Blasfémia: diferenças entre revisões

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== Etimologia ==
O termo deriva do [[inglês médio]] ''blasfemen'', do [[francês antigo]] ''blasfemer'', do [[latim tardio]] ''blasphemare'', do [[grego]] ''βλασφημέω'', de ''βλάπτω'', "Eu prejudico", e ''φήμη'', "reputação". Era oposto a [[eufemismo]], e também originou o termo inglês ''blame'', do francês arcaico ''blasmer''.<ref>''The Merriam-Webster New Book of Word Histories''. Merriam-Webster, 1991. pp. 48. ISBN 0877796033</ref>
 
== Leis de blasfêmia ==
Em tempos mais recentes, no [[Ocidente]], surgiu uma tendência para a revogação ou reforma das leis de blasfêmia, e onde ainda existem estas leis só são invocadas raramente. Leis de blasfêmia - hoje freqüentementefrequentemente alteradas para eliminar o caráter religioso - ainda existem em vários países:
* [[Áustria]] (Artigos 188, 189 do [[código penal]])
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===Paquistão===
Entre países de maioria [[Muçulmana]], o [[Paquistão]] tem as leis antiblasfêmia mais rígidas.<ref>Samad, Yunas. ''The Pakistan-US Conundrum: Jihadists, the Military and the People''. Columbia University Press, 2011. ISBN 0231702825</ref> Em 1982, o presidente [[Zia ul-Haq]] acrescentou a Seção 295B ao código penal paquistanês, castigando quem "denegrir o [[Alcorão]] Sagrado" com prisão perpétua. Em [[1986]], foi introduzida a Seção 295C, determinando [[pena de morte]] para "uso de observações derrogatórias em relação ao Santo Profeta."
Em [[1990]] o Tribunal de Shari'ah Federal julgou que a penalidade deveria ser a pena de morte obrigatória, sem direito a prorrogação ou perdão. Isto é restritivo, mas o governo ainda deve emendar a lei formalmente, de modo que a provisão para prisão perpétua ainda existe formalmente, e é usada pelo governo como uma concessão para críticos da pena de morte. Em [[2004]], o parlamento paquistanês aprovou uma lei para reduzir o escopo das leis de blasfêmia. A emenda prescreve que os policiais terão que investigar as acusações de blasfêmia para assegurar que têm fundamento, antes de apresentar acusações.
Porém, a lei é usada contra adversários políticos ou inimigos pessoais, por fundamentalistas Muçulmanos, contra os Cristãos, Hindus e Sikhs, ou para vingança pessoal. Especialmente os Muçulmanos [[Ahmadi]] são as maiores vítimas da lei de blasfêmia. Eles dizem ser também Muçulmanos, mas sob a lei de blasfêmia não lhes permitem usar vocabulário ou rituais islâmicos.
A Comissão de Justiça e Paz dos Bispos Católicos do Paquistão lamentou, em julho [[2005]], que desde [[1988]] cerca de 650 pessoas tinham sido acusadas falsamente e presas sob acusação de blasfêmia. Além disso, no mesmo período, tinham sido mortas cerca de 20 pessoas, acusadas da mesma ofensa. Em julho de 2005, 80 Cristãos estavam na prisão por blasfêmia.
Os Cristãos do Paquistão acusaram o romance de [[Dan Brown]], ''[[O Código Da Vinci]]'', de blasfemo, com apoio de Muçulmanos. No dia [[3 de junho]] de [[2006]] o Paquistão proibiu o filme. O Ministro da Cultura Gulab Jamal declarou: "O Islã nos ensina a respeitar todos os profetas de Deus Todo-poderoso, e a degradação de qualquer profeta é equivalente à difamação do resto".<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/5045672.stm ''Pakistan bans Da Vinci Code film'']. BBC News. (04 de junho de 2006). Página visitada em 06 de maio de 2014.</ref>
===O Reino Unido ===
Na [[Inglaterra]] as leis de blasfêmia nunca foram revogadas. A última pessoa na Inglaterra a ser enviada para a prisão por blasfêmia foi [[John William Gott]], em [[9 de dezembro]] de [[1921]].<ref>Scott, Cathy; Guides, Rough. ''The Rough Guide to True Crime''. Penguin, 2009. ISBN 140538140X</ref> Ele já tinha três acusações de blasfêmia quando foi processado por publicar dois folhetos que satirizavam a história bíblica de [[Jesus]] que entra em [[Jerusalém]] (''[[Mateus Evangelista|Mateus]]'' 21:2-7), comparando Jesus a um palhaço de circo. Ele foi condenado a nove meses de trabalhos forçados.<ref>[[Câmara dos Lordes]]. ''The Parliamentary Debates (Hansard): Official Report, Volume 675''. H.M. Stationery Office, 2005. pp. 340.</ref>
Em [[1977]], [[Denis Lemon]], editor do ''[[Gay News]]'', foi considerado culpado de ''calúnia blasfema'' por publicar o poema de [[James Kirkup]] intitulado ''[[O Amor que ousa falar seu Nome]]'', que supostamente denegria [[Cristo]] e sua vida ([[Whitehouse v. Lemon]]). Lemon foi multado em 500 libras e sentenciado a nove meses de prisão, embora a sentença tenha sido suspensa.
 
Em 2002, um récita pública, muito divulgada, do poema ''O Amor que ousa falar seu Nome'' aconteceu nos degraus da igreja [[St Martin-in-the-Fields]], em [[Trafalgar Square]], e não conduziu a qualquer processo.
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No terceiro livro do ''[[Velho Testamento]]'', ''[[Levítico]]'', [[24:16]], está escrito que os que blasfemam "sejam certamente condenados à morte."
 
A [[teologia]] Cristã pode condenar a blasfêmia, como no [[Evangelho de Lucas]], onde blasfemar contra o [[Espírito Santo]] é declarado imperdoável.<ref>[[Robert Charles Sproul|Charles Sproul, Robert]]. ''Essential Truths of the Christian Faith''. Tyndale House Publishers, Inc., 2011. pp. 159. ISBN 1414360347</ref>
 
Porém, na mensagem mais simples do tempo de Jesus, quando as idéiasideias Cristãs confiavam na influência da autoridade natural contra o poder religioso secular do período do Segundo Templo Judeu (as posições trocaram no séculos que seguiram), esta repreensão pode ser interpretada como uma advertência contra uma reação real do Espírito Santo, na forma de uma [[maldição]] que poderia prejudicar uma pessoa irreparavelmente (sendo assim imperdoável, mas não propositalmente). Esta declaração antes de fixar uma lei arbitrária, estabelece a importância desta pessoa da [[Divindade]].
 
[[São Marcos|Marcos]] 3:29 afirma que : "Quem blasfema contra o Espírito Santo jamais obterá perdão, mas é culpado de um [[pecado eterno]]".<ref>Logan Brengle, Samuel. ''Take Time to Be Holy: 365 Daily Inspirations to Bring You Closer to God''. In: Hostetler, Bob. Tyndale House Publishers, Inc., 2013. pp. 11. ISBN 1414388675</ref>
 
A ''[[Enciclopédia Católica]]'' tem um artigo mais extenso sobre blasfêmia [http://www.newadvent.org/cathen/02595a.htm].
 
== A Blasfêmia no Islã ==
A blasfêmia no [[Islã]] constitui falar mal de [[Maomé]], de qualquer outro profeta mencionado no ''[[Corão]]'', ou de qualquer profeta Bíblico.<ref>August, Ray. ''Public international law: text, cases, and readings''. Prentice Hall, 1995. pp. 288. ISBN 0132998920</ref> O ''Corão'' também diz que é blasfêmia dizer que Jesus Cristo, (o filho de Maria), é o filho de Deus (5.017). Falar mal de [[Deus]] também é blasfêmia. No Islã a blasfêmia é considerada um pecado. No Santo ''Corão'', diz [[Alá]] que "Ele perdoa todos os pecados, exceto descrer em Deus (blasfêmia)". No Islã, se uma pessoa morre enquanto em blasfêmia, não entrará no céu.
 
A blasfêmia é considerada uma ofensa muito séria e pode ser castigável com a morte se a culpa for provada. O britânico [[Salman Rushdie]], autor do romance ''[[The Satanic Verses|Os Versos Satânicos]]'', foi instado por muitos Muçulmanos para que removesse as blasfêmias contra o Islã, e no [[Irã]] o [[Aiatolá Khomeini]] emitiu um ''[[fatwa]]'' em [[1989]], pedindo a morte de Rushdie. Mais recentemente, as caricaturas de Maomé publicadas no [[Jyllands-Posten]] foram criticadas como sendo blasfemas. O governo egípcio, sob pressão do parlamento, proibiu o filme ''[[O Código Da Vinci (filme)|O Código Da Vinci]]'' e confiscou o romance homônimo por conter blasfêmia.
 
{{Referências|Notas}}
 
== Referências ==
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* Dartevelle, PÁG., S Borg, Denis, Ph., Robyn, J. (eds.). Blasphèmes et libertés. Paris: CERF, 1993,
 
=={{Ver também}}==
{{Wikcionário}}
{{Commonscat|Blasphemy}}