de pessoas fugiram para França. Sobretudo nos primeiros momentos uma grande parte foi internada nos campos que o governo francês de Daladier habilitou para o caso. As condições nesses campos eram deploráveis, como no caso do [[campo de concentração de Gurs]]. Nesses primeiros meses regressaram para Espanha (já inteiramente dominada pelos franquistas) por volta da metade dos refugiados inicialmente na França.
 
Poucas semanas antes do fim da guerra, o "relatório Valière" realizado a pedido do Governo francês estimava a [[9 de março]] de [[1939]] a presença de cerca de 440 mil refugiados na França, dos quais 170 mil eram mulheres, crianças e anciãos, 220 mil soldados e milicianos, 40 mil inválidos e 10 mil feridos<ref>VVAA, ''Exilio'', pag. 24, Ed. fundação Pablo Iglesias, 2002, ISBN 84-95886-02-2</ref>