Acácio de Constantinopla: diferenças entre revisões
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{{Ver desambig|o [[patriarca de Antioquia]] de mesmo nome e ativo durante a controvérsia monofisita|Acácio I de Antioquia}}
{{Ver desambig|outros significados|Acácio}}
'''Acácio''' ({{lang-el|{{politônico|Ἀκάκιος}}}} - ''Akakios'') foi um [[patriarca de Constantinopla]] entre 471 e 489
== Primeiros anos e episcopado ==
Acácio aparece pela primeira vez nos registros históricos como ''orphanotrophos'' - um oficial encarregado do cuidado dos orfãos - na [[Igreja de Constantinopla]], que ele administrou com sucesso<ref>Westcott, B. F em Wace cita [[Suidas]], s.v.</ref>. [[Suidas]] descreve ainda Acácio como dono de uma personalidade marcante e que procurava tirar o máximo das oportunidades que lhe apareciam. Ele tinha também modos apurados, caridoso, suave no tratar, ainda que nobre, e apreciava mostras de status eclesiástico<ref name = CE>{{1913CE|Acacius, patriarch of Constantinople}}</ref>.
Suas habilidades atraíram a atenção do [[imperador romano]] [[Leão I, o Trácio]], sobre quem ele conseguiu ter grande influência, o que lhe valeu a sucessão de [[Genádio de Constantinopla|Genádio]] em 471
Por um lado, ele trabalhou arduamente para restaurar a unidade da [[Igreja Ortodoxa]], que estava ameaçada pelas inúmeras opiniões sobre os ensinamentos de [[eutiquianismo|Eutiques]]. De outro, para aumentar a autoridade de sua sé episcopal afirmando a sua independência de [[Roma]] e estendendo a sua influência sobre [[Alexandria]] e [[Antioquia]], os outros grandes centros do [[cristianismo]] na época. Em ambos, ele parece ter agido mais como um estadista do que como um [[teólogo]] e, em relação a isso, os traços pessoais de liberalidade, cortesia e ostentação, notados por Suidas, são importantes<ref>Westcott, B. F em Wace cita Suidas, l.c.</ref>.
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== Controvérsia calcedoniana ==
=== Posição aliada contra Basilisco e Timóteo Eluro ===
Esta oposição foi a primeira das importantes medidas que valeram a Acácio o apoio entusiástico do povo e o elogio do [[Papa Simplício]]. Em conjunto com um [[monge]] [[estilita]], [[Daniel, o Estilita]], ele se colocou à frente da oposição ao [[usurpador romano|usurpador]] [[Basilisco (
A principal circunstância a qual Acácio devia sua repentina popularidade foi a presteza com que ele conseguiu se colocar à frente do movimento que Daniel, o Estilita, era o verdadeiro inspirador. A agitação era espontânea por parte dos mosteiros e do povo em geral, que sinceramente detestavam as teorias de Eutiques sobre a [[encarnação de Jesus]], mas é duvidoso se Acácio, na posição atual de defesa do calcedonianismo ou em suas tentativas de compromisso posteriores, qualquer coisa mais que um político procurando avançar sua própria agenda. Sobre os princípios teológicos envolvidos, ele jamais demonstrou tê-los compreendido de fato. Ele tinha a alma de um jogador e jogou apenas para aumentar sua influência, vencendo Basilisco.
Basilisco retirou sua ofensiva encíclica através de uma contra-proclamação, mas esta rendição não o salvou<ref name = CE/>. Neste ínterim, o imperador [[Zenão (imperador)|Zenão]], um fugitivo até a época da oposição de Acácio, reclamou o trono perdido e Basilisco, após abjetas e vãs concessões ao poder eclesiástico, foi entregue a ele (como afirma a tradição) por Acácio, após ele ter pedido [[santuário]] em sua igreja em 477
=== Disputas sobre Pedro Mongo e João Talaia ===
Em 479
Problemas logo apareceram em todas as frentes quando o partido não calcedoniano de [[Alexandria]] tentou forçar [[Pedro Mongo]] na [[sé de Alexandria]] contra [[João Talaia]] em 482
Ambos aspirantes estavam sujeitos à graves objeções. Mongo era, ou tinha sido, não calcedoniano. Talaia estava obrigado, por uma promessa solene ao imperador, a não buscar ou (como parece) aceitar o patriarcado<ref>Westcott, B. F em Wace cita [[Liberato de Cartago|Liberat.]] c. 17; [[Evágrio Escolástico|Evagr.]] [[História Eclesiástica (Evágrio)|H. E.]] iii. 12.</ref>. Ele logo buscou e conseguiu o apoio de Simplício e desprezou Acácio. Aproveitando-se disso, Mongo se apresentou a Acácio como alguém capaz, se confirmado no posto, de resolver estas divisões e acabar com a disputa<ref name = WACE/>.
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Logo depois, Acácio rascunhou um documento, ou uma série de artigos, no qual ele constituía de uma vez tanto um credo como um instrumento de reunião, como uma forma de alegar a jurisdição sobre todo o oriente. Este credo, conhecido na teologia como ''[[Henotikon]]'', foi originalmente direcionado às facções irreconciliáveis do [[Egito (província romana)|Egito]]. Era um apelo à reunião com base em reticência e concessões<ref name = CE/>.
O édito do ''Henotikon'' em 482
Pedro Mongo naturalmente aceitou o ''Henotikon'' e foi logo confirmado em sua sé. João Talaia se recusou a assiná-lo e fugiu para Roma (482-483), onde sua causa foi abraçada com grande vigor pelo Papa Simplício em suas cartas implorando que Acácio interrompesse o progresso da [[heresia]], principalmente em [[Alexandria]]<ref>Westcott, B. F em Wace cita as epístolas de Simplício 18 e 19.</ref>. As cartas não tiveram nenhum efeito e Simplício morreu logo em seguida.<ref name = WACE/>.
Seu sucessor, o [[Papa Félix III]], zelosamente abraçou também a causa de Talaia e despachou dois bispos, Vitalis e Misenus, para Constantinopla com cartas a Zenão e Acácio, demandando que este fosse até Roma para se defender das acusações imputadas contra ele por Talaia <ref>Felix, Epp. 1, 2</ref>. Esta missão falhou fragorosamente, pois Vitalis e Misenus foram induzidos a comungarem publicamente com Acácio e com os representantes de Mongo, e acabaram por retornar de forma embaraçosa para a Itália, de mãos vazias, em 484
Assim que chegaram, um sínodo foi realizado. Os enviados foram depostos e [[excomunhão|excomungados]] e um novo anátema foi publicado contra Mongo, enquanto que Acácio foi irrevogavelmente excomungado por sua relação com Mongo, por exceder os limites de sua jurisdição e por se recusar a comparecer em Roma para tratar das acusações de Talaia<ref>Westcott, B. F em Wace cita Evagr. H. E. iii. 21; Félix, Ep. 6.</ref>, sem, contudo, que nenhuma opinião herética fosse provada ou inferida contra ele<ref name = WACE/>. Acácio foi acusado pelo Papa Félix como alguém que cometera um [[pecado mortal]] e contra a autoridade apostólica (''Habe ergo cum his … portionem S. Spiritus judicio et apostolica auctoritate damnatus'') e foi declarado perpetuamente excomungado (''nunquamque anathematis vinculis exuendus'')<ref name = CE/>.
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Félix comunicou a sentença a Acácio e, ao mesmo tempo, escreveu para Zenão e para a [[Igreja de Constantinopla]], encarregando a todos, sob pena de excomunhão, a se separarem do patriarca deposto<ref>Westcott, B. F em Wace cita as epístolas 9, 10 e 12.</ref>. Outro enviado de Roma, chamado Tutus, foi despachado para executar o decreto de sua dupla excomunhão para Acácio, pessoalmente. O patriarca se recusou a aceitar os documentos trazidos por Tutus e mostrou o que pensava da autoridade de Roma - e do concílio que o excomungara - apagando o nome de Félix dos [[díptico]]s. De resto, as ameaças de Félix não tiveram nenhum efeito prático. Os cristãos orientais, com pouquíssimas exceções, permaneceram fiéis a Acácio<ref name = WACE/>.
Talaia também desistiu da luta ao consentir em se tornar bispo de [[Nola]]<ref name = CE/>, e Zenão e Acácio tomaram medidas ativas para obter a aceitação geral do ''Henotikon'' por todo o oriente. De acordo com algumas fontes (provavelmente [[viés|enviesadas]]), Acácio começou uma brutal política de perseguição e violência, dirigida principalmente contra seus antigos oponentes, os monges, para obrigá-los a trabalhar com Zenão em prol da adoção geral do ''Henotikon''. A condenação de Acácio, que tinha sido feita em nome do Papa, foi repetida agora em nome do concílio de Calcedônia e o cisma se consolidou em 485
[[Fravita de Constantinopla]], seu sucessor, durante um curtíssimo patriarcado, reabriu as negociações com Félix, que resultaram em nada. A política de Acácio começou a desmoronar sem a sua presença para animá-la. Em poucos anos, todos os seus esforços foram revertidos. O ''Henotikon'' falhou em sua tentativa de restaurar a unidade no oriente e, em 519
== Ver também ==
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