Cinco Solas: diferenças entre revisões

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{{Cristianismo}}
'''Cinco solas''' são [[frase]]s [[Latim| latinas]] que surgiramdefinem duranteprincípios fundamentais da a [[Reforma Protestante]] e são princípios fundamentais da Reforma em contradição com os ensinamentos da [[Igreja Católica Romana]]. da época. A palavra latina "''sola''" significa "''somente''" em [[Língua portuguesa|português]]. Os ''cinco solas'' sintetizam os [[credo]]s teológicos básicos dos reformadores, pilares os quais creram ser essenciais da vida e prática cristã. Todos os cinco implicitamente rejeitam ou se contrapõe aos ensinamentos da então dominante Igreja Romana, a qual tinha na mente dos reformadores usurpado atributos divinos ou qualidades para a [[Igreja]] e sua hierarquia, especialmente seu superior, o [[Papa]].
 
'''Cinco solas''' são [[frase]]s [[Latim|latinas]] que surgiram durante a [[Reforma Protestante]] e são princípios fundamentais da Reforma em contradição com os ensinamentos da [[Igreja Católica Romana]] da época. A palavra latina "''sola''" significa "''somente''" em [[Língua portuguesa|português]]. Os ''cinco solas'' sintetizam os [[credo]]s teológicos básicos dos reformadores, pilares os quais creram ser essenciais da vida e prática cristã. Todos os cinco implicitamente rejeitam ou se contrapõe aos ensinamentos da então dominante Igreja Romana, a qual tinha na mente dos reformadores usurpado atributos divinos ou qualidades para a [[Igreja]] e sua hierarquia, especialmente seu superior, o [[Papa]].
 
== Os cinco ''solas'': ==
 
=== ''Sola fide'' (somente a fé) ===
{{Principal |Sola fide}}
{{AP |vt =s|Calvinismo|Luteranismo}}
''Sola fide'' é o ensinamento de que a [[Justificação (teologia)|justificação]] (interpretada na teologia protestante como "sendo declarada apenas por Deus") é recebida somente pela [[fé]], sem qualquer interferência ou necessidade de [[boas obras]], embora na teologia protestante clássica, a fé salvadora é sempre evidenciada, mas não determinada, pelas boas obras. Alguns protestantes veem esta doutrina como sendo o resumo da fórmula "''fé produz justificação e boas obras''" e em contraste com a fórmula católica romana "''fé e boas obras rendem justificação''". O argumento católico é baseado na [[Epístola de Tiago]] ({{Citar bíblia|livro=Tiago|capítulo=2|verso =14-1714–17}}):
{{Cquote |'' De que serve, meus irmãos, se alguém disser que tem fé se não tiver obras? Acaso pode essa fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e necessitarem do pão quotidiano, e algum de vós lhes disser: ''"Ide em paz, aquentai-vos e saciai-vos,"'' e não lhes derdes o que é necessário para o corpo, que lhes aproveita? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.''}}
 
É importante a comparação do que católicos/protestantes entendem como "justificação": ambos concordam que o termo invoca a comunicação dos méritos de [[Cristo]] para com os pecadores, e não uma declaração de ausência de [[pecado]]. [[Lutero]] usou a expressão ''simul justus et peccator'' ("ao mesmo tempo, justo e pecador"). O Catolicismo Romano vê a justificação como uma comunicação de vida de Deus ao [[ser humano]], limpando-o do pecado e transformando-o realmente em filho de Deus, de modo que não é apenas uma declaração, mas a [[alma]] é tornada de fato objetivamente justa.
{{Principal|Sola fide}}
{{AP|vt=s|Calvinismo|Luteranismo}}
 
''Sola fide'' é o ensinamento de que a [[Justificação (teologia)|justificação]] (interpretada na teologia protestante como "sendo declarada apenas por Deus") é recebida somente pela [[fé]], sem qualquer interferência ou necessidade de [[boas obras]], embora na teologia protestante clássica, a fé salvadora é sempre evidenciada, mas não determinada, pelas boas obras. Alguns protestantes veem esta doutrina como sendo o resumo da fórmula "''fé produz justificação e boas obras''" e em contraste com a fórmula católica romana "''fé e boas obras rendem justificação''". O argumento católico é baseado na [[Epístola de Tiago]] ({{Citar bíblia|livro=Tiago|capítulo=2|verso=14-17}}):
 
{{Cquote|''De que serve, meus irmãos, se alguém disser que tem fé se não tiver obras? Acaso pode essa fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e necessitarem do pão quotidiano, e algum de vós lhes disser: ''"Ide em paz, aquentai-vos e saciai-vos,"'' e não lhes derdes o que é necessário para o corpo, que lhes aproveita? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.''}}
 
É importante a comparação do que católicos/protestantes entendem como "justificação": ambos concordam que o termo invoca a comunicação dos méritos de [[Cristo]] para com os pecadores, e não uma declaração de ausência de [[pecado]]. [[Lutero]] usou a expressão ''simul justus et peccator'' ("ao mesmo tempo, justo e pecador"). O Catolicismo Romano vê a justificação como uma comunicação de vida de Deus ao [[ser humano]], limpando-o do pecado e transformando-o realmente em filho de Deus, de modo que não é apenas uma declaração, mas a [[alma]] é tornada de fato objetivamente justa.
 
A visão protestante da justificação é que ela é a obra de Deus através dos meios da graça. A fé é a justiça de Deus, que é realizada em nós através da palavra e dos [[sacramento]]s. Lei e evangelho trabalham para matar o [[ego]] pecaminoso e para realizar a nova criação dentro de nós. Esta nova criação dentro de nós é a fé de Cristo. Se não temos essa fé, então somos ímpios. [[Indulgência]]s, ou [[Oração|orações]] não acrescentam nada e nada são. Todos possuem algum tipo de fé (geralmente a fé em si mesmos). Mas precisamos de Deus para destruir continuamente fé hipócrita e substituí-la com a vida de Cristo. Precisamos da fé que vem de Deus através da lei e do [[evangelho]], palavra, obras e sacramentos. No documento fundador da Reforma, as [[95 teses]],<ref>{{pt}} [http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm Monergismo] - As 95 Teses de Martinho Lutero. Acessado em 15/06/2013.</ref> Lutero diz que:
 
A visão protestante da justificação é que ela é a obra de Deus através dos meios da graça. A fé é a justiça de Deus, que é realizada em nós através da palavra e dos [[sacramento]]s. Lei e evangelho trabalham para matar o [[ego]] pecaminoso e para realizar a nova criação dentro de nós. Esta nova criação dentro de nós é a fé de Cristo. Se não temos essa fé, então somos ímpios. [[Indulgência]]s, ou [[Oração|orações]] não acrescentam nada e nada são. Todos possuem algum tipo de fé (geralmente a fé em si mesmos). Mas precisamos de Deus para destruir continuamente fé hipócrita e substituí-la com a vida de Cristo. Precisamos da fé que vem de Deus através da lei e do [[evangelho]], palavra, obras e sacramentos. No documento fundador da Reforma, as [[95 teses]],<ref>{{pt}}Citation | url = [http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm || publisher = Monergismo] -| title = As 95 Teses de| first = Martinho | last = Lutero. Acessado| emacessdate = 15/066/2013}}.</ref> Lutero diz que:
{{cquote|'''1''' - ''Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo:'' "Arrependei-vos..." ({{Citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=17}}) ''certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.'' <br />'''95''' - ''E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.'' ({{Citar bíblia|livro=Atos|capítulo=14|verso=22}}).}}
 
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Esta doutrina declara o [[monergismo]] divino na salvação: Deus age sozinho para salvar o [[pecado]]r. A responsabilidade para a salvação não repousa sobre o pecador em qualquer grau de [[sinergia]] ou [[arminianismo]]. O [[Luteranismo]] sustenta que esta doutrina não deve ser mantida para a exclusão da ''gratia universalis'' (que Deus deseja seriamente a salvação de todas as pessoas).
 
Protestantes arminianos também podem reivindicar a doutrina da ''sola gratia'' (mas a entendem de forma diferente) e, geralmente, negam que o termo "sinergismo" seja apropriado para descrever suas crenças. Arminianos acreditam que Deus salva somente pela graça e não por mérito, mas o ser humano, habilitado pelo que é conhecido como [[graça preveniente]], está habilitado pelo [[Espírito Santo]] para entender o [[Evangelho]] e responder na fé. Os arminianos acreditam que isto é compatível com a salvação somente pela graça, uma vez que toda a salvação seja obtida pela graça. Arminianos acreditam que o ser humano só é capaz de receber a salvação quando levado primeiro a fazê-lo pela graça preveniente, que eles acreditam ser distribuída a todos. Os arminianos, portanto, não rejeitaram a concepção de ''sola gratia'' exposta pelos teólogos da Reforma.<ref>{{en}}Citation | chapter = ''Myth 7: Arminianism Is Not a Theology of Grace''. | first = Roger E | last = Olsen, | title = Arminian Theology: Myths and Realities, | year = 2006. Acessado| emlanguage = inglês | acessdate = 15/066/2013}}.</ref>
 
=== ''Soli Deo gloria'' (glória somente a Deus) ===
{{Principal | Soli Deo gloria }}
 
'' Soli Deo gloria'' é o ensinamento de que toda a glória é devida somente a [[Deus]], pois a [[salvação]] é realizada unicamente através de sua vontade e ação e não só da toda suficiente [[expiação]] (''ver: [[Paixão (cristianismo)|Paixão]]'') de [[Jesus]] na [[Crucificação de Jesus|cruz]], mas também o dom da fé em que a expiação, é criada no coração do crente pelo [[Espírito Santo]]. Os reformadores acreditavam que os seres humanos, mesmo santos [[Canonização|canonizados]] pela Igreja Católica Romana, os [[papa]]s e a hierarquia eclesiástica não eram dignos da glória que lhes foi concedida, isto é, não se deve exaltar tais pessoas por suas boas obras, mas sim louvar e dar glória a Deus, que é o autor e [[Santificação|santificador]] dessas pessoas e suas boas obras. No entanto, como objetos de boa qualidade e raros, devem ser homenageados e elogiados. Há um grande número de homens benevolentes cujas imagens foram replicadas em pedra e expostos para a celebração do bem estes fizeram para a [[raça humana]]. Bons homens podem e devem ser honrados por causa da glória que deram a Deus, e ao fazê-lo, ao mesmo tempo honramos a Deus por sua bondade em criá-los.
{{Principal| Soli Deo gloria }}
 
'' Soli Deo gloria'' é o ensinamento de que toda a glória é devida somente a [[Deus]], pois a [[salvação]] é realizada unicamente através de sua vontade e ação e não só da toda suficiente [[expiação]] (''ver: [[Paixão (cristianismo)|Paixão]]'') de [[Jesus]] na [[Crucificação de Jesus|cruz]], mas também o dom da fé em que a expiação, é criada no coração do crente pelo [[Espírito Santo]]. Os reformadores acreditavam que os seres humanos, mesmo santos [[Canonização|canonizados]] pela Igreja Católica Romana, os [[papa]]s e a hierarquia eclesiástica não eram dignos da glória que lhes foi concedida, isto é, não se deve exaltar tais pessoas por suas boas obras, mas sim louvar e dar glória a Deus, que é o autor e [[Santificação|santificador]] dessas pessoas e suas boas obras. No entanto, como objetos de boa qualidade e raros, devem ser homenageados e elogiados. Há um grande número de homens benevolentes cujas imagens foram replicadas em pedra e expostos para a celebração do bem estes fizeram para a [[raça humana]]. Bons homens podem e devem ser honrados por causa da glória que deram a Deus, e ao fazê-lo, ao mesmo tempo honramos a Deus por sua bondade em criá-los.
 
== Ver também ==
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== Bibliografia ==
 
* {{en}} ''Reformed Theology''. R. Michael Allen, Bloomsbury Academic, 2010. ISBN 9780567034298
* {{it}} ''Come avere pace con Dio. Martin Lutero sulla giustificazione per fede''. Pietro Ciavarella, BE Edizioni, [[2011]]. ISBN 9788890547294
* {{en}} ''The Routledge companion to the Christian church''. Gerard Mannion, Lewis Seymour Mudge, [[2008]]. ISBN 9780415374200
* {{pt}} ''Sola gratia. A controvérsia sobre o livre-arbítrio ao longo da história.'' [[Robert Charles Sproul]], [[Editora Cultura Cristã]], [[2013]], 2ª edição. ISBN 9788576224594
* {{it}} ''Come avere pace con Dio. Martin Lutero sulla giustificazione per fede''. Pietro Ciavarella, BE Edizioni, [[2011]]. ISBN 9788890547294
* {{pt}} ''SOLASola SCRIPTURAScriptura: Aa DOUTRINAdoutrina REFORMADAreformada DASdas ESCRITURASEscrituras''. ISBN 0001085573
* {{pt}} ''Sola gratia. A controvérsia sobre o livre-arbítrio ao longo da história.'' [[Robert Charles Sproul]], [[Editora Cultura Cristã]], [[2013]], 2ª edição. ISBN 9788576224594
 
{{Referências}}
 
== Ligações externas ==
 
* {{en}} [http://www.fivesolas.com/ Five Solas] - Committed to the Five Solas of the Reformation. Acessado em 15/06/2013.
* {{it}} [http://editthis.info/diwygiad/Main_Page Edit This] - Confessioni di fede e catechisme della fede evangelica riformata classica. Acessado em 15/06/2013.
* {{pt}} [http://books.google.com.br/books/about/_.html?id=IxNgw4BHdSQC&redir_esc=y Books Google] - ''Sola Fide, Sola Gratia e Sola Scriptura: O erro definitivo de qualquer compreensão monossêmica.'' João Valente de Miranda, Clube de Autores, 2012, ([[livro digital]]). Acessado em 15/06/2013.
* {{pt}} {{link|1=|2=http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/cinco_solas_reforma_erosao.htm|3=Os Cinco Solas da Reforma|4=DECLARAÇÃODeclaração de Cambridge}} Acessado em 15/06/2013.
 
{{Portal3|Religião}}