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* {{Link||2=http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas |3=Dados dos bairros cariocas}}
* {{Link||2=http://videosespetaculares.com/enchente-av-dos-italianos-rocha-miranda | 3=Enchente na Av dos Italianos}}
* Fazenda dos Rocha Miranda, Fazenda Cruzeiro do Sul, em Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo:
* É sabido que no período que antecedeu a Segunda Guerra, o Brasil tinha fortes vínculos com a Alemanha Nazista. Os dois países eram parceiros comerciais e o Brasil tinha o maior partido fascista fora da Europa, com mais de 40 mil integrantes.
 
Mas levou anos para que Maciel, com o auxílio do historiador Sidney Aguillar Filho, conhecesse a terrível história que conectava sua fazenda aos fascistas brasileiros.
 
Ação Integralista
 
Filho descobriu que a fazenda tinha pertencido aos Rocha Miranda, uma família de industriais ricos do Rio de Janeiro. Três deles - o pai, Renato, e dois filhos, Otávio e Osvaldo - eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de extrema direita simpatizante do Nazismo.
 
A família às vezes organizava eventos na fazenda, recebendo milhares de membros do partido. Mas também existia no lugar um campo brutal de trabalhos forçados para crianças negras abandonadas.
 
'Descobri a história de 50 meninos com idades em torno de 10 anos que tinham sido tirados de um orfanato no Rio', conta o historiador. 'Foram três levas. O primeiro grupo, em 1933, tinha dez (crianças)'.
 
Osvaldo Rocha Miranda solicitou a guarda legal dos órfãos, segundo documentos encontrados por Filho. O pedido foi atendido.
* Ação Integralista
 
Filho descobriu que a fazenda tinha pertencido aos Rocha Miranda, uma família de industriais ricos do Rio de Janeiro. Três deles - o pai, Renato, e dois filhos, Otávio e Osvaldo - eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de extrema direita simpatizante do Nazismo.
 
A família às vezes organizava eventos na fazenda, recebendo milhares de membros do partido. Mas também existia no lugar um campo brutal de trabalhos forçados para crianças negras abandonadas.
 
'Descobri a história de 50 meninos com idades em torno de 10 anos que tinham sido tirados de um orfanato no Rio', conta o historiador. 'Foram três levas. O primeiro grupo, em 1933, tinha dez (crianças)'.
 
Osvaldo Rocha Miranda solicitou a guarda legal dos órfãos, segundo documentos encontrados por Filho. O pedido foi atendido.
 
'Ele enviou seu motorista, que nos colocou em um canto', conta Aloysio da Silva, um dos primeiros meninos levados para trabalhar na fazenda, hoje com 90 anos de idade.
 
'Osvaldo apontava com uma bengala - 'Coloca aquele no canto de lá, esse no de cá'. De 20 meninos, ele pegou dez'.
 
'Ele prometeu o mundo - que iríamos jogar futebol, andar a cavalo. Mas não tinha nada disso. Todos os dez tinham de arrancar ervas daninhas com um ancinho e limpar a fazenda. Fui enganado'.
 
As crianças eram espancadas regularmente com uma palmatória. Não eram chamadas pelo nome, mas por números. Silva era o número 23.
 
Cães de guarda mantinham as crianças na linha.
 
'Um se chamava Veneno, o macho. A fêmea se chamava Confiança', conta Silva, que ainda mora na região. 'Evito falar sobre esse assunto'.
 
Argemiro dos Santos é outro dos sobreviventes. Quando menino, foi encontrado nas ruas e levado para um orfanato. Um dia, Rocha Miranda veio buscá-lo.
 
'Eles não gostavam de negros', conta Santos, hoje com 89 anos.
 
'Havia castigos, deixavam a gente sem comida ou nos batiam com a palmatória. Doía muito. Duas batidas, às vezes. O máximo eram cinco, porque uma pessoa não aguentava'.
* 'Eles tinham fotografias de Hitler e você era obrigado a fazer uma saudação. Eu não entendia nada daquilo'.
 
Alguns dos descendentes da família Rocha Miranda dizem que seus antepassados deixaram de apoiar o Nazismo antes da Segunda Guerra Mundial.
 
Maurice Rocha Miranda, sobrinho-bisneto de Otávio e Osvaldo, também nega que as crianças eram mantidas na fazenda como 'escravos'.
 
Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que os órfãos na fazenda 'tinham de ser controlados mas nunca foram punidos ou escravizados'.
 
O historiador Sidney Aguillar Filho, no entanto, acredita nas histórias dos sobreviventes. E apesar da passagem do tempo, ambos Silva e Santos - que nunca mais se encontraram desde o tempo em que viveram na fazenda - fazem relatos muito parecidos e perturbadores de suas experiências.
 
Para os órfãos, os únicos momentos de alegria eram os jogos de futebol contra times de trabalhadores das fazendas locais, como aquele em que foi tirada a foto onde se vê a bandeira com a suástica. (O futebol tinha papel fundamental na ideologia integralista.)
 
Mas depois de vários anos, ele não aguentava mais.
 
'Tinha um portão (na fazenda) e um dia eu o deixei aberto', ele conta. 'Naquela noite, eu fugi. Ninguém viu'.
 
Santos voltou ao Rio onde, aos 14 anos de idade, passou a dormir na rua e trabalhar como vendedor de jornais. Em 1942, quando Brasil declarou guerra contra a Alemanha, Santos se alistou na Marinha como taifeiro, servindo mesas e lavando louça.
 
Depois de trabalhar para nazistas, Santos passou a lutar contra eles.
 
'Estava apenas prestando um serviço para o Brasil', explica. 'Não sentia ódio por Hitler, não sabia quem ele era'.
 
Santos saiu em patrulha pela Europa e depois passou um período, ainda durante a guerra, trabalhando em navios que caçavam submarinos na costa brasileira.
 
Hoje, Santos é conhecido, na comunidade onde vive, pelo apelido de Marujo. E se orgulha de um certificado e uma medalha que recebeu em reconhecimento por seus serviços durante a guerra.(fonte BBC Brasil)
 
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