Bernard Mandeville: diferenças entre revisões

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'''Bernard Mandeville''', ou '''Bernard de Mandeville''' (15 de Novembro de [[1670]], [[Roterdão]] - 21 de Janeiro de [[1733]], [[Hackney]] ), foi um [[filósofo]], [[economista]] [[político]] e [[satírico]]. Nasceu na [[Holanda]], mas viveu a maior parte de sua vida em [[Inglaterra]], tendo usado o Inglês para a maioria das obras que publicou. Tornou-se famoso (ou infame) devido à sua obra de 1714 ''The Fable of the Bees: or, Private Vices, Publick Benefits '' (''A Fábula das Abelhas: ou, Vícios privados, benefícios públicos'').
 
 
==Ideias==
A filosofia de Mandeville gerou muito polêmica no seu tempo, e sempre foi estigmatizada como falsa, cinica e degradante. Sua principal tese é de que as ações humanos não podem ser dividas entre baixas ou elevadas. Uma vida virtuosa é apenas uma mera ficção introduzida por filósofos e lideres [[governos]] para simplificar e controlar as relações da [[sociedade]]. De fato, a [[virtude]] (que ele define como a "toda ação a qual o homem faz ao contrário do impulso natural, deve gerar beneficio aos outros, ou ser utilizada para conquistar suas próprias paixões, tendo com isso o homem ambição de ser bom pelo auto-controle") a virtude segundo Mandeville gera detrimento para a [[sociedade]], seu comércio e seu progresso intelectual. Isto porque é o [[vício]] e não a virtude que determina o auto-interesse dos homens a qual através das invenções, da circuação de [[capital (economia)]] em conexão com a luxurias e os prazeres do auto-interesse, estimula a sociedade nos seus atos rumo ao progresso{{sfn|Mitchell|1911}}
 
===Vícios privados, benefícios públicos===
Mandeville concluiu que o vício em contrapartida ás "virtudes cristãs" de seu próprio tempo, é necessária para a condição de ser ter uma economia próspera. Seu ponto de vista é mais severo se contraposta ao auto-interesse de [[Adam Smith]]. Ambos, Smith e Mandeville acreditam que a ação coletiva dos indivíduos em prol do auto-interesse trazem consigo benefícios públicos.<ref>F.H. Hayek, ''Lecture on a Master Mind'', in London, Proceedings of the British Academy, 1967. Veja também C. Petsoulas, ''Hayek's Liberalism and its Origins. His Ideas of Spontaneous Order and the Scottish Enlightenment'', London, Routledge, 2001.</ref> Entretanto, o que diferencia sua filosofia com a de Smith é sua relação com o beneficio publico e a virtude, vício dos indivíduos. Smith acredita numa virtude auto-interessada a qual os resultados geram uma cooperação invisível. Por outro lado, Mandeville acredita que é a ganância viciosa pela riqueza que leva a uma cooperação invisível por toda a sociedade. As relações que Mandeville qualifica dos indivíduos entre si mesmos e sua busca de auto-interesses antecipou as ideias de Smith da atitude do ''[[laissez-faire]]''. Mandeville também clama aos políticos e governos do seu tempo para que assegurem que as paixões dos homens sejam livres e que com isso se gere benefícios públicos.
 
Na sua obra principal ''A fabula das abelhas'' ele mostra como a sociedade que possui todas as virtudes "abençoado com o contentamento e a honestidade" acaba decaindo a um estado de apatia paralizadora. A abstinência do [[amor próprio]] (cf. [[Thomas Hobbes|Hobbes]]) é a morte do progresso. As chamadas virtudes morais são mera [[hipocrisias]], e apenas surgem devido ao desejo próprio de ser superior em relação aos brutos. "As virtudes morais são a descendência política da auto-bajulação em cima de orgulho." Sendo assim Mandeville conclui que é o paradoxo da busca dos próprios vícios que geram a prosperidade, "vícios privados são benefícios públicos".{{sfn|Mitchell|1911}}
 
Entre outras coisas, Mandeville argumenta que os mais depravados e vilependiados comportamentos geram efeitos econômicos positivos. Um [[libertino]], por exemplo, é um cidadão vicioso, e mesmo assim capaz através de suas dispensas e prazeres empregar alfaiates, serviçais, cozinheiros, prostitutas, perfumistas, . Estas pessoas, por sua vez, podem empregar através de dispensar padeiros, carpinteiros, entre outros trabalhadores. Portanto, a ganância e a violência das paixões de um libertino também são ás bases benéficas da sociedade em geral.
 
== Obras ==