Teste de arma nuclear: diferenças entre revisões

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{{Armas nucleares2}}
[[Ficheiro:NTS test preparation2.jpg|right|thumb|250px|Preparação para um teste nuclear subterrâneo na [[Área de Testes de Nevada]], nos anos [[Década de 1980|1980]]. Na fotografia está visível o equipamento de monitorização do teste, bem como as crateras de abatimento criadas por anteriores testes nucleares subterrrâneos.]]
[[Ficheiro:Operation Upshot-Knothole - Badger 001.jpg|right|250px|thumb|Teste nuclear realizado em [[18 de Abrilabril]] de [[1953]] na [[Área de Testes de Nevada]].]]
 
Uma '''explosão nuclear de teste''' é uma experiência que envolve a detonação de uma [[arma nuclear]].
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Testes de armas nucleares são, normalmente, classificados como sendo "atmosféricos" (na [[Atmosfera#Atmosfera terrestre|atmosfera]] ou acima desta), "subterrâneas", ou "subaquáticas". De todos estes, são os testes subterrâneos levados a cabo em profundas minas são os que menos riscos de saúde colocam em termos de [[cinza nuclear]]. Testes atmosféricos, os quais entram em contacto com o solo ou com outros materiais, apresentam o risco mais elevado. Armas nucleares têm sido testadas sendo largadas de aviões, do alto de torres, suspensas de balões, em barcas no mar, presas a cascos de navios, e até disparadas por foguetões para o espaço exterior (para este tema, veja mais abaixo).
 
O primeiro teste atómico da [[História]] foi levado a cabo pelos [[Estados Unidos]] em [[16 de Julhojulho]] de [[1945]]. A [[Experiência Trinity]], arma desenvolvida pelo [[Laboratório Nacional de Los Alamos]], teve uma potência aproximadamente equivalente a 20 [[Quilo|k]][[Tonelada|ton]]. A primeira [[bomba de hidrogénio]], de nome de código ''[[Ivy Mike]]'', foi testada no [[atol]] [[Enewetak]], nas [[Ilhas Marshall]], a [[1 de Novembronovembro]] de [[1952]], também pelos Estados Unidos. A maior arma nuclear alguma vez testada foi a [[Tsar Bomba]] da [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]], em [[Nova Zembla]], com uma potência estimada de 57 [[Mega|M]][[Tonelada|ton]].
 
Nos Estados Unidos, os testes nucleares com os piores efeitos em termos de contaminação radioativa foram realizados no estado de Nevada (população de 799 mil pessoas) e no atol Bikini (ilhas Marshal, no Oceano Pacífico, área de 5 km²); na Rússia, eles ocorreram no Polígono Semipalatinskij (população de 803 mil pessoas em territórios adjacentes) e na Novaja Zemlia (região de tundra e deserto ártico, com 83 mil km²). Outros países a realizar testes nucleares, em menor escala, foram França e China (Pivovarov & Mikhalov 2004).
 
Em [[1963]], todos os estados nucleares e vários não-nucleares assinaram o [[Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares]], comprometendo-se a não testarem armas nucleares na atmosfera, debaixo de água, ou no espaço exterior. O tratado permitia testes subterrâneos. A França continuou os seus testes atmosféricos até [[1974]], enquanto a [[República Popular da China]] continuou até [[1980]]. O último teste subterrâneo por parte dos Estados Unidos foi em [[1992]], por parte da [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]] em [[1990]], [[Reino Unido]] em [[1991]], e França e China até [[1996]]. Após adoptaremadotarem o [[Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares]] em 1996, todos estes estados se comprometeram a descontinuar todos os ensaios nucleares. A [[Índia]] e o [[Paquistão]], ambos não-signatários, realizaram os últimos testes nucleares em [[1998]].
 
== História ==
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Os Estados Unidos conduziram apenas seis testes antes da [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]] desenvolver a sua primeira bomba atómica, de nome de código [[Joe 1]], e testá-la a [[29 de agosto]] de [[1949]]. A início, nenhum dos dois países tinha muitas armas nucleares de reserva, pelo que os testes eram em número limitado (quando os Estados Unidos usaram duas armas na sua [[Operação Crossroads]] em [[1946]], estavam a explodir mais de 20% do seu arsenal da altura). No entanto, na [[década de 1950]], os Estados Unidos tinham já estabelecida uma área de ensaios no seu próprio território (Área de ensaios de Nevada) e estavam também a usar uma área de ensaios nas [[Ilhas Marshall]] (Zona de Testes do Pacífico) para testes nucleares extensivos.
Os testes iniciais foram usados para discernir os efeitos militares de armas nucleares (''Crossroads'' avaliaram o efeito de armas nucleares num navio, e como se comportam subaquáticamentesubaquaticamente) e para testar novos desenhos de armas. Durante os anos da [[década de 1950]], estes incluíram novos designs de bomba de hidrogénio, os quais foram testados no Pacífico, e também novos e melhorados desenhos de armas. A União Soviética iniciou também os seus testes, numa escala limitada, inicialmente no [[Cazaquistão]]. Durante as últimas fases da [[Guerra Fria]], no entanto, ambos os países desenvolveram programas de testes acelerados, ensaiando várias centenas de bombas durante a segunda metade do [[século XX]].
 
[[Ficheiro:Bravo fallout2.png|250px|thumb|A explosão ''[[Castle Bravo]]'' espalhou [[Cinza nuclear|cinzas nucleares]] por mais de 160km de oceano, incluindo ilhas habitadas, em [[1954]].]]
[[Ficheiro:Operation Crossroads Baker Edit.jpg|thumb|250px|[[Operação Crossroads]] ''(Operation Crossroads)'', em [[25 de julho]] de [[1946]] no [[Atolatol de Bikini]].]]
 
Testes nucleares podem acarretar diversos perigos. Vários destes ficaram conhecidos no [[ensaio Castle Bravo]], realizado pelos [[Estados Unidos]] em [[1954]]. O desenho da arma era, básicamentebasicamente, uma nova forma de bomba de hidrogénio, tendo os cientistas subestimado o quão vigorosamente alguns dos materiais da arma viriam a reagir. Como resultado, a explosão - com uma potência de 15 [[Mega|M]][[Tonelada|ton]] - foi mais de duas vezes mais poderosa do que o previsto. À parte este problema, a arma gerou também uma grande quantidade de [[Cinza nuclear|cinzas radiactivasradioativas]], mais do que a antecipada, e uma mudança no padrão climatérico provocou o espalhamento das cinzas numa direcçãodireção que não tinha sido evacuada a tempo. A mancha de cinzas espalhou altos níveis de radiação por mais de 160 km, contaminando várias ilhas habitadas em [[Atol|atóis]] vizinhos (as populações tiveram de ser evacuadas, muitas sofrendo de queimaduras de radiação e, mais tarde, de outros efeitos como elevada taxa de cancro e de defeitos de nascença), bem como uma embarcação de pesca japonesa. Um dos seus membros faleceu devido a envenenamento radiactivoradioativo após ter retornado ao porto, temendo-se que o peixe transportado pela embarcação tivesse entrado na cadeia japonesa de fornecimento alimentar.
 
[[Ficheiro:US fallout exposure.png|left|thumb|250px|Devido a preocupações com as quantidades de cinzas nucleares a nível mundial, o [[Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares]] foi assinado em [[1963]]. Acima encontram-se as doses denae [[tiróidetiroide]] nos Estados Unidos (zona continental) resultando de todas as rotas de exposição de todos os testes nucleares atmosféricos conduzidos na Área de ensaios de Nevada, de [[1951]] a [[1962]].]]
 
''Castle Bravo'' foi o pior acidente nuclear dos Estados Unidos, mas muitos dos seus problemas constituintes - enorme e imprevisível potência, mudança de padrões climatéricos, contaminação não planeada de populações e respectivas cadeias de fornecimento alimentar - ocorreram, igualmente, durante ensaios levados a cabo por outros países. Preocupações acerca de espalhamento de cinzas nucleares a nível mundial levaram, eventualmente, ao [[Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares]] em [[1963]], o qual limitou os seus signatários a ensaios subterrâneos. Tal, no entanto, não levou a que todos os ensaios em curso cessassem, mas como os [[Estados Unidos]] e a [[União Soviética]] terminaram os seus testes atmosféricos, tal representou um corte substancial no número de testes total acima do solo, já que cerca de 86% dos ensaios a nível mundial eram levados a cabo por aqueles dois países. A [[França]] continuou os seus ensaios atmosféricos até [[1974]], e a [[República Popular da China]] até [[1980]].
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[[Ficheiro:Sedan Plowshare Crater.jpg|right|thumb|O ensaio Sedan, em [[1962]], foi uma experiência levada a cabo pelos Estados Unidos no uso de armas nucleares para escavar grandes quantidades de solo.]]
 
Alguns testes nucleares têm sido realizados com fins "pacíficos". Denominados explosões nucleares pacíficas, foram usados para avaliar se explosões nucleares poderiam ser usadas para fins não-militares, tais como a escavação de canais e portos artificiais, ou para estimular campos de petróleo e gás. Em muitos casos os resultados foram por demais radiactivosradioativos para terem aplicabilidade e os programas provaram ser desfavoráveis tanto económica como politicamente.
 
Os testes nucleares têm também sido usados com claros propósitos políticos. O exemplo mais explícito foi a detonação, em [[1961]], da maior bomba nuclear alguma vez criada, a [[Tsar Bomba]], um colosso de 50 Mton criado pela União Soviética. Esta arma era grande demais para ser usada contra um alvo inimigo, não se julgando que alguma tenha sido realmente desenvolvida, com excepçãoexceção da que foi detonada. A arma foi usada pela União Soviética não com o intuito de desenvolver uma arma real ou para fins científicos, mas como uma exibição do poder e força soviéticos.
 
Têm, desde então, havido muitas tentativas de limitar o número e tamanho de testes nucleares; a maior foi o [[Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares]] de [[1996]], o qual não foi ratificado pelos Estados Unidos. Os últimos testes nucleares a nível mundial aconteceram em [[1998]]. Desde então, este tema tem sido alvo de controvérsia nos Estados Unidos, com um número significativo de políticos a afirmarem que ensaios futuros poderão ser necessários para manter as envelhecidas ogivas da [[Guerra Fria]]. Devido aos testes nucleares serem vistos como impulsionadores de desenvolvimento de mais armas, muitos outros políticos opõem-se a testes futuros, tentando contrariar uma possível aceleração da corrida ao armamento.
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* {{USA}}: 1050 testes (envolvendo 1125 engenhos), a maior parte deles na área de testes de [[Nevada]] e na zona de testes do [[Pacífico]] nas [[Ilhas Marshall]], com dez outros testes levados a cabo em vários pontos dos Estados Unidos, incluindo [[Alasca]], [[Colorado]], [[Mississippi]], e [[Novo México]].
* {{URS}}: entre 715 e 969 ensaios, a maioria na área de testes da [[Sibéria]] e [[Nova Zembla]], e mais alguns em vários pontos da [[Rússia]], [[Cazaquistão]], [[Turquemenistão]] e [[Ucrânia]].
* {{FRA}}: 210 testes, a maior parte deles realizados em [[Reggane]] e [[Ekker]], na [[AlgériaArgélia]], e [[Fangataufa]] e [[Moruroa]], [[Polinésia Francesa]].
* {{UK}}: 45 ensaios, 21 em território [[Austrália|australiano]], incluindo 9 no continente ([[Austrália do Sul]], em [[Maralinga]] e [[Emu Field]]), e muitos outros em território dos Estados Unidos, como parte da colaboração com este último.
* {{CHN}}: 45 testes (23 atmosféricos e 22 subterrâneos, todos conduzidos na Base de testes de [[Lop Nur]], em [[Malan]], [[Xinjiang]])
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Adicionalmente, poderão ter havido 3 alegadas/disputadas/não declaradas explosões nucleares (ver mais abaixo).
 
Desde o primeiro ensaio nuclear em [[1945]] até ao último teste realizado pelo [[Paquistão]] em [[1998]], nunca houve um período de mais de 22 meses sem qualquer teste nuclear. Assim, o período de [[junho]] de [[1998]] até ao momento actualatual tem sido, de longe, o maior período desde [[1945]] sem testes nucleares declarados.
 
[[Ficheiro:Worldwide nuclear testing.png|center|Gráfico de testes nucleares.]]
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=== Japão ===
Existe um relatório em discussão acerca do [[Programa atómico do Japão|programa atómico japonês]] ter testado uma arma nuclear na Coreia, a [[12 de Agostoagosto]] de [[1945]], alguns dias depois dos [[bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki]] a [[6 de Agostoagosto|6]] e [[9 de Agostoagosto]], e três dias antes de o Japão ter apresentado a sua rendição a [[15 de Agostoagosto]], mas tal facto é tido como altamente improvável pelos historiadores de maior renome da actualidadeatualidade.
 
=== Israel e África do Sul ===
De acordo com dados fornecidos pelo [[satélite Vela]], [[Israel]] e [[África do Sul]] podem ter detonado um dispositivo nuclear no [[Oceano Índico]], a [[22 de Setembrosetembro]] de [[1979]]. O episódio é conhecido como [[incidente Vela]]. Como houve dúvidas sobre a interpretação da imagem do satélite, ou seja, se o clarão mostrado na imagem corresponderia mesmo a uma explosão nuclear, a [[Jimmy Carter|administração Carter]], na época, designou uma comissão liderada pelo professor do [[MIT]] Jack Ruina, para analisar a confiabilidade da detecçãodeteção do satélite. Essa comissão concluiu, em julho de [[1980]], que o lampejo mostrado pela imagem do satélite "provavelmente" significava uma explosão nuclear.<ref name="ad_hoc">" RUINA, J. ''et al''. [http://foia.abovetopsecret.com/VELA_SATELLITE/THE_VELA_INCIDENT/REPORTS/AD_HOC_REPORT_SEPT_23_1980.pdf Relatório do painel ''ad hoc'' sobre o evento de 22 de setembro] {{en}}. 23 de maio de 1980.</ref> No entanto, membros do ''Nuclear Intelligence Panel'' (NIP), coordenado por Donald Kerr, fizeram sua própria investigação. Mais tarde, Kerr afirmaria: "Nós não tínhamos dúvida de que era uma bomba". Embora os especialistas do NIP tivessem concluído que havia sido um mesmo um teste nuclear e que esse teste fora feito por israelenses e sul-africanos, a Casa Branca determinou que não se discutisse publicamente o assunto, por razões de [[segurança nacional]].<ref>HERSH, Seymour M. [http://pt.scribd.com/doc/29073753/The-Samson-Option-by-Seymour-Hersh ''The Samson Option: Israel's Nuclear Arsenal and American Foreign Policy'']. New York: Random House, 1991. ISBN 0-394-57006-5, 272-273, 280. [Victor] ''Gilinsky wasn't surprised when the Ruina panel concluded that no nuclear test probably had taken place: 'Everyone took the bureaucratically appropriate decision.'"'' (...) ''"NIP had done its own investigation into the VELA test, and had been ordered by the White House — citing national security — not to discuss it publicly."</ref> Segundo o jornalista [[Seymour Hersh]], a detecçãodeteção correspondia ao terceiro teste nuclear realizado conjuntamente por Israel e [[África do Sul]] no Oceano Índico.<ref>HERSH, op.cit. 271.</ref><ref>[http://nuclearweaponarchive.org/Safrica/Vela.html Report on the 1979 Vela Incident]. Por Carey Sublette. 1° de setembro de 2001.</ref>
 
=== Coreia do Norte ===
A [[9 de Setembro]] de [[2004]] foi noticiado nos órgãos de comunicação sul-coreanos que tinha ocorrido uma grande explosão na fronteira sino-nortecoreananorte-coreana. Esta explosão deixou uma cratera visível por satélite e originou uma [[nuvem de cogumelo]] de cerca de 3,2&nbsp;km. Os Estados Unidos e a Coreia do Sul prontamente desvalorizaram esta notícia, afirmando ter sido um incêndio florestal que nada teve a ver com o programa nuclear da [[Coreia do Norte|República Popular Democrática da Coreia]]. Veja [[Explosão Ryanggang]] para mais informações.
 
Dia [[9 de Outubro]] de [[2006]] foi confirmado 1° teste nuclear pela agência oficial norte-coreana Korean Central News Agency (KCNA), ignorando todos os apelos internacionais. O teste cujo qual foi detectado "uma atividade sísmica" nas medições geológicas dos Estados Unidos.
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* [[Operação Argus]] - três testes
* A [[1 de Agostoagosto]] de [[1958]] o [[míssil Redstone]] #CC50 iniciou o teste nuclear Teak, tendo sido detonado a uma altitude de 77,8&nbsp;km. A [[12 de Agostoagosto]] de 1958, o míssil Redstone #CC51 iniciou o teste nuclear Orange, explodindo a uma altitude de 43&nbsp;km. Ambos os mísseis foram pertenceram à [[Operação Hardtack]] e tinham uma potência de 3,75 Mton.
* A [[9 de Julhojulho]] de [[1962]], o [[míssil Thor]] 195, lançou o veículo de reentrada Mk4, contendo uma ogiva termonuclear W49, a uma altitude de 400&nbsp;km. A ogiva explodiu com uma potência de 1,45 Mton. Este evento, denominado [[Starfish Prime]], pertenceu ao teste nuclear [[Operação Dominic I e II|Dominic-Fishbowl]].
* Na mesma série de 1962: ''Checkmate'', ''Bluegill'', ''Kingfish'' e ''Tightrope''.