William Edward Parry: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:ParryMapa.jpg|right|250px|thumb|Carta da viagem do ''HMS Hecla & Griper''.]]
 
[[Ficheiro:The_Crews_of_HThe Crews of H.M.S._Hecla_ Hecla &_Griper_Cutting_Into_Winter_Harbour Griper Cutting Into Winter Harbour,_Sept Sept._26th 26th,_1819 1819.jpg|right|250px|thumb|''The Crews of H.M.S. Hecla & Griper Cutting Into Winter Harbour, Sept. 26th, 1819'' (As tripulações do H.M.S. Hecla e do Griper passando em Winter Harbour, 26 de setembro de 1819. Nota de [[Frederick William Beechey]]).<ref>Do ”Journal of a Voyage for the Discovery of a North-West Passage from the Atlantic to the Pacific: Performed in the Years, 1819-20, in His Majesty’s Ships Hecla and Griper, Under the Orders of William Edward Parry With an Appendix Containing the Scientific and Other Observations, 1821, From The Library at The Mariners’ Museum, G650.1819.P2 rare."</ref>]]
 
[[Ficheiro:Caspar David Friedrich 006.jpg|right|250px|thumb| ''O Mar de Gelo'' («Das Eismeer») de [[Caspar David Friedrich]], 1823-24, foi inspirada pelas notas da expedição de Parry de 1819-1820. A dura natureza e a composição radical, porém, provocaram a não venda da obra à data da morte do artista em 1840.]]
 
No ano seguinte, Parry conseguiu o comando de uma nova expedição ártica, formada por dois barcos, o ''HMS Hecla'', uma bombarda de 375 ton., sob o seu comando e com [[Frederick William Beechey]] como segundo, e o ''HMS Griper'', um [[bergantim]] de 180 ton., comandado pelo tenente Liddon, com a orde, expressa do Almirantado de explorar o [[Lancaster Sound]] para determinar se estaria ou não fechado por montanhas. Partiram de Inglaterra em 4 de maio de 1819 e em 4 de agosto chegaram ao estreito de Lancaster, que, livre de gelo e sem montanhas que o fechassem, lhes permitiu avançar até aos 74º16'N. Nesse momento tiveram um problema de navegação não conhecido até então, motivado pela proximidade do [[polo norte magnético]] que tornava impossível o uso da [[bússola]]. Tiveram de se orientar mediante navegação celeste, e, nos dias em que o céu não estava limpo, auxiliados apelas pela direção dos ventos cambiantes. Continuaram entrando em águas do Lancaster Sound, deixando a norte a [[ilha de Devon]] e a sul a [[ilha de Baffin]], até chegar ao [[estreito do Príncipe Regente]], ao qual deram nome. Entraram no estreito mas o gelo obrigou-os a dar a volta, de regresso ao Lancaster Sound, prosseguindo de novo a sua viagem para oeste, tendo a costa meridional da Ilha de Devon sempre a norte, e entrando no [[estreito de Barrow]]. Prosseguiram a navegação rodeando as costas meridionais da [[ilha Cornwallis (Nunavut)|ilha Cornwallis]] (a qual designaram em homenagem ao almirante da Royal Navy [[William Cornwallis]]), a [[ilha Bathurst]] (chamada em homenagem ao Conde Henry Bathurst, Secretário de Estado britânico para a guerra e as colónias) e a [[ilha Melville]], até alcançar o [[Meridiano 110 W|meridiano 110º W]], feito pelo qual a tripulação ganhou a soma de 5000 libras que o Almirantado destinava a quem a ultrapassasse, após ter percorrido num só mês a incrível distância de 800 &nbsp;km por terras desconhecidas. Seguiram para oeste, livres de icebergs e com gelo relativamente delgado, até que ao avistar a sul as costas meridionais da [[ilha de Banks]], as camadas de gelo do [[mar de Beaufort]] acumuladas no estreito entre as ilhas de Banks e Melville tornaram impossível avançar. Percorreram um total de 1100 &nbsp;km avançando sempre para oeste, no que é o principal troço do que será conhecido como [[Passagem do Noroeste]].
 
Invernaram em Port-Winter, na primeira passagem de inverno realizada com êxito no alto Ártico, e Parry manteve ambas as tripulações muito ocupadas, para não ficarem abatidos com a longa noite ártica, com a manutenção dos barcos, o desenvolvimento de técnicas de sobrevivência, a recolha de observações meteorológicas e magnéticas e as atividades de ócio. Beechey ocupou-se a produzir várias obras de teatro, sendo apresentada a primeira em 5 de novembro, com o título de «Miss in her teens», e o capitão Sabine, a bordo do Hecla, de editar um jornal semanal, o ''North Georgia Gazette, and Winter Chronicle'', no qual colaboravam muitos dos tripulantes.
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No seu regresso, o tenente Parry foi promovido a [[comandante]]. Em 29 de abril de 1821, em Deptford, fez-se ao mar ao comando de uma segunda expedição do Almirantado com o objetivo de encontrar a ansiada [[Passagem do Noroeste]], de novo com o ''HMS Fury'' e o ''HMS Hecla'', especialmente equipados e reforçados. Parry tinha instruções para se dirigir para oeste através do [[estreito de Hudson]], entre a [[ilha de Baffin]] e a [[península de Ungava]]. Chegou ao estreito em finais de junho e continuou para oeste, a norte da [[ilha Southampton]] até à [[baía Repulse]], que foi descoberta ao encontrar fechado o progresso para oeste. Parry, depois, seguiu a costa da [[península de Melville]] para norte, reconhecendo as diferentes baías e enseadas que poderiam esconder a possível passagem para oeste. Explorou e cartografou o extremo sul da península e depois continuou para o [[Lyon Inlet]] (que foi nomeado em homenagem ao seu segundo oficial, o comandante George Francis Lyon). O inverno caiu-lhes em cima e em 8 de outubro decidiram levantar os seus quartéis de inverno na costa sul da [[ilha Winter]] ("ilha do inverno").
 
Parry continuaria com a sua política de entretenimento da tripulação, realizando observações científicas e mantendo o Teatro Real Ártico que, bem equipado com luzes e vestuário, apresentou um programa a cada quinzena. Também estabeleceu uma escola na qual ensinava a ler e a escrever aos membros da tripulação. Tinham melhorado o sistema de aquecimento para evitar a acumulação de [[humidade]] nas cabinas e as tradicionais [[liteira]]s tinham sido substituídas por redes para permitir uma maior circulação de ar. Nessa invernada receberam um grupo de [[esquimó]]s que se tinha estabelecido a umas duas milhas e mantiveram uma estreita comunicação com a expedição. Os inuit contaram a Parry que existia um estreito ao norte da ilha Winter que permitia chegar a águas abertas no oeste, e a sua esperança de encontrar a Passagem do Noroeste aumentou.
 
Após nove longos meses, em 2 de julho de 1822 ambos os barcos ficaram livres. Seguindo os conselhos dos inuits, Parry dirigiu-se para a entrada do estreito (agora [[estreito do Fury e do Hecla]]), que encontrou fechado pelo gelo. Foram feitos reconhecimentos a pé embora não tenham conseguido encontrar mar aberto. De novo o inverno chegou e decidiram passar a sua segunda invernada na [[ilha Igloolik]], no [[Hooper Inlet]], perto da boca do estreito, de novo acompanhados pelos inuit que também utilizavam a ilha como local de passagem do inverno. Parry, porém, estava convencido nesse inverno de que já não poderiam alcançar o [[estreito de Bering]], uma vez que as provisões estavam a esgotar-se. Em 9 de agosto de 1823 os navios voltaram a ficar livres e Parry fez um último esforço de explorar o estreito do Fury e do Hecla, mas de novo encontraria uma sólida barreira de gelo. Parry decidiu então regressar a [[Inglaterra]] e a expedição chegou ao rio Tamisa em finais de outubro.
 
Parry não conseguiu encontrar a passagem para o [[oceano Pacífico|Pacífico]], mas tinha cartografado e explorado uma área considerável do Ártico, até então desconhecida, que se estendia desde a [[ilha Southampton]], a norte, até à [[ilha de Baffin]]. Também o contacto quase contínuo com os inuit da [[península de Melville]] lhe permitiu conhecer muitas coisas novas sobre o seu modo de vida, cultura e idioma, observações que incluiu na versão publicada em 1824 do seu diário de viagem (''Journal of a Second Voyage, &c.'').
 
Durante a sua ausência, tinha sido promovido a capitão em 8 de novembro de 1821, e, pouco depois do seu regresso, em 1 de dezembro de 1823, aceitou dirigir o Serviço Hidrográfico do Almirantado, no entendimento de que comandaria outra expedição ao Ártico.
 
=== Terceira expedição ártica de 1824-25 ===
Com os mesmos navios, Parry deixou Deptford em 8 de maio de 1824, comandando uma terceira expedição com o mesmo objetivo que as anteriores, devendo procurar a passagem, desta vez através do [[Lancaster Sound]] e depois descendo pelo [[estreito do Príncipe Regente]], e depois, se possível, ao longo da costa setentrional da América do Norte. Esta seria a expedição menos afortunada de Parry, já que encontrou muito gelo na [[baía de Baffin]], o que atrasou a sua entrada no Lancaster Sound até 10 de setembro, muito próximo do final da temporada de navegação. Conseguiram chegar a Port Bowen, na costa este do estreito do Príncipe Regente, e em 1 de outubro fixaram ali os seus locais de passagem de inverno. Em julho do ano seguinte livraram-se do gelo e Parry cruzou o outro lado do estreito com a esperança de encontrar uma abertura para oeste. Na luta contra o gelo, o ''HMS Fury'' encalhou e ficou gravemente danificado. Sem garantías de segurança para fazer as reparações necessárias, Parry, contrariado, decidiu abandonar o navio e levar de regresso imediato a Inglaterra ambas as tripulações a bordo del ''HMS Hecla'', onde chegou em outubro de 1825. Embora apenas contribuísse para a exploração do Ártico, a expedição recolheu informação valiosa sobre a posição do [[polo magnético]], a vida silvestre do Ártico e outras questões científicas. O relato desta viagem foi publicado em 1826.
 
Nesta viagem Parry foi também pioneiro no uso de técnicas de [[enlatado]]s a fim de conservar os alimentos, embora não fossem infalíveis: em 1939 foram encontrados [[esporo]]s viáveis de certas [[bactéria]]s resistentes ao calor em latas de carne de vaca assada em conserva que tinham viajado com Parry ao [[Círculo Polar Ártico]] em [[1824]].
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Entre [[1829]] e [[1834]], Parry serviu como comissário da Companhia Agrícola da Austrália (''Australian Agricultural Company'') com sede em Tahlee, na costa norte de Port Stephens, no [[vale de Manning]], [[Nova Gales do Sul]], [[Austrália]].
 
Parry foi posteriormente escolhido para o cargo de supervisor do recentemente criado departamento de máquinas de vapor da [[Royal Navy]], cargo que ocupou até se retirar do serviço ativo em [[1846]], quando foi nomeado capitão-superintendente do [[Haslar Hospital]]. Reorganizou o serviço de paquetes (correio do ultramar), que tinha sido transferido do Serviço de Correios para o Almirantado em janeiro de 1837. As companhias de navegação foram contratadas para levar o correio, em vez dos navios de guerra, num horário regular.<ref>Artigo de J. K. Laughton, ‘«Parry, Sir (William) Edward (1790–1855)», rev. A. K. Parry, no ''Oxford Dictionary of National Biography'', Oxford University Press, 2004; disp-. online, outubro de 2006 [http://www.oxforddnb.com/view/article/21443], consultado em 31 de outubro de 2007.</ref>
 
Alcançou a patente de contra-almirante em [[1852]], e no ano seguinte converteu-se no governador do [[Greenwich Hospital]], cargo que ocupou até à sua morte em 1855.
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{{Exploração polar}}
 
{{NF|1790|1855|Parry, William Edward}}