Concílio de Jamnia: diferenças entre revisões

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'''Concílio de Jamnia''' teria sido um [[Concílio|concílio]] [[Rabino|rabínico]] [[Fariseus|farisaico]], alegadamente realizado noentre o final do século[[Século I]] d.C e o início do [[Século II]] d.C.
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'''Concílio de Jamnia''' teria sido um concílio rabínico realizado no final do século I d.C e início do II d.C.
 
== Localização e participantes ==
JâmniaA (hojeantiga denominada:cidade Yavneh)de estáJamnia localizadalocalizava-se na costa sudoeste de [[Israel]], onde atualmente situa-se a cidade de [[Yavne]]. Depois que os romanos derrubaram [[Jerusalém]], tornou-se um importante centro de influência da comunidade judaica; é o nome dado a um [[concílio]] que teria sido realizado no final do primeiro século sob a liderança do [[rabino]] [[Yochanan ben Zakai]]. Seus participantes foram alegadamente, segundo o historiador judeu [[Heinrich Graetz]], mestres adeptos de um grupo de hebreus devotos à [[Torá]], os fariseus, e fortes opositores do [[Cristianismo]].
 
== As questões doutrinárias ==
O chamado Concílio de Jâmnia, realizado nos finais do século I d.C e inicio do II, destinou-se a procurar um rumo para o judaísmo, após a [[Destruição de Jerusalém|destruição do Templo de Jerusalém]], no ano 70 d.C. Nesse concilio os participantes decidiram considerar como textos canônicos do judaísmo apenas os que existiam em língua hebraica , terem sido escritos na terra santa, e que remontassem ao tempo do profeta Esdras.
[[File:Isidor Kaufmann Rabbi with prayer shawl.jpg|thumb|right|''Retrato de um Rabino com o xale de oração'', de [[Isidor Kaufmann]]]]
O Concílio de Jamnia teria sido proposto com a finalidade de dar um rumo para o [[Judaísmo]], após a [[Destruição de Jerusalém|destruição do Templo de Jerusalém]], no ano 70 d.C., e o advento da propagação da [[seita]] do [[Jesus|Nazareno]], cujos textos de seus célebres seguidores já estavam se popularizando como Escrituras Sagradas. Assim, nesse concílio regional, os participantes teriam decidido, sob pretexto de desabonar as letras cristãs, considerar como textos canônicos do Judaísmo apenas aqueles cujos originais tivessem sido compostos em [[língua hebraica]], dentro dos limites da [[Terra Santa]] e que, no mínimo, remontassem ao tempo do profeta Esdras. Tais critérios canônicos, portanto, invalidavam para esse grupo não apenas os textos cristãos venerados pelas comunidades cristãs – visto que não eram, evidentemente, contemporâneos a Esdras, nem tinham sido compostos em hebraico, sendo que alguns foram elaborados fora das muralhas de Jerusalém.
Apesar de a crítica moderna afirmar que vários livros que constam no cânon hebraico são posteriores ao tempo de Esdras (como é o caso do Livro de Daniel), os estudiosos explicam que os fariseus não dispunham do método científico que existe hoje para datar uma obra, ou mesmo para atribuir-lhe autoria.
Os judeus alexandrinos, representados hoje pelo [[judaísmo etíope]] e [[judaísmo egípcio ]], reconhecem a [[Septuaginta]] como inspirada e os livros [[deuterocanônicos]] da [[Igreja Católica]]. A preponderância do cânon de Jâmnia no [[Judaísmo]] moderno se deu pelo fato de os judeus da [[Europa]], majoritários em [[Israel]], seguirem esta tradição em detrimento da alexandrina.
 
AsOs descobertas[[Manuscritos do Mar Morto]] e de [[Massada]] mostram que entre os antigos judeus ainda não havia umuma cânonlista bíblicobíblica fixofixa ou instituídoinstituída, pois o cânon da [[Septuaginta]] era usado entre os judeus de [[Israel]] e mesmo pelos Apóstolos / Discípulos[[apóstolos]] de Cristo ao seu tempo;. tambémTambém após a morte dos apóstolos, os cristãos utilizaram-se desse cânon continuamente em suas comunidades.
Apesar da crítica moderna afirmar que vários livros que constam no Cânon Hebraico são posteriores ao tempo de Esdras (como é o caso do Livro de Daniel), os estudiosos explicam que os Fariseus não dispunham do método científico que existe hoje para se datar uma obra, ou mesmo para se atribuir a ela um autor. De qualquer forma, os critérios por eles adotados excluíram os livros [[deuterocanônicos]] do Cânon Hebraico farisaico, bem como evidentemente não aceitaram o [[Novo Testamento]], pois uma tese para a realização desse concílio foi combater a Cristandade. Os judeus alexandrinos, representados hoje pelo [[judaísmo etíope]] e [[judaísmo egípcio ]], reconhecem a [[Septuaginta]] como inspirada e os livros [[deuterocanônicos]] da [[Igreja Católica]] e refutados pelos [[Protestantes]]. A preponderância do cânon de Jâmnia no [[Judaísmo]] moderno se deu pelo fato de os judeus da [[Europa]], majoritários em [[Israel]], seguirem esta tradição em detrimento da alexandrina. O Concílio de Jâmnia não contou com a participação dos rabinos de [[Alexandria]] por razões de ordem político-teológica e preconceituosa, por acharem eles inferiores aos rabinos habitantes da Terra Santa.
 
As descobertas do Mar Morto e Massada mostram que entre os antigos judeus ainda não havia um cânon bíblico fixo ou instituído, pois o cânon da [[Septuaginta]] era usado entre os judeus de [[Israel]] e mesmo pelos Apóstolos / Discípulos de Cristo ao seu tempo; também após a morte dos apóstolos, os cristãos utilizaram-se desse cânon continuamente.
 
O Cânone Hebraico de 39 livros, não foi realmente fixado em definitivo no Concílio de Jâmnia no inicio do século II. Como afirmam vários estudiosos, assim estudiosos como Leonard Rost garantem que tais decisões demoraram muito para serem aceitas e até hoje não tiveram aceitação em algumas comunidades judaicas; como o caso dos Judeus da Etiópia e do Egito.
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O Concílio de Jâmnia rejeitou vários livros (e livros canônicos pelos cristãos como Ester, Cântico dos Cânticos e Daniel, entre outros, conforme registro da [[Mishná]]) e demais escritos tradicionais, considerando-os como apócrifos (Ou seja: não admitindo serem obras inspiradas por Deus, pois indignas de fé sobrenatural em suas composições). Houve muitos debates acerca da aprovação de inúmeros outros livros. A tese de que o trabalho desse Concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos carece de fundamento científico e é rejeitada por quase todos os especialistas católicos, protestantes, ortodoxos ou judeus (da diáspora).
 
== Críticas à historicidade do Concílio ==
Atualmente, não é um consenso sobre quando precisamente o cânon do [[Antigo Testamento]] tenha sido concluído. Neste sentido, o pesquisador americano [[Jacob Neusner]] publicou alguns livros entre 1987 e 1988 sustentando que a noção de um cânon bíblico no judaísmo rabínico não foi preeminente no segundo século, nem mesmo mais tarde e que, ao contrário, o conceito de Torá fora alargado para incluir a [[Mishná]], a [[Tosefta]], o [[Talmude]] e o [[Midrash|Midrashim]]<ref>McDonald & Sanders, The Canon Debate , 2002, page 5, cited are Neusner's Judaism and Christianity in the Age of Constantine , pp. 128-145, and Midrash in Context: Exegesis in Formative Judaism , pp. 1-22</ref>
 
Jack P. Lewis escreveu que “O conceito do Concílio de Jâmnia é uma hipótese levantada para explicar a canonização das Escrituras (a terceira divisão da Bíblia hebraica) com a consequente conclusão do cânon judaico. (...) Estes debates em curso sugerem a escassez de provas nas quais a hipótese do Concílio de Jâmnia se assenta e levanta a questão para saber se a sua utilidade é válida e que não deva ser lançada ao limbo das hipóteses sem fundamento. Não é possível que se estabeleça um consenso tão-somente pela repetição da afirmação.”<ref>The Anchor Bible Dictionary vol. III, pp. 634-7 (New York 1992) </ref>
 
{{referências}}
 
{{Esboço-judaísmo}}