Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico: diferenças entre revisões

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Apesar de temporariamente em paz com o [[papa]]do, Frederico II não deixou de ter problemas com os príncipes germânicos. Em [[1231]], o seu filho [[Henrique VII da Germânia|Henrique]] proclamou-se rei e aliou-se com a [[Liga Lombarda]] contra o seu pai. A rebelião falhou, Henrique foi preso e substituído no seu título real pelo seu irmão [[Conrado IV da Germânia|Conrado]], que já tinha o título de [[Rei de Jerusalém]]. Frederico venceu a decisiva [[Batalha de Cortenuova|batalha]] de [[Cortenuova]] contra a Liga Lombarda em [[1237]] e celebrou-a de forma triunfal em [[Cremona]], à maneira dos antigos [[Império Romano|imperadores romanos]]. Ele rejeitou as propostas de paz, mesmo do [[Ducado de Milão]], que tinha oferecido uma grande soma em [[dinheiro]]. Esta exigência por uma rendição total levou à resistência por parte de Milão, [[Bréscia]], [[Bolonha]] e [[Piacenza]] e, em Outubro de [[1238]], ele foi forçado a fazer o [[cerco de Brescia]], durante o qual os seus inimigos tentaram capturá-lo, em vão.
 
Como aquelas [[cidade-estado|cidades-estados]] eram vassalas do papa, Frederico foi [[excomunhão|excomungado]] pelo [[papa Gregório IX]] em [[1239]], enquanto ele se encontrava em [[Pádua]]. O imperador respondeu expulsando os [[menonita]]s e outros [[pregador]]es da [[Lombardia]] e nomeando o seu filho [[Enzio da Sardenha|Enzio]] para o cargo de "Vigário Imperial" para o norte da Itália. Em pouco tempo, Enzio anexou a [[Emília-Romanha]], [[Marcas]] e o [[Ducado de SpoletoEspoleto]], nominalmente parte dos [[Estados Pontifícios]]. O pai anunciou que iria destruir a [[República de Veneza]], que tinha mandado barcos de guerra contra a Sicília. Em Dezembro desse ano, Frederico invadiu a [[Toscana]], entrou triunfalmente em [[Foligno]] e [[Viterbo]], de onde ele pretendia partir à conquista de Roma, de forma a restaurar o antigo esplendor do Império. O cerco, contudo, foi em vão e Frederico voltou para o sul da Itália, saqueando [[Benevento]], que era uma possessão papal.
 
Entretanto, a cidade [[Gibelino|gibelina]] de [[Ferrara]] tinha sido tomada e Frederico continuou para norte, capturando [[Ravena]] e, depois [[Cerco de Faenza|dum longo cerco]], [[Faenza]]. o povo de [[Forlì]] (que se tinha mantido ligado aos Gibelinos mesmo depois do colapso do poder [[Hohenstaufen]]) ofereceu o seu apoio na captura da cidade rival e, como sinal de gratidão, o imperador permitiu-lhes acrescentar ao [[brasão]] da cidade a [[Águia (heráldica)|águia]] dos Hohenstaufen, junto com outros privilégios. Este episódio exemplifica como as cidades independentes usavam a rivalidade entre o imperador e o Papa para obterem o máximo de vantagens.
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O novo papa era um [[diplomacia|diplomata]] e assinou com Frederico um tratado de paz, mas Inocêncio mostrou rapidamente a sua verdadeira face de [[guelfo]] e, juntamente com a maioria dos cardeais, fugiu em naves [[Génova|genovesas]] para a [[república da Ligúria]]. O seu objectivo era chegar a [[Lyon]], onde um novo concílio teria início a [[24 de junho]] de [[1245]]. Então, Inocêncio IV destituiu Frederico de imperador, caracterizando-o um "amigo do sultão de [[Babilónia]]", "com costumes de [[sarraceno]]", "mantendo um [[harém]] guardado por [[eunuco]]s" como o [[cisma|cismático]] imperador de [[Império Bizantino|Bizâncio]], em suma, um "[[heresia|herético]]". O papa decidiu então propor [[Heinrich Raspe]], senhor de [[Turíngia]], para a coroa imperial e pôs em marcha um complô para matar Frederico e Enzio, com o apoio do seu cunhado [[Orlando de Rossi]], que era, até essa altura, amigo de Frederico.
 
Os conjurados, no entanto, foram desmascarados pelo conde de [[Caserta]] e a vingança foi terrível: a cidade de [[Altavilla]] {{dn}}, onde eles se tinham escondido, foi arrasada e os implicados foram [[cegueira|cegos]], [[mutilação|mutilados]] e queimados vivos ou [[forca|enforcados]]. Uma tentativa de invadir a [[Sicília]], sob o comando de Ranieri, foi impedida em [[Spello]] por Marino de Eboli, Vigário Imperial de SpoletoEspoleto.
 
Inocêncio enviou ainda grandes somas de [[dinheiro]] para a [[Germânia]] a fim de boicotar o poder de Frederico e os arcebispos de [[colônia (Alemanha)|Colónia]] e [[Mogúncia]] chegaram a declarar Frederico deposto e, em Maio de [[1246]], um novo rei foi eleito: Heinrich Raspe. A [[5 de agosto]], Heinrich, com dinheiro do papa, derrotou uma divisão de [[Conrado IV da Germânia|Conrado]], filho de Frederico, perto de [[Frankfurt am Main|Francoforte]]. No entanto, Frederico fortaleceu a sua posição no sul da Germânia, adquirindo o [[Ducado da Áustria]], cujo titular tinha morrido sem deixar herdeiros e, um ano mais tarde, Heinrich morreu também. O novo "anti-rei" era [[Guilherme II, Conde da Holanda]].
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Em junho de [[1247]], a importante cidade [[Lombardia|lombarda]] de [[Parma]] expulsou os funcionários imperiais e aliou-se aos [[guelfo]]s. [[Enzio da Sardenha]], filho do imperador Frederico II, que o tinha colocado como protector da cidade, não se encontrava presente e teve que pedir o apoio de seu pai, que logo veio fazer cerco aos rebeldes, com o seu amigo [[Ezzelino da Romano]], senhor de [[Verona]].
 
O imperador tinha construído uma verdadeira cidade à volta dos muros de Verona, onde ele tinha o seu [[tesouro]] e todas as comodidades e à qual tinha pomposamente chamado ''Vittoria''. Pensando que os cercados não respondiam por falta de meios, Frederico aproveitava para caçar e, a [[18 de fevereiro]] de [[1248]], durante a sua ausência, Vittoria foi assaltada, a sua guarda chacinada e a cidadela tomada pelos rebeldes. Na [[Batalha de Parma|batalha]] que se seguiu, Frederico, sem o seu tesouro, teve dificuldades em manter dominância. Pior que isso, algumas regiões, como a [[Emília-Romanha]], [[Marcas]] e [[SpoletoEspoleto]] recusaram-se a continuar a pagar as suas contribuições ao imperador.
 
Entretanto, Enzio foi capturado pelos [[Bolonha|bolonheses]] durante a [[Batalha de Fossalta]], em maio de mesmo ano. Com apenas 23 anos, Enzio foi colocado numa prisão para o resto da vida, morrendo 24 anos depois, em [[1272]], e o título de [[Rei da Sardenha]] foi-lhe usurpado pelo marquês [[Palavicino]]. Frederico perde ainda outro filho, Ricardo de [[Chieti]], mas a luta continuou: o [[Sacro Império Romano-Germânico]] perdeu [[Como]] e [[Modena]], mas recuperou [[Ravena]]. Um exército enviado para invadir o [[Reino da Sicília]], comandado pelo cardeal Pietro Capocci, foi derrotado em [[Marcas]], na [[Batalha de Cingoli]], em [[1250]]. Em janeiro daquele ano, Ranieri de Viterbo morreu e os ''[[condottiero|condottieri]]'' imperiais reapossaram-se da [[Romanha]], Marcas e [[SpoletoEspoleto]]. Conrado, Rei dos Romanos, ganhou igualmente várias vitórias na Germânia a [[Guilherme II, Conde da Holanda|Guilherme de Holanda]].
 
[[Ficheiro:Palermo-sarcofago di federico II.jpg|thumb|300px|Sarcófago de Frederico II.]]