Travessia do Reno: diferenças entre revisões

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Uma carta de [[Jerônimo]] escrita em [[Belém (Palestina)|Belém]])<ref>[[Jerônimo]], Epístola 123.</ref>, fornece uma longa lista de tribos envolvidas, algumas delas, como é o caso dos ''[[quadi]]'' e dos [[sármatas]], retiradas da tradição histórica ou literária<ref>Michael Kulikowski, "Barbarians in Gaul, Usurpers in Britain" ''Britannia'' '''31''' (2000:325-345) p 326 se refere a ela como ''"uma longa e divertida lista"'', ''"nada mais do que uma mostra de virtuosidade etnográfica"''</ref>, menciona Mainz primeiro numa lista de cidades devastadas pela invasão e é este o único suporte para a tese de que a travessia do Reno, até então desprovido de pontes, teria se dado ali. Além de Mainz, Jerônimo cita ainda as modernas cidades de [[Worms]], [[Rheims]], [[Amiens]], [[Arras]], [[Thérouanne]], [[Tournai]], [[Speyer]] e [[Estrasburgo]] como vítimas da invasão.
 
O agrupamento inicial de bárbaros na margem leste do Reno tem sido interpretado como a junção de diversos bandos de refugiados dos [[hunos]]<ref>Peter Heather, in: ''English Historical Review'' '''110''' (1995)</ref> ou dos sobreviventes dos [[godos]] derrotados de [[RadagásioRadagaiso]]<ref>Drinkwater 1998</ref>, ambas as teses sem evidências diretas. O fato de o Reno estar congelado (o que teria facilitado a travessia), um fato não relatado por nenhuma das fontes contemporâneas, foi considerado plausível por [[Edward Gibbon]]. Antes da travessia, ainda na margem oriental, o bando misto de vândalos e alanos ainda teve que enfrentar um ataque dos [[francos]]<ref>Segundo um relato, hoje perdido, de [[Renato Profuturo Frigérido]], que foi utilizado por [[Gregório de Tours]], e cujas passagens estão inseridas na "História dos Francos" deste.</ref>. O rei vândalo [[Godigisel]] foi morto, mas os alanos correram para ajudá-los. Uma vez do lado romano da fronteira, o bando não encontrou nenhuma resistência organizada, pois [[Estilicão]] havia esvaziado as guarnições fronteiriças em 402 para enfrentar [[Alarico I|Alarico]] na Itália.
 
A "Nova História" de [[Zósimo]] (vi.3.1) afirma que a revolta do [[usurpador romano|usurpador]] [[Marco da Britânia|Marco]] da [[Britânia romana|Britânia]] seria uma reação à presença de bárbaros na Gália em 406; a partir de um fragmento de [[Olimpiodoro]], a aclamação de Marco, o primeiro dos usurpadores romano-britânicos, teria sido realizada naquele mesmo verão.
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{{citação2|No sexto [[cônsul|consulado]] de [[Arcádio]] e [[Anício Petrônio Probo|Probo]], vândalos e alanos invadiram as Gálias, tendo cruzado o Reno na véspera das [[calendas]] de Janeiro.<ref>''Arcadio VI et Probo, Wandali et Halani Gallias trajecto Rheno ingressi II k. Ian''; citado por Kulikowski 2000:328.</ref>}}
 
O sexto consultado de Arcádio, tendo Probo como [[co-cônsul]], corresponde a 406. Próspero nota ainda que a invasão da Itália por [[RadagásioRadagaiso]] como sendo o principal evento do ano anterior<ref>Assim como a morte dele, que também ocorreu em 406.</ref> e corretamente atribui ao ano seguinte (407) o golpe de [[Constantino III (imperador)|Constantino III]]:''"As três entidades estão ligadas e, juntas, tendem a contar um tipo de história"'', observa Kulikowski <ref>Kulikowski 2000:329</ref> ''"Próspero estava escrevendo uma crônica e este [[gênero literário|gênero]] detesta anos vazios. Por isso, como o gênero escolhido por ele necessitava de uma entrada para cada três anos, Próspero simplesmente redistribuiu sua sequência de eventos, colocando um por ano. Ele fez o mesmo em vários outros pontos de sua crônica."''
 
Com a data tradicional de 31 de dezembro de 406 em mente, muito se debate sobre a inação de [[Estilicão]], por vezes atribuída à sua estratégia de focar suas ambições na [[Ilíria]]. A data de Kulikowski, 31 de dezembro de 405, indica que Estilicão estaria completamente ocupado na [[Túscia]] enfrentando as forças de [[RadagastoRadagaiso]], que só seria completamente derrotado e finalmente executado em agosto de 406<ref>Peter Heather, ''Goths and Romans'', 1991, 199-213.</ref>.
 
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