História da Sicília: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Historical-map-of-Sicily-bjs-1.jpg|thumb|400pxupright=1.5|Mapa antigo da Sicília (cerca de 1600)]]
 
A '''[[Sicília]]''' é a maior das [[ilha]]s do [[mar Mediterrâneo]], separada da [[Calábria]], na [[península Itálica]], pelo [[estreito de Messina]], que possui apenas três [[quilômetro]]s de largura. Devido à sua posição geográfica, a Sicília sempre teve um papel de importância nos eventos históricos que tiveram como protagonistas os povos do Mediterrâneo.
 
A vizinhança de múltiplas civilizações enriqueceu a Sicília de assentamentos urbanos, de monumentos e de vestígios do passado que fazem da região um dos lugares privilegidosprivilegiados onde a história pode ser revista através das imagens dos sinais que o tempo não apagou. Trata-se de uma região riquíssima em monumentos antigos e sítios de interesse [[arqueologia|arqueológico]] ([[Agrigento]], [[Selinunte]], [[Siracusa]], [[Segesta]] e [[Taormina]]).
 
== A [[Pré-história]] e a [[Antiguidade]] ==
[[Imagem:Agrigent BW 2012-10-07 13-09-13.jpg|thumb|250px|Ruínas do [[Templo da Concórdia]] em [[Agrigento]].]]
 
Durante o [[Terceiro milénio a.C.|III]] e [[Segundo milénio a.C.{{AC|II milênio a.C.]]|x}}, a [[Sicília]] foi povoada pelos [[sicanos]], [[elímios]] e [[sículos]]. No [[Século{{AC|século IX a.C.]]|x}}, os [[fenício]]s fundaram entrepostos de comércio no [[oeste]] da [[ilha]]. [[Estrabão]] escreveu também de um outro povo que visse na ilha, os [[morgetes]] <ref>[[Estrabão]], ''Geografia'', VI, 257 e 260</ref>.
 
No [[{{AC|século VIII a.C.]]|x}}, os [[Grécia Antiga|gregogregos]]s colonizaram as costas [[leste]] e [[sul]], região que se tornou conhecida como [[Magna Grécia]], fundando prósperas colônias de comércio. [[Siracusa]], fundada por [[Corinto]] por volta do ano [[734]], foi a principal cidade da ilha, sobre a qual exerceu sua hegemonia.
 
A Sicília acabou se tornando uma das regiões mais importantes do [[Cartago|Império cartaginês]]. Entre os séculos [[Século V a.C.|V]] e [[Século III a.C.|III]] a.C., conflitos entre [[Cartago]] e os gregos (liderados por [[Siracusa]]) caracterizaram a [[história]] da ilha.
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== A Idade Média ==
== Sicília vândala (440 - 493) ==
A ilha esteve totalmente sob controle [[República Romana|romano]], até a invasão dos [[vândalovândalos]]s em [[440]] que dominaram a ilha até a chegada dos [[ostrogodo]]s.
 
A dominação vândala da iniciou-se em 440, com a conquista pelo rei [[Genserico]], e concluiu-se entre [[484]] e [[496]], sob o reino dr Guntamundo, que perdeu a última cidade vândala na ilha, ''Lilibeo'' (atual [[Marsala]]).
 
Genserico tornou-se rei em [[428]], com a morte de seu irmão [[Gunderico]]. Depois de ter conquistado todo o norte da África, em [[440]] uniu-se aos [[berberes]]. Em [[Cartago]], sua base, organizou uma grande frota com a qual, no mesmo ano, desembarcou na Sicília. Os vândalos começaram a assaltar a ilha, destruindo [[Palermo]] e impedindo também os navios [[Império Bizantino|bizantinos]] de [[Teodósio II]] de aportat para combater os [[bárbaros]].
 
Em [[442]], o que restava do [[Império Romano do Ocidente]] reconheceu as conquistas vândalas e foi assim constituído um [[Estado]] verdadeiro. Em [[476]], [[Odoacro]], rei dos [[hérulos]], iniciou uma sangrenta guerra contra os vândalos, recuperando quase toda a [[Sicília]] com um [[tributo]]. ''Lilibeo'' permaneceu como a única fortaleza vândala.
 
Sob [[Gutemondo]], neto de Genserico, entre [[484]] e [[496]], a Sicília foi conquistada inteiramente pelos [[ostrogodos]].
 
== Sicília ostrogoda (493-555) ==
Depois da queda do [[Império Romano do Ocidente]], os ostrogodos, ao dominarem toda a [[península Itálica]], acrescentaram a Sicília aos seus domínios por mais de meio século. Em [[468]], sob o rei [[Genserico]], os [[vândalos]] vindos da África conquistaram a [[Sicília]], e a [[Sardenha]]. Os vândalos restituíram a ilha a [[Odoacro]] mediante o pagamento de grande tributo, porém mais tarde o rei [[Teodorico o Grande|Teodorico]] não manteve o acordo.
A dominação ostrogoda encerrou-se com a conquista bizantina definitiva sob [[Narses]].
 
=== Primeira dominação ostrogoda ===
[[Imagem:Ostrogothic Kingdom.png|thumb|200px|O reino ostrogodo.]]
 
Em [[476]], [[Genserico]], rei dos vândalos, derrotado nas guerras contra [[Odoacro]], decidiu ceder a ilha em troca de um tributo. Permaneceu sob controle vândalo a cidade de ''Lilibeo'' (atual [[Trapani]]). Em [[493]], Odoacre foi morto por [[Teodorico o Grande]], rei dos ostrogdos, que assim dominou toda a Itália. Sob o reino de Teodorico, ocorreu o ápice do poder ostrogodo na península, pois logo depois o [[Império Bizantino]] iniciou uma longa guerra de reconquista ([[Guerra Gótica (535–553)|Guerra Gótica]]).
 
Em [[535]], [[Justiniano II]] ordenou a [[Belisário]] que atacasse os ostrogodos. O general, com 15.000 soldados conquistou rapidamente a ilha e penetrou na Itália peninsular.
 
=== Segunda dominação ostrogoda ===
Até [[549]], a ilha foi dominada pelos bizantinos, mas a guerra desses contra o [[Império Búlgaro]] desviou a atenção da guerra na Itália e os ostrogodos reconquistaram o território perdido. [[Totila]], com o assédio de [[Roma]] no outono de [[549]], reconquistou a Itália. O seu domínio, porém, durou muito pouco. Justiniano enviou à Itália o general [[Narses]], que infligiu várias derrotas aos ostrogodos graças a uma invasão de surpresa pelo norte.
 
Em [[552]], entre [[Gualdo Tadino]] e [[Gubbio]], os exércitos de Totila e de Narses se enfrentaram numa grande batalha. Totila morreu na batalha. Substituído por [[Teia (rei)|Teia]], seu reino durou só o tempo de ser derrotado definitivamente pelos bizantinos na [[Batalha de Mons Lactarius]], ao sul de [[Nápoles]], em outubro de [[552]] ou início de [[553]].
 
== Sicília bizantina (535-1043) e Sicília árabe (827-1091) ==
{{APArtigo principal|Conquistavt=s|História muçulmanado islã no sul da Itália|Emirado da Sicília}}
No decorrer das [[Guerra Gótica (535–553)|Guerra Gótica]], [[Belisário]] anexou a ilha ao [[Império Bizantino]] em [[535]] d.C., um domínio que durou até o [[século {{séc|IX]]}}.
 
=== Conquista bizantina ===
No início do [[século {{séc|VII]]}}, a Sicília tornou-se um [[thema]] por ordem do imperador [[Heráclio]], o [[Thema da Sicília]]. Ainda no século VII, os [[árabes]] iniciaram incursões na Sicília, considerada por eles um ponto estratégico, de onde se podia controlar todo o [[mar Mediterrâneo]].
 
=== Primeira tentativa de invasão árabe ===
[[Imagem:Belisarius by Francois-Andre Vincent.jpg|thumb|left|280px|Belisário por [[François André Vincent]], [[1776]]. Belisário, o conquistador da Itália, cego e mendicante, é reconhecido por um de seus soldados.]]
A desagregação do Império Bizantino e sua debilidade se faziam sentir na Sicília, alimentando um descontentamento, em uma área que sempre, seja politicamente seja culturalmente, se sentia mais vizinha e atraída por [[Roma]] e pelo [[Império Romano do Ocidente]] que por [[Constantinopla]] e pelo Império Bizantino.
 
Entre [[803]] e [[820]], a eficiência bizantina no quadrante central do Mediterrâneo começou a decrescer vistosamente, na época do governo da [[Imperador|imperatriz]] [[Irene de Atenas]].
 
O [[turmarca]] da frota bizantina [[Eufêmio de Messina]], que havia tomado o poder na Sicília com a ajuda de vários nobres pede ajuda aos [[árabes]] em [[825]] para apoiar seu domínio sobre a ilha. Os bizantinos reagiram duramente sob a liderança de [[Fotino (general)|Fotino]] e Eufêmio, derrotado em [[Siracusa]], escapou a [[Ifriqiya]]. Lá encontrou refúgio sob o [[Emirado|emir]] Aghlabidi[[Aglábidas|aglábida]] de [[Qayrawan|Qayraw&#257;nCairuão]], [[Ziyadat Allah I|Ziy&#257;datZiyādat AllAllāh&#257nbsp;h I]], a quem pediu ajuda para realizar um desembarque na Sicília e caçar os odiados bizantinos.
 
Os AghlabidiAglábidas eram então dotados de um agudo contraste que contrapunha a componente indígena [[Berberes|berbere]], islamizada ema seguidaseguir às [[Conquista muçulmana do Magrebe|primeiras conquistas [[Islão|islâmicas]] do [[século {{séc|VII]]}} e conduzida por Mansūr al-Tunbūdhī, ao exército árabe que se juntava em [[Ifrīqiya]] (na atual [[Tunísia]]) à época da instituição do Emiradoemirado, por vontade do [[califa]] [[Harun al-Rashid|Hārūn al-Rashīd]] com o primeiro [[Emiremir]] [[Ibrahim ibn al-Aghlab|Ibrāhīm ibn al-Aghlab]].
 
Os muçulmanos, que talvez já tivessem planejado uma invasão da Sicília, preparavam uma frota de 70 navios, chamando ao ''[[jihad]]'' marítimo o maior número de voluntários, oficialmente para atender a uma obrigação moral mas de fato para afastar de [[Ifriqiya|Ifr&#299;qiya]] o maior número possível de súditos facínoras que criavam graves tensões, tanto enre a população árabe quanto entre os berberes, com graves problemas para a população civil.
 
=== Conquista árabe ===
[[Imagem:Taormina16.JPG|thumb|250px|right| Portal no Castelo Sarraceno em [[Taormina]], - Testemunhotestemunho da presença árabe.]]
A invasão teve início em [[17 de junho]] de [[827]] e a massa em grande parte [[Berberes|berbere]], mas sob liderança [[árabes|árabe]] ou [[persas|persa]], foi creditada ao ''[[qadi|q&#257;d&#299;cádi]]'' dide Qayrawān[[Cairuão]], [[Asad ibn al-Furat|Asad b. al-Fur&#257;t]], grande jurista [[MaliqismoMaliquismo|malikitamaliquita]] autor da famosa ''Asadiyya'', de origem persa de [[Khorasan|Khor&#257;s&#257;n]]. O desembarque ocorreu em [[Capo Granitola]], próximo a [[Mazara del Vallo]] e foi ocupada [[Marsala]] (em [[língua árabe{{langx|ar|árabe]] ''Marsa ‘Alī''}}, o porto de ‘Alī ou ''Marsa Allāh'', o porto de Deus) e os centros foram fortificados e usados como cabeça de ponte e base de atracamento para os navios.
 
A expedição que pretendia com toda probabilidade (além do lendário imaginário cristão) efetuar uma penetração profunda na ilha, não se ilude de poder [[Cerco de Siracusa (827-828)|superar as formidáveis defesas]] de [[Siracusa]], a capital bizantina da ilha, mas a substancial debilidade bizantina, há pouco saída de uma duro conflito contra o usurpador [[Tomás o Eslavo]], fez Asad pensar na concreta possibilidade que a inicial tentativa estratégica pudesse ser mudada a uma expedição de verdadeira conquista.
 
Foi assim possível aos muçulmanos, que já haviam tomado ''Girgenti'' (atual [[Agrigento]], sempre com a grande maioria berbere), tomar, em agosto e setembro [[831]], [[Palermo]], eleita capital da Sicília islâmica (''Siqilliyya''), depois [[Messina]], [[Modica]] (845) e [[Ragusa]], enquanto ''Castrogiovanni'' (atual [[Enna]]) foi tomada somente em [[859]]. Resistia Siracusa, sede do ''[[strategos]]'' da qual dependiam tanto o [[drungariato]] de [[Malta]] quanto os ducados de [[Calabria]], de [[Otranto]] e, ao menos teoricamente, de [[Nápoles]].
 
[[Imagem:Palermo-San-Giovanni-bjs-2.jpg|thumb|left|220px|Igreja de São João dos Eremitas, em [[Palermo]], com cúpulas em estilo árabe]]
Foi necessário mais de uma década para vencer a resistência dos habitantes do solo [[Val di Mazara]] e para apoderar-se entre [[841]] e [[859]] de [[Val di Noto]] e [[Val Dèmone]]. Siracusa, superado o bloqueio imposto em [[872]]-[[873]] por Khafāja b. Sufyān b. Sawādan, caiu em [[21 de maio]] de [[878]], a meio século do primeiro desembarque, ao término de um [[Cerco de Siracusa (877-878)|implacável assédio]] que se conclui com o massacre de 5.000 habitantes e com a escravidão dos sobreviventes, resgatados somente muitos anos mais tarde.
 
Foi necessário mais de uma década para vencer a resistência dos habitantes do solo [[Val di Mazara]] e para apoderar-se entre [[841]] e [[859]] de [[Val di Noto]] e [[Val Dèmone]]. Siracusa, superado o bloqueio imposto em [[872]]-[[873]] por Khafāja b. Sufyān b. Sawādan, caiu em [[21 de maio]] de [[878]], a meio século do primeiro desembarque, ao término de um [[Cerco de Siracusa (877-878)|implacável assédio]] que se conclui com o massacre de 5.000{{formatnum:5000}} habitantes e com a escravidãoescravização dos sobreviventes, resgatados somente muitos anos mais tarde.
[[Imagem:Palermo-San-Giovanni-bjs-2.jpg|thumb|left|220px|Igreja de São João dos Eremitas, em [[Palermo]], com cúpulas em estilo árabe]]
A última fortaleza importante da resistência bizantina a ceder foi ''Tauromenium'' (atual [[Taormina]]) em [[1 de agosto]] de [[902]] sob o ataque do [[emir]] [[Ibrahim ibn Ahmad|Ibr&#257;h&#299;m b. Ahmad]]. O último pedaço de terra a resistir aos muçulmanos foi [[Rometta]] que capitulou somente em [[963]].
 
A última fortaleza importante da resistência bizantina a ceder foi ''Tauromenium'' (atual [[Taormina]]) em [[1 de agosto]] de [[902]] sob o ataque do [[emir]] [[Ibrahim ibnII de AhmadIfriqiya|Ibr&#257;h&#299;mIbrāhīm b. AhmadAhmadd]]. O último pedaço de terra a resistir aos muçulmanos foi [[Rometta]] que capitulou somente em [[963]].
[[Ibrahim II|Ibr&#257;h&#299;m II]] na sua vontade de prosseguir a ''[[jihad]]'', tentou alcançar a [[Itália]] para depois chegar, se disse com grande fantasia, até [[Constantinopla]]. Passou portanto o [[Estreito de Messina]] e percorreu na direção norte para a [[Calábria]]. Não encontrou particular resistência mas sua marcha parou nas imediações de [[Cosenza]] que talvez tenha sido a primeira cidade a opor uma certa resistência ao invasor. Porém a parada ocorreu mais por desordens com as quais as operações militares foram envolvidas e pela carência de condução militar e de resultados concretos. Ademais Ibrāhīm, com disenteria, morreu e suas tropas, no limite da desordem, se retiraram. Assim se conclui a tentativa de conquista da "Terra grande" (''al-arḍ al-kabīra'').<br clear=all>
 
[[Ibrahim II|Ibr&#257;h&#299;m II]] na sua vontade de prosseguir a ''[[jihad]]'', tentou alcançar a [[Itália]] para depois chegar, se disse com grande fantasia, até [[Constantinopla]]. Passou portanto o [[Estreitoestreito de Messina]] e percorreu na direção norte para a [[Calábria]]. Não encontrou particular resistência mas sua marcha parou nas imediações de [[Cosenza]] que talvez tenha sido a primeira cidade a opor uma certa resistência ao invasor. Porém a parada ocorreu mais por desordens com as quais as operações militares foram envolvidas e pela carência de condução militar e de resultados concretos. Ademais Ibrāhīm, com disenteria, morreu e suas tropas, no limite da desordem, se retiraram. Assim se conclui a tentativa de conquista da "Terra grande" (''al-arḍ al-kabīra'').<br clear=all>
 
=== Tentativa de reconquista bizantina ===
[[Imagem:Le conquiste di Giorgio ManiaceBis..jpg|thumb|right|200pxupright|As conquistas de Jorge Maniace na [[Sicília]] em vermelho tracejado.]]
Sabe-se que [[Basílio II Bulgaróctone]] em [[1025]] tinha planejado a reconquista da Sicília. Mas não pode iniciá-la porque morreu no mesmo ano. O plano de Basílio foi esquecido por alguns anos, mas depois o imperador [[Miguel IV, o Paflagônio]], reencontrando as cartas do projeto de Basílio, e tão logo os viu se entusiasmou, e quis iniciar logo esta campanha de reconquista, que foi confiada ao grande general bizantino [[Jorge Maniace]].
 
Durante o [[século {{séc|XI]]}}, houve na [[Sicília]] muçulmana uma profunda crise política que opôs o [[Imame|imã]] [[Califado Fatímida|fatímida]] aos governadores [[Kalbidi]], que ao final foram vencidos. Do conflito se aproveitaram os bizantinos que, em [[1038]], empreenderam um efêmero intento de reconquista da ilha.
 
Ao comando da expedição bizantina estava Estêvão, irmão do imperador Miguel IV, enquanto o comando militar das tropas era confiado ao general Maniace. As tropas eram formadas de numerosos [[lombardos]] comandados por [[Arduíno d'Ivrea]] e por uma companhia de [[normandos]] comandados pelo futuro rei da Sicília [[Guilherme I da Sicília|Guilherme]].
 
[[Imagem:Byzantines and Arabs in Sicily Ioannis Skylitzes.jpg|thumb|left|250px|Imagem representanterepresentando doo [[exército bizantino]] que desembarca na Sicília comandado por [[Jorge ManiaceManiaces]].<small>Da Crônicacrônica de [[João Skylitzes]], no manuscrito conhecido como "[[Skylitzes de Madrid]]".</small>]]
A expedição usou como cabeça-de-ponte a base de [[Reggio Calabria]] e após cruzar o estreito, ocupou [[Messina]] e depois se dirigiu à antiga capital da ilha, [[Siracusa]]. Maniace foi o único comandante que conseguiu, antes dos [[normandos]] e temporariamente (provavelmente em [[1043]]), libertar a cidade dos muçulmanos. Como testenho do fato, mandou as relíquias de [[Lúcia de Siracusa|Santa Lúcia]] a [[Constantinopla]] e construiu na cidade uma fortificação que ainda existe, embora ampliado, e tem o nome de "Castelo de Maniace". Também o transporte das relíquias de [[Santa Ágata]] durante o [[século {{séc|XI]]}} ocorreu durante a mesma expedição.
 
Em [[1040]], entre [[Randazzo]] e [[Troina]] estavam as tropas muçulmanas de Abdallah. No local da batalha foi fundado o monastério de Santa Maria di Maniace. O antigo cenóbio se encontra hoje próximo a [[Maniace]] na [[província de Catânia]]. Abdallah por sorte ou talvez por erro de estratégia de Estevão se recusou a enfrentá-lo.
Porém uma série de eventos funestos, e uma revolta de Arduíno puseram em crise a expedição que teve que abandonar a Sicília e retirar-se até à [[Apúlia (Itália)|Apúlia]]. Em [[1043]], à frente do exército Jorge Maniace repreendeu a revolta, constituída de normandos e lombardos e graças ao bom resultado da batalha, os seus soldados quiseram colocá-lo no lugar do imperador bizantino {{Lknb|Constantino|IX Monômaco}}.
 
Sob o domínio árabe, [[Palermo]] floresceu. Dois séculos de domínio [[sarraceno]] encerraram-se no [[século {{séc|XI]]}} quando a Sicília tornou-se, no [[século XI]], um Estado [[normando]].
 
== Sicília normanda (1060-1194) ==
*{{Artigo [[principal|Conquista dos Normandosnormanda do sul da Itália]]}}
[[Imagem:Normannen.png|thumb|300px|right|Território normandos - século XII]]
Quase contemporaneamente à conquista da [[Inglaterra]], grupos de [[normandos]] se dirigiram ao sul da [[península itálica]], inicialmente como [[mercenários]], motivados pela possibilidade que ofereciam as rebeliões anti[[bizantinos|bizantinas]] na [[Puglia]]. Nessa época a maior parte da [[Península Itálica]] era dominada pelo [[Reino Lombardo]], enquanto a [[Sicília]] estava dominada pelos [[árabes]], lá chamados de [[sarracenos]]. Os mercenários normandos, por volta de [[1025]], prestavam seus serviços para várias tarefas, como a proteção dos [[peregrino]]s que iam ou retornavam de [[Jerusalém]] ou a luta aos sarracenos. Desta maneira enriqueceram, constituindo-se em senhores territoriais (o primeiro foi o condado de [[Aversa]] com [[Rainulfo Drengot]] em [[1027]]). Logo, para dar uma direção política se aliaram à família dos [[Altavila]] guiada por [[Guilherme Braço de Ferro]] (morto em [[1046]]), que liderou uma mudança radical no domínio político-territorial do [[Mezzogiorno]].
 
[[Imagem:Normannen.png|thumb|300pxupright=1.25|right|Território normandos - século XII]]
O [[Papa Leão IX]], vendo sua [[Ducado de Benevento|Benevento]] ameaçado, tentou enfrentá-lo; mas o exército pontifício foi derrotado na [[Batalha de Civitate]] ([[1054]]), o Papa foi capturado, e assim Benevento permaneceu uma ilha pontifícia em terra normanda.
Quase contemporaneamente à conquista da [[Inglaterra]], grupos de [[normandos]] se dirigiram ao sul da [[península itálica]], inicialmente como [[mercenários]], motivados pela possibilidade que ofereciam as rebeliões anti[[bizantinos|bizantinas]] na [[Puglia]]. Nessa época a maior parte da [[Península Itálica]] era dominada pelo [[Reino Lombardo]], enquanto a [[Sicília]] estava dominada pelos [[árabes]], lá chamados de [[sarracenos]]. Os mercenários normandos, por volta de [[1025]], prestavam seus serviços para várias tarefas, como a proteção dos [[peregrino]]s que iam ou retornavam de [[Jerusalém]] ou a luta aos sarracenos. Desta maneira enriqueceram, constituindo-se em senhores territoriais (o primeiro foi o condado de [[Aversa]] com [[Rainulfo Drengot]] em [[1027]]). Logo, para dar uma direção política se aliaram à família dos [[Altavila]] guiada por [[Guilherme Braço de Ferro]] (morto em [[1046]]), que liderou uma mudança radical no domínio político-territorial do [[Mezzogiorno]].
 
O [[Papa Leão IX]], vendo sua [[Ducado de Benevento|Benevento]] ameaçado, tentou enfrentá-lo; mas o exército pontifício foi derrotado na [[Batalha de Civitate]] ([[1054]]), o Papa foi capturado, e assim Benevento permaneceu uma ilha pontifícia em terra normanda.
A conquista normanda na Itália meridional deu-se em duas frentes: por um lado continuou a erodir o poder bizantino na [[Apúlia (Itália)|Apúlia]] e [[Calábria]] e por outro começou a luta para tomar a [[Sicília]] dos muçulmanos.
 
A conquista normanda na Itália meridional deu-se em duas frentes: por um lado continuou a erodir o poder bizantino na [[Apúlia (Itália)|Apúlia]] e [[Calábria]] e por outro começou a luta para tomar a [[Sicília]] dos muçulmanos.
[[Imagem:Kingdom of Sicily 1154-pt.svg|300px|thumb|left|O Reino da Sicília, como existiu desde a morte de seu fundador, [[Rogério II da Sicília]], em [[1154]]. As [[fronteira]]s ficaram praticamente as mesmas por 700 anos.]]
Em [[1059]], [[Roberto Guiscardo]] dos [[Altavila]] fez um pacto com o [[Papa Nicolau II]], a [[Concordata de Melfi]], com a qual se declarava formalmente seu vassalo, obtendo em troca os títulos (ainda somente nominais) de [[duque da Apúlia]] (que compreendia também a [[Basilicata]]) e da [[Calábria]] (que estava porém ainda em parte nas mãos dos [[bizantinos]]), parte da [[Campânia]] e [[Sicília]] (que estava porém em mãos dos [[árabes]]). Os normandos conseguiram rapidamente livrar o Sul da presença bizantina com repetidas expedições que se concluíram com a conquista, por Roberto Guiscardo, da cidade de ''[[Reggio di Calabria]]'', onde ele confirmou o título de [[duque da Calábria]]. Os Altavila assim puderam rapidamente dedicar-se à Sicília.
 
[[Imagem:Kingdom of Sicily 1154-pt.svg|300px|thumb|left|O Reino da Sicília, como existiu desde a morte de seu fundador, [[Rogério II da Sicília]], em [[1154]]. As [[fronteira]]s ficaram praticamente as mesmas por 700 anos.]]
[[Rogério I da Sicília|Rogério ''Bosso'' Altavila]] (Rogério de Altavila), irmão de Roberto Guiscardo, no comando de um grupo de cavaleiros, em [[1061]], desembarcou em [[Messina]] e invadiu a ilha (então sob domínio [[árabes|árabe]]). Até [[1064]], conseguiu instalar-se somente no canto nordeste da ilha e avançar até [[Cefalù]] e [[Noto (Itália)|Noto]]. Enquanto isso, Roberto tomou [[Brindisi]] e [[Bari]] ([[1071]]) e veio então em ajuda ao irmão. Em [[1072]], os normandos chegaram a [[Palermo]], que foi escolhida capital e em [[1077]] a [[Taormina]]. No continente, caíram em suas mãos [[Amalfi]] em [[1073]] e [[Salerno]] em [[1077]].<ref>{{Citar livro | autor= GAETA, Franco; VILLANI, Pasquale|título=Corso di Storia
Em [[1059]], [[Roberto Guiscardo]] dos [[Altavila]] fez um pacto com o [[Papa Nicolau II]], a [[Concordata de Melfi]], com a qual se declarava formalmente seu vassalo, obtendo em troca os títulos (ainda somente nominais) de [[duque da Apúlia]] (que compreendia também a [[Basilicata]]) e da [[Calábria]] (que estava porém ainda em parte nas mãos dos [[bizantinos]]), parte da [[Campânia]] e [[Sicília]] (que estava porém em mãos dos [[árabes]]). Os normandos conseguiram rapidamente livrar o Sul da presença bizantina com repetidas expedições que se concluíram com a conquista, por Roberto Guiscardo, da cidade de ''[[Reggio di Calabria]]'', onde ele confirmou o título de [[duque da Calábria]]. Os Altavila assim puderam rapidamente dedicar-se à Sicília.
 
[[Rogério I da Sicília|Rogério ''Bosso'' Altavila]] (Rogério de Altavila), irmão de Roberto Guiscardo, no comando de um grupo de cavaleiros, em [[1061]], desembarcou em [[Messina]] e invadiu a ilha (então sob domínio [[árabes|árabe]]). Até [[1064]], conseguiu instalar-se somente no canto nordeste da ilha e avançar até [[Cefalù]] e [[Noto (Itália)|Noto]]. Enquanto isso, Roberto tomou [[Brindisi]] e [[Bari]] ([[1071]]) e veio então em ajuda ao irmão. Em [[1072]], os normandos chegaram a [[Palermo]], que foi escolhida capital e em [[1077]] a [[Taormina]]. No continente, caíram em suas mãos [[Amalfi]] em [[1073]] e [[Salerno]] em [[1077]].<ref>{{Citar livro | autor= GAETA, Franco; VILLANI, Pasquale|título=Corso di Storia
|língua= | subtítulo= |edição=|local = Milão|editora=Principato|ano=1986|páginas=|volumes=|volume =|ID = }}</ref>
 
Em [[1088]], [[Boemundo I de Antioquia]], filho da primeira esposa de Roberto, se tornou soberano incontestável do [[Principado de Taranto]]. Na noite de Natal de [[1130]], [[Rogério II da Sicília|Rogério II]], filho de Rogério de Altavila, foi nomeado rei de Sicília e [[duque da Apúlia e Calábria]], criando assim na Itália meridional um Estado de dimensões consideráveis: o Reino normando da Sicília. Ele estendeu o domínio normando com a conquista do [[Ducado de Nápoles]] ([[1137]]) e, com [[Assise di Ariano]] ([[1140]]), conferiu ao seu Reino uma organização feudal rigidamente hierárquica e estreitamente ligada à pessoa do soberano.
 
O domínio dos normandos na Itália meridional teve fim em [[1194]] (morte de [[Tancredo de Sicília|Tancredo de Lecce]]) e em [[1198]], quando [[Henrique VI da Germânia|Henrique, Imperador do Sacro Império Romano]] (morto em [[1197]]), em virtude de seu matrimônio com [[Constança de Altavila]] (morta em [[1198]]), uniu à coroa imperial a de rei da Sicília.
 
== Sicília suábia (1185-1266) ==
[[Imagem:Palermo-Cathedral-bjs-1.jpg|thumb|300px|LaA [[Catedral de Palermo]], síntese arquitetônica dos vários ari momentos históricos da cidade]]
A dominação pela dinastia [[suábia]] dos [[Hohenstaufen]] na Sicília teve início com um matrimônio de Estado entre Henrique VI, filho do imperador [[Frederico Barbarossa]], e Constança de Altavila, filha de [[Rogério II da Sicília]]. Em [[1185]], abriu-se assim a estrada para a conquista suábia. Em [[1194]], com a morte de [[Guilherme III da Sicília]], a ilha foi conquistada pela soberano germânico, passando a integrar o [[Sacro Império]]. Tinha assim início a dinastia suábia na Sicília que com [[Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico|Frederico II]], filho de Constança, atingiu seu máximo esplendor.
 
Palermo e a corte tornaram-se o centro do império, compreendia as terras da [[Apúlia]] e da Itália Meridional. Em Palermo nasceu a "escola poética italiana" com a primeira poesia italiana. Politicamente o soberano chamado ''"stupor mundi"'' ("maravilha do mundo") antecipou, segundo [[Santi Correnti]], "a figura do príncipe renascimentista", também com a assim chamada "constituição Mefitane" ([[1231]]).
 
[[Imagem:Palermo-sarcofago di federico II.jpg|thumb|300px|O sarcófago de Frederico II na catedral]]
O seu reino foi porém caracterizado pelas lutas contra o papado e as comunas italianas, nas quais teve vitórias ou compromisso, organizando a [[quarta cruzada]] e dotando a ilha de castelos e fortificações.
 
Em [[1250]], quando morreu, foi sepultado na catedral de Palermo, iniciando a luta de sucessão. Em [[1266]], [[Carlos I de Anjou]], irmão do rei da [[França]] [[Luís IX de França|Luís IX]], derrotou [[Manfredo da Suábia]], filho natural de Frederico II, em [[Benevento]] e foi coroado rei da Sicília pelo [[papa]].
 
=== Os suábios em Catânia ===
A nobreza de [[Catânia]] não teve um relacionamento feliz com os [[Hohenstaufen]], nem mesmo com o grande [[Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico|Frederico II]], contra quem se rebelou em [[1232]]. Melhoria importante para o futuro da cidade foi a inserção de Catânia entre as cidades imperiais, terminando assim a hegemonia dos condes-bispos.
 
=== Os suábios em Enna ===
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=== Os suábios em Siracusa ===
A conquista suábia de Siracusa ocorreu somente em [[1221]]. Anteriormente, Siracusa foi incluída nos domínios [[República de Gênova|genoveses]] por 15 anos. A dominação genovesa favoreceu o comércio. Sob os normandos, reforçara sua posição de bastião militar, com a construção do [[Castelo Maniace]] e de diversos edifícios, como o palácio episcopal e o [[Palácio Bellomo]].
 
=== Os suábios em Augusta ===
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== Sicília angevina (1266-1282) ==
[[Imagem:Francesco Hayez 023.jpg|thumb|300px|right|''[[Vésperas sicilianas]]'' ([[1846]]) de [[Francesco Hayez]].]]
 
Ao fim da dinastia dos [[Hohenstaufen]], em [[1266]], a Sicília foi designada pelo [[Papa]], que considerava a ilha patrimônio da [[Igreja]], a [[Carlos I de Anjou|Carlos I]], mas o domínio [[angevino]] na Sicília teve curta duração.
 
No verão de [[1282]], Messina foi posta sob assédio por [[Carlos I de Anjou]], que sabia que não poderia avançar ao interior da Sicília sem haver dominado a cidade sobre o estreito. O assédio durou até o final de setembro, mas a cidade não foi derrotada.
 
Catânia foi um dos centros da revolta contra os [[Casa de Anjou|anjevinos]]: os cataneses, que haviam sofrido injustiças e danos econômicos devido ao fechamento do porto da cidade, contribuíram valorosamente para derrubar os "maus senhores". Os mais importantes nomes que conduziram a revolta em Catânia foram Palmiero, abade de [[Palermo]], Gualtiero da Caltagirone, Alaimo da Lentini e [[Giovanni da Procida]]. Este último, em [[1280]], disfarçado de monge, recorreu ao [[papa Nicolau II]], ao imperador bizantino [[Miguel VIII Paleólogo]] e ao rei [[Pedro III de Aragão]], para pedir: ao papa para não apoiar Carlos de Anjou em caso de revolta; ao imperador Miguel o apoio externo contra o inimigo comum; e ao rei de Aragão para fazer valer o seu direito ao trono da Sicília enquanto marido de Constança, filha de Manfredo, o último dos Hohenstaufen.
 
[[Imagem:Saluto.jpg|thumb|left|200 pxupright|''Saluto'' de prata de Carlos I]]
Nesse ínterim, os sicilianos haviam oferecido a coroa da Sicília a Pedro III de Aragão, marido de Constança, filha do falecido rei Manfredo da Suábia, transformando a insurreição em um conflito político entre sicilianos e [[Reino de Aragão|aragoneses]] por uma lado e os anjevinos, o Papado, o Reino da [[França]] e as várias facções guelfas de outro lado.
 
Em [[1282]], o ''moto'' melhor conhecido como [[Vésperas sicilianas]] pôs fim ao domínio da ilha por parte da dinastia francesa. Apenas estourou a revolta na Sicília, a frota aragonesa já estava em Palermo e a ocupação da cidade por Pedro dava assim início à dominação dos aragoneses na Sicília ([[1282]]-[[1410]]).
 
Em [[26 de setembro]] de 1282, o Rei Carlos, derrotado, retornou a [[Nápoles]].
 
== Sicília aragonesa (1282-1513) ==
[[Imagem:PedroIII.jpg|thumb|150px|rightupright|Pedro III de Aragão.]]
Em [[1282]], imediatamente após as [[Vésperas Sicilianas]] (revolta contra os [[França|franceses]] que aí se haviam instalado com a casa de Anjou), o [[Reino da Sicília]] foi dividido em duas partes ([[Sicília]] e [[Mezzogiorno|Itália meridional]]), mas ambas conservaram oficialmente o nome de [[Reino da Sicília]]. [[Nápoles]] (Itália meridional) continuou sob o controle da dinastia francesa, mas a ilha da Sicília se proclamou independente e elegeu como rei [[Pedro III de Aragão|Pedro &nbsp;III, o Grande]], rei de [[Reino de Aragão|Aragão]]. Seguiram-se então mais de cinco séculos de governo dos príncipes aragoneses e reis espanhóis.
 
Em [[1442]], [[Afonso V de Aragão|Afonso V]], príncipe de Aragão, reuniu o [[Reino da Sicília]] e o [[Reino de Nápoles]] sob o nome de [[Reino das Duas Sicílias]], o que não foi bastante para evitar nova cisão. Em [[1458]], separada de [[Nápoles]], a Sicília continuou sob o domínio de Aragão.
 
=== Os judeus na Sicília ===
Nesta ilha viviam várias famílias judaicas, que já tinham sido vítimas de [[pogrom]]s anterioremente. Mas os judeus tinham também um papel predominante no comércio e na medicina na ilha.
 
Quando em [[1492]] os [[reisReis católicosCatólicos]], [[{{lknb|Fernando |II |de Aragão|Fernando II]]}} (rei da Sicília desde [[1468]]) e [[Isabel I de Castela|Isabel]], ordenaram a expulsão ou a conversão dos [[judeu]]s na Espanha, e a Sicília teve de fazer o mesmo. O vice-rei siciliano hesitou, mas acabou por tomar medidas lesivas dos judeus: proibiu-os de vender as suas posses e impediu-os de levar consigo quaisquer armas. Como consequência da saída dos judeus sabemos que o comércio e a economia siciliana sofreu bastante.
 
No [[século XVII]] alguns sicilianos pediram ao rei que fizesse alguma coisa para fomentar o comércio na ilha. [[Carlos II de Espanha|Carlos II]] concedeu a [[Messina]] o privilégio de porto livre (ver [[Stadtluft macht frei]]) e concedeu aos judeus o direito de estabelecer o comércio ali, com a condição de eles dormirem fora da cidade e que usassem um sinal distintivo na sua roupa. Esta posição ambígua não encorajou os judeus a virem e em [[1728]], foi concedido aos judeus o direito do comércio em qualquer parte da ilha, que residissem em [[Messina]], terem uma [[sinagoga]] e um cemitério e a poderem possuir e dispor de propriedade. Mesmo isto não ajudou, e em [[1740]] o rei convidou explicitamente os judeus a virem para a ilha. Algumas famílias aceitaram mas viram-se maltratadas pela população. Pouco depois, os judeus foram culpados por elementos da igreja católica pela incapacidade do rei em gerar um sucessor de sexo masculino. Sete anos tinham passado desde que estas últimas famílias tinham chegado e os judeus voltaram a ser expulsos.
 
Fernando II, o Católico, recuperou em [[1504]] o reino de Nápoles sob os auspícios da coroa espanhola. Com o [[Tratado de Utrecht]] ([[1713]]), a Sicília separou-se novamente de Nápoles.
 
== Sicília espanhola (1513-1713) ==
A dominação [[Espanha|espanhola]] na [[Sicília]] começou em [[23 de janeiro]] de [[1516]], com a ascensão de [[Carlos I de Espanha|Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico]] ao trono de Espanha, e terminou em [[10 de junho]] de [[1713]], com a assinatura do [[Tratado de Utrecht]], que sancionou a passagem da ilha de [[Filipe V de Espanha|Filipe V]] a [[Vítor Amadeu II de Saboia]].
 
== Sicília piemontesa (1713-1718) ==
A dominação [[Piemonte]]sa na [[Sicília]] começou em [[10 de junho]] de [[1713]], que marcou a passagem da ilha de [[Filipe V de Espanha|Filipe V]] a [[Vítor Amadeu II de Saboia]], e se concluiu em [[1720]], quando [[Carlos VI, Sacro Imperador Romano-Germânico|Carlos VI]] invadiu a ilha e a trocou com a [[Sardenha]].
 
No [[século {{séc|XVII]]}} alguns sicilianos pediram ao rei que fizesse alguma coisa para fomentar o comércio na ilha. [[{{Lknb|Carlos |II |de Espanha|Carlos II]]}} concedeu a [[Messina]] o privilégio de porto livre (ver [[Stadtluft macht frei]]) e concedeu aos judeus o direito de estabelecer o comércio ali, com a condição de eles dormirem fora da cidade e que usassem um sinal distintivo na sua roupa. Esta posição ambígua não encorajou os judeus a virem e em [[1728]], foi concedido aos judeus o direito do comércio em qualquer parte da ilha, que residissem em [[Messina]], terem uma [[sinagoga]] e um cemitério e a poderem possuir e dispor de propriedade. Mesmo isto não ajudou, e em [[1740]] o rei convidou explicitamente os judeus a virem para a ilha. Algumas famílias aceitaram mas viram-se maltratadas pela população. Pouco depois, os judeus foram culpados por elementos da igreja católica pela incapacidade do rei em gerar um sucessor de sexo masculino. Sete anos tinham passado desde que estas últimas famílias tinham chegado e os judeus voltaram a ser expulsos.
== Sicília bourbônica (1734-1860) ==
[[Imagem:Sanesi - La rivoluzione di Palermo-12 gennaio 1848 - ca. 1850.jpg|thumb|left|200px|A revolução de 1848 em [[Palermo]].]]
 
Fernando II, o Católico, recuperou em [[1504]] o reino de Nápoles sob os auspícios da coroa espanhola. Com o [[Tratado de Utrecht]] ([[1713]]), a Sicília separou-se novamente de Nápoles.
Em [[1720]], a [[Sicília]] passou ao controle dos [[Habsburgo]]s e, em [[1734]], o [[Reino das Duas Sicílias]] foi restaurado em proveito de [[Carlos de Bourbon]] e seus descendentes.
 
== Sicília espanhola (1513-17131513—1713) ==
Em [[1799]], o exército revolucionário [[França|francês]] derrotou [[Fernando II das Duas Sicílias|Fernando II]], rei das Duas Sicílias, e conquistou o [[Reino de Nápoles]]. [[1806|Sete anos depois]], [[Napoleão Bonaparte]] impôs seu irmão [[José Bonaparte]] (José I) no trono napolitano, no qual permaneceu por um breve período.
A dominação [[Espanha|espanhola]] na [[Sicília]] começou em [[23 de janeiro]] de [[1516]], com a ascensão de [[Carlos I de Espanha|Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico]] ao trono de Espanha, e terminou em [[10 de junho]] de [[1713]], com a assinatura do [[Tratado de Utrecht]], que sancionou a passagem da ilha de [[Filipe V de Espanha|Filipe V]] a [[Vítor Amadeu II de Saboia]].
 
== Sicília piemontesa (1713-17181713—1718) ==
Depois do [[Congresso de Viena]] de [[1815]], que restaurou os monarcas europeus nos tronos que haviam perdido durante a época napoleônica, o rei [[Fernando I das Duas Sicílias|Fernando I]], já então rei Fernando IV de Nápoles e de Sicília, atribuiu-se o [[Reino de Nápoles]] que havia perdido em [[1806]] e, em [[8 de dezembro]] de [[1816]] uniu os dois reinos restaurando assim o [[Reino das Duas Sicílias]].<br clear=all>
A dominação [[Piemontepiemonte]]sa na [[Sicília]] começou em [[10 de junho]] de [[1713]], que marcou a passagem da ilha de [[Filipe V de Espanha|Filipe V]] a [[Vítor Amadeu II de Saboia]], e se concluiu em [[1720]], quando [[Carlos VI, Sacro Imperador Romano-Germânico|Carlos VI]] invadiu a ilha e a trocou com a [[Sardenha]].
 
== Sicília da Itália unificadabourbônica (1860-hoje1734—1860) ==
[[Imagem:Sanesi - La rivoluzione di Palermo-12 gennaio 1848 - ca. 1850.jpg|thumb|left|200px|A revolução de 1848 em [[Palermo]].]]
{{ver artigo principal|[[Expedição dos Mil]]}}
 
Em [[1720]], a [[Sicília]] passou ao controle dos [[Habsburgo]]s e, em [[1734]], o [[Reino das Duas Sicílias]] foi restaurado em proveito de [[Carlos de Bourbon]] e seus descendentes.
{{ver artigo principal|[[Risorgimento]]}}
 
Em [[1799]], o exército revolucionário [[França|francês]] derrotou [[{{Lknb|Fernando |II |das Duas Sicílias|Fernando II]]}}, rei das Duas Sicílias, e conquistou o [[Reino de Nápoles]]. [[1806|Sete anos depois]], [[Napoleão Bonaparte]] impôs seu irmão [[José Bonaparte]] (José I) no trono napolitano, no qual permaneceu por um breve período.
Frequentemente conturbada por agitações, a Sicília foi palco, em [[1820]], de um levante militar, dirigido pelos [[carbonário]]s, e em [[1861]] foi ocupada pelas tropas do [[Nacionalismo|nacionalista]] italiano [[Giuseppe Garibaldi]]. Garibaldi reconheceu [[Vítor Emanuel II]] como rei, monarca do Piemonte e Sardenha, e a Sicília foi incorporada por [[plebiscito]] ao [[reino da Itália]].
 
Depois do [[Congresso de Viena]] de [[1815]], que restaurou os monarcas europeus nos tronos que haviam perdido durante a época napoleônica, o rei [[Fernando I das Duas Sicílias|Fernando I]], já então rei Fernando IV de Nápoles e de Sicília, atribuiu-se o [[Reino de Nápoles]] que havia perdido em [[1806]] e, em [[8 de dezembro]] de [[1816]] uniu os dois reinos restaurando assim o [[Reino das Duas Sicílias]].<br clear=all>
Após a [[Segunda Guerra Mundial]], com a [[Constituição]] de [[1948]], a Sicília, devastada pela [[pobreza]] e pela [[Máfia]], recebeu um estatuto de autonomia, convertendo-se numa região autônoma da Itália, com amplos poderes de autogoverno.
 
== Sicília da Itália unificada (1860—atualidade) ==
== Ver também ==
{{ver artigoArtigo principal|[[Expedição dos Mil]]|Risorgimento}}
* [[Reino da Sicília]]
* [[Reino de Nápoles]]
* [[Reino das Duas Sicílias]]
 
Frequentemente conturbada por agitações, a Sicília foi palco, em [[1820]], de um levante militar, dirigido pelos [[carbonário]]s, e em [[1861]] foi ocupada pelas tropas do [[Nacionalismo|nacionalista]] italiano [[Giuseppe Garibaldi]]. Garibaldi reconheceu [[Vítor Emanuel II]] como rei, monarca do Piemonte e Sardenha, e a Sicília foi incorporada por [[plebiscito]] ao [[reinoReino de Itália (1861–1946)|Reino da Itália]].
* [[História do islamismo no sul da Itália]]
* [[Conquista dos Normandos do sul da Itália]]
 
Após a [[Segunda Guerra Mundial]], com a [[Constituição]] de [[1948]], a Sicília, devastada pela [[pobreza]] e pela [[Máfia]], recebeu um estatuto de autonomia, convertendo-se numa região autônoma da Itália, com amplos poderes de autogoverno.
* [[Emirado da Sicília]]
 
{{referências}}