William Edward Parry: diferenças entre revisões
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[[Ficheiro:ParryMapa.jpg|right|250px|thumb|Carta da viagem do ''HMS Hecla & Griper''.]]
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[[Ficheiro:Caspar David Friedrich 006.jpg|right|250px|thumb| ''O Mar de Gelo'' («Das Eismeer») de [[Caspar David Friedrich]], 1823-24, foi inspirada pelas notas da expedição de Parry de 1819-1820. A dura natureza e a composição radical, porém, provocaram a não venda da obra à data da morte do artista em 1840.]]
No ano seguinte, Parry conseguiu o comando de uma nova expedição ártica, formada por dois barcos, o ''HMS Hecla'', uma bombarda de 375 ton., sob o seu comando e com [[Frederick William Beechey]] como segundo, e o ''HMS Griper'', um [[bergantim]] de 180 ton., comandado pelo tenente Liddon, com a orde, expressa do Almirantado de explorar o [[Lancaster Sound]] para determinar se estaria ou não fechado por montanhas. Partiram de Inglaterra em 4 de maio de 1819 e em 4 de agosto chegaram ao estreito de Lancaster, que, livre de gelo e sem montanhas que o fechassem, lhes permitiu avançar até aos 74º16'N. Nesse momento tiveram um problema de navegação não conhecido até então, motivado pela proximidade do [[polo norte magnético]] que tornava impossível o uso da [[bússola]]. Tiveram de se orientar mediante navegação celeste, e, nos dias em que o céu não estava limpo, auxiliados apelas pela direção dos ventos cambiantes. Continuaram entrando em águas do Lancaster Sound, deixando a norte a [[ilha de Devon]] e a sul a [[ilha de Baffin]], até chegar ao [[estreito do Príncipe Regente]], ao qual deram nome. Entraram no estreito mas o gelo obrigou-os a dar a volta, de regresso ao Lancaster Sound, prosseguindo de novo a sua viagem para oeste, tendo a costa meridional da Ilha de Devon sempre a norte, e entrando no [[estreito de Barrow]]. Prosseguiram a navegação rodeando as costas meridionais da [[ilha Cornwallis (Nunavut)|ilha Cornwallis]] (a qual designaram em homenagem ao almirante da Royal Navy [[William Cornwallis]]), a [[ilha Bathurst]] (chamada em homenagem ao Conde Henry Bathurst, Secretário de Estado britânico para a guerra e as colónias) e a [[ilha Melville]], até alcançar o [[Meridiano 110 W|meridiano 110º W]], feito pelo qual a tripulação ganhou a soma de 5000 libras que o Almirantado destinava a quem a ultrapassasse, após ter percorrido num só mês a incrível distância de 800
Invernaram em Port-Winter, na primeira passagem de inverno realizada com êxito no alto Ártico, e Parry manteve ambas as tripulações muito ocupadas, para não ficarem abatidos com a longa noite ártica, com a manutenção dos barcos, o desenvolvimento de técnicas de sobrevivência, a recolha de observações meteorológicas e magnéticas e as atividades de ócio. Beechey ocupou-se a produzir várias obras de teatro, sendo apresentada a primeira em 5 de novembro, com o título de «Miss in her teens», e o capitão Sabine, a bordo do Hecla, de editar um jornal semanal, o ''North Georgia Gazette, and Winter Chronicle'', no qual colaboravam muitos dos tripulantes.
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No seu regresso, o tenente Parry foi promovido a [[comandante]]. Em 29 de abril de 1821, em Deptford, fez-se ao mar ao comando de uma segunda expedição do Almirantado com o objetivo de encontrar a ansiada [[Passagem do Noroeste]], de novo com o ''HMS Fury'' e o ''HMS Hecla'', especialmente equipados e reforçados. Parry tinha instruções para se dirigir para oeste através do [[estreito de Hudson]], entre a [[ilha de Baffin]] e a [[península de Ungava]]. Chegou ao estreito em finais de junho e continuou para oeste, a norte da [[ilha Southampton]] até à [[baía Repulse]], que foi descoberta ao encontrar fechado o progresso para oeste. Parry, depois, seguiu a costa da [[península de Melville]] para norte, reconhecendo as diferentes baías e enseadas que poderiam esconder a possível passagem para oeste. Explorou e cartografou o extremo sul da península e depois continuou para o [[Lyon Inlet]] (que foi nomeado em homenagem ao seu segundo oficial, o comandante George Francis Lyon). O inverno caiu-lhes em cima e em 8 de outubro decidiram levantar os seus quartéis de inverno na costa sul da [[ilha Winter]] ("ilha do inverno").
Parry continuaria com a sua política de entretenimento da tripulação, realizando observações científicas e mantendo o Teatro Real Ártico que, bem equipado com luzes e vestuário, apresentou um programa a cada quinzena. Também estabeleceu uma escola na qual ensinava a ler e a escrever aos membros da tripulação. Tinham melhorado o sistema de aquecimento para evitar a acumulação de [[humidade]] nas cabinas e as tradicionais [[liteira]]s tinham sido substituídas por redes para permitir uma maior circulação de ar. Nessa invernada receberam um grupo de [[esquimó]]s que se tinha estabelecido a umas duas milhas e mantiveram uma estreita comunicação com a expedição. Os inuit contaram a Parry que existia um estreito ao norte da ilha Winter que permitia chegar a águas abertas no oeste, e a sua esperança de encontrar a Passagem do Noroeste aumentou.
Após nove longos meses, em 2 de julho de 1822 ambos os barcos ficaram livres. Seguindo os conselhos dos inuits, Parry dirigiu-se para a entrada do estreito (agora [[estreito do Fury e do Hecla]]), que encontrou fechado pelo gelo. Foram feitos reconhecimentos a pé embora não tenham conseguido encontrar mar aberto. De novo o inverno chegou e decidiram passar a sua segunda invernada na [[ilha Igloolik]], no [[Hooper Inlet]], perto da boca do estreito, de novo acompanhados pelos inuit que também utilizavam a ilha como local de passagem do inverno. Parry, porém, estava convencido nesse inverno de que já não poderiam alcançar o [[estreito de Bering]], uma vez que as provisões estavam a esgotar-se. Em 9 de agosto de 1823 os navios voltaram a ficar livres e Parry fez um último esforço de explorar o estreito do Fury e do Hecla, mas de novo encontraria uma sólida barreira de gelo. Parry decidiu então regressar a [[Inglaterra]] e a expedição chegou ao rio Tamisa em finais de outubro.
Parry não conseguiu encontrar a passagem para o [[oceano Pacífico|Pacífico]], mas tinha cartografado e explorado uma área considerável do Ártico, até então desconhecida, que se estendia desde a [[ilha Southampton]], a norte, até à [[ilha de Baffin]]. Também o contacto quase contínuo com os inuit da [[península de Melville]] lhe permitiu conhecer muitas coisas novas sobre o seu modo de vida, cultura e idioma, observações que incluiu na versão publicada em 1824 do seu diário de viagem (''Journal of a Second Voyage, &c.'').
Durante a sua ausência, tinha sido promovido a capitão em 8 de novembro de 1821, e, pouco depois do seu regresso, em 1 de dezembro de 1823, aceitou dirigir o Serviço Hidrográfico do Almirantado, no entendimento de que comandaria outra expedição ao Ártico.
=== Terceira expedição ártica de 1824-25 ===
Com os mesmos navios, Parry deixou Deptford em 8 de maio de 1824, comandando uma terceira expedição com o mesmo objetivo que as anteriores, devendo procurar a passagem, desta vez através do [[Lancaster Sound]] e depois descendo pelo [[estreito do Príncipe Regente]], e depois, se possível, ao longo da costa setentrional da América do Norte. Esta seria a expedição menos afortunada de Parry, já que encontrou muito gelo na [[baía de Baffin]], o que atrasou a sua entrada no Lancaster Sound até 10 de setembro, muito próximo do final da temporada de navegação. Conseguiram chegar a Port Bowen, na costa este do estreito do Príncipe Regente, e em 1 de outubro fixaram ali os seus locais de passagem de inverno. Em julho do ano seguinte livraram-se do gelo e Parry cruzou o outro lado do estreito com a esperança de encontrar uma abertura para oeste. Na luta contra o gelo, o ''HMS Fury'' encalhou e ficou gravemente danificado. Sem garantías de segurança para fazer as reparações necessárias, Parry, contrariado, decidiu abandonar o navio e levar de regresso imediato a Inglaterra ambas as tripulações a bordo del ''HMS Hecla'', onde chegou em outubro de 1825. Embora apenas contribuísse para a exploração do Ártico, a expedição recolheu informação valiosa sobre a posição do [[polo magnético]], a vida silvestre do Ártico e outras questões científicas. O relato desta viagem foi publicado em 1826.
Nesta viagem Parry foi também pioneiro no uso de técnicas de [[enlatado]]s a fim de conservar os alimentos, embora não fossem infalíveis: em 1939 foram encontrados [[esporo]]s viáveis de certas [[bactéria]]s resistentes ao calor em latas de carne de vaca assada em conserva que tinham viajado com Parry ao [[Círculo Polar Ártico]] em [[1824]].
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Entre [[1829]] e [[1834]], Parry serviu como comissário da Companhia Agrícola da Austrália (''Australian Agricultural Company'') com sede em Tahlee, na costa norte de Port Stephens, no [[vale de Manning]], [[Nova Gales do Sul]], [[Austrália]].
Parry foi posteriormente escolhido para o cargo de supervisor do recentemente criado departamento de máquinas de vapor da [[Royal Navy]], cargo que ocupou até se retirar do serviço ativo em [[1846]], quando foi nomeado capitão-superintendente do [[Haslar Hospital]]. Reorganizou o serviço de paquetes (correio do ultramar), que tinha sido transferido do Serviço de Correios para o Almirantado em janeiro de 1837. As companhias de navegação foram contratadas para levar o correio, em vez dos navios de guerra, num horário regular.<ref>Artigo de J. K. Laughton, ‘«Parry, Sir (William) Edward (1790–1855)», rev. A. K. Parry, no ''Oxford Dictionary of National Biography'', Oxford University Press, 2004; disp-. online, outubro de 2006 [http://www.oxforddnb.com/view/article/21443], consultado em 31 de outubro de 2007.</ref>
Alcançou a patente de contra-almirante em [[1852]], e no ano seguinte converteu-se no governador do [[Greenwich Hospital]], cargo que ocupou até à sua morte em 1855.
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{{referências}}
{{Exploração polar}}
{{NF|1790|1855|Parry, William Edward}}
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