Inscrição de Beistum: diferenças entre revisões

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}}[[Categoria:Patrimônio Mundial da UNESCO no Irão]]
[[FicheiroImagem:BehistunInscriptionSketch.jpg|direita|thumb|350px|A '''Inscrição de Behistun''', talhada em uma falésia, fornece o mesmo texto em três línguas, contando a história das conquistas do [[xá]] [[Dario I]]. É ilustrada com imagens em tamanho real de Dario com outras figuras.]]
 
A '''inscrição de Behistun''' (também '''Bisitun''' ou '''Bisutun''';{{Langx|fa|بیستون}}) é para a [[escrita cuneiforme]] o que a [[Pedra de Roseta]] é para os [[hieróglifo]]s: o documento mais importante no deciframento de uma língua até então esquecida. Localiza-se na [[província de Kermanshah]], no [[Irã]], no [[Monte Behistun]].
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== A inscrição ==
[[FicheiroImagem:Behistun DB1 1-15.jpg|thumb|400px|Column 1 (DB I 1-15), desenho de Fr. Spiegel ([[1881]]).]]
O texto da inscrição é uma declaração de Dario I, escrita três vezes em três alfabetos e línguas diferentes: duas línguas lado a lado, persa antigo e elamita, e babilônio acima delas. Dario governou o [[Império Aquemênida]] de [[521 a.C. {{AC|521]] a [[486 a.C.]]|x}}. Por volta de [[515 a.C.]], ele mandou fazer uma inscrição com a longa história da sua ascensão ao poder diante do usurpador [[Esmérdis]] (e sobre suas guerras subsequentes e supressões de rebelião) a ser inscrita em uma falésia perto da atual cidade de Bisistun, aos pés das montanhas Zagros, no Irã, exatamente aonde se chega vindo das planícies de [[Kermanshah]].
 
A inscrição tem aproximadamente 15 m de altura por 25 m de largura, e fica a 100 m de altura numa falésia à beira de uma antiga estrada ligando as capitais da [[Babilônia]] e do império dos [[Medas]] (Babilônia e [[Ecbátana]], respectivamente). Ela é praticamente inacessível, pois a parte lateral da montanha foi removida a fim de tornar a inscrição mais visível após sua finalização. O texto em persa antigo contém 414 linhas em cinco colunas; o texto em elamita inclui 593 linhas em oito colunas e o texto babilônio está disposto em 112 linhas. A inscrição foi ilustrada com um [[Baixo relevo|baixo-relevo]] de Dario em tamanho real, dois servos e 10 figuras de 1 metro representando os povos conquistados; o [[deus]] [[Aúra-Masda|Ahura Mazda]] flutua sobre a ilustração, abençoando o rei. Uma figura parece ter sido acrescentada após as outras terem sido completadas, assim como (curiosamente) a barba de Dario, constituída de um bloco de pedra independente fixado com pinos de [[ferro]] e [[chumbo]].
 
== Na AntigüidadeAntiguidade ==
A primeira menção histórica conhecida da inscrição foi feita pelo [[Grécia|grego]] [[Ctésias|Ctésias de Cnidos]], que notou sua existência por volta de [[{{AC|400 a.C.]]|x}}. Também [[Publius Cornelius Tacitus|Tácito]] a menciona, incluindo uma descrição dos monumentos auxiliares da base da falésia, onde se encontra uma fonte. O que resta delas está de acordo com sua descrição. [[Diodorus Siculus|Diodorus]] também escreve sobre "Bagistanon" e afirma que fora inscrito pela rainha [[Semíramis da Babilônia]].
 
Após a queda do Império Aquemênida e de seus sucessores, e o desaparecimento da escrita cuneiforme, o significado da inscrição foi esquecido e interpretações e origens fantasiosas tornaram-se a norma. Durante séculos, em vez de ser atribuída a Dario — um dos primeiros reis persas — acreditou-se ser do reino de [[KhosrauCosroes II da Pérsia]] (ou Chosroe) — um dos últimos (590 - 628). Uma lenda surgiu afirmando que havia sido criada por [[Farhad]], um amante da mulher de KhosrauCosroes, [[Shirin]]. Exilado por sua transgressão, Farhad recebe a missão de escavar a montanha para encontrar [[água]]; se tivesse sucesso, receberia a permissão de se casar com Shirin. Após vários anos e a remoção de metade da montanha, ele acaba por encontrar água, mas é informado por KhosrauCosroes que Shirin morrera. Ele fica louco e se atira da falésia. Shirin não morrera, naturalmente, e se enforcou ao saber da morte de Farhad.
 
== Descoberta ==
[[FicheiroImagem:IranKermanshah.png|225px|thumb|esquerda|A [[Província de Kermanshah]], no Irã.]]
Foi somente em 1598, quando o britânico [[Robert Sherley]] avistou a inscrição durante uma missão [[Diplomacia|diplomática]] na Pérsia por conta da [[Áustria]], que a inscrição reteve a atenção dos estudiosos europeus. Sherley chegou à conclusão que se tratava de uma imagem representando a [[ascensão de Jesus|ascensão de Jesus Cristo]]. Falsas interpretações bíblicas pela parte dos europeus foram comuns durante os dois séculos seguintes, incluindo a ideia de que se tratasse de Cristo e seus [[apóstolo]]s, ou as tribos de [[Israel]] e [[Salmanaser I|Salmanaser da Assíria]].
 
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== Decifração ==
[[FicheiroImagem:Behistuntexte.png|thumb|direita|250px|Trecho da escrita cuneiforme nas três línguas.]]
Em possessão do texto persa, e com aproximadamente um terço do [[silabário]] fornecido pelo especialista alemão [[Georg Friedrich Grotefend]], Rawlinson começou a trabalhar na decifração do texto. Por sorte, a primeira seção do texto continha uma lista dos reis persas idêntica àquela mencionada por Heródoto, e comparando os nomes e os caracteres, em 1838 Rawlinson foi capaz de decifrar os caracteres cuneiformes usados no persa antigo.