Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico: diferenças entre revisões

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{{Info/Monarca
|nome =Frederico II
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Filho de [[Henrique VI da Germânia|Henrique VI]], que morreu em [[1197]], tendo Frederico apenas três anos, e de [[Constança da Sicília]], marcou a restauração da dinastia dos [[Hohenstaufen]].
 
Esteve em luta quase constante com os [[Estados Pontifícios]] e, apesar de [[excomunhão|excomungado]] duas vezes, tomou parte na [[Sexta Cruzada|VI Cruzada]] ([[1229]]), que conduziu como [[diplomata]] e não como guerreiro. [[Papa Inocêncio IV|Inocêncio IV]] destituiu-o no [[Primeiro Concílio de Lyon|concílio de Lyon]] ([[1245]]). [[Gregório IX]] chegou a chamá-lo de [[Anticristo|Anti-Cristo]] e, provavelmente por isto, quando ele morreu, surgiu a ideia de que ele voltaria a reinar de novo em 1000 anos. Frederico II possuía relação parental com um dos mais importantes doutores da [[Igreja Católica]]: era primo de [[Tomás de Aquino]].<ref name="nome">CHESTERTON, G. K., São Tomás de Aquino e São Francisco de Assis. São Paulo: Madras, 2012, p. 34</ref>
 
== As coroações de Frederico II ==
Com a morte do imperador [[Henrique VI da Germânia|Henrique VI]], sua esposa [[Constança da Sicília]], que era por direito próprio rainha da [[Sicília]], mandou coroar rei seu filho Frederico, ficando como [[Regência (sistema de governo)|regente]]. Em nome de Frederico, dissolveu os laços da Sicília com o império e dispensou os conselheiros alemães, renunciando ao trono da [[Germânia]]. Depois da morte de Constança, em [[1198]], o [[papa Inocêncio III]] sucedeu-lhe como guardião de Frederico até à sua [[maioridade]] e assegurou a sua educação formal em [[Roma]].
 
[[Ficheiro:Frederick is born in Jesi.JPG|thumb|left|O nascimento de Frederico II.]]
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== Frederico II e as artes ==
Ao contrário de muitos [[monarca]]s do seu tempo, muitas vezes [[analfabetismo|analfabetos]], falava nove [[língua]]s e correspondia-se por escrito em sete. Era um dirigente moderno, patrono das [[ciência]]s e das [[arte]]s: um dos seus conselheiros era o famoso [[astrologia|astrólogo]] [[Guido Bonatti]] de [[Forlì]]. Tinha ideias avançadas sobre [[economia]], abolindo [[monopólio]]s estatais, [[tarifa]]s internas e reformando os [[regulamento]]sregulamentos de [[importação]] do [[Sacro Império Romano-Germânico]]. O que estaria provavelmente relacionado com o tempo passado na [[Corte (realeza)|corte]] de [[Palermo]], onde influências [[árabeárabes]]s, [[alemanha|alemãs]], [[latim|latinas]], [[Império Bizantino|bizantinas]], [[Normandia|normandas]], [[provença]]is e meso-[[Judeu|judias]] se misturavam.
 
Foi mestre da [[Escola Siciliana]] de [[poesia]], da qual emergiram, a partir de cerca de [[1220]], as primeiras formas literárias numa [[Línguas românicas|língua ítalo-românica]], a [[língua siciliana]], o que representou um corte no uso da [[Dialeto toscano|língua toscana]], que tinha sido a [[lingua franca]] preferida na [[Península Itálica|Itália]] durante pelo menos um século.
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Apesar de temporariamente em paz com o [[papa]]do, Frederico II não deixou de ter problemas com os príncipes germânicos. Em [[1231]], o seu filho [[Henrique VII da Germânia|Henrique]] proclamou-se rei e aliou-se com a [[Liga Lombarda]] contra o seu pai. A rebelião falhou, Henrique foi preso e substituído no seu título real pelo seu irmão [[Conrado IV da Germânia|Conrado]], que já tinha o título de [[Rei de Jerusalém]]. Frederico venceu a decisiva [[Batalha de Cortenuova|batalha]] de [[Cortenuova]] contra a Liga Lombarda em [[1237]] e celebrou-a de forma triunfal em [[Cremona]], à maneira dos antigos [[Império Romano|imperadores romanos]]. Ele rejeitou as propostas de paz, mesmo do [[Ducado de Milão]], que tinha oferecido uma grande soma em [[dinheiro]]. Esta exigência por uma rendição total levou à resistência por parte de Milão, [[Bréscia]], [[Bolonha]] e [[Piacenza]] e, em Outubro de [[1238]], ele foi forçado a fazer o [[cerco de Brescia]], durante o qual os seus inimigos tentaram capturá-lo, em vão.
 
Como aquelas [[cidade-estado|cidades-estados]] eram vassalas do papa, Frederico foi [[excomunhão|excomungado]] pelo [[papa Gregório IX]] em [[1239]], enquanto ele se encontrava em [[Pádua]]. O imperador respondeu expulsando os [[menoritamenonita]]s e outros [[pregador]]es da [[Lombardia]] e nomeando o seu filho [[Enzio da Sardenha|Enzio]] para o cargo de "Vigário Imperial" para o norte da Itália. Em pouco tempo, Enzio anexou a [[Emília-Romanha]], [[Marcas]] e o [[Ducado de Spoleto]], nominalmente parte dos [[Estados Pontifícios]]. O pai anunciou que iria destruir a [[República de Veneza]], que tinha mandado barcos de guerra contra a Sicília. Em Dezembro desse ano, Frederico invadiu a [[Toscana]], entrou triunfalmente em [[Foligno]] e [[Viterbo]], de onde ele pretendia partir à conquista de Roma, de forma a restaurar o antigo esplendor do Império. O cerco, contudo, foi em vão e Frederico voltou para o sul da Itália, saqueando [[Benevento]], que era uma possessão papal.
 
Entretanto, a cidade [[Gibelino|gibelina]] de [[Ferrara]] tinha sido tomada e Frederico continuou para norte, capturando [[Ravenna]] e, depois [[Cerco de Faenza|dum longo cerco]], [[Faenza]]. o povo de [[Forlì]] (que se tinha mantido ligado aos Gibelinos mesmo depois do colapso do poder [[Hohenstaufen]]) ofereceu o seu apoio na captura da cidade rival e, como sinal de gratidão, o imperador permitiu-lhes acrescentar ao [[brasão]] da cidade a [[Águia (heráldica)|águia]] dos Hohenstaufen, junto com outros privilégios. Este episódio exemplifica como as cidades independentes usavam a rivalidade entre o imperador e o Papa para obterem o máximo de vantagens.
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O novo papa era um [[diplomacia|diplomata]] e assinou com Frederico um tratado de paz, mas Inocêncio mostrou rapidamente a sua verdadeira face de [[guelfo]] e, juntamente com a maioria dos cardeais, fugiu em naves [[Génova|genovesas]] para a [[república da Ligúria]]. O seu objectivo era chegar a [[Lyon]], onde um novo concílio teria início a [[24 de junho]] de [[1245]]. Então, Inocêncio IV destituiu Frederico de imperador, caracterizando-o um "amigo do sultão de [[Babilónia]]", "com costumes de [[sarraceno]]", "mantendo um [[harém]] guardado por [[eunuco]]s" como o [[cisma|cismático]] imperador de [[Império Bizantino|Bizâncio]], em suma, um "[[heresia|herético]]". O papa decidiu então propor [[Heinrich Raspe]], senhor de [[Turíngia]], para a coroa imperial e pôs em marcha um complô para matar Frederico e Enzio, com o apoio do seu cunhado [[Orlando de Rossi]], que era, até essa altura, amigo de Frederico.
 
Os conjurados, no entanto, foram desmascarados pelo conde de [[Caserta]] e a vingança foi terrível: a cidade de [[Altavilla]] {{dn}}, onde eles se tinham escondido, foi arrasada e os implicados foram [[cegueira|cegos]], [[mutilação|mutilados]] e queimados vivos ou [[forca|enforcados]]. Uma tentativa de invadir a [[Sicília]], sob o comando de Ranieri, foi impedida em [[Spello]] por Marino de Eboli, Vigário Imperial de Spoleto.
 
Inocêncio enviou ainda grandes somas de [[dinheiro]] para a [[Germânia]] a fim de boicotar o poder de Frederico e os arcebispos de [[colônia (Alemanha)|Colónia]] e [[Mogúncia]] chegaram a declarar Frederico deposto e, em Maio de [[1246]], um novo rei foi eleito: Heinrich Raspe. A [[5 de agosto]], Heinrich, com dinheiro do papa, derrotou uma divisão de [[Conrado IV da Germânia|Conrado]], filho de Frederico, perto de [[Frankfurt am Main|Francoforte]]. No entanto, Frederico fortaleceu a sua posição no sul da Germânia, adquirindo o [[Ducado da Áustria]], cujo titular tinha morrido sem deixar herdeiros e, um ano mais tarde, Heinrich morreu também. O novo "anti-rei" era [[Guilherme II, Conde da Holanda]].
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== Descendência ==
Listam-se abaixo alguns dos descendentes mais famosos de Frederico II:
* [[Henrique VII da Germânia|Henrique]], conhecido como Henrique VII da Germânia (não deve confundir-se com o sacro-imperador [[Henrique VII, Sacro Imperador Romano-Germânico|Henrique VII do Luxemburgo]] da dinastia do Luxemburgo), nascido na [[Sicília]] em [[1211]], filho da primeira esposa de Frederico, Constança de Aragão; Henrique teve os títulos de [[Rei da Germânia]], [[Rei dos Romanos]], [[Rei da Sicília]] e foi pretendente ao título [[Sacro Império Romano-Germânico|imperial]]. Depois de se rebelar contra seu pai e aliar-se à [[Liga Lombarda]], Henrique foi capturado e preso em [[1236]]. Morreu em [[Martirano]] em [[1242]], supostamente em consequência duma tentativa de [[suicídio]].
 
* [[Conrado IV da Germânia|Conrado IV]], filho da sua segunda mulher, [[Yolanda de Jerusalém|Yolande de Brienne, rainha de Jerusalém]], nasceu a [[25 de abril]] de [[1228]], em [[Andria]], [[Apúlia]]. Tornou-se [[Rei de Jerusalém]] à nascença (a mãe morreu no parto) e foi eleito Rei da Germânia e futuro imperador em [[1237]], em [[Viena]], apesar de não chegar a ser coroado. Em [[1250]], Conrado sucedeu a seu pai como Rei da Sicília e morreu a [[1 de maio]] de [[1254]] de [[malária]] num acampamento militar em [[Lavello]].
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* [[Enzio da Sardenha|Enzio]] (ou Enzo) teve os títulos de [[Rei da Sardenha]] e de Vigário Imperial para o norte da Itália. Enzio é capturado pelos bolonheses durante a [[Batalha de Fossalta]], a [[26 de maio]] de [[1249]]. Com apenas 25 anos, Enzio é colocado numa prisão em [[Bolonha]] para o resto da vida, morrendo 24 anos depois, em [[1272]], e o título de Rei da Sardenha é-lhe usurpado pelos marquês Palavicino.
 
== Curiosidade ==
 
Mesmo sendo considerado Anti-Cristo, Frederico II possui relação parental com um dos mais importantes Doutores da [[Igreja Católica]]. Era primo de Santo [[Tomás de Aquino]]. <ref name="nome">CHESTERTON, G. K., São Tomás de Aquino e São Francisco de Assis. São Paulo: Madras, 2012, p. 34</ref>
 
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