Pietro Stangherlin: diferenças entre revisões

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Era filho de Battista e Maria Stangherlin (ou Stangherlini).<ref name="Expressão"/> Desde pequeno sofreu com um tumor benigno em um joelho, que tolheu severamente seus movimentos, a ponto de impedi-lo de caminhar durante toda sua juventude, segundo informou sua filha, postumamente. Por causa desta dificuldade, teria frequentado a escola somente até os nove anos, dedicando-se depois a tarefas manuais em casa, aprendendo a confeccionar redes de pesca, consertar relógios e criar peças em tricô, crochê, renda e bordado, auxiliando em seu sustento. Chegando à adolescência, entalhou um par de muletas para si próprio, ganhando mais mobilidade, podendo ter um pouco de vida social e podendo aprender o ofício da [[marcenaria]].<ref name="Lazzari"/><ref name="Expressão">Freitas, Marcos do Amaral de. "Das Muletas às Cabeças de Santos". In ''Expressão - Jornal do Curso de Jornalismo da UCS'', out/2000; Suplemento Espacial, p. 5</ref>
 
Na década de 1870, chegando à Itália a propaganda do governo brasileiro [[Imigração italiana no Rio Grande do Sul|incentivando a imigração]], despertou nele a ideia de radicar-se em outras terras. Sua família era pobre e a Itália da época, tumultuada por guerras e fome, não oferecia perspectivas de crescimento, e seu médico também havia aconselhado a mudança, esperando que em um país de clima mais ameno seus problemas de saúde encontrassem algum lenitivo.<ref name="Lazzari"/>
 
Viajou em 1876, chegando no Rio de Janeiro em 25 de agosto e transferindo-se imediatamente para o sul, fixando-se em Caxias do Sul. eLogo começandocomeçou a oferecer seus serviços como marceneiro, mas encaminhandoencaminhava-se cada vez mais para a área das artes, encarregando-se de trabalhos de decoração, pintura e desenho, incluindo retratos.<ref name="Lazzari"/> Sua falta de preparo artístico formal não impediu que se dedicasse com entusiasmo a esta nova seara. Segundo [[Athos Damasceno]], se bem que seus primeiros esforços, datados da década de 1880, tenham produzido fracos resultados, como seria de esperar, em breve dominou o ofício.<ref name="Damasceno">Damasceno, Athos. ''Artes Plásticas no Rio Grande do Sul''. Porto Alegre: Editora Globo, 1971.</ref>
 
A ausência de outros artistas na região lhe foi favorável.<ref name="Adami"/> Em pouco tempo reuniu uma clientela, juntou economias e pôde construir uma casa-atelier na rua Sinumbu, mandando também trazer da Itália parentes que ainda estavam lá, sua mãe e seus irmãos Giovanni, Luisa e Assunta.<ref name="Expressão"/> Sua saúde também apresentava melhora, e já podia andar somente com uma bengala. Contudo, em 1883 chegou a Caxias [[Tarquinio Zambelli]], outro santeiro habilidoso, que veio a se tornar o seu grande competidor no mercado. Pouco depois casou com a viúva Leticia Rancon (ou Rancam), que lhe deu muitos filhos, dos quais só sobreviveram duas meninas, Adelina e Corina.<ref name="Lazzari"/><ref name="Expressão"/> Segundo a tradição familiar, logo após o nascimento de sua primeira filha, notou um pedaço de madeira que poderia ser transformado em uma cabeça de anjo, a partir de então se dedicando à escultura.<ref name="Expressão"/> De qualquer modo, logo esta modalidade de arte, da qual foi o pioneiro na cidade, veio a dominar sua produção, e foi onde deixou suas obras mais expressivas, quase todas no campo da [[arte sacra]].<ref name="Damasceno"/>.
 
Em 27 de setembro de 1887 naturalizou-se brasileiro. Seu título de eleitor de 1890 o apresenta como "escultor", indicando que já era um profissional reconhecido.<ref name="Lazzari"/> Atuou não só na cidade de Caxias do Sul, mas em outras danos regiãoarredores, e suas obras eram bastante requisitadas, povoando igrejas e capelas da região.<ref name="Adami"/><ref name="Damasceno"/> Em 1901 apresentou na ''Exposição Estadual'' uma escultura alegórica, representando a cidade que o acolheu, peça que recebeu ''Medalha de Bronze''. Tornou-se uma figura popular na cidade, participando de muitas associações, clubes e da decoração dos tradicionais desfiles de carros alegóricos por ocasião das [[Festa da Uva|Festas da Uva]].<ref name="Damasceno"/> Sua filha Adelina casou com [[Michelangelo Zambelli]], filho de seu antigo rival Tarquinio, dando origem a uma oficina de santeiros ativa na cidade até há poucos anos. Em seus anos finais colaborou com [[Francisco Meneguzzo]], afamado por seus elaborados altares em madeira entalhada.<ref name="Lazzari">Lazzari, Nátali Cristina. [http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/70410 ''Escultura Religiosa na Colônia Caxias: um estudo sobre a obra de Pietro Stangherlin e Tarquinio Zambelli'']. TCC de Artes Visuais, orientadora: Paula Viviane Ramos. UCS, 2013.</ref> Em 1912, estado a consertar uma fechadura, caiu sobre sua perna prejudicada, que [[gangrena|gangrenou]], condição que o levou á morte.<ref name="Expressão"/>
 
==Obra==