Salão literário: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
porno
,m6ykhpgotdç
Linha 1:
[[Imagem:DeTroy.jpg|thumb|300px|''Leitura de [[Molière]]'' por [[Jean-François de Troy]], cerca de [[1728]].]]
<small></small>
Um '''salão literário''' é uma reunião onde homens e mulheres [[erudição|eruditos]] se encontram regularmente, sob os auspícios de um anfitrião (ou anfitriã) para mútua diversão e para debater questões relativas a eventos correntes, filosofia, literatura, moral etc. O termo é geralmente associado aos encontros literários e filosóficos da [[França]] dos [[século XVII|séculos XVII]] e [[século XVIII|XVIII]], embora continue a ser praticado em muitos lugares do mundo mesmo nos dias de hoje.
 
== Etimologia ==
A palavra ''salon'' surgiu pela primeira vez na França em [[1664]], sendo derivada de ''sala'' em [[língua italiana|italiano]], e possui um sentido similar ao de "salão" em [[língua portuguesa|português]]. Antes disso, encontros literários recebiam o nome do aposento onde eram realizado (ou seja, ''cabinet'', ''réduit'', ''ruelle'' e ''alcôve'').<ref>''Dictionaire des lettres françaises: le XVIIe siècle'', edição revista por Patrick Dandrey, ed. (Paris: Fayard, 1996), p.1149.</ref> Antes do fim do [[século XVII]], estas reuniões ocorriam freqüentemente em quartos (considerado como uma forma mais íntima de sala de visitas): uma dama, reclinada em sua cama, recebia amigos próximos que se sentavam em cadeiras ou escabelos colocados em torno dela (esta práctica é encontrada mesmo com [[Luís XIV]] e seu ''petit levée''). A expressão ''ruelle'' significava precisamente "ruela", ou seja, o espaço entre a cama e a parede do dormitório, ou, mais geralmente, todo o quarto.
 
== Histórico ==
O termo foi muito utilizado para descrever os encontros das "[[preciosismo|précieuses]]", os círculos intelectuais e literários que se formavam ao redor de mulheres eruditas na primeira metade do [[século XVII]], cuja afetação era ridicularizada por [[Molière]].
 
A [[aristocracia]] sempre atraiu para si poetas, escritores e artistas, usualmente com o chamariz do [[mecenato]], aspecto que afasta a corte do ''salon''. Na [[Itália]] do [[século XVI]], alguns círculos intelectuais formaram-se em pequenas cortes, freqüentemente galvanizadas pela presença de uma anfitriã bela e/ou bem-educada, tais como [[Isabella d'Este]] ou [[Gonzaga|Elisabetta Gonzaga]]. Na [[França]] do século XVI, círculos artísticos e literários formaram-se à roda de mulheres da realeza, tais como [[Margarida de Angoulême|Marguerite de Navarra]], [[Maria de Médici]] e [[Marguerite de Valois]], dentre outras. Mas, no final deste século, por conta das [[Guerras de Religião]], os círculos reais oficiais foram sendo crescentemente superados pelos círculos privados.
 
O mais famoso dos círculos literários de [[Paris]], constituído nos [[1620|anos 1620]], foi o [[Hôtel de Rambouillet]] de [[Madame de Rambouillet]], e o salão rival agrupou-se ao redor de [[Madeleine de Scudéry]]. Aí se reuniam ''les bas-bleues'' originais, expressão que continuaria a significar "mulher intelectual" pelos próximos trezentos anos. Nos ''salons'' de Paris, as ''[[preciosismo|précieuses]]'' refinaram a [[língua francesa]] muito antes da ''[[Académie française]]'' ter sido fundada.
 
[[Paul Scarron|Scarron]], cujo estilo burlesco fez época (bem como seus [[epigrama]]s, que chegaram até nós), abriu um salão no início do reinado de Luís XIII que adquiriu grande notoriedade após seu casamento com [[Madame de Maintenon|Françoise d’Aubigné]], futura Madame de Maintenon, então com apenas dezesseis anos. Sua amizade com [[Ninon de Lenclos]], que pôs sob sua proteção, e sua juventude, atraíram a atenção da sociedade intelectual de seu tempo.
 
No [[século XVIII]], os ''salons'' reuniram a sociedade parisiense e os [[filósofo]]s progressistas que estavam escrevendo a ''[[Encyclopédie]]''. O comentário de [[Jean-François Marmontel|Marmontel]] sobre [[Jeanne Julie Eleonore de Lespinasse|Julie de Lespinasse]] sugere o segredo do ''salon'' na cultura francesa:
 
:''"O círculo era formado por pessoas que não tinham vínculos comuns. Ela os tinha apanhado aqui e ali na sociedade, mas tão bem escolhidos eram que, uma vez lá, entravam em harmonia como as cordas de um instrumento tocado por mão hábil."''
 
Tal mulher, em círculos [[Alemanha|germânicos]], inspirando escritores e artistas, sem ter ela mesma uma inclinação artística, era denominada de "[[musa]]".
 
Os modos galantes em meados do [[século XVIII]] eram menos formais. O correspondente de [[Horace Walpole]], [[Sir]] Horace Mann, o enviado [[Reino Unido|britânico]] à [[Florença]], reclamava da formalidade dos ''salons'' florentinos (ou ''conversazioni''), onde cadeiras de espaldar alto eram dispostas em círculo e um tema era apresentado pela anfitriã, sobre o qual cada membro devia então discorrer.
 
Alguns dos ''salon'' do [[século XIX]] eram mais inclusivos, aproximando-se da informalidade e centrados à roda de pintores e "leões literários", tais como o de [[Jeanne Françoise Julie Adélaïde Récamier|Mme Récamier]]. Depois dos abalos de [[1870]], os aristocratas franceses começaram a furtar-se às vistas públicas. Alguns ''salons'' parisienses de fins do século XIX e do início do [[século XX]], como os de [[Winnaretta Singer]] (a ''Princesse de Polignac'') e da Condessa Greffulhe tinham a música como tema principal.
 
== Lista de proprietárias de ''salons'' parisienses no [[século XVIII]] ==
Madame de Pompadour
* [[Marie Thérèse Rodet Geoffrin|Madame Geoffrin]]
* [[Claudine Guérin de Tencin|Madame de Tencin]]
* [[Jeanne Julie Eleonore de Lespinasse|Julie de Lespinasse]]
* [[Marie Anne de Vichy-Chamrond, marquise du Deffand|Madame du Deffand]], a amiga de [[Horace Walpole]]
* A [[Marquesa de Lambert]]
* A [[Duquesa do Maine]]
* [[Louise d'Epinay|Madame d'Épinay]]
* [[Madame Necker]], mulher do financista [[Jacques Necker]]
* [[Madame Helvétius]], mulher de [[Claude Adrien Helvétius|Helvétius]]
* [[Madame Roland]], o ''salon'' político que era o refúgio dos [[girondino]]s na fase inicial da [[Revolução Francesa]].
* [[Madame Swetchine]], mulher do General Swetchine.
 
== Leitura adicional ==
* ROSS, James. "Music in the French Salon"; in Caroline Potter e Richard Langham Smith (eds.), ''French Music Since Berlioz'' (Ashgate Press, 2006), pp.&nbsp;91–115. ISBN 0-7546-0282-6.
* STENDAHL (Henry Beyle). ''[[Armance]] ou Algumas cenas de um salão parisiense em 1827''. São Paulo: Estação Liberdade, 2003. ISBN 85-7448-085-1
 
{{Referências|Notas e referências}}<small></small>
 
=== {{ver também}} ===
* [[Madeleine de Scudéry]]
* [[Marie-Jeanne L'Héritier de Villandon]]
 
== {{Ligações externas}} ==
* {{Link||2=http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2004/jusp675/pag0809.htm |3=Luzes refletidas entre Paris e São Paulo |4=por Crícia Giamatei, in [http://www.usp.br/jorusp/ Jornal da USP]. Acessado em [[22 de maio]] de [[2007]].}}
 
{{esboço-literatura}}
{{Portal3|Literatura}}
 
{{DEFAULTSORT:Salao Literario}}
[[Categoria:Literatura de França]]